Mais um estudo adverte que estamos no caminho para atingir 3 graus de aquecimento

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Mais um estudo adverte que estamos no caminho para
atingir 3 graus de aquecimento
 (Brasil2
/ Getty Images) (em inglês)
Lenta e sem saber, a humanidade está se desmamando do carvão. Isso é bom porque o carvão é o
combustível fóssil mais intensivo em carbono e um dos principais impulsionadores da mudança climática
induzida pelo homem.
Mas não é bom o suficiente. De acordo com um novo estudo, os seres humanos estão deixando o
carvão muito lentamente para cumprir as metas estabelecidas no âmbito do Acordo de Paris, o tratado
internacional sobre mudanças climáticas que visa enfrentar o aquecimento global, reduzindo as
emissões de dióxido de carbono.
O objetivo do Acordo de Paris é limitar o aumento da temperatura média global a “bem abaixo de 2oC
acima dos níveis pré-industriais” e “prosseguir os esforços” para manter o aumento abaixo de 1,5 graus.
Eliminar o carvão é uma ótima maneira de fazer isso, já que os seres humanos atualmente liberam cerca
de 15 bilhões de toneladas de CO 2 na atmosfera a cada ano, com o carvão respondendo por cerca de
40% dessas emissões. Uma vez lá em cima, o CO2 pode durar séculos, aprisionando o calor solar e
alterando os climas em todo o mundo.
Como parte de seus compromissos no âmbito do Acordo de Paris, muitos países têm planos para
eliminar gradualmente o carvão ou, pelo menos, usar menos. Esse é o progresso, e é um salto gigante
do estado das negociações climáticas internacionais antes do Acordo de Paris ser adotado em 2015.
No entanto, dizem os pesquisadores, estamos nos movendo na direção certa na velocidade errada.
Em nosso ritmo atual de eliminação gradual do carvão, os autores do novo relatório do estudo, estamos
a caminho de ultrapassar o limite de 2 graus do Acordo de Paris para a quantidade máxima de
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aquecimento global. Sem grandes mudanças, eles alertam, estamos caminhando para 2,5 ou 3 graus de
aquecimento.
Esta não é a primeira vez que os pesquisadores chegam a essa previsão.
“Mais e mais países estão prometendo que eliminarão o carvão de seus sistemas de energia, o que é
positivo”, diz o co-autor do estudo e cientista ambiental Aleh Cherp, da Universidade de Lund, na Suécia.
“Mas, infelizmente, seus compromissos não são fortes o suficiente”, acrescenta. “Se quisermos ter uma
chance realista de atingir a meta de 2 graus, a eliminação gradual do carvão precisa acontecer mais
rapidamente e os países que dependem de outros combustíveis fósseis precisam aumentar sua taxa de
transição”.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram planos de 72 países que se
comprometeram a eliminar gradualmente o carvão até 2050.
A boa notícia é que ainda é possível evitar 2 graus de aquecimento. Mas apenas nos melhores cenários,
dizem os pesquisadores, em que tanto a China quanto a índia começam a eliminar gradualmente o
carvão em cinco anos.
Mesmo assim, acrescentam, só ficaríamos abaixo de 2 graus de aquecimento se a China e a índia
adotassem planos ambiciosos, pelo menos correspondendo ao ritmo das reduções do Reino Unido até
agora e excedendo os cortes que a Alemanha se comprometeu a fazer.
Sob outros cenários, que os pesquisadores chamam de mais realista, a Terra está no caminho para o
aquecimento global de 2,5 a 3 graus.
Dezenas de países ficaram para trás em suas promessas do Acordo de Paris, com um relatório de 2021
descobrindo que a Gâmbia é o único país atualmente no caminho certo.
A mudança climática já está causando estragos bem antes de 2 graus de aquecimento, mas os
cientistas preveem consequências ainda piores à medida que nos aproximamos e passamos por essa
linha.
Esse aquecimento é sem precedentes na história humana, mas a Terra tem visto períodos quentes
comparáveis há muito tempo, oferecendo-nos algumas pistas sobre o que esperar.
A perda da camada de gelo da Antártida pode elevar o nível do mar em 20 metros, por exemplo,
enquanto as pessoas em todo o mundo enfrentam desastres incessantes que vão desde ondas de calor
e megasecas até supertempestades e inundações glaciais, juntamente com menor segurança alimentar
e maior risco de doenças patogênicas.
Apesar do rápido crescimento da energia renovável e do crescente tabu das usinas a carvão, o carvão
está provando ser um hábito difícil de chutar.
O uso de carvão está diminuindo gradualmente em muitos países e, após uma queda de 3,1% em 2020,
o consumo global de carvão aumentou 1,2% em 2022, de acordo com a Agência Internacional de
Energia, empurrando o uso anual de carvão do mundo além de 8 bilhões de toneladas pela primeira vez.
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As emissões globais de CO2 também estão aumentando, recuperando-se de uma baixa relacionada à
pandemia em 2020 para novas máximas em 2021 e 2022. As emissões de CO2 do carvão aumentaram
1,6% em 2022, de acordo com a AIE, e o carvão continua sendo o principal culpado por trás do aumento
das emissões de CO 2 em geral.
"Os compromissos dos países não são suficientes, nem mesmo entre os países mais ambiciosos. Além
disso, a invasão da Ucrânia pela Rússia corre o risco de comprometer vários dos compromissos dos
países", diz Jessica Jewell, cientista ambiental da Universidade Chalmers de Tecnologia.
Os países há muito resistem ao abandono do carvão por razões econômicas, já que é uma fonte de
energia barata. Como a mudança climática cada vez mais deixa claro, no entanto, o carvão é muito mais
caro do que parece.
Reduzir as emissões de CO 2 salvará vidas e economizará dinheiro, e a pesquisa mostrou que criará
empregos. Substituir o carvão pode não ser fácil, mas é dramaticamente mais barato que a alternativa.
O estudo foi publicadona IOPscience.
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https://www.sciencealert.com/global-warming-may-already-accounts-for-1-in-3-heat-related-deaths
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https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/acadf6