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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
ENFERMAGEM
FICHA FARMACOLÓGICA
METFORMINA
FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
A metformina apresenta uma biodisponibilidade oral que varia entre 40% a 80%. 
sua absorção ocorre no intestino, entrando pela veia porta e se acumulando no 
fígado. Após a ingestão de uma dose terapêutica, a metformina distribui-se 
principalmente no trato gastrointestinal, fígado e rim. Aproximadamente 80% da 
metformina é eliminada pelo fígado depois de 4 horas após a administração, e cerca 
de 98% é eliminada em 24 horas. A metformina não passa por processos de 
metabolização e é excretada sem alterações pelos rins, com uma meia-vida de 
aproximadamente 5 horas. A presença da metformina na bexiga 10 minutos após a 
ingestão demonstra um transporte rápido e eliminação precoce.
No processo de absorção, a metformina é captada por enterócitos presentes no 
intestino delgado, e aumentos na dose levam a uma redução na absorção, 
sugerindo um mecanismo saturável. O transportador de cátions orgânicos 3 (OCT3) 
é encontrado na membrana apical dos enterócitos, e sua ação na absorção de 
metformina é notada pela diminuição da biodisponibilidade quando o OCT3 é 
deletado. Já o OCT1 está presente na membrana basolateral dos enterócitos, 
transportando a metformina dos enterócitos para a veia porta. A extrusão 
multidrogas e toxinas 1 (MATE1), altamente expressado no fígado, ajuda na 
excreção da metformina dos hepatócitos, visto que sua inibição resulta em maior 
acúmulo hepático.
A excreção renal é a principal via de depuração da metformina, sendo transportada 
pelo OCT2 e MATE1/2 nos rins. A metformina age como substrato para esses 
transportadores, com o OCT2 desempenhando papel principal na captação pelas 
células epiteliais renais. A ausência do MATE1 leva ao aumento dos níveis 
sistêmicos de metformina, relacionado à acidose láctica induzida por metformina. 
No que diz respeito ao mecanismo de ação, estudos têm produzido resultados 
conflitantes. Em hepatócitos primários, a concentração farmacológica de metformina 
inibe a produção de glicose estimulada pelo AMPc em 58%, e reduz a 
gliconeogênese hepática em mais de 33%. No intestino, a metformina altera a 
composição e função da microbiota, aumentando a produção de lactato a partir da 
glicólise. Concentrações elevadas de metformina inibem a fosforilação oxidativa nas 
mitocôndrias das células intestinais, promovendo a glicólise e superprodução de 
lactato, além de inativar a AMP desaminase e, assim, inibir a gliconeogênese nas 
células epiteliais intestinais.
INDICAÇÕES
A metformina é frequentemente prescrita como o medicamento principal no 
tratamento de condições como diabetes tipo 2 (DM2), diabetes gestacional (DMG) e 
síndrome do ovário policístico (SOP).
CONTRAINDICAÇÕES
A administração de metformina é contraindicada em pacientes com insuficiência 
renal ou em situações de risco elevado de hiperlactatemia, como insuficiência 
hepática descompensada, sepse ou hipotensão. Devido à falta de estudos 
controlados em mulheres grávidas, não é aconselhável o uso de metformina durante 
a gravidez. Embora a excreção da droga no leite humano não seja confirmada, é 
prudente evitar sua administração em mulheres que estão amamentando. Além 
disso, a metformina não deve ser administrada a pacientes com insuficiência 
respiratória grave, história recente de infarto agudo do miocárdio, alcoolismo, 
condições associadas à acidose láctica e estados clínicos que predisponham à 
hipóxia tecidual, como anemia severa, hemorragias significativas, choque 
circulatório, gangrena ou baixo débito cardíaco.
EFEITOS COLATERAIS
As reações adversas mais frequentemente observadas com o uso de metformina 
são distúrbios gastrointestinais, tais como anorexia, náuseas, diarreia e desconforto 
abdominal. Esses efeitos ocorrem em cerca de 10 a 30% dos pacientes e 
geralmente se limitam aos primeiros dias de tratamento. É possível evitar ou reduzir 
esses efeitos ao iniciar o tratamento com uma dose menor e tomar a medicação 
durante as refeições. A ocorrência de acidose láctica devido ao uso de metformina é 
extremamente rara e quase todos os casos relatados envolveram pacientes com 
contraindicações ao tratamento ou que ingeriram doses excessivamente elevadas.
INTERAÇÕES
Foi observada uma redução no clearance renal da metformina quando utilizada em 
conjunto com cimetidina. Além disso, a administração simultânea de metformina na 
dose oral de 1 a 3 g/dia resultou em aumento da eliminação de anticoagulantes 
cumarínicos, possivelmente demandando um ajuste na dose do anticoagulante oral. 
