Prévia do material em texto
CONSTRUINDO O PLANO DE GESTÃO INTEGRADA DA ORLA MÓDULO 3 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano TÓPICO 7 Agora que já compreendemos a estrutura organizacional necessária no âmbito do Projeto Orla e na elaboração do Plano de Gestão Integrada da Orla (PGI), neste módulo vamos detalhar as etapas para o seu desenvolvimento. Cada etapa possui particularidades que são de responsabilidade das organizações envolvidas, que vão desde a articulação e integração institucional ao arranjo de oficina participativa com os atores envolvidos. Ao final do módulo você entenderá o processo de elaboração do PGI, a ordem das etapas e suas interrelações. 2 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano Para desenvolver o PGI se faz necessário entender bem o espaço que queremos planejar e gerenciar. Desta forma, precisamos compreender como funciona a dinâmica física e natural da orla, quais ecossistemas existem, quais são os usos atuais e qual a forma de ocupação do litoral. Para isso, realizamos uma breve caracterização socioeconômica e ambiental da orla. Por meio desse diagnóstico, que é uma “fotografia” do estado real em que a orla se encontra, são definidas as paisagens e explorados os cenários futuros esperados, desejados ou projetados. 3 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano Estes cenários, definidos de forma participativa e coordenada por uma equipe do município, poderão ser alcançados a partir do ordenamento do uso do solo e da execução de ações. Estas ações devem visar e garantir a função socioeconômica e ambiental da orla, ou em outras palavras, assegurar a qualidade ambiental da orla e da água do mar e seus ecossistemas, assim como permitir o usufruto saudável pela sociedade e promover o desenvolvimento e uso sustentável desse espaço. Devem garantir a implementação de políticas públicas adequadas, construídas com o envolvimento de instituições públicas e privadas e também da sociedade civil, em resposta aos problemas observados na orla, assim como expor as demandas, considerando as oportunidades econômicas, sociais e ambientais observadas pelo coletivo. 4 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla É por meio do PGI que o município define suas ações para a orla, permitindo ainda um melhor conhecimento do seu território. O PGI pode, ainda, contribuir no estabelecimento de parcerias, como convênios e instrumentos congêneres, entre as prefeituras municipais, universidades e institutos de pesquisa, nas diversas etapas do processo, como por exemplo, no âmbito da caracterização socioeconômica e ambiental e de ferramentas para avaliação e monitoramento da gestão da orla marítima. Para o sucesso do desenvolvimento do PGI é necessário aplicar a metodologia do Projeto Orla, seguindo o passo a passo a seguir: 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano INICIANDO O PROJETO ORLA Arranjos Institucionais Estimulando a Participação Cidadã DIAGNÓSTICO Compilação de documentos Delimitação da Orla Caracterização do município Unidades de Paisagem Quadro Síntese Geral Consolidação do Plano de Gestão Integrada - PGI Versão Final do PGI Avaliação do PGI PLANO DE GESTÃO INTEGRADA DO ORLA - PGI Institucionalização Implementação das Ações IMPLEMENTAÇÃO Relatórios Anuais de Acompanhamento MONITORAMENTO REVISÃO Relatório de Revisão Proposta de Execução da Revisão PGI Revisado PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO Oficina - Etapa 1 Consolidação da Etapa 1 da Oficina Oficina - Etapa 2 5 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla INICIANDO O PROJETO ORLA A primeira etapa para o desenvolvimento do PGI se refere à organização e articulação do município, de modo a propor diretrizes que auxiliarão na definição da equipe responsável pela elaboração e condução do PGI, bem como da definição da agenda local de trabalho. Por último, mas não menos importante, a estruturação da articulação municipal será fundamental para auxiliar na elaboração e implementação de estratégias de mobilização social para a realização das duas etapas da oficina de planejamento participativo, uma vez que o PGI é um instrumento de gestão compartilhada. PASSOS INICIAIS 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 6 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano Primeiramente o município deve definir o coordenador e a equipe gestora, que ficará encarregada de liderar e acompanhar o processo do Plano de Gestão Integrada da Orla. Essa equipe deve ser a mais plural possível. A equipe definida formará a Coordenação Municipal do Projeto Orla (CMPO), instância responsável pela execução das distintas fases do Projeto Orla e protagonista na elaboração do PGI. A CMPO deverá ainda apoiar o município no processo de contratação do Facilitador. A atuação do facilitador deve ser isenta e imparcial na condução do processo, devendo levar em conta a diversidade de público e de interesses sobre o território. Outro aspecto de suma importância para a contratação do facilitador é que o profissional possua capacitação com conhecimento sólido na metodologia de elaboração do PGI ATENÇÃO! Há uma lista de Facilitadores treinados na metodologia do Projeto Orla. Ela é disponibilizada e atualizada pela Coordenação Nacional do Projeto Orla e pode ser acessada na página de gestão de praias da SPU 7 https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/planejamento/gestao/patrimonio-da-uniao/destinacao-de-imoveis/gestao-de-praias MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano A definição da agenda local de trabalho tem a função de orientar a execução/ implementação do Projeto Orla, estabelecendo os prazos e datas das reuniões de preparação do PGI, elaboração e envio de convites da Oficina (etapas 1 e 2). Facilitadores CNPO CEPO/ CTE CMPO Comitê Gestor MONITORAMENTO REVISÃOIMPLEMENTAÇÃO PLANO DE GESTÃO INTEGRADA DO ORLA - PGI PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO DIAGNÓSTICO INICIANDO O PROJETO ORLA A partir da definição da agenda de trabalho, pactuada, se possível com a CEPO, o calendário final deverá ser divulgado em local público e acessível à população, e da forma mais ampla possível. Entre algumas sugestões possíveis de local de divulgação estão: o website da prefeitura, jornais de bairro e de grande circulação, associações de moradores, programas de rádio e redes sociais. 