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SISTEMA DIGESTÓRIO E ENDÓCRINO
CAPÍTULO 3 - ESTRUTURA E FUNÇÕES DO
SISTEMA ENDÓCRINO
Marcela Santos Procópio
Introdução
Você já se perguntou como ocorre o controle do metabolismo dos lipídios e carboidratos? Como ocorre
o controle da entrada de glicose nas células?     Bem, geralmente, a primeira resposta que nos vem à
mente é que esses mecanismos são controlados por substâncias denominadas hormônios. Mas, como
ocorre esse processo? Onde esses hormônios são produzidos em nosso corpo? Existe um controle de
produção desses hormônios?
Para responder a essas e outras curiosidades, nessa unidade estudaremos o sistema endócrino.
Iniciaremos abordando os principais processos envolvidos no desenvolvimento do sistema endócrino
durante o período embrionário. Em seguida, iremos estudar a classificação dos hormônios, bem como
os mecanismos de síntese, secreção, transporte e depuração dessas substâncias no sangue. Além
disso, distinguiremos os diferentes mecanismos de ação dos hormônios, baseados nas diferentes
estruturas químicas de suas moléculas.
Após elucidarmos as características moleculares dos hormônios e os mecanismos de atuação
intracelulares, aprofundaremos nossos estudos no controle de secreção dessas substâncias em nível
sistêmico, e sua atuação em diversos órgãos do corpo humano.
Você já observou a variedade de medicamentos relacionados a doenças metabólicas existentes no
mercado, tais como a diabetes e o hipotireoidismo? Então, pode-se estimar o impacto social e financeiro
que essas doenças têm em nossa sociedade. Por isso é também muito importante o estudo das
patologias do sistema endócrino, que também serão abordadas nessa unidade. 
3.1 Organogênese do sistema endócrino
Iniciaremos nossos estudos apresentando como os três folhetos germinativos, derivados do processo
de gastrulação e representados pela ectoderme, mesoderme e endoderme, se diferenciam e se
desenvolvem, dando origem aos órgãos que compõem o sistema endócrino. A este processo é dado o
nome de organogênese do sistema endócrino.  
Geralmente, a formação das glândulas que compõem o sistema endócrino inicia-se na quarta semana
da gestação, sendo que cada glândula apresenta um padrão de desenvolvimento específico, a partir de
diferentes estruturas formadas pelos três folhetos embrionários (MOORE et al., 2013).  Clique nas abas
abaixo e veja as principais glândulas do sistema endócrino e as suas estruturas de origem.
Desenvolvimento do ectoderma da cavidade oral e do ectoderma do assoalho do diencéfalo.
Endoderme da porção cranial do intestino primitivo anterior ou faríngeo, que originará a
faringe primitiva.
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Hipófise 
Tireoide 
Agora, iremos nos aprofundar nos mecanismos envolvidos na formação de cada glândula do sistema
endócrino. Então, vamos aprofundar nossos estudos! 
3.1.1 Hipófise 
A hipófise é proveniente do desenvolvimento do ectoderma, ela possui duas porções principais distintas,
tanto em relação à origem do ectoderma, quanto às suas funções.   A glândula é formada pela
evaginação de uma porção do ectoderma da cavidade oral primitiva (estomodeu), que se desenvolve em
direção cranial, formando a bolsa de Rathke e pelo crescimento do assoalho do diencéfalo em direção
caudal, denominado infundíbulo (SADLER et al., 2016).
Durante a terceira semana do desenvolvimento embrionário, a bolsa de Rathke continua crescendo no
sentido dorsal, em direção ao infundíbulo, perdendo a conexão com a cavidade oral no final do segundo
mês de gestação, porém, permanecendo em contato íntimo com o infundíbulo. Subsequentemente, as
células da parede anterior da bolsa de Rathke se multiplicam rapidamente, dando origem ao lobo
anterior da hipófise, mais conhecido como adeno-hipófise, ilustrado na figura abaixo.
Endoderme da terceira e quarta bolsas faríngeas.
Endoderme da porção caudal do intestino primitivo anterior.
Mesoderme (região cortical) e células da crista neural (região medular).  
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Paratireoides 
Pâncreas 
Glândulas suprarrenais 
Parte do labo anterior da hipófise, conhecida como porção tuberal, cresce ao redor do pedículo do
infundíbulo, circundando toda a sua região. Contudo, a parede posterior da bolsa de Rathke, próxima ao
infundíbulo, se desenvolve na porção intermediária da adeno-hipófise. 
O infundíbulo originará o pedículo e a parte nervosa, ou lobo posterior da hipófise, mais comumente
designada neuro-hipófise. Esta é formada por células neurogliais e fibras dos neurônios hipotalâmicos.
Iremos aprofundar os estudos em seus aspetos anatômicos, histológicos e funcionais mais adiante. 
Figura 1 - Formação da hipófise em um embrião de seis (A), onze (B) e dezesseis (C) semanas de
desenvolvimento, respectivamente.
Fonte: SADLER et al., 2016. p. 261.
VOCÊ SABIA?
Algumas falhas podem ocorrer durante a formação da hipófise. Uma delas, a
hipófise faríngea, acontece quando uma pequena porção da bolsa de Rathke
persiste no teto da faringe.  Os craniofaringiomas, tumores benignos que
surgem de remanescentes da bolsa de Rathke, podem causar hidrocefalia e
doenças decorrentes da disfunção hipofisária, tais como diabetes insípido e
retardo do crescimento.
3.1.2 Tireoide
A glândula tireoide é formada pelo desenvolvimento do folheto embrionário endodérmico da porção
cranial do intestino primitivo anterior, também denominado intestino faríngeo, que dará origem à faringe
primitiva.
A partir do 24º dia de desenvolvimento embrionário, ocorre um espessamento endodérmico mediano do
assoalho da faringe primitiva (A), entre o tubérculo ímpar e a cópula (estruturas relacionadas ao
desenvolvimento da língua), formando uma evaginação conhecida como tireoide primitiva (B).
