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atividade_Direito do Estado_ AVA 2_ABNT

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA 
Serviços Jurídicos Cartorários E Notariais EAD 
 
 
 
 
Aluno: Glauco Zacharias de Melo 
Matrícula: 1230105414 
Disciplina: Direito do Estado 
Professora: Fatima C Santoro Gerstenberger 
 
Intervenções do Estado sobre a propriedade privada 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de janeiro/RJ 
 2024 
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A intervenção do Estado na propriedade privada é um tema complexo que 
permeia diversas áreas do Direito, sobretudo o Direito Administrativo. Trata-se da 
atuação estatal para restringir ou modificar o uso de uma propriedade particular em 
prol do interesse coletivo. Ao longo deste texto, exploraremos com mais detalhes 
algumas das situações em que essa intervenção se faz presente, destacando sua 
importância para o desenvolvimento socioeconômico e para a garantia dos direitos 
fundamentais. 
Desapropriação por Utilidade Pública: 
Imagine um cenário em que o governo precisa construir uma nova rodovia para 
melhorar o transporte público e facilitar o acesso a uma região. Para isso, ele identifica 
uma área de terra privada que está no trajeto da rodovia. O Estado pode desapropriar 
essa propriedade, indenizando o proprietário, a fim de atender ao interesse público de 
mobilidade e infraestrutura viária. Nesse caso, a função social da propriedade 
(prevista na Constituição) prevalece sobre o direito absoluto do proprietário. 
A desapropriação por utilidade pública é uma das formas mais evidentes de 
intervenção do Estado na propriedade privada. Esse instrumento é utilizado quando 
há necessidade de implementar obras ou projetos de interesse público, como a 
construção de estradas, escolas, hospitais, entre outros. Nesse contexto, o Estado 
tem o poder de expropriar a propriedade privada, mediante justa indenização, para 
atender às demandas da sociedade. A desapropriação, embora represente uma 
restrição ao direito de propriedade do indivíduo, é amparada pelo princípio da 
supremacia do interesse público sobre o particular. No entanto, é fundamental que o 
processo de desapropriação seja conduzido de forma transparente e respeitando os 
direitos dos proprietários afetados. 
Zoneamento Urbano e Restrições de Uso: 
Em áreas urbanas, o Estado estabelece zonas de uso para regular o 
desenvolvimento urbano. Por exemplo, uma região pode ser destinada 
exclusivamente a atividades residenciais, enquanto outra é voltada para comércio ou 
indústria. Se um proprietário deseja construir um prédio comercial em uma área 
residencial, o município pode restringir essa ação para preservar a harmonia e o bem-
estar da comunidade. 
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O zoneamento urbano é uma ferramenta utilizada pelo Estado para ordenar o 
uso do solo nas áreas urbanas, visando promover um desenvolvimento urbano 
sustentável e equilibrado. Por meio do zoneamento, são estabelecidas diretrizes e 
normas que determinam quais atividades podem ser realizadas em determinadas 
regiões da cidade. Por exemplo, áreas residenciais são destinadas exclusivamente 
para a construção de moradias, enquanto áreas comerciais são reservadas para o 
estabelecimento de comércios e serviços. Essa intervenção estatal visa garantir a 
qualidade de vida da população, preservar o meio ambiente e promover o 
desenvolvimento urbano de forma ordenada e eficiente. No entanto, é importante que 
as restrições de uso do solo sejam estabelecidas de forma transparente e 
democrática, garantindo a participação da comunidade no processo de planejamento 
urbano. 
Preservação Ambiental: 
Quando uma propriedade privada abriga ecossistemas sensíveis, como 
florestas, nascentes ou áreas de preservação permanente, o Estado pode impor 
restrições ao uso. Isso visa proteger o meio ambiente e garantir a sustentabilidade 
para as gerações futuras. A propriedade privada, nesse caso, deve se submeter à 
função ecológica. 
A preservação ambiental é outra área em que o Estado exerce forte intervenção 
na propriedade privada. Quando uma propriedade privada abriga ecossistemas 
sensíveis, como florestas, nascentes, áreas de preservação permanente ou habitats 
de espécies ameaçadas, o Estado pode impor restrições ao seu uso e 
desenvolvimento. Essas restrições têm como objetivo proteger a biodiversidade, 
garantir a conservação dos recursos naturais e assegurar o equilíbrio ecológico. A 
legislação ambiental estabelece uma série de normas e diretrizes que devem ser 
seguidas pelos proprietários, visando minimizar os impactos ambientais e promover o 
uso sustentável dos recursos naturais. No entanto, é importante que as restrições 
impostas pelo Estado sejam proporcionais e razoáveis, respeitando os direitos dos 
proprietários e garantindo o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado para 
as presentes e futuras gerações. 
Regularização Fundiária: 
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Em áreas ocupadas irregularmente, como favelas, o Estado pode intervir para 
regularizar a posse da terra. Isso envolve a concessão de títulos de propriedade a 
moradores que vivem há anos em determinadas áreas. Essa intervenção visa garantir 
o direito à moradia e a dignidade humana. 
A regularização fundiária é uma medida adotada pelo Estado para regularizar 
a posse e o uso da terra em áreas ocupadas de forma irregular, como favelas e 
assentamentos informais. Essa intervenção visa garantir o direito à moradia digna e 
regularizar a situação jurídica dos moradores que ocupam essas áreas há anos. A 
regularização fundiária envolve a concessão de títulos de propriedade aos ocupantes, 
proporcionando segurança jurídica e acesso aos serviços públicos básicos, como 
água, energia elétrica, saneamento básico e transporte. Além disso, a regularização 
fundiária contribui para a inclusão social e a redução das desigualdades urbanas, 
promovendo o desenvolvimento socioeconômico das comunidades mais vulneráveis. 
 No entanto, é importante que a regularização fundiária seja realizada de forma 
participativa e transparente, respeitando os direitos dos ocupantes e garantindo o 
direito à cidade para todos. 
Em todos esses exemplos, a intervenção do Estado busca equilibrar o interesse 
público com os direitos individuais dos proprietários. É um delicado exercício de 
ponderação, considerando o bem comum e a justiça social. Autores como José dos 
Santos Carvalho Filho e Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo discutem amplamente 
essas questões, e suas obras podem enriquecer a compreensão desses temas. 
Lembrando que a intervenção estatal na propriedade privada deve sempre ser 
pautada na legalidade e na busca pelo interesse coletivo, respeitando os limites 
constitucionais e os direitos dos cidadãos. 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS : 
 
 
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado, 
16ª E. – São Paulo : Editora Método, 2008, p. 701 
 
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 25ª 
Edição. São Paulo, Editora Atlas, 2012.