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129 TÓPICO 3 PROTEGENDO O NEGÓCIO E AS OPORTUNIDADES UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico! Nesta seção iremos dissertar sobre opções para proteger o negócio e também oportunidades encontradas por empresas para expandir seus negócios. Como exemplo temos o sistema de franquias, que tem despertado o interesse de muitos empresários. As franquias são vistas como uma opção de empreendimento e criação de novos negócios por empreendedores e empresários (franqueados e franqueadores) (RISNER, 2001). E ao contrário do que se imagina, o sistema de franquias surgiu há muito tempo, tendo sua origem em 1863, nos Estados Unidos. Foi empregado pela primeira vez pela empresa Singer Sewing Machine Company, que visando ampliar sua participação no mercado, franqueou aos comerciantes independentes sua marca. Em 1898 foi a vez da General Motors, que adotou o modelo para sua rede de distribuição de automóveis (RISNER, 2001). Também em 1899, a Coca-Cola adotou o modelo, podemos citar ainda como exemplo as companhias de petróleo, que na década de 1930 adotaram o sistema para seus postos de gasolina. Ressalta-se que nesta fase o sistema de franquias era visto apenas como um sistema de distribuição (RISNER, 2001). 2 FRANQUIAS Para o novo e pequeno empresário, o sistema de franquia tornou-se uma opção de empreendimento, pois este usufrui de um sistema já formatado, com marca consolidada no mercado e know-how desenvolvido. Do outro lado, o franqueador, por meio desse sistema, pode expandir sua rede (RISNER, 2001; TAKAHASHI, 2003). O Franchising trata-se de um acordo contratual entre duas companhias legalmente independentes em que o franqueador concede ao franqueado o direito de vender o produto do franqueador ou fazer negócios utilizando sua marca registrada em determinado local durante um intervalo de tempo especificado. 130 UNIDADE 2 | AS OPORTUNIDADES PARA O CONSUMO DO MERCADO Vejamos o papel do franqueado e do franqueador dentro desse sistema: Franqueado: indivíduo, pessoa física ou pequeno empresário que deseja iniciar um negócio, visando minimizar os riscos de fracasso, dessa forma licencia a marca/ produto ou serviço a partir de um modelo já homologado, uma marca forte, e o suporte técnico e operacional de quem tem o know-how do negócio escolhido. Geralmente, o franqueado é uma pessoa da classe média, que obtém o capital para investir no empreendimento através de poupança pessoal, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, herança ou endividamento (ROCHA; GIMENEZ, 2011). Franqueador: empresa fabricante do produto/serviço ou proprietário da marca, que visa expandir seus pontos de venda, rapidamente, fazendo uso de capital de terceiros (ROCHA; GIMENEZ, 2011). Em síntese, o sistema de franquias é entendido como um modelo cooperativo, no qual existem dois indivíduos empreendedores (franqueador e franqueado), que mesmo com objetivos distintos, encontram na colaboração uma forma de juntos atingirem suas metas. É importante salientar que o sistema de franquias possui vantagens, mas também desvantagens. Vejamos algumas das vantagens e desvantagens desse sistema se comparado aos negócios independentes, no quadro a seguir. QUADRO 21 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DO FRANCHISING PARA O FRANQUEADO Vantagens Desvantagens Menor risco de falência Menor autonomia Reduz incertezas Risco vinculado à performance do franqueador Compartilhar competências Limitações quanto à escolha de produtos e fornecedores Facilidade de se obter financiamento Inibe o surgimento de inovações FONTE: A autora (2017) Ao observar o quadro acima percebemos que, se por um lado o franchising oferece ao franqueado um modelo de negócio previamente testado e com uma marca já consolidada no mercado, por outro, pode dificultar o surgimento de inovações, na medida em que o grau de padronização nas redes é muito alto. O próprio "pacote" determinado pelo business format franchising implica a transferência de tecnologia administrativa, além de todo o projeto arquitetônico e engenharia, concentrando a geração de quaisquer inovações nas mãos dos franqueadores, já que normalmente os franqueados não têm poder para desenvolver novos produtos ou determinar o mix (SANTOS, 1999; RODRIGUES, 2010). TÓPICO 3 | PROTEGENDO O NEGÓCIO E AS OPORTUNIDADES 131 QUADRO 22 – TIPOS DE FRANQUIAS E FINALIDADES DE UTILIZAÇÃO Tipo de Franquias Finalidade Exemplo Franquias de Serviço Envolve franquias de prestação de serviços, requerem treinamentos constantes aos franqueados e suas equipes visam à manutenção dos padrões de atendimento e do formato do negócio. Hotelaria (Acoor), Tinturaria (Sapataria e tinturaria do Futuro), Manutenção de Automóveis (Martelinho de Ouro), Aluguel de Carros (Localiza), Academia de Ginástica (Curves). Franquias de produção e Distribuição O franqueado produz todos os produtos que serão comercializados pela rede. A função do franqueado é revender os