8 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Durante a etapa de definição do público-alvo e das partes interessadas no processo (conhecidos também como stakeholders) da oficina participativa, a participação deve ser encorajada igualmente entre o setor público (incluindo diferentes secretarias) e a sociedade civil organizada, sendo, sempre que possível e pertinente, paritária. Recomenda-se a participação daqueles que possuem alguma relação com a orla, como grupos sociais que atuam sobre a orla e/ou são atingidos por planos e projetos de intervenção para esta área; que estão envolvidos em processos de planejamento e gestão territorial, como o Plano Diretor; que integram espaços de participação cidadã, colegiados e órgãos relacionados ao turismo de sol e praia, pesca, dentre outros. Importante também o convite e participação de representantesda Câmara de Vereadores do município, do Ministério Público Federal e Estadual. QUEM DEVE PARTICIPAR DA OFICINA DO PROJETO ORLA? 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 9 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Vale destacar: uma vez que a orla é espaço de disputa e conflitos, se faz importante a diversidade na representação de posições e interesses, como também grupos sociais, econômicos e culturais com diferentes níveis de contribuição (mapeamento de atores). 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 10 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla As estratégias de mobilização vão além da simples divulgação das atividades na mídia. Nessa fase inicial destaca-se também a importância de espaços de informação sobre o Projeto Orla, no formato de Seminários de Sensibilização, além das Reuniões Setoriais, que visam apresentar e discutir as etapas do Projeto Orla com diferentes segmentos sociais ou por diferentes trechos da orla. Essas ações possuem papel formativo, na medida em que sensibilizam, informam, envolvem e comprometem as diferentes partes interessadas com o Projeto. Quanto maior o envolvimento e o compartilhamento de responsabilidades na implementação do Projeto Orla, maior é a possibilidade de projetos bem elaborados, pactuados e sustentáveis em curto, médio e longo prazo. O envolvimento e a participação da sociedade civil e de instituições qualificará o processo de construção do PGI. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 11 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Para atingir a diversidade desejada, é possível utilizar diferentes estratégias, sempre respeitando a realidade local de cada município. Deve-se levar em consideração os meios de divulgação e a linguagem utilizada, devendo ser acessíveis a todos os públicos. Neste sentido, faz-se importante que o(a) Facilitador(a) esteja envolvido(a) no planejamento e execução da mobilização e na identificação do público-alvo que tenha relação direta com a orla. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 12 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla DIAGNÓSTICO Como forma de conhecer a orla marítima do município, o diagnóstico consiste no levantamento dos documentos e dados voltados aos aspectos ambientais, sociais, econômicos, patrimoniais e políticos com relevância direta para a orla. Esta compilação de informações constitui a base para a elaboração do diagnóstico do município como um todo e especialmente da orla. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano INICIANDO O PROJETO ORLA Arranjos Institucionais Estimulando a Participação Cidadã DIAGNÓSTICO Compilação de documentos Delimitação da Orla Caracterização do município Unidades de Paisagem Quadro Síntese Geral Institucionalização Implementação das Ações IMPLEMENTAÇÃO Relatórios Anuais de Acompanhamento MONITORAMENTO Consolidação do Plano de Gestão Integrada - PGI Versão Final do PGI Avaliação do PGI PLANO DE GESTÃO INTEGRADA DO ORLA - PGI REVISÃO Relatório de Revisão Proposta de Execução da Revisão PGI Revisado PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO Oficina - Etapa 1 Consolidação da Etapa 1 da Oficina Oficina - Etapa 2 13 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Neste levantamento devem ser identificados aqueles instrumentos de gestão territorial que incidem sobre o território, como Plano Diretor, Planos de Bacia, Planos de Manejo de Unidades de Conservação, além de outros que possam influenciar no planejamento da orla, como os planos setoriais, por exemplo, do setor de portos, agrícola ou energético. Busca-se também definir quais as áreas de planejamento que serão consideradas para a implementação das ações sobre a orla, assim como aquelas áreas nas quais o PGI poderá sugerir diretrizes de planejamento para tomada de decisão, que auxiliem a sustentabilidade da orla. