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conhecimento suficiente para que possam interagir através desses novos gêneros de maneira objetiva e correta. As atividades com os gêneros textuais em sala de aula devem simular situações reais de interação, executando de fato a ação social atribuída ao gênero estudado. É necessário extrair dos alunos os conhecimentos prévios que eles possuem sobre a utilização dos gêneros em seu próprio grupo e analisar, junto a eles, as propriedades comunicativas e formais do exemplar selecionado, dando-lhe, dessa forma, o status de evento comunicativo real, já conhecido pelos falantes. Essa abordagem é de sumária importância para evitar que o trabalho com gêneros em sala de aula não recaia na já consolidada prática de produzir os textos com uma única finalidade, a avaliação do professor. O professor, ao trabalhar com gêneros, conta, muitas vezes, com o livro didático, que traz ricas compilações de gêneros, porém, geralmente falha ao explorá-los de forma superficial, desconsiderando a dimensão social do texto. Na abordagem feita nos livros didáticos, nuances relevantes como aspectos sociais e linguísticos, audiência pretendida e condições de produção terminam não sendo contempladas. Nesse caso, cabe ao professor buscar aportes teóricos suficientes que lhe permitam explorar todos os aspectos citados. A ausência de base teórica prejudica a exploração produtiva dos gêneros, diminuindo-a ao mero exercício de produção textual. Biasi-Rodrigues (2008) enumera os pontos que devem ser contemplados ao fazermos o reconhecimento de um gênero em sala de aula: • Em que meio social ou comunidade discursiva ele é praticado; • Quais as convenções ou regras de uso que estão estabelecidas nessa comunidade para o referido gênero; • Quais características, formais e linguísticas, podem ser identificadas nos textos que representam esse gênero; • Qual o papel dos interlocutores nas ações sociais em que o gênero é praticado; • Quais os propósitos comunicativos que podem ser alcançados através dele; • Em que suporte é veiculado. (BIASI-RODRIGUES, 2007, p. 46) Em suma, a prática adotada em sala de aula, no que diz respeito ao trato com os gêneros textuais, vem se modificando por conta das orientações contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais. A redação escolar tradicional, classificada como narração, descrição ou dissertação apresenta-se como um gênero cujo contexto é apenas a sala de aula e o leitor alvo, o professor avaliador. É necessário introduzir outros modelos de textos, de acordo com a realidade social do aluno, e assim, torná-lo proficiente na interação social através dos gêneros. Para aprofundar as relações entre ensino e gêneros textuais, clique aqui [23] e leia o texto de Biasi- Rodrigues (2002). Topicalizando o que vimos até agora, temos: 25