Subsequentemente, com o crescimento do embrião, a glândula em desenvolvimento migra pelo
pescoço, passando ventralmente ao osso hioide e às cartilagens laríngeas em desenvolvimento. Durante
essa migração, a tireoide permanece conectada à língua por um canal estreito, o ducto tireoglosso (C)
(MOORE et al., 2013; SADLER et al., 2016). Observe todos estes processos na figura abaixo.
Em torno da sétima semana de gestação, a tireoide alcança sua posição final na frente da traqueia,
observado na figura acima (D) e o ducto tireoglosso degenera-se, restando apenas vestígios da sua
abertura denominado forame cego no dorso da língua. Por volta da 11ª semana, a tireoide começa a
funcionar, podendo se observar os primeiros folículos contendo coloide. As células foliculares produzem
o coloide, que funciona como matriz para síntese de tiroxina e de tri-iodotironina (MOORE et al., 2013;
SADLER et al., 2016).
Figura 2 - Formação e migração da glândula tireoide.
Fonte: MOORE et al., 2013. p. 111.
Entretanto, a tireoide também possui, em sua constituição, localizadas entre os folículos, as células
parafoliculares ou células C, responsáveis pela produção do hormônio calcitonina. Essas células são
originadas da migração das células da crista neural, provenientes do fechamento do tubo neural na
região cranial do embrião, presentes no corpo ultimobranquial (região ventral da quarta bolsa branquial),
que, posteriormente, será incorporado à glândula tireoide (MOORE et al., 2013; SADLER et al., 2016). 
3.1.3 Paratireoides 
As glândulas paratireoides originam-se da terceira e quarta bolsa faríngea, formadas a partir do
desenvolvimento do folheto embrionário endodérmico da porção cranial do intestino primitivo anterior,
também denominado intestino faríngeo, que posteriormente originará a faringe primitiva.
A terceira e a quarta bolsas faríngeas são caracterizadas por apresentarem, na sua extremidade distal,
uma porção dorsal e outra ventral.  Por volta da quinta semana de gestação, a região dorsal da terceira
bolsa faríngea se diferencia na glândula paratireoide inferior, enquanto que o timo se origina da porção
ventral da bolsa, observe na figura a seguir. Ambos os primórdios glandulares perdem sua conexão com
a parede faríngea, e a glândula paratireoide inferior acompanha o timo em sua migração no sentido
caudal e medial (MOORE et al., 2013; SADLER et al., 2016).CASO
A tireoide ectópica consiste na presença de tecido glandular não encontrado na
sua localização habitual, ou seja, anteriormente ao segundo, terceiro e quarto
anéis traqueais, na linha média cervical. Existem casos descritos na literatura de
tiroide ectópica no sistema porta-hepático, vesícula biliar e ovário. Tipicamente, o
tecido tiroidiano ectópico está localizado na linha mediana do pescoço, desde a
base da língua até ao mediastino, sendo que a localização mediastínica é bastante
rara, sendo responsável por apenas 1% dos casos.
Várias anomalias podem ocorrer para justificar a presença de tecido ectópico,
nomeadamente a ausência de descida de parte ou do total da glândula, formando-
se a tireoide na base da língua, na região supra-hióide, infra-hióide ou intratraqueal.
Entretanto, se a glândula descer mais do que o normal, poderão ocorrer situações
de tireoide no mediastino superior, retroesternal, adjacente ao arco aórtico, entre a
aorta e o tronco pulmonar, na porção superior do pericárdio e mesmo no septo
intraventricular do coração. Normalmente é assintomático, no entanto, se possuir
um tamanho considerável, poderá ocasionar compressão venosa, ou da traqueia e
de outros órgãos da região (MOREIRA; MOTA, 2010).
Embora a principal porção do timo se mova rapidamente até sua posição final, na porção anterior do
tórax, enquanto se funde com seu complemento do lado oposto, sua porção caudal persiste algumas
vezes inserida na glândula tireoide ou como nichos tímicos isolados. O tecido paratireoideo da terceira
bolsa finalmente se posiciona na superfície dorsal da glândula tireoide e forma a glândula paratireoide
inferior (SADLER et al., 2016).
Contudo, o desenvolvimento do epitélio da região dorsal da quarta bolsa faríngea irá formar a glândula
paratireoide superior, que, ao perder contato com a parede da faringe, se adere à superfície dorsal da
tireoide, que migra caudalmente e se torna a glândula paratireoide superior, visto na figura acima. É
interessante ressaltar, que a glândula paratireoide derivada da terceira bolsa migra com o timo e, por
essa razão, assume uma posição inferior à glândula paratireoide derivada da região dorsal da quarta
bolsa faríngea (SADLER et al., 2016). 
3.1.4 Pâncreas 
O pâncreas é formado pelo desenvolvimento do folheto embrionário endodérmico da porção caudal do
intestino primitivo anterior, que, conjuntamente, originará o duodeno e outros órgãos do sistema
digestório. É inicialmente constituído por dois brotos: pancreático dorsal, localizado no mesentério e
pancreático ventral, próximo ao ducto biliar. Com a movimentação do duodeno para a direita, o broto
pancreático ventral se move dorsalmente, posicionando-se imediatamente abaixo e atrás do broto
dorsal. Subsequentemente, o parênquima e os sistemas de ductos dos brotos pancreáticos dorsal e
ventral se fundem, formando as diferentes regiões anatômicas do pâncreas; o broto ventral forma o
processo uncinado e a porção inferior da cabeça do pâncreas, enquanto que a porção restante da
glândula é derivada do broto dorsal (SADLER et al., 2016). 
Figura 3 - Bolsas faríngeas e localização de estruturas da cabeça e pescoço, incluindo as glândulas
paratireoides inferiores, superiores e o corpo ultimobranquial.
Fonte: SADLER et al., 2016. p. 231.