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 14 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla O Diagnóstico do Projeto Orla é composto por duas fases. A primeira delas (pré-diagnóstico) deve ser executada antes da Etapa 1 da Oficina Participativa por uma equipe coordenada pela CMPO, e deve contar com a participação do(a) Facilitador(a). Já a segunda fase deve ser realizada durante a Etapa 1 da Oficina Participativa. A Fase 1 do Diagnóstico é composta pelas seguintes atividades: Compilação de Documentos; Caracterização do Município; Pré-definição das Unidades de Paisagem; Delimitação da Orla e Preenchimento do Quadro Síntese. Já a Fase 2 do Diagnóstico consiste na Análise e Validação da Fase 1, na validação das Unidades de Paisagem pré-definidas, na definição dos Trechos Homogêneos de paisagem, na construção do Quadro Detalhado (para cada trecho da orla) e na construção de cenários. INICIANDO O PROJETO ORLA Compilação de documentos Análise e validação do documento produzido na Fase 1 Caracterização do município Validação das Unidades de Paisagem Delimitação da Orla (áreas de planejamento) Definição dos trechos homogêneos de orla Pré-definição das Unidades de Paisagem Construção do Quadro Detalhado para cada trecho de orla Construção do Quadro Síntese da orla municipal Construção de cenários Consolidação do Quadro Detalhado para cada trecho de orla PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO OFICINA - etapas I e II DIAGNÓSTICO - Fase 1 DIAGNÓSTICO - Fase 2 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 15 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla A definição das áreas de planejamento é pensada para que o processo de definição de ações e diretrizes desenvolvidas pelo PGI seja mais claro, objetivo e mais bem visualizado. Para tal, deve-se ter como base os dispositivos legais e normativos relacionados à definição de orlas e praias. Ainda, podem ser idealizadas duas áreas de planejamento da orla marítima do município: a Área de Planejamento Direto, a APD; e a Área de Planejamento Indireto, a API. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano Limite API 200m interior 10m de profundidade Limite APD início vegetação de restinga Limite API 200 metros (interior) Limite APD (início vegetação de restinga) 10m de profundidade 16 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla A Área de Planejamento Direto, a APD, pode ser entendida como o principal foco da gestão do Projeto Orla. É a porção da orla marítima do município onde as ações definidas durante a elaboração e consolidação do PGI são previstas, executadas e monitoradas. Por isso, durante a elaboração do diagnóstico, as áreas de APD devem contar com dados e informações específicas que ajudem a detalhar os seus elementos naturais, sociais e econômicos. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano A APD inclui a porção marítima da orla, que se estende até a profundidade de 10m (também conhecida como isóbata de 10m) e na faixa terrestre se estende até o final da praia. No caso de orlas urbanizadas, pode- se considerar como limite da APD as construções próximas à praia, calçadões, ruas, avenidas etc. Limite API 50 metros (área não urbanizada) Limite APD (fim do calçadão) 10m de profundidade 17 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Já a Área de Planejamento Indireto,ou API, é aquela porção territorial dentro da delimitação da orla que é adjacente à APD e influencia os seus aspectos físicos, ambientais, socioeconômicos e patrimoniais. Esta é uma área onde normalmente incidem instrumentos de gestão territorial mais específicos, como por exemplo, o Plano Diretor Municipal. Por conta disso, o PGI não interfere diretamente nesta área, mas deve indicar diretrizes gerais, com o objetivo de orientar a tomada de decisão com base nas regulações e instrumentos de ordenamento territorial ali vigentes. Após definidas as áreas de planejamento, este é o momento de iniciar o diagnóstico ambiental, socioeconômico e patrimonial da orla. Aqui é essencial frisar que a proposta metodológica para elaboração desse diagnóstico constitui uma ferramenta importante para toda a gestão da zona costeira, pois permite ao município e à sociedade participante, uma avaliação dos aspectos socioeconômicos e ambientais e da dinâmica natural da orla, e como esta interfere ou é afetada pelas atividades desenvolvidas no município como um todo. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 1818 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla São identificadas desde as formas (morfologia) e detalhamento das características (fisiologia) dos ecossistemas costeiros e praiais - como dunas, cobertura vegetal e planícies de inundação - até a identificação e interpretação da paisagem e valor cênico da orla. Além destes elementos citados, no diagnóstico ambiental são levantados dados sobre: C. ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO E. BALNEABILIDADE (QUALIDADE DAS ÁGUAS DO MAR) F. VARIAÇÕES NA LINHA DE COSTA, PARA OBSERVAR COMO A FAIXA COSTEIRA VEM SE COMPORTANDO AO LONGO DOS ANOS E DÉCADAS, SE HÁ GANHO OU PERDA DE ÁREA, POR EROSÃO COSTEIRA. D. DRENAGENS E RECURSOS HÍDRICOS A. QUALIDADE AMBIENTAL E PROBLEMAS NA ORLA B. FLORA E FAUNA LOCAL 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 19 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Este conjunto de informações irá auxiliar na caracterização e classificação de cada um dos trechos da orla do município. E esta classificação influenciará no planejamento de ações do PGI para cada área de planejamento, APD e API. No que diz respeito aos aspectos socioeconômicos do diagnóstico, esta avaliação busca identificar e caracterizar as atividades humanas (também conhecidas como atividades antrópicas) desenvolvidas na orla do município. Como etapa-chave desta análise, deve-se caracterizar a ocupação e uso do solo e as atividades praticadas dentro das áreas de planejamento (APD e API), ou seja, quais tipos de atividades socioeconômicas ocorrem na orla, como pesca, turismo, residência, comércio, indústria, entre outras. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 20 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla É importante pontuar que durante esta caracterização devem ser apresentadas todas as classes de uso que o Plano Diretor do município determina, de modo a compatibilizar a análise, assim como definidos demais instrumentos de ordenamento náutico, como zoneamento marítimo da porção aquática da orla. Enquanto na APD será dado foco na proposição de ações, na API o foco será a proposição de diretrizes. Para tanto, é necessário compreender a diferença conceitual entre ambas: AÇÕES medidas concretas com vistas ao uso e ocupação de uma área, normalmente possuem métrica e indicadores de acompanhamento e de execução, por exemplo: “remoção de quiosques da faixa de praia”; “manutenção de chuveiros públicos”, entre outros. DIRETRIZES orientações gerais com vistas ao uso e ocupação de uma área, por exemplo: “melhoria da infraestrutura de acesso à praia”, “tratamento de efluentes que são drenados para a orla”. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 21 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Outro passo consiste na definição das Unidades de Paisagem existentes na orla. As unidades devem ser identificadas ainda na Fase 1 do Diagnóstico e serão apresentadas, discutidas e validadas durante a Etapa 1 da Oficina (Fase 2 do Diagnóstico). Cabe ressaltar que a leitura da paisagem em campo deve ser associada ao conhecimento e experiência de técnicos, moradores e usuários do entorno da orla, para a obtenção de resultados mais consistentes em face das necessidades de utilização do conhecimento empírico para a gestão da orla. unidade 1 unidade 2 unidade 3 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 22 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Como último aspecto do diagnóstico, mas não menos importante, deve ser levantada junto à SPU e apresentada a relação sistematizada da situação patrimonial dos imóveis situados em terrenos de marinha e acrescidos e os principais conflitos fundiários em bens da União. Entre os Bens da União estão os Bens de Uso Comum do Povo; Bens de Uso Especial e Bens Dominicais*. Sugere- se que a ilustração destes dados patrimoniais seja feita por meio de planta baixa, mapa ou foto aérea, sendo elemento fundamental para a delimitação da faixa da orla do município. Para tanto, é importante que haja uma aproximação com a Superintendência da SPU no Estado para auxiliar nestas questões do diagnóstico e do PGI. Com base nas informações constantes no diagnóstico, o(a) Facilitador(a) em conjunto com a CMPO deverá construir o Quadro Síntese, desenvolvido a partir dos principais problemas e potenciais existentes na orla, observados a partir do diagnóstico. Esse quadro síntese é um documento muito importante para o processo de elaboração do PGI e deve ser discutido e validado na fase de Planejamento Participativo com envolvimento de todos os atores. Trata- se de um apontamento dos problemas e potencialidades relacionados aos aspectos sociais, econômicos, ambientais, urbanísticos, turísticos e patrimoniais, que deverão orientar ações e diretrizes que, por sua vez, buscam incentivar investimentos futuros, tanto públicos quanto privados. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano *Os bens que pertencem à União estão definidos no art. 20 da Constituição Federal de 1988, e no Decreto-Lei nº 9.760, de 1946, e podem ser classificados em três tipos, em razão da destinação que pode ser dada a eles” https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/patrimonio-da-uniao/bens-da-uniao 23 https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/patrimonio-da-uniao/bens-da-uniao MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla CARACTERÍSTICAS LOCAIS FÍSICO•NATURAIS CARACTERÍSTICA LOCAL SOCIOECONÔMICAS POTENCIALIDADES PROBLEMAS ATIVIDADES GERADORAS EFEITOS E IMPACTOS ASSOCIADOS AO PROBLEMA E/OU POTENCIALIDADES PROJETOS PREVISTOS OU EM IMPLANTAÇÃO (PÚBLICOS E PRIVADOS) • Orla com praias arenosas expostas, com ação de ondas e presença de dunas móveis e frontais; e praias semi-expostas, protegidas por promontórios rochosos, com a cobertura de Mata Atlântica protegida parcialmente por uma UC municipal • Desembocadura do rio Jacuapi com mata ciliar (marismas) preservados, formando uma língua de areia em direção nordeste (deriva de sedimentos) fixada por guia corrente; e sangradouro da lagoa, com abertura controlada pela dinâmica eólica e marinha incidentes • Centro municipal de ocupação anual e porção mais próxima à praia de segunda residência • Resort em praia privada • Economia municipal baseada no turismo sazonal (veraneio) • Pesca artesanal na baixa temporada, com baixa representação na economialocal • Comércio ambulante, bares e restaurantes na orla no veraneio • Hotéis e pousadas no centro • Uso das adjacências do farol e a praia da UC municipal para o ecoturismo • Observação de baleias e golfinhos fora de temporada de veraneio • Pesca amadora/ esportiva e artesanal • Esportes aquáticos (surf, SUP etc) • Reurbanização da orla do balneário • Culinária local • Criação de nova UC • Apropriação indevida da faixa de praia • Deposição inadequada de resíduos nas praias e dunas • Ocupação de áreas sensíveis da orla • Acidentes