O uso concomitante de álcool, salicilatos, fenotiazinas e barbitúricos pode ampliar o 
risco de acidose láctica quando associado às biguanidas. Certos agentes 
hiperglicemiantes, como corticosteroides, diuréticos tiazídicos e contraceptivos orais, 
têm a capacidade de alterar o curso do diabetes, podendo requerer um aumento na 
dose de metformina ou sua combinação com sulfoniluréias, hipoglicemiantes ou 
insulina. Embora a metformina usada isoladamente não cause hipoglicemia, é 
importante monitorar uma possível potencialização de efeitos ao ser administrada 
junto com insulina ou sulfoniluréias hipoglicemiantes.
DOSAGENS
Recomenda-se iniciar o tratamento com doses baixas (500mg ou 850mg), uma vez 
ao dia, durante ou após as refeições, como precaução contra possíveis sintomas 
gastrointestinais. Após 5 a 7 dias, caso não ocorram efeitos adversos, é possível 
aumentar a dose para 500mg ou 850mg duas vezes ao dia, seguindo o mesmo 
padrão de administração. Se efeitos gastrointestinais surgirem, a dose pode ser 
reduzida, permitindo uma nova tentativa de aumento posteriormente. A dose máxima 
recomendada é de 850mg no café da manhã, almoço e jantar, totalizando 2,55 
gramas por dia que é a dose máxima eficaz.
Em casos de superdosagem, os sintomas tóxicos podem abranger irritação 
gastrointestinal, acidose metabólica, hipovolemia, acidose láctica, convulsões, 
depressão respiratória, oligúria, anúria e hipoglicemia, com sinais como astenia, 
confusão mental, palpitações, sudorese e vômitos. Situações relatadas na literatura, 
com elevados níveis plasmáticos de metformina e subsequente acidose metabólica, 
geralmente resultaram da não observância de contraindicações. A prognóstico é 
favorável com rápida redução da hiperlactacidemia e eliminação da metformina por 
meio de hemodiálise. Entretanto, hiperlactacidemias decorrentes de condições 
anóxicas, associadas a choque, insuficiência respiratória ou hepática, podem ser de 
difícil reversão, mesmo com uma taxa normal ou levemente elevada de metformina. 
O tratamento de episódios hipoglicêmicos leves envolve a administração oral de 
glicose ou açúcar, além de repouso. Hipoglicemias moderadamente graves podem 
ser tratadas com injeções intramusculares ou subcutâneas de glucagon. Se o 
paciente estiver comatoso, a administração intravenosa de solução de dextrose é 
necessária. Em casos de superdosagem ou ingestão acidental, é aconselhável uma 
lavagem gástrica vigorosa, seguida pela administração de uma solução de 
bicarbonato. Medidas adicionais apropriadas devem ser tomadas de acordo com a 
sintomatologia presente.
CUIDADOS ESPECIAIS
Como a metformina é excretada principalmente pelos rins, é aconselhável monitorar 
a função renal dos pacientes que a utilizam. Em preparação para cirurgias ou 
exames radiológicos contrastados, como urografia excretora e angiografias 
intravenosas, é recomendada a interrupção do tratamento com metformina por 2 a 3 
dias. O reinício do tratamento deve ocorrer somente após o paciente recuperar o 
controle da função renal. Os indivíduos em uso de metformina devem passar por 
avaliação anual dos níveis de vitamina B12, já que foi observada uma redução 
reversível na absorção dessa vitamina pelo trato gastrointestinal em pacientes em 
tratamento prolongado commetformina
Se um paciente apresentar dor abdominal, vômitos, hiperventilação, náuseas ou 
mal-estar geral, é recomendado contatar imediatamente um médico.
CUIDADOS ESPECÍFICOS DE ENFERMAGEM
● Monitorar sintomas de hipoglicemia e, se necessário, fornecer ingestão de 
alimentos açucarados ao paciente.
● Orientar o paciente sobre a administração do medicamento com alimentos 
para evitar desconforto gástrico.
● Informar ao paciente sobre as reações adversas mais comuns e destacar os 
sintomas de hipoglicemia, explicando como agir caso ocorram.
● Recomendar ao paciente a prática de atividades físicas e a adoção de 
modificações na alimentação para controlar os níveis de glicose.
● Aconselhar o paciente a evitar o consumo de álcool durante o período de 
tratamento.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e 
Insumos Estratégicos. Portaria SCTIE/MS Nº 54, de 11 de Novembro de 2020. 
Aprova o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Diabete Melito Tipo 2. 
Brasília, 2020. 
BUTCHER, H. K. et al Classificação das Intervenções de Enfermagem. Tradução: 
Vilma R. de S. Vargas Denise C. Rodrigues. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan LTDA., 2022
DIMEFOR®: cloridrato de metformina [Bula de medicamento]. Farm. Resp.: Dra 
Marcia Weiss I. Campos. Rio de Janeiro: Farmoquímica S/A
HE, L. Metformin and Systemic Metabolism. Rev Trends in Pharmacological 
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https://doi.org/10.1210/endrev/bnaa023. Acesso em: 4 ago 2023
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https://doi.org/10.3389/fendo.2020.00191. Acesso em: 4 ago 2023
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