produtos que são em grande parte de fabricação do franqueador. Cosméticos e Perfumaria (O Boticário), Alimentação (McDonalds), Vestuário e Acessório (Hering). Franquias de Distribuição O franqueador desenvolve as suas franquias com a intenção de utilizá- las como um canal de distribuição de produtos. Estes produtos são em grande parte de fabricação terceirizada. Os franqueados assumem o papel de revendedor de produtos onde o franqueador possui o papel de atacadista. Vestuário e Acessórios (Chilli Beans), Móveis e decoração (Porto Belo), Entretenimento (UZ Games). O empreendedor pode optar ainda por duas formas de franquias, a saber: Franquia de produto-marca: nesse modelo o franqueado adota a imagem da empresa franqueadora, tornando-se distribuidor preferencial de seus produtos e/ou serviços (ELANGO; FRIED, 1997 apud VANCE; FAVERO; LUPE, 2007). Engloba a concessão de direitos de uso de marca e de comercialização de produto e/ou serviço. Nesse modelo, a intensidade do suporte prestado ao franqueado pela franqueadora é menor (FOSTER 1994; VANCE; FAVERO; LUPE, 2007). Franquia de formato de negócio: nesse modelo, o suporte prestado pela franqueadora ao franqueado é mais intenso, pois além da marca exclusiva, o franchising de formato de negócio diferencia-se pela transferência de conhecimento sobre a operação do negócio, incluindo, por exemplo, um programa formal de treinamento, um manual operacional, com a descrição do processo, com as especificações técnicas e dos padrões de qualidade, e uma estrutura que ofereça apoio operacional ao franqueado. (FOSTER 1994; VANCE; FAVERO; LUPE, 2007). FONTE: Adaptado de Simão (1993) 132 UNIDADE 2 | AS OPORTUNIDADES PARA O CONSUMO DO MERCADO O empreendedor que deseja entrar no mercado de franquias deve estar atento a diversos fatores. Confira dez dicas para quem almeja investir no sistema franchising: 1. Conhecer a si mesmo: a escolha por determinada franquia pode ser feita com base nas experiências profissionais do futuro empreendedor, sempre observando as normas e padrões estipulados pelo franqueador. 2. Avalie o mercado: ou seja, faça uma pesquisa de mercado na região em que deseja montar a franquia. 3. Defina suas possibilidades: avalie seus recursos e calcule os riscos. 4. Estude alternativas: atualmente, no Brasil, há diversas possibilidades de se investir em franquias em vários segmentos (saúde, beleza, alimentação, lazer) com variedades de investimento financeiro. O ideal é visitar feiras, trocar experiências com empreendedores que já são franqueados. 5. Conheça o histórico da franquia: a decisão de se investir em uma franquia envolve tempo e recursos, por isso, saber o tempo de mercado, quem são os sócios e fundadores é fundamental. 6. Converse com franqueados e se possível também ex-franqueados, aproveite essa oportunidade e tire dúvidas com quem já trabalha ou trabalhou no ramo. 7. Estude a circular de oferta da franquia. 8. Analise o contrato: 9. Entenda o papel de cada parte. 10. Dedicação: uma franquia queserve para uma determinada pessoa pode não ser a mais indicada para outra, por isso, os franqueadores devem fazer uma avaliação consistente do perfil do franqueado antes de fechar o negócio. FONTE: Disponível em: <franquia.com.br>. Acesso em: 17 fev. 2017. 2.1 MARCA E PATENTE Conforme aponta Dornelas (2008), qualquer pessoa física ou jurídica, que esteja exercendo atividade legalizada e efetiva–profissionais liberais, produtores rurais, sociedade civil, sociedade limitada, autarquias, estatais, artesãos etc. pode requerer o registro de uma marca. Trata-se de uma forma de proteger e diferenciar um produto. Vejamos as distinções entre esses dois termos: Marca: é todo sinal distintivo (palavra, figura, símbolo etc.) visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de seus concorrentes, de origens diversas, bem como certifica a conformidade com determinadas normas ou especificações técnicas (Lei nº 9.279/96). Dessa forma, a marca é o principal elo entre o negócio e o cliente, pois é a identificação do negócio e como ele se diferencia dos demais. Com o passar do tempo, a marca passa a ser o referencial da qualidade daquele produto ou serviço. Por isso, é muito importante registrar a marca, é a única forma de protegê-la legalmente contra os prováveis imitadores. TÓPICO 3 | PROTEGENDO O NEGÓCIO E AS OPORTUNIDADES 133 Patente: é um documento formal, expedido por uma repartição pública, por meio do qual se reconhecem direitos de propriedade e uso exclusivo para uma invenção ali descrita amplamente. É um privilégio concedido pelo Estado aos inventores (pessoa física ou jurídica) detentores do direito de invenção de produtos e processos de fabricação, ou aperfeiçoamento de algum já existente. (SEBRAE, 2011). No Brasil, o pedido de concessão de patente deve ser feito ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que julgará sua validade com base nas disposições da Lei da Propriedade Industrial, nº 9.279, de 14 de maio 1996 (INPI, 2011).