em banho de mar e surf • Degradação das dunas • Incompatibilidade de usos na faixa de praia • Ocupação irregular da praia por restaurante •Falta de manutenção e fechamento de acessos à praia • Turismo e atividade de pesca • Especulação imobiliária • Invasões por ocupações irregulares • Dinâmica costeira • Redes de pesca em área de surf • Espécies exóticas (pinus) • Comércio de ambulantes e localização de áreas de prática de esportes sem ordenamento • Circulação de veículos automotores • Redução do área de praia • Contaminação da areia por deposição de resíduos • Processos erosivos • Degradação da paisagem • perda de serviços ecossistêmicos • Desvalorização imobiliária • Dificuldade de acesso às praias • Privatização de praia por resort • Perda da qualidade do lazer • Poluição sonora • Termo de ajustamento de conduta para remoção do bar (previsto) • Projeto de reurbanização da orla (previsto) • Limpeza diária no verão (em implementação via prefeitura) • Dia mundial de limpeza de praias (em implementação via ONG) • REURB (previsto) • Plano Diretor Municipal (em implementação) • TAC - Ordenamento (em implementação) • Plano de Manejo de dunas (previsto) • Cadastramento de ambulantes (previsto) • Plano de uso de faixa de praia (em implementação) • Cooperativa de transporte marítimo (entre-praias previsto) • Roda-Gigante (previsto) QUADRO SÍNTESE 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 24 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO INICIANDO O PROJETO ORLA Arranjos Institucionais Estimulando a Participação Cidadã Institucionalização Implementação das Ações IMPLEMENTAÇÃO Relatórios Anuais de Acompanhamento MONITORAMENTODIAGNÓSTICO Compilação de documentos Delimitação da Orla Caracterização do município Unidades de Paisagem Quadro Síntese Geral Consolidação do Plano de Gestão Integrada (PGI) Versão Final do PGI Avaliação do PGI PLANO DE GESTÃO INTEGRADA DO ORLA (PGI) PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO Oficina - Etapa 1 Consolidação da Etapa 1 da Oficina Oficina - Etapa 2 REVISÃO Relatório de Revisão Proposta de Execução da Revisão PGI Revisado 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 25 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla A metodologia da elaboração do PGI está baseada em planejamento participativo e deve contar com atores sociais e institucionais. Esta participação se dá em diversos momentos ao longo do processo, mas tem seu principal foco no desenvolvimento do PGI, construído com base nas discussões e negociações que ocorrem justamente na oficina. São previstos dois momentos, etapa 1 e etapa 2, cada qual com objetivos distintos, mas complementares, que levam ao PGI elaborado e aprovado. As duas etapas da Oficina têm objetivos distintos, mas complementares, e são coordenadas por Facilitadores especializados apoiados por membros da Coordenação Municipal. Eles devem primeiramente apresentar o roteiro para elaboração do Plano de Gestão, com orientações sobre como identificar os potenciais, os problemas, os atores envolvidos e formulação de propostas para o enfrentamento das situações observadas e estímulo dos potenciais para o alcance de cenários desejáveis. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 26 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano A primeira etapa da Oficina deve ter duração de cinco dias e tem como objetivo a realização da Fase 2 do diagnóstico, na validação das Unidades de Paisagem pré-definidas pelo facilitador(a) em conjunto com CMPO, na definição dos Trechos Homogêneos de Paisagem, na construção do Quadro Detalhado (para cada trecho da orla) e na construção de cenários. Já a segunda etapa da Oficina, com duração de três dias, está voltada para a consolidação das propostas de ação, o preenchimento de eventuais lacunas no diagnóstico e, sobretudo, a definição de estratégias para execução, acompanhamento, avaliação e cronograma de implementação do Plano de Gestão Integrada. É papel do(a) facilitador(a) identificar, coordenar e ajudar na participação de todos os atores na construção coletiva de conhecimentos, propostas e pactos durante a realização das duas etapas da Oficina. O(a) facilitador(a) também deve acompanhar a consolidação entre essas etapas e a construção do documento do PGI. O(a) facilitador(a) deve ajudar os participantes na elaboração das análises, na mediação de conflitos e na definição preliminar de propostas para o Plano de Gestão Integrada da Orla. 27 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano Revisão e validação do diagnóstico Planejamento das Ações Revisão e validação das áreas de planejamento Formação do Comitê Gestor do Projeto Orla Definição dos cenários OFICINA - ETAPA 1 CONSOLIDAÇÃO DA ETAPA 1 DA OFICINA OFICINA - ETAPA 2 O primeiro passo prático do processo é a realização de reuniões preparatórias. Elas têm o intuito de conscientizar os atores sociais interessados na orla da importância do Projeto Orla e do PGI, de modo a incentivar a sua participação na oficina subsequente. As reuniões preparatórias devem ser realizadas com o público-alvo definido pela CMPO em conjunto com o(a) Facilitador(a) e, além de fornecer as informações necessárias e articular uma agenda comum, pode- se aproveitar o momento para começar a levantar informações necessárias ao diagnóstico. Em seguida, deve-se definir a logística da Etapa 1 da Oficina Participativa, como: local, convites, materiais didáticos, alimentação, transporte e demais detalhes para a sua plena realização. 