No terceiro mês da vida fetal, as ilhotas pancreáticas ou de Langerhans, se desenvolvem a partir do
tecido pancreático parenquimatoso, que no indivíduo adulto, serão constituídas por quatro tipos de
células diferentes: células β - produtoras de insulina, células α - produtoras de glucagon, as células δ -
produtoras de somatostatina e as células P - produtoras de polipeptídeo prancreático. A distribuição
desses tipos celulares não é homogênea ao longo do parênquima do órgão devido à origem ventral e
dorsal desse órgão. Dessa maneira, no corpo e na cauda, há maior densidade de células α e β, enquanto
que na cabeça, há uma prevalência de células P (BENTO et al., 2012). O mesoderma visceral, que
circunda os brotos pancreáticos, forma o tecido conjuntivo pancreático.
3.1.5 Glândulas suprarrenais (adrenal) 
A glândula suprarrenal adulta é composta por duas diferentes regiões, o córtex e a medula, que
possuem origem no desenvolvimento do folheto embrionário mesodérmico e ectodermico,
respectivamente.
Durante a quinta semana do desenvolvimento embrionário, as células mesoteliais entre a raiz do
mesentério e a gônada em desenvolvimento começam a proliferar e penetram o mesênquima
subjacente. Nesse ponto, elas se diferenciam em grandes células acidófilas, que formam o córtex fetal
ou córtex primitivo, da glândula suprarrenal (SADLER et al., 2016). Posteriormente, outras células do
mesotélio (morfologicamente menores) invadem o mesenquima, circundando a massa celular acidófila
presente. Após o nascimento, o córtex fetal regenera-se e as células mesoteliais menores
remanescentes se diferenciam em três camadas definitivas, formando o córtex da adrenal adulta, que é
compartimentalizado em três regiões denominadas zona glomerulosa, zona fasciculada e zona reticular.
As especificidades histológicas e funcionais dessas sub-regiões do córtex da adrenal serão abordadas
adiante. 
Concomitantemente à formação do córtex, as células da crista neural (origem ectodérmica) invadem a
região medial da glândula, onde ficam arranjadas em cordões e grupos para formar a medula da
glândula, observe na figura abaixo. As células da crista neural se diferenciarão nas células cromafins,
VOCÊ QUER LER?
Para aprender um pouco mais sobre as malformações que podem ocorrer no
pâncreas durante o desenvolvimento embrionário, leia o artigo “Malformações
congênitas do pâncreas: um caso clínico”, escrito por Ana Bento e seus
colaboradores da Universidade de Coimbra, Portugal. Leia na íntegra aqui:
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v59n1/v59n1a09.pdf
(http://www.scielo.br/pdf/ramb/v59n1/v59n1a09.pdf).
http://www.scielo.br/pdf/ramb/v59n1/v59n1a09.pdf
que representam neurônios simpáticos pós-ganglionares modificados, inervados por fibras simpáticas
que, quando estimuladas, produzem adrenalina e noradrenalina, liberadas diretamente na corrente
sanguínea (SADLER et al., 2016). 
Figura 4 - Formação da medula da glândula suprarrenal a partir da migração das células da crista neural.
Fonte: SADLER et al., 2016. p. 274.
3.2 Introdução ao Sistema Endócrino. Classificação, síntese,
secreção, transporte, depuração e mecanismos de ação dos
hormônios. Controle por feedback da secreção hormonal
Agora que já sabemos como ocorre o desenvolvimento das glândulas do sistema endócrino durante o
período embrionário, iremos iniciar nossos estudos acerca das principais funções desempenhadas
pelos hormônios, os mecanismos de secreção, controle e transporte dessas substâncias no nosso
organismo.  Então, vamos começar mais uma etapa dos nossos estudos!  
3.2.1 Introdução ao sistema endócrino 
O sistema endócrino é formado pelo hipotálamo e por um conjunto de glândulas envolvidas na produção
de substâncias denominadas hormônios, que são lançados na circulação sanguínea até alcançarem os
determinados órgãos de atuação. Em cooperação com o sistema nervoso, o sistema endócrino
coordena toda a fisiologia corporal. Essa associação é possível devido à existência do hipotálamo,
formado por um grupo de células nervosas localizadas na base do encéfalo, que estabelece a integração
entre esses dois sistemas orgânicos, por meio do sistema porta-hipofisário (JUNQUEIRA et al., 2013).
Entretanto, você deve estar se perguntando o que é um hormônio e quais são as funções mais
específicas desempenhadas por eles, não é? Então, vamos lá!
Hormônios são moléculas, com diferentes naturezas químicas, que agem como sinalizadores. Essas
moléculas são sintetizadas e liberadas na corrente sanguínea, por células epiteliais especializadas
denominadas endócrinas. Essa denominação foi dada porque essas células secretam os hormônios
para dentro da circulação sanguínea, ao contrário das células de glândulas exócrinas, cuja secreção é
conduzida pelos ductos excretoresà uma cavidade de um determinado órgão ou à superfície do corpo
(JUNQUEIRA et al., 2013). Os hormônios são responsáveis por diversas funções corporais consideradas
contínuas e de longo prazo, que incluem metabolismo, regulação de temperatura, balanço hídrico e de
íons, reprodução, crescimento e desenvolvimento (SILVERTHORN et al., 2010). 
As células endócrinas comumente se unem, formando glândulas endócrinas, nas quais se organizam
geralmente sob forma de cordões celulares, havendo exceções. Existem também muitas células
endócrinas isoladas, tais como as encontradas no sistema digestório (sistema endócrino difuso).
Entretanto, hormônios também podem ser liberados por neurônios (neuro-hormônios) e,
ocasionalmente, por células do sistema imune (citocinas) (SILVERTHORN et al., 2010).
Nesse contexto, os principais órgãos do sistema endócrino, que podem ser observados na figura abaixo,
são: o hipotálamo, a glândula hipófise, a glândula tireoide, o timo, a região endócrina do pâncreas, as
glândulas suprarrenais, os testículos e os ovários. 
