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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA 
CURSO – LETRAS PORTUGUES & INGLÊS 
POLO REALENGO - RJ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO AVA 2 
DA DISCIPLINA 
CULTURA E 
CONTEMPORANEIDADE 
Aluna: Sarah Rodrigues de Melo 
Matrícula: 1220202914 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro - RJ 
 2024 
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A CULTURA INDÍGENA NA CONTEMPORANEIDADE BRASILEIRA 
 
 
No Brasil, segundo o Censo 2022 realizado pelo IBGE e com participação da 
Funai existe, atualmente, cerca de 1,7 milhão de indígenas. Houve um expressivo 
crescimento dos povos indígenas desde 2010, quando foram contabilizados no Censo 
Demográfico anterior aproximadamente 897 mil indígenas, ou seja, um aumento de 
88,82% em apenas 12 anos. O motivo do crescimento pode estar relacionado ao fato 
de que mais pessoas passaram a se considerar indígenas, em especial em áreas 
urbanas e ainda, segundo Marta Antunes, responsável pelo projeto de Povos e 
Comunidades Tradicionais do IBGE, o aumento está atrelado, principalmente, às 
mudanças metodológicas feitas para melhorar a captação dessa população. 
 
Esses povos compartilham modos de vida e organização social semelhantes. 
Contudo, não é possível retratar no país apenas uma cultura indígena homogênea e 
isolada, mas sim de diversas culturas indígenas quem compõem 266 povos, falantes 
de mais de 150 línguas diferentes. Portanto, eles representam diferentes grupos 
étnicos com suas respectivas diversidades que habitam no Brasil muito antes do 
período colonial. Cada povo tem seus próprios hábitos e costumes que estabelece 
sua identidade e cultura, e que vem sido reconstruído ao longo do tempo. 
 
O processo histórico e cultural, em especial, do povo indígena Guarani cujos 
grupos são os Mbya, Kaiowá e Ñandewa, e que atualmente habitam no Tocantins, 
Pará, Mato Grosso do Sul, nos estados do sudeste e sul do Brasil, é traçado por muito 
conflitos que começaram desde a ocupação do território brasileiro pelos europeus, a 
partir da tentativa de exterminar todos os indígenas, até os dias de hoje, com a luta 
de terras e desvalorização desse povo. 
 
A cultura desse povo é submetida a partir dos seus mitos e tradições até os 
dias de hoje. De acordo com o doutorando e índio Kaiowá Tonico Benites do Museu 
Nacional, no Rio de Janeiro em uma entrevista para a rede Globo, “o Guarani não 
guarda. Eles até compram geladeira, mas quando você abre, só tem água. Eles 
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compram frango, carne, mas consomem na hora. A explicação é que, se guardar, os 
espíritos podem incorporar”. Ou seja, eles consomem apenas o necessário para 
aquele dia. Além disso, Tupã, um de seus deuses, fez o milho e a mandioca e por 
isso, eles zelam por essas plantações e as cultivam até o presente. 
 
Apesar dessas e muitas outras tradições ainda serem conservadas, esse povo, 
ao contrário do que muitos pensam, não vivem apenas da agricultura, da caça e 
distanciado do mundo civilizado. Com o avanço da globalização, hoje muitos 
indígenas têm celular e trabalham em áreas urbanas. Em uma reportagem realizada 
pela Correio do povo, o cacique Gildo Karai, da Aldeia da Estiva, da etnia Guarani, no 
Rio Grande do Sul, utiliza a Internet e as redes sociais para manter contato com 
parentes dispersos por todo o país, segundo ele , “Hoje em dia a gente não pode se 
isolar. Queira ou não queira, a gente precisa evoluir”. 
 
 
Sendo assim, compreendendo como um processo de ressignificação no mundo 
contemporâneo, a cultura e identidade indígena foi ‘reconstruída”. Segundo Correa 
(2012), no tocante a organização dos povos indígenas na atualidade, 
 
 Foi preciso, de um lado, que se apropriassem de ferramentas da cultura 
moderna considerada civilizada, tais como telefonia celular, televisão, 
câmeras de vídeo, entre outras, para poderem fazer frente às adversidades 
propiciadas pela necessidade de sobrevivência no mundo dos "brancos". De 
outro lado, a conservação e a preservação de património cultural indígena, 
como as danças e a música, têm sido feitas também de modo organizado, 
por meio de fomento à cultura. (CORREA, 2012, p. 71). 
 
Logo, a cultura indígena é de extrema importância na construção da identidade 
brasileira. Ela contribui, até hoje, nas artes, festas populares, culinária e até na 
linguística, e, portanto, pertence ao hibridismo cultural brasileiro. Dessa forma, ela não 
deve ser apenas meramente contabilizada para fins de censos ou inserida nos livros 
de História, mas sim valorizada e promovida ao mesmo nível (social e político) das 
diversas culturas existentes no país, a fim de extinguir o violento etnocentrismo. 
 
 
 
 
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Referências 
 
 
BRASIL. Ministério dos Povos indígenas. Dados do Censo 2022 revelam que o 
Brasil tem 1,7 milhão de indígenas. Disponível em: https://www.gov.br/funai/pt-
br/assuntos/noticias/2023/dados-do-censo-2022-revelam-que-o-brasil-tem-1-7-
milhao-de-indigenas. Acesso em: 27 março 2024 
 
 
CORRÊA, Rosa Lydia Teixeira. Cultura e diversidade. 1. ed. Curitiba: Intersaberes, 
2012. 
 
 
POVOS INDÍGENAS DESENVOLVEM NOVOS HÁBITOS. Correio do Povo, 2018. 
Disponível em: https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/geral/povos-
ind%C3%ADgenas-desenvolvem-novos-h%C3%A1bitos-1.259354 Acesso em: 27 
março 2024 
 
 
QUEM SÃO? Povos Indígenas no Brasil, 2024. Disponível em: 
https://pib.socioambiental.org/pt/Quem_s%C3%A3o#Povos_ind.C3.ADgenas.3F. 
Acesso em: 27 março 2024 
 
 
SAIBA MAIS SOBRE OS GUARANI, SEUS HÁBITOS E A RELAÇÃO COM O MUNDO 
ATUAL. Globo, 2012. Disponível em: 
https://redeglobo.globo.com/globouniversidade/noticia/2012/06/saiba-mais-sobre-os-
guarani-seus-habitos-e-relacao-com-o-mundo-
atual.html#:~:text=Eles%20compram%20frango%2C%20carne%2C%20mas,de%20
batata%2C%20milho%2C%20mandioca. Acesso em: 27 março 2024

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