28 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano A Etapa 1 da Oficina é iniciada com uma apresentação introdutória, com a pactuação das regras de convivência e funcionamento do processo, seguida da apresentação dos aspectos teóricos do gerenciamento costeiro, e validação da Fase 1 do Diagnóstico, com a discussão das Unidades de Paisagem e quadro síntese. 29 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano Nessa etapa inicia-se também um processo prático de setorização das Unidades de Paisagem, com a definição dos trechos homogêneos e sua classificação. trecho 1 trecho 4 trecho 2 trecho 5 trecho 3 trecho 6 30 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Após essa delimitação, os trechos de orla com homogeneidade paisagística devem ser classificados, conforme o Decreto Federal nº 5.300 de 2004, em três categorias distintas: CLASSE A CLASSE B CLASSE C Possui correlação com os tipos de orla que apresentam baixíssima ocupação, com paisagens com alto grau de originalidade e baixo potencial depoluição, podendo incluir orlas de interesse especial. São trechos de orla onde a preservação e conservação das características e funções naturais devem ser priorizadas. Possui correlação com os tipos de orla que apresentam de baixo a médio adensamento de construções e população residente, com indícios de ocupação recente, paisagens parcialmente antropizadas e médio potencial de poluição, podendo incluir orlas de interesse especial. São trechos do litoral onde os usos são compatíveis com a conservação da qualidade ambiental e os que tragam baixo potencial de impacto, devem ser estimulados. Apresenta médio a alto adensamento de construções e populações residentes, com paisagens antropizadas, multiplicidade de usos e alto potencial de poluição – sanitária, estética, sonora e/ ou visual, podendo incluir orlas de interesse especial. São trechos de orla onde os usos não podem ser exigentes quanto aos padrões de qualidade, sendo, portanto, locais com alto potencial impactante, inclusive para seus entornos. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 31 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla O trabalho de campo é um passo importante da etapa 1 da oficina, e reforça a compreensão sobre a configuração da orla, suas formas de ocupação e suporte físico. Após a coleta e incorporação de sugestões ao diagnóstico, inicia-se o processo de formulação de propostas para o enfrentamento das situações observadas e para o alcance de cenários desejados na orla, que culminará na definição dos cenários para cada trecho de orla definido na etapa 1 da oficina. Neste momento, com a mediação do(a) facilitador(a), os participantes irão organizar o Quadro Detalhado (pág. 33), o qual corresponde ao desenvolvimento e detalhamento de informações do Quadro Síntese para cada trecho da Orla. O conjunto de informações sistematizado neste quadro deverá subsidiar a formulação dos cenários na etapa seguinte. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 32 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla EXEMPLO DE QUADRO DETALHADO 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano QUADRO DETALHADO - AÇÕES E DIRETRIZES J K L M N O P Q R Nº REF AÇÃO OU DIRETRIZ FINALIDADE ÁREA DE PLANEJAMENTO RELAÇÃO ODS PRAZO DE EXECUÇÃO DURAÇÃO E REGULARIDADE RESPONSÁVEL PARCEIROS O QUE FAZER PARA RESOLVER O PROBLEMA OU MAXIMIZAR AS POTENCIALIDADES? COMO A AÇÃO OU DIRETRIZ PODERÁ RESOLVER O PROBLEMA OU MAXIMIZAR AS POTENCIALIDADES? APD OU API CITAR N° IMEDIATO - CURTO - MÉDIO - LONGO PRAZO CONTÍNUA - SAZONAL - PONTUAL INSTITUIÇÃO RESPONSÁVEL PELA EXECUÇÃO DA AÇÃO INSTITUIÇÃO PARCEIRA, APOIADORA DA INSTITUIÇÃO RESPONSÁVEL NA EXECUÇÃO 1 Projeto e execução de reurbanização da orla da praia central com a previsão da roda gigante -desenvolvimento local com base na cultura gastronômica; -adequação de infraestruturas APD 8; 9; 11; 12; 13; 16; 17 longo prazo pontual Prefeitura e investidor privado Ministério do Turismo 2 Projeto de resgate e valorização da gastronomia local com acomodação de restaurantes no projeto de reurbanização da orla. Desenvolver e valorizar a gastronomia local, gerando renda ao nativo o ano todo. APD 2; 5; 8; 10; 11; 12; 17 longo prazo contínua Universidade Prefeitura, Ministério do Turismo, Ministério de Desenvolvimento Regional 3 Execução do Projeto de readequação da faixa de praia, com base no TAC – Termo de Ajustamento Recuperação da praia e do uso público APD 10; 11; 13; 16 curto prazo pontual SPU/UF, OEMA, Prefeitura Ministério Público 4A Elaboração e execução de projeto de Educação ambiental sobre o lixo no mar e nas praias Recuperação e manutenção das características ambientais APD 4; 11; 12; 14; 17 curto prazo contínua Prefeitura ONGs, Universidade, Ministério do Meio Ambiente 4B Colocação e manutenção de lixeiras 9; 11; 17 imediato contínua Prefeitura Associação de quiosqueiros 5 Fiscalização de obras Compatibilizar o uso humano com a mauntenção dos serviços ecossistêmicos API 11; 16 imediato contínua Prefeitura Associação de moradores; MPE 6A Revisão do ordenamento pesca/surf Orientação de usos e prevenção de acidentes. APD 3; 8; 16; 17 imediato sazonal Ministério Público Colônia de Pesca, Associação de Surf, Prefeitura, ONGs 6B Elaboração e execução de projeto de Educação para o mar 3; 4; 17 curto prazo contínua Prefeitura, Corpo de Bombeiros ONGs, Universidade 7 Licenciamento e execução do Plano de Manejo de Dunas Definição técnica de ações de manejo de dunas e praias APD 11; 13; 15; 16 curto prazo contínua Prefeitura OEMA 8A Cadastramento, definição do número, área de circulação e porte dos ambulantes. Compatibilizar a atividade do ambulante com o usuário da praia. APD 8; 10; 11; 12; 16; 17 médio prazo