Figura 5 - Glândulas dos Sistema Endócrino.
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em Alila Medical Media, Shutterstock, 2020.
Porém, antes de estudarmos especificamente as características cito-histológicas das glândulas e como
esses hormônios atuam no controle da homeostase do organismo, iremos nos aprofundar nos
diferentes tipos de hormônios existentes, de acordo com a sua natureza química, o que definirá os
mecanismos de ação, secreção, transporte e depuração dessas substâncias no sangue.    
3.2.2     Classificação hormonal, síntese, secreção, transporte, depuração e
mecanismos de ação dos hormônios 
Os hormônios podem ser classificados de acordo com a natureza química de suas moléculas, que,
embora possam apresentar uma grande diversidade estrutural, tais como os hormônios peptídicos (ou
proteicos), os hormônios esteroides e os hormônios derivados de aminoácidos (amínicos),
didaticamente é conveniente classificá-los em dois grandes grupos: os hidrossolúveis e os lipossolúveis
(AIRES et al., 2008).
Ainda para Aires et al. (2008), o caráter de hidrossolubilidade dos hormônios influencia na determinação
de características comuns nos processos de síntese, secreção, transporte e metabolização, assim como
o tipo de receptor e o mecanismo de ação.
 
Hormônios hidrossolúveis
Também conhecidos como o grupo dos hormônios proteicos, são formados, principalmente, por
proteínas. Estas, são formadas por cadeias de aminoácidos, conectados entre si por ligações peptídicas,
preservando a característica polar das moléculas dos aminoácidos, o que os torna hidrossolúveis. A
composição desses hormônios varia desde um único aminoácido modificado (hormônios derivados de
aminoácidos), passando por peptídeos simples (hormônios peptídicos), até grandes proteínas. Os
hormônios ainda podem ser formados por proteínas modificadas após um processo de glicosilação
(adição de um carboidrato) ou ainda por fosforilação (adição de grupos fosfato PO ) Como exemplos de
hormônios hidrofílicos proteicos podemos citar a insulina, o glucagon e o paratormônio. A ocitocina e o
hormônio antidiurético são exemplos de hormônios peptídicos e as catecolaminas são exemplos de
hormônios hidrossolúveis derivados de aminoácidos (HALL et al., 2011).
A síntese dos hormônios proteicos é realizada pelos ribossomos presentes no retículo endoplasmático
rugoso (RER) das células, sendo denominados de pré-pro-hormônios, por serem proteínas grandes e
inativas, contendo um peptídeo sinal, que as direcionam para o lúmen do RER, onde ocorrerá a clivagem
dessa sequência, e, consequentemente, a formação do pré-hormônio (ainda inativo). Este é transportado
por vesículas até o complexo de Golgi, onde poderá ocorrer modificações como a glicosilação e
fosforilação.  Posteriormente, essa substância será empacotada em vesículas de secreção, juntamente
com enzimas proteolíticas que irão ativar esse hormônio. As vesículas, então, se fundem à membrana
plasmáticas das células, liberando os hormônios ativos no interstício ou nos capilares sanguíneos.
Em relação ao transporte, os hormônios hidrossolúveis solubilizam-se facilmente, tanto no interstício
como no sangue, de forma que circulam livres até atingirem as células -alvo, com algumas exceções,
tais como o hormônio do crescimento e os IGF, que circulam acoplados a uma proteína carreadora
(AIRES et al., 2008).
De acordo com Aires et al. (2008), os hormônios proteicos e os derivados de aminoácidos são
degradados no fígado e nos rins, devido à grande quantidade de enzimas proteolíticas existentes nesses
órgãos.  Além disso, na célula alvo da ação hormonal, ocorre um contínuo processo de internalização do
complexo hormônio-receptor, e, por ação dos lisossomos, ocorre a metabolização dos hormônios.
Alguns desses hormônios têm meia-vida (definida como tempo necessário par degradar 50% da
quantidade secretada num dado momento) extremamente curta, como a da insulina, que é de 5 a 8
minutos, o que justifica a necessidade de síntese contínua pelo organismo.
Ainda para o autor, em relação ao mecanismo de ação, é importante ressaltar que por conta da
característica lipossolúvel da membrana plasmática, os hormônios hidrossolúveis, como o hormônio do
crescimento, não são capazes de penetrar passivamente pela bicamada lipídica das células. Observe o
exemplo na figura abaixo. 
4 . 
Dessa maneira, esses hormônios possuem receptores localizados na membrana plasmática das células-
alvo, com o sítio de ligação ao hormônio exposto ao meio extracelular, como observado na figura acima.
A interação do hormônio com o seu respectivo receptor desencadeia uma cascata de sinalização
intracelular, gerando a resposta fisiológica esperada para aquele determinado hormônio.
 
Hormônios lipossolúveis
São aqueles que possuem moléculas lipídicas como precursores, cujo caráter lipídico ou lipossolúvel é
mantido na forma ativa do hormônio.   Entretanto, os hormônios tireoidianos T3 e T4 são exceções.
Esses hormônios são constituídos pela ligação de dois aminoácidos hidrossolúveis de tirosina que, ao
serem posteriormente iodados, perdem o caráter hidrossolúve1 e passam a apresentar características
de hormônios lipossolúveis (AIRES et al., 2008). A maioria deles são derivados da molécula de
colesterol, sendo chamados de hormônios esteroides. Entretanto, podem também ser sintetizados a
partir de moléculas análogas de colesterol, tais como os calciferóis, ou de ácidos graxos, como a
prostaglandina. A síntese destes hormônios depende da presença do substrato lipídico precursor e de
enzimas específicas na célula secretora, que irão metabolizar o precursor lipídico até a formação do
hormônio ativo. Um exemplo de proteína é a aromatase, que converte a testosterona (hormônio
esteroide masculino) em estradiol (hormônio esteroide feminino).  
