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AVA 2 lITERATURA BRAS. E MODERNIDADE

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA 
CURSO – LETRAS PORTUGUES & INGLÊS 
POLO REALENGO - RJ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO AVA 2 
DA DISCIPLINA 
LITERATURA BRASILEIRA E 
MODERNIDADE 
Aluna: Sarah Rodrigues de Melo 
Matrícula: 1220202914 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro - RJ 
 2023 
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Vidas Secas – O Hibridismo entre literatura e história 
 
 
A obra “Vidas Secas” do autor afamado, Graciliano Ramos (1852-1953), tem 
sido reverenciada, desde sua publicação, em 1938, como uma das grandes obras da 
literatura brasileira. O livro, uma das publicações mais reconhecidas da literatura 
brasileira, é um romance que retrata a vida miserável dos personagens retirantes no 
sertão nordestino, e pertence à segunda fase do Modernismo no Brasil, conhecida 
como fase regionalista. 
 
O autor utiliza-se da história para representar a realidade, ou ainda, pode-se 
dizer que ele se apropria da ficção para retratar “uma realidade de denúncia, que 
demonstra as mazelas da modernidade denunciando um processo social brasileiro 
excludente e injusto.” (DIAS, 2020, p. 100). Esse hibridismo entre ficção/ não ficção, 
e emprego de verossimilhança pode ser percebido no narrador, nos personagens, na 
linguagem e no enredo. 
 
O narrador em Vidas Secas (1938) é quem revela o interior dos personagens 
através de monólogos interiores, uma vez que a linguagem dos personagens é seca, 
sem sentimentalismo, e até animalizada - associada aos aspectos sociais e naturais 
da época, portanto nenhum personagem poderia tornar-se narrador. Sendo assim, 
afirma o renomado crítico, Antônio Cândido: 
 
 O resultado é uma criação em sentido pleno, como se o narrador fosse, não 
um intérprete mimético, mas alguém que institui a humanidade de seres que 
a sociedade põe à margem, empurrando-os para as fronteiras da 
animalidade. (CANDIDO, 2006, P. 149). 
 
O discurso da obra – narrador/personagens é organizado de maneira a 
enfatizar a dificuldade de comunicação dos personagens sertanejos, que representa 
a falta de recursos verbais e até mesmo da compreensão entre eles mesmos. 
Segundo o crítico literário: 
 
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Para chegar lá, Graciliano Ramos usou um discurso especial, que não é um 
monólogo interior e não é também intromissão narrativa por meio de um 
discurso indireto simples. Ele trabalhou como uma espécie de procurador de 
personagem, que está legalmente presente, e por isso há na sua voz uma 
certa objetividade de relator. Mas quer fazer as vezes de personagem de 
modo que, sem perder a própria identidade, sugere a dele. Resulta numa 
realidade honesta, sem subterfugios nem ilusionismo, mas que funciona 
como realidade possivel. (CANDIDO, 2006 p. 150) 
 
Mediante isso, pode-se ressaltar que a obra é composta de uma realidade 
social do sertão Nordestino, a qual o tema epicentro é o sofrimento humano daquele 
que se encontra marginalizado, injustiçado, explorado e humilhado pelo Estado. Toda 
vez que a família de retirantes é dispensada de uma fazenda, ela vai à procura de 
outra, dando a entender que apenas está caminhando em círculos. É uma órbita de 
exploração. Segundo Antônio Candido, “A literatura de Graciliano Ramos é o seu 
protesto, modo de manifestar a reação contra o mundo das normas constritoras” 
(CANDIDO,1992, p. 63) 
 
Dessa forma, o autor retratou questões cruciais relativas à imagem do Brasil na 
década de 1930, revelando a ideia de reprodução de estruturas sociais de dominação. 
A escassez ocasionada pela seca natural, é atrelada à escassez determinadas pelas 
relações de poder estabelecidas pela exploração capitalista. Graciliano Ramos 
aproveitou da realidade para fazer ficção, a qual está é tão real quanto a própria 
realidade, torando-as híbridas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências 
 
 
CANDIDO, Antônio. Ficção e Confissão: ensaios sobre Graciliano Ramos. Rio de 
Janeiro: Ed. 34, 1992. 
 
CANDIDO. Antonio. Literatura e Sociedade. 9ª edição. Ouro sobre Azul. Rio de 
Janeiro, 2006. 
 
CANDIDO. Antonio. Ficção e Confissão Ensaios sobre Graciliano Ramos. 3ª 
edição, Ouro sobre Azul. Rio de janeiro, 2006. 
 
DIAS, Silvana Moreli Vicente. Literatura brasileira e modernidade [livro eletrônico]. 
Rio de Janeiro: UVA, 2020. 
 
RAMOS, G. Vidas Secas. 13. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007.

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