sazonal Prefeitura Associação de ambulantes 8B Fiscalização de veículos na praia Restringir a circulação de veículos não autorizados na faixa de praia APD 3; 11; 14; 15; 16; 17 imediato contínua SSP/UF Prefeitura, Corpo de Bombeiros, SPU 33 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla O levantamento, análise e sistematização das informações existentes até esta etapa são subsídios para a construção de três tipos de cenários: atual, tendencial e desejado. A construção de cenários é uma técnica utilizada para descrever alternativas de futuro para uma determinada situação, ajudando a visualizar e a pensar o futuro de diferentes maneiras. Não se procura fazer previsões ou fixar o que “deve” acontecer, trabalha-se sobre as possibilidades que “podem vir” a acontecer. Ao empregar esta técnica vislumbra-se uma situação futura para decidir como agir agora, com vistas a manter ou alterar o quadro que se está desenhando. O alcance de um cenário desejado passa pela solução dos problemas de uso e desenvolvimento dos potenciais do trecho identificados no diagnóstico da orla e que demandam ações de naturezas diversas, as quais são detalhadas no PGI. O cenário desejado também pode se basear na proposição de novos usos e projetos para o local, com especial atenção a possíveis políticas, programas e fundos setoriais aplicáveis (municipais, estaduais, federais ou privados) identificados na primeira fase do diagnóstico. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 34 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla É importante que o cenário desejado se baseie na viabilidade legal de utilização dos imóveis da União (aspectos patrimoniais, ambientais, urbanísticos), indicada com base nas informações apresentadas no diagnóstico patrimonial e confrontada com as da visita de campo. É neste momento que as necessidades e demandas da sociedade civil e do mercado são pautadas e debatidas. Desta forma, ações de curto, médio e longo prazos, bem como diretrizes, devem ser planejadas de forma coerente com as mudanças desejadas. Estas mudanças, se alcançadas, podem refletir na alteração da classificação da orla (A, B ou C). Por exemplo, um trecho classificado como Orla A pode ter como cenário desejado uma maior ocupação, alterando (em um cenário futuro) o trecho para Orla B. Da mesma maneira, orlas densamente ocupadas (classificação C) podem passar por processos de readequação e recuperação ambiental, tornando-se orlas de classificação B. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano CENÁRIO ATUAL CENÁRIO TENDENCIAL CENÁRIO DESEJADO 35 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla A partir da análise das informações e resultados da Etapa 1 da Oficina Participativa (sistematizadas no Quadro Detalhado) e dos cenáriospropostos deverão ser delineadas ações de planejamento e gestão para o alcance do cenário desejado da orla. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 36 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla A última parte da Etapa 1 da Oficina é o momento de esclarecer e encaminhar as atividades que deverão ser executadas pelo grupo na finalização dos produtos iniciados, além da preparação da Etapa 2 da Oficina. Após a etapa 1 da Oficina, é necessário consolidá-la. A consolidação se configura em uma etapa intermediária que consiste na compilação e organização dos resultados da etapa 1 da Oficina. Para tanto, três fases são necessárias: • Sistematização dos produtos da etapa 1 da oficina; • Consulta Pública; • Sistematização final dos resultados. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 37 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Na primeira fase, a equipe composta por CMPO e Facilitador(a) sintetizará as informações levantadas na etapa 1 da Oficina, principalmente no que diz respeito aos problemas e potenciais presentes na orla e às ações e medidas estratégicas. Na fase de consulta pública, por sua vez, os resultados da etapa 1 da Oficina devem ser disponibilizados no portal online oficial destinado ao Projeto Orla. Além disso, também deve ser disponibilizado um canal para consulta virtual, no qual seja possível fazer sugestões e questionamentos. A CMPO é responsável pelo acompanhamento do portal, como também pelas respostas aos questionamentos enviados pelos cidadãos. Outra forma possível de realizar a consolidação são as reuniões setoriais, a exemplo das reuniões preparatórias. A última fase da consolidação consiste em sua sistematização. Nessa fase, deve haver a incorporação das sugestões coletadas durante o período de consulta pública aos resultados da etapa 1 da oficina. Os resultados devem ser organizados de maneira complementar, evitando a ocorrência de sugestões duplicadas. Além disso, a CMPO, com auxílio do(a) facilitador(a), e da CEPO, também deve verificar a legislação aplicável aos potenciais e problemas identificados, como também as normas relativas à viabilidade das ações e medidas apontadas. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 38 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Da mesma maneira que na etapa 1, para a etapa 2 também é necessário organização e preparação, com a definição da logística e convites. A Etapa 2 da oficina visa ao planejamento das ações propostas para a orla municipal no âmbito do Projeto Orla. Nesse encontro, além da validação dessas ações, também são definidos os indicadores e a prioridade de cada uma delas. Ademais, devem ser atribuídos a todas as ações um prazo e responsáveis (entes públicos e privados) por sua execução. Todas essas informações devem estar no quadro detalhado, que funcionará como o cerne do PGI, pois concentra dados dos problemas, potenciais, ações, responsáveis, prazos, recursos etc. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 39 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla FIQUE ATENTO! A Etapa 2 deverá ser executada durante três dias consecutivos e deve ser iniciada em no máximo 60 dias após a etapa 1. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano Ao fim da etapa 2 da oficina o facilitador deve apresentar aos participantes os objetivos e as funções do Comitê Gestor Municipal da Orla (CG). Após a explicação e compreensão de todos, o facilitador dará início ao levantamento das instituições que irão compor esse colegiado, o qual será instituído oficialmente após a Audiência Pública (AP) de aprovação do PGI e através de ato normativo do poder executivo municipal. Além disso, ao final da etapa 2 da oficina, deve ser realizada uma dinâmica para avaliação do processo de elaboração do PGI, na qual os participantes poderão expressar suas percepções quanto à condução e ao resultado do processo. O resultado dessa avaliação deverá ser publicado na página eletrônica do Projeto Orla do município. 40 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano PLANO DE GESTÃO INTEGRADO DA ORLA E CG Uma vez compilados todos os documentos necessários e realizada a oficina participativa (etapas 1 e 2), a equipe de coordenação e o facilitador já têm material para consolidar o Plano de Gestão Integrada da Orla (PGI). Esse plano deve ser avaliado pela Coordenação Estadual (CEPO) e ser referendado em Audiência Pública. Antes da Audiência Pública, a Coordenação Nacional do Projeto Orla avaliará a existência de políticas e programas federais que possam contribuir com a implementação do PGI. PGI pós Oficina Etapa 2 Disponibilização pré-Audiência Pública Audiência Pública e Comitê Gestor Institucionalização Comitê Gestor Consulta Pública PGI Consolidado CMPO PARECER DO FACILITADOR OFICINA - ETAPA 2 IMPLEMENTAÇÃO PGI CMPO CNPO Avaliação pela CEPO com apoio CTE 41 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla O roteiro com o conteúdo do PGI contempla os tópicos que devem estar presentes no documento. Deve-se levar em conta, no entanto, que a sua estrutura não é rígida e pode ser adequada às diferentes situações locais, desde que as alterações sejam devidamente justificadas. O PGI deve ser apresentado no portal online do município destinado ao Projeto Orla, sendo uma das obrigações aos Municípios que formalizaram o TAGP. Da mesma forma, um canal virtual dentro do site do município deve ser disponibilizado para colher sugestões e questionamentos. É de responsabilidade da CMPO avaliar as sugestões, incorporá-las ao PGI, ou justificar, respondendo também a todos os questionamentos, deixando as respostas disponíveis no portal online. Após o período de consulta pública e de incorporação das sugestões, o PGI é encaminhado pela CMPO à CEPO para avaliação. A CEPO, em seguida, enviará à CNPO para verificar aderência de políticas federais ao PGI. Recomenda- se que a CMPO acate as sugestões feitas pela CEPO. Caso contrário, solicita-se uma inclusão de justificativa para a não incorporação das sugestões no PGI final. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 42 https://docs.google.com/document/d/1mNj5OMAt5fPTc_H4QyKSxv9MMVi3_2uqE2IcLsSYeGE/edit?usp=sharing MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Após a elaboração do PGI, com as sugestões já incorporadas, é imprescindível legitimá-lo politicamente. Para tanto, faz-se necessária a ampla divulgação e discussão do documento. Nesse sentido, é realizada uma Audiência Pública (AP), que aprova não só o PGI, como também a composição do Comitê Gestor Municipal (CG). O dia, local e hora da AP devem ser definidos cuidadosamente para assegurar a possibilidade de participação do maior número de interessados. Também deve ser amplamente divulgada (sugerem-se canais como rádio, jornais, associações de bairro, entre outros), com uma antecedência mínima de 30 dias. Sugere-se que a AP seja conduzida por profissional experiente, com apoio da equipe de Coordenação Municipal do Projeto Orla (CMPO) e do(a) facilitador(a) contratado. Dependendo do tamanho do município e da quantidade de pessoas interessadas, talvez seja necessário um número maior de APs, como, por exemplo, uma por bairro, conjunto de bairros e/ou distrito. Também é importante garantir que órgãos municipais e estaduais de interesse paraa gestão da orla estejam presentes. 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 43 MÓDULO III – Construindo o Plano de Gestão Integrada da Orla Após a audiência, o Comitê Gestor será instituído em até 30 (trinta) dias por meio ato normativo do executivo municipal. De preferência, o Presidente do CG deve ser o/a Gestor/a Municipal de Utilização de Praias, quando houver. Caso contrário, recomenda-se que seja considerada a possibilidade de que o CG seja criado no âmbito do Conselho Municipal do Meio Ambiente (CONDEMA), de planejamento, de turismo ou conselho similar. O PGI aprovado, por sua vez, deve ser disponibilizado no sítio eletrônico institucional do município, em ambiente especificamente criado para a gestão da orla. Com o plano aprovado, o(a) Facilitador(a) se despede e o CG assume a responsabilidade da implementação. Eventualmente, o Facilitador poderá ser contratado para apoiar o CG na fase inicial.Agora que começam a ser implementadas as ações e diretrizes definidas, é hora de colocar a “mão na massa”! 7) Como fazer o Plano de Gestão Integrada da Orla? Passo a passo do planejamento participativo à aprovação do Plano 44