O tipo de hormônio a ser sintetizado em cada território depende da presença de enzimas específicas na
célula, conduzindo a rota da esteroidogênese para determinados produtos finais (AIRES et al., 2008). Por
exemplo, a testosterona é produzida a partir do colesterol, no retículo endoplasmático liso das células de
Leydig, situadas no testículo, por meio da atuação de diversas enzimas, incluindo a enzima 17b-HSD.
Ainda de acordo com Aires et al. (2008), além de serem produzidos nos testículos e nos ovários e,
Figura 6 - Esquema da membrana celular mostrando a bicamada lipídica com algumas proteínas da
membrana celular. Observe o receptor de tirosina (esquerda, azul), e o hormônio do crescimento (esfera
vermelha), prestes a se ligar ao receptor.
Fonte: markusblanke, Istock, 2014.
consequentemente, estarem envolvidos em funções reprodutoras masculinas e femininas, esses
hormônios também são sintetizados no córtex da adrenal e desempenham funções no metabolismo de
carboidratos (glicocorticoides) e no equilíbrio eletrolítico (mineralocorticoides).  
Ao contrário dos hormônios hidrossolúveis, os hormônios esteroides possuem afinidade pela membrana
plasmática das células, sendo secretadosà medida que são sintetizados, por difusão simples para o
interstício ou para capilares sanguíneos, conforme pode ser observado na figura a seguir. 
Entretanto, apesar da característica lipossolúvel facilitar a secreção desses hormônios, o transporte em
meio aquoso, seja no interstício ou no sangue, depende da ligação desses hormônios às proteínas
hidrossolúveis, denominadas globulinas, que, ao englobar as moléculas lipídicas, lhes conferem
hidrossolubilidade, permitindo-lhes a mobilização por meios hidrofílicos. Uma vez que os hormônios
esteroides entram na célula por difusão, o mecanismo de ação desses hormônios será desencadeado a
partir da sua ligação a receptores intracelulares, geralmente nucleares, cujo complexo hormônio-receptor
Figura 7 - Esquema da membrana celular mostrando a bicamada lipídica e a difusão dos hormônios
esteroides (seta amarela) pela membrana.
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em Designua, Shutterstock, 2020.
termina por se ligar em sítios específicos da região promotora de genes-alvo, agindo como fatores
transcricionais da expressão gênica, ou seja, controlando a expressão gênica das células-alvo (AIRES et
al.,2008). 
3.2.3 Controle por feedback da secreção hormonal  
O funcionamento dos diversos sistemas orgânicos dos organismos é possibilitado devido à existência
de mecanismos fisiológicos que garantem a manutenção do equilíbrio, também denominado
homeostase. Um desses mecanismos é a retroalimentação, popularmente conhecida pela sua
denominação em inglês, “feedback”.
A retroalimentação pode ser definida de maneira geral, como uma mudança no estado de um dos
componentes de um sistema, gerando uma interação que reduz (feedback negativo), ou aumenta
(feedback positivo), a resposta do sistema no qual está inserido. Pode parecer um pouco confuso, mas
vamos observar uma situação simples do nosso organismo. Imagine as reações do seu corpo quando
você está correndo uma maratona, imaginou? Dentre as várias adaptações, após um tempo, ocorrerá um
aumento da temperatura do seu corpo. Como a sua temperatura deve manter-se constante para o ideal
funcionamento das enzimas, o seu sistema nervoso compreende essa mudança e promove a liberação
de suor. A evaporação do suor na sua pele promove o resfriamento do corpo, causando diminuição na
temperatura. Ou seja, essa situação mostra que, ao detectar o aumento da temperatura, o organismo
promoveu a diminuição dela por meio da produção de suor, sendo um clássico exemplo de
retroalimentação negativa.
De acordo com Junqueira et al. (2013), o controle da atuação da grande maioria dos hormônios do
nosso corpo ocorre pelo mecanismo de retroalimentação negativa, regido por um eixo principal
denominado eixo hipotálamo-hipófise. Esse eixo, além de representar uma conexão entre o sistema
nervoso central e o sistema endócrino, atua no controle da secreção de hormônios de glândulas
endócrinas tais como a tireoide, paratireoide, pâncreas endócrino, suprarrenais, testículos e ovários.
Alterações nesses eixos hipotálamo-hipófise-glândulas, podem causar doenças tais como: diabetes,
hipotireoidismo, hipertireoidismo, gigantismo, entre outras. 
3.3 Eixo hipotálamo hipofisário e hormônios hipofisários.
Neurohipófise, diabetes insipidus.  Adeno-hipófise,
hormônio do crescimento, gigantismo e acromegalia
Agora que já sabemos como os diferentes tipos de hormônios são produzidos, secretados,
transportados e metabolizados, bem como os seus mecanismos de ação nas células, iremos falar como
ocorre o controle da secreção dos hormônios por retroalimentação negativa no eixo hipotálamo-
hipófise-glândulas.  
3.3.1 Eixo hipotálamo-hipofisário
A glândula hipófise localiza-se em uma cavidade do osso esfenoide, denominada sella turcica. A hipófise
se liga ao hipotálamo, situado na base do cérebro, por meio do infundíbulo, ligação entre a hipófise e o
sistema nervoso central (MARTINI et al., 2009). Observe a figura abaixo.
O hipotálamo atua em diversos centros de controle e de integração do organismo, dentre eles, a
coordenação de atividades dos sistemas nervoso e endócrino. O hipotálamo age tanto por meio de
estimulação ou inibição de células endócrinas na adeno-hipófise, como também por secreção de
hormônios pelo núcleo supra-óptico (hormônio antidiurético - ADH) e pelo núcleo paraventricular
(ocitocina) (MARTINI et al., 2009).   
Para Junqueira et al. (2013), a hipófise, em razão de sua origem embriológica dupla, consiste, na
realidade, em duas glândulas: a hipófise anterior ou adeno-hipófise e a hipófise posterior ou neuro-
hipófise, unidas anatomicamente, porém, apresentando diferentes funções inter-relacionadas. A neuro-
hipófise, porção de origem nervosa do telencéfalo é formada por uma porção volumosa (a pars nervosa)
e pelo seu pedículo de fixação ao hipotálamo denominado infundíbulo. 
Figura 8 - Localização do hipotálamo e da glândula hipófise.
Fonte: medicalstocks, Istock, 2019.
Ainda segundo Junqueira et al. (2013), a adeno-hipófise, originada do ectoderma da cavidade oral
primitiva é constituída de três regiões: a primeira e mais volumosa, a pars distalis ou lobo anterior; a
segunda, porção cranial que envolve o infundíbulo, denominada pars tuberalis; a terceira, denominada
pars intermedia é intermediária entre a neuro-hipófise e a pars distalis, separada desta última pela fissura
restante da cavidade da bolsa de Rathke, como observado na figura acima.
As células endócrinas da adeno-hipófise sintetizam e secretam diversos hormônios. Essa secreção
ocorre por conta da liberação de hormônios peptídicos, sintetizados pelos neurônios dos núcleos dorso-
mediano, dorsoventral e infundibular do hipotálamo. Esses hormônios, são liberados no sistema porta
hipofisário da eminencia mediana e são transportados para adeno-hipófise pelos capilares. Ao atingirem
a adeno-hipófise, esses hormônios estimulam as células endócrinas a produzirem hormônios proteicos,
que, ao atingirem os capilares, irão atuar nos mais diversos órgãos (AIRES et al., 2008; JUNQUEIRA et al.
2013).  Observe a figura a seguir. 
Figura 9 - Esquema apresentando as diferentes regiões da glândula hipófise.
Fonte: JUNQUEIRA et al., 2013. p. 400.
No caso da neuro-hipófise, o hormônio produzido nos núcleos supra-ópticos e paraventriculares, são
conduzidos pelos axônios e permanecem armazenados na neuro-hipófise. 
3.3.2 Neuro-hipófise e diabetes insipidus
Figura 10 - Efeitos dos vários hormônios da hipófise em órgãos-alvo e alguns mecanismos de
retroalimentação que controlam a sua secreção.
Fonte: JUNQUEIRA et al., 2013. p. 406.
Agora iremos aprofundar nossos estudos nas funções desempenhadas pelos hormônios produzidos
pelo hipotálamo e armazenados na neuro-hipófise, o hormônio antidiurético (ADH) e a oxitocina.
A secreção da vasopressina, mais comumente conhecida como hormônio antidiurético (ADH) é
controlada pela pressão osmótica do sangue. O aumento da pressão osmótica estimula os
osmorreceptores situados no hipotálamo anterior, promovendo a secreção em neurônios do núcleo
supraóptico nos capilares da neuro-hipófise, fazendo com que a vasopressina atinja a circulação
sanguínea. Ao alcançar os rins, esse hormônio exerce efeito em aumentar a permeabilidade dos túbulos
coletores do rim à água, fazendo com que ela saia do lúmen desses túbulos em direção ao interstício,
onde é coletada pelos capilares sanguíneos, fazendo com que haja reabsorção de água pelo organismo.
Você pode observar este mecanismo na figura abaixo.  
A ligação do ADH ao seu receptor na membrana plasmática desencadeia uma cascata de sinalização
que culmina com o aumento de aquaporinas na membrana, possibilitando a entrada de água nas células
dos ductos coletores renais (AIRES et al., 2008). Dessa forma, conforme Junqueira et al. (2013), a
vasopressina atua na regulação do equilíbrio osmótico do ambiente interno.
Figura 11 - Atuação do hormônio antidiurético (ADH) nos rins.
Fonte: Alkov, Istock, 2018.
Outro hormônio secretado pela neuro-hipófise é a ocitocina, que atua na estimulação das células
musculares lisasda parede uterina e nas células mioepiteliais que cercam os alvéolos e ductos das
glândulas mamárias. 
A secreção de ocitocina é estimulada por distensão da vagina, distensão da cérvice uterina e pela
amamentação, por meio de tratos nervosos que agem sobre o hipotálamo. O reflexo neuro-hormonal
estimulado pela sucção dos mamilos é chamado reflexo de ejeção do leite (JUNQUEIRA et al., 2013).
VOCÊ SABIA?
Lesões do hipotálamo que causem danos às células produtoras de ADH são
responsáveis pela doença denominada diabetes insípido, caracterizada pela
perda da capacidade renal de concentrar urina e consequente reabsorção de
água pelo organismo. Como resultado, um paciente pode eliminar cerca de 20
litros de urina por dia e beber grandes quantidades de líquidos (JUNQUEIRA et
al., 2011).
3.4 Tireoide (função hormonal, eixo hipotálamo-hipófise-
tireoide, hipertireoidismo e hipotireoidismo)
A tireoide é uma glândula endócrina, localizada na região cervical anterior à laringe, ilustrada na figura
abaixo, que desempenha a função de sintetizar os hormônios tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), que
atuam em atividades envolvidas na regulação da taxa de metabolismo do corpo, tais como o
crescimento e desenvolvimento somático e neural, a termogênese, o metabolismo intermediário e a
função sexual (AIRES et al., 2008; JUNQUEIRA et al. 2013). 
A tireoide é composta de milhares de folículos tireoidianos, revestidos por epitélio simples, cujas células
são também denominadas tireócitos. A cavidade dos folículos contém uma substância gelatinosa
chamada coloide, que fornece a matriz de formação dos hormônios T3 e T4. Outro tipo de célula
encontrado na tireoide é a célula parafolicular ou célula C, responsável pela síntese do hormônio
calcitonina (JUNQUEIRA et al., 2013). 
Figura 12 - Localização das glândulas tireoides e paratireoides na região cervical da laringe.
Fonte: ttsz, Istock, 2020.
A glândula tireoide é regulada pelo eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. Os órgãos envolvidos nesse
mecanismo são o hipotálamo, a hipófise, a tireoide e as diversas células-alvos de atuação dos
hormônios tireoidianos, distribuídas ao longo de praticamente todos os órgãos do corpo humano.
A tireotrofina (TSH), produzida pela adeno-hipófise, atua na glândula tireoide, estimulando a produção
dos hormônios tireóideos triiodotironina (T3) e a tiroxina (4), que são liberados na corrente sanguínea,
para a agirem nas células-alvo (AIRES et al., 2008; JUNQUEIRA et al. 2013).  A liberação da calcitonina é
estimulada pelos níveis dos íons Ca no sangue, como ilustrado na figura abaixo. 
VOCÊ QUER VER?
Você quer saber um pouco mais sobre a atuação dos hormônios da tireoide no
organismo? Sabe qual é a relação desses hormônios com a restrição calórica e a
atividade física? Sabe o que é o que seria o hipertireoidismo e o hipotireoidismo?
Para esclarecer essas questões assista ao vídeo “Aula 22 – Tireoide”, produzido
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, disponível neste link: 
https://www.youtube.com/watch?v=FWTWNJFljU0. 
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De acordo com Junqueira et al. (2013), a liberação do TSH é estimulada pelo hormônio liberador de
tireotrofina (TRH), produzida pelo hipotálamo, via sistema porta hipotalâmico-hipofisário. Tanto o TSH
quanto o TRH, são controlados por retroalimentação negativa (feedback negativo), mediante inibição
exercida pelos hormônios tireoidianos livres, principalmente o T3, como observado na figura acima. 
Figura 13 - Eixo hipotálamo-hipófise-tireoide.
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em Designua, Shutterstock, 2020.
3.5 Paratireoides e Metabolismo do Cálcio (paratormônio,
vitamina D, calcitonina). Metabolismo ósseo. Raquitismo e
osteomalacia
As paratireoides são quatro pequenas glândulas que se localizam nos polos superiores e inferiores da
face dorsal da tireoide (MARTINI et al., 2009; JUNQUEIRA et al., 2013). Mais raramente, podem situar-se
no interior da tireoide ou no mediastino, próximo ao timo, devido à proximidade da localização dessas
glândulas durante o desenvolvimento embrionário.
O paratormônio, hormônio produzido pelas paratireoides é uma proteína que se liga a receptores de
membrana em osteoclastos, estimulando a produção de um fator que aumenta o número e a atividade
dessas células, intensificando as taxas de reabsorção de matriz óssea calcificada e a liberação de Ca
no sangue. Por outro lado, a elevação da concentração de Ca , inibe a produção de paratormônio por
meio de receptores de cálcio encontrados na superfície das células principais da paratireoide
(JUNQUEIRA et al., 2013).
Entretanto, a calcitonina, produzida pelas células parafoliculares da glândula tireoide, inibe os
osteoclastos, diminuindo a reabsorção de osso e a concentração desse íon no plasma. A calcitonina
tem, portanto, ação oposta à do paratormônio (AIRES et al., 2008; JUNQUEIRA et al. 2013). Observe a
figura abaixo.  
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VOCÊ QUER LER?
Para aprender um pouco mais sobre doenças derivadas de falhas do controle do
metabolismo do cálcio, leia o artigo “Raquitismo e Osteomalacia”, escrito por José
Mechica, da Universidade de São Paulo (USP). Nele você vai compreender a
diferença entre o raquitismo e a osteomalácia. Leia na íntegra, aqui: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-
27301999000600012 (http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0004-27301999000600012)
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27301999000600012
A ação conjunta de ambos hormônios é um mecanismo importante para regular, de forma eficiente, o
nível de Ca2 no sangue, um fator importante para o funcionamento de muitos processos que ocorrem
nas células e nos tecidos (JUNQUEIRA et al., 2013).  
Figura 14 - Controle do metabolismo do cálcio pelos hormônios calcitonina e paratormônio.
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em ttsz, Istock, 2020.
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3.6 Pâncreas Endócrino e Glândulas Suprarrenais (Córtex e
medula da suprarrenal)
Além das diversas glândulas já estudadas ao longo da unidade, o sistema endócrino também é
composto pela parte endócrina do pâncreas e pelas glândulas suprarrenais. De maneira geral, os
hormônios produzidos por essas glândulas atuam no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios,
mas também desempenham outras funções. Quer descobrir quais são elas? Então, vamos continuar
nossos estudos! 
3.6.1 Pâncreas endócrino 
A parte endócrina do pâncreas é constituída pelas ilhotas de Langerhans, e, quando observados ao
microscópio, apresentam-se como grupos arredondados de células de coloração menos intensa,
incrustados no tecido pancreático. As ilhotas são constituídas por células poligonais, dispostas em
cordões, envoltas por uma abundante rede de capilares sanguíneos (JUNQUEIRA et al., 2013). Observe
no quadro abaixo, os principais tipos celulares das ilhotas pancreáticas e os seus respectivos
hormônios.
Uma doença metabólica muito comum atualmente é a diabetes. O diabetes do tipo 1 é uma doença
autoimune, cujos anticorpos produzidos contra células beta deprimem a atividade dessas células. 
Quadro 1 - Principais hormônios produzidos pelas ilhotas de Langerhans e seus alvos fisiológicos.
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em JUNQUEIRA et al., 2013, p. 399.
Já no diabetes tipo 2, ocorre a resistência à insulina por parte de alguns tipos celulares, de diversos
órgãos do corpo (AIRES et al., 2008). Como consequência, há uma taxa plasmática de glicose alta nos
pacientes acometidos por essa patologia, representados principalmente por adultos.
3.6.2 Glândulas Suprarrenais (Córtex e medula da suprarrenal)
As adrenais são duas glândulas achatadas com forma de meia-lua, cada uma situada sobre o polo
superior de cada rim. Em humanos podem também ser chamadas suprarrenais, porque se situam sobre
os rins. A glândula, que está envolvida principalmente na síntese de hormônios esteroides, é dividida
duas porções concêntricas distintas: uma periférica denominada camada cortical ou córtex adrenal, e
outra central, conhecida como camada medular ou medula da adrenal (JUNQUEIRAet al., 2013).
De acordo com Junqueira et al. (2013), as células do córtex adrenal se dispõem em organização
cordonal e variam a disposição organizacional em cada região. Possuem ultraestrutura típica de células
secretoras de esteroides, com predominância de retículo endoplasmático liso no citoplasma. O córtex
adrenal pode ser subdividido em três camadas concêntricas cujos limites nem sempre são
perfeitamente definidos em humanos: a zona glomerulosa, a zona fasciculada e a zona reticulada.
A zona glomerulosa se situa imediatamente abaixo da cápsula de tecido conjuntivo. A zona glomerulosa
secreta a aldosterona, importante mineralocorticoide que contribui para manter o equilíbrio de sódio e
potássio, e consequentemente dos níveis de pressão arterial. A aldosterona age principalmente nos
túbulos contorcidos distais dos rins, mas também na mucosa gástrica, nas glândulas salivares e
sudoríparas (JUNQUEIRA et al., 2013).
A células da zona fasciculada estão envolvidas na síntese de hormônios glicocorticoides, dentre os
quais, um dos mais importantes é o cortisol. Os glicocorticoides regulam o metabolismo de
carboidratos, proteínas e lipídios, exercendo, portanto, ações no organismo inteiro (AIRES et al., 2008).
VOCÊ O CONHECE?
Marcos Luiz dos Mares Guia, cientista mineiro e professor da Universidade Federal
de Minas Gerais, foi responsável pela a produção da insulina recombinante humana.
O desenvolvimento dessa tecnologia foi muito importante, pois, anteriormente, a
insulina utilizada por diabéticos era extraída do pâncreas de porcos e bois, podendo
causar reações alérgicas. Para conhecer um pouco mais sobre o pesquisador,
assista a este vídeo do Projeto Ciência Gera Desenvolvimento, da Academia
Brasileira de Ciências: http://www.abc.org.br/atuacao/nacional/divulgacao-
cientifica/ciencia-gera-desenvolvimento/3o-video-marcos-luiz-dos-mares-guia/
(http://www.abc.org.br/atuacao/nacional/divulgacao-cientifica/ciencia-gera-
desenvolvimento/3o-video-marcos-luiz-dos-mares-guia/) .
http://www.abc.org.br/atuacao/nacional/divulgacao-cientifica/ciencia-gera-desenvolvimento/3o-video-marcos-luiz-dos-mares-guia/
Os glicocorticoides atuam na supressão da resposta imune. Contudo, as células da zona reticulada
produzem andrógenos e, em menor grau, glicocorticoides e mineralocorticoides. 
Segundo Junqueira et al. (2013), as células do parênquima da medula da adrenal, originadas das células
da crista neural, sintetizam os hormônios epinefrina e a norepinefrina, pertencentes a uma classe de
substâncias denominadas catecolaminas. 
Figura 15 - Liberação de catecolaminas pela medula da adrenal e os seus órgãos de atuação.
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em ttz, Istock, 2015.
Os hormônios produzidos pelo córtex da adrenal são regulados pelo eixo hipotálamo-hipófise- adrenal,
pelo mecanismo de retroalimentação negativa, conforme observado na figura acima. 
Figura 16 - Eixo hipotálamo-hipófise- adrenal.
Fonte: JUNQUEIRA et al., 2013. p. 412.
Conclusão
Chegamos ao final de mais uma unidade. Nesta, aprendemos sobre as características morfofuncionais
do sistema endócrino, bem como a organogênese dos órgãos de seus órgãos. Além disso, também
estudamos as principais doenças relacionadas às disfunções hormonais, tais como: o diabetes,
gigantismo, acromegalia, diabetes insipidus, dentre outras.  
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
compreender a importância do estudo do sistema endócrino;
conhecer os principais processos biológicos que norteiam o
desenvolvimento das glândulas do sistema endócrino, durante o
período embrionário;
aprender os princípios gerais de funcionamento do sistema
endócrino, incluindo seus principais órgãos e suas respectivas
funções;
conhecer os processos de síntese, secreção, transporte e
depuração dos hormônios;  
compreender a importância do eixo hipotálamo-hipófise para o
controle da produção de hormônios;
compreender a função hormonal desempenhada pela glândula
tireoide, o controle pelo eixo hipotálamo-hipófise-tireoide e as
doenças provenientes de falhas deste sistema;
entender a função hormonal desempenhada pelas glândulas
paratireoides, sua influência no controle do metabolismo do cálcio
e o mecanismo de desenvolvimento de doenças o raquitismo e a
osteomalácia;
entender a função hormonal desempenhada pelas ilhotas
pancreáticas, sua influência no controle do metabolismo de
carboidratos e o mecanismo de desenvolvimento de doenças
como o diabetes; 
compreender a função hormonal desempenhada pela glândula
adrenal e seu controle pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.
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Bibliografia
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Luis dos Mares Guia. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 2019. Disponível em:
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df (http://www.scielo.br/pdf/ramb/v59n1/v59n1a09.pdf). Acesso em: 1 mar. 2020.  
HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 1151 p. 
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 11. ed.  Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. 524
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MECHICA, J. B. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia. São Paulo, v. 43, n. 6, dez. 1999.
Disponível em: (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27301999000600012)
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OLIVEIRA, A. R. de. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Aula 22 – Tireoide. Canal Fisio Ex – Prof.
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27301999000600012
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27301999000600012
https://www.youtube.com/watch?v=FWTWNJFljU0
https://www.youtube.com/watch?v=FWTWNJFljU0