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1 UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA Serviços Jurídicos Cartorários E Notariais EAD Aluna: Glauco Zacharias de Melo Matrícula: 1230105414 Disciplina: Direito do Estado Professora: Fatima C Santoro Gerstenberger A nova lei de improbidade administrativa e principais alterações Rio de janeiro/RJ 2024 2 A Lei de Improbidade Administrativa (LIA) é um importante instrumento legal que visa coibir atos de improbidade cometidos por agentes públicos. Recentemente, em outubro de 2021, a Lei 14.230/21 trouxe significativas mudanças ao texto original da LIA, gerando debates e reflexões sobre seu impacto na atuação dos agentes públicos. Antes de discutir as alterações, é relevante entender o contexto. A probidade é um dever imposto aos agentes públicos e está intrinsecamente ligada à ideia de moralidade e honestidade ao servir à Administração Pública. Quando esse dever é descumprido, surgem os chamados atos de improbidade administrativa. A LIA, criada em 1992, dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática desses atos. Ela busca proteger a probidade no trato com a coisa pública, evitando ou coibindo condutas que causem lesão patrimonial ou moral à Administração. Até então, a LIA considerava três categorias de atos de improbidade: 1. Prejuízo ao erário: atos que causam dano financeiro à Administração. 2. Enriquecimento ilícito: condutas que resultam em vantagem patrimonial indevida. 3. Atentado aos princípios da administração pública: ações que violam os princípios constitucionais, como legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência A recente reforma na Lei de Improbidade Administrativa trouxe consigo mudanças significativas no tratamento dado aos agentes públicos, gerando discussões acaloradas acerca da sua legalidade e dos efeitos práticos sobre a atuação desses indivíduos e sobre a observância dos princípios constitucionais. O conceito de agente público, delineado no artigo 2º da referida lei, tem sido objeto de debates nos Tribunais Superiores e entre os estudiosos do direito administrativo. Compreender as alterações legislativas é crucial para entender o contexto jurídico no qual os agentes públicos estão inseridos e como isso afeta suas responsabilidades e prerrogativas. Uma das mudanças mais notáveis é a exclusão da possibilidade de configurar como improbidade administrativa os danos causados por imprudência, imperícia ou negligência. Tal alteração traz consigo implicações profundas, pois retira da esfera de responsabilidade administrativa atos que, embora possam ser danosos, não configuram um desvio ético ou moral grave por parte do agente público. Nesse 3 sentido, há uma flexibilização na punição desses agentes, que podem não ser mais responsabilizados pelo simples fato de terem cometido erros não intencionais. Essa mudança impacta diretamente na atuação do agente público, podendo influenciar seu comportamento e suas decisões. Anteriormente, o temor de ser enquadrado na Lei de Improbidade Administrativa poderia levar os agentes a adotarem posturas excessivamente cautelosas, o que, por vezes, resultava em uma paralisia decisória prejudicial à eficiência da administração pública. Com a exclusão da responsabilização por atos de imprudência, imperícia ou negligência, os agentes podem se sentir mais confortáveis para agir, assumindo riscos calculados em prol do interesse público, sem o receio de uma punição excessivamente severa por eventuais equívocos não intencionais. No entanto, essa flexibilização na observância dos princípios constitucionais, em especial da legalidade, moralidade e eficiência, pode suscitar preocupações quanto à integridade e à responsabilidade dos agentes públicos. Afinal, a ausência de uma responsabilização rigorosa por atos negligentes pode abrir espaço para condutas descuidadas ou desleixadas, comprometendo a qualidade dos serviços prestados e a confiança da sociedade na administração pública. Além disso, é importante ressaltar que a flexibilização na aplicação da Lei de Improbidade Administrativa não deve ser interpretada como uma licença para a prática de condutas inadequadas ou desonestas. Os agentes públicos continuam sujeitos aos princípios éticos e morais que regem a administração pública, devendo pautar sua conduta pela busca do bem comum e pela efetiva prestação dos serviços públicos. Em suma, as alterações na Lei de Improbidade Administrativa representam uma mudança significativa no tratamento dado aos agentes públicos, flexibilizando a responsabilização por atos de imprudência, imperícia ou negligência. Essa flexibilização pode influenciar positivamente a atuação desses agentes, estimulando uma maior iniciativa e agilidade na tomada de decisões, mas também suscita preocupações quanto à observância dos princípios constitucionais e à integridade da administração pública. 4 Os autores do livro “Lei de Improbidade Administrativa Comentada (2024)” são Ronny Charles Lopes De Torres e André Jackson De Holanda Jr.. Nesta segunda edição, eles agregaram importantes julgados proferidos pelos Tribunais Superiores, notadamente o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça, que começam a se debruçar sobre a devida compreensão das normas jurídicas a serem extraídas das mudanças provocadas na Lei de Improbidade Administrativa pela Lei nº 14.230/2021. Além de repetir tais entendimentos, apresentam também suas opiniões e as de abalizada doutrina sobre os pontos mais sensíveis da nova legislação. Por outro lado, a obra “Nova Lei de Improbidade Administrativa Comentada”, de autoria de Igor Pereira Pinheiro, estuda, de forma analítica e crítica, as 192 modificações formais que a Lei n° 14.230/2021 promoveu na conhecida “Lei de Improbidade Administrativa”. 5 REFERÊNCIAS : https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/nova-lei-improbidade-administrativa/ https://www.camara.leg.br/noticias/820702-mudancas-na-lei-de-improbidade- administrativa-entram-em-vigor/. https://www.conjur.com.br/2021-nov-13/opiniao-comentarios-mudancas-lei- improbidade/ https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/noticias/2021/outubro/presidente-bolsonaro- sanciona-alteracoes-na-lei-de-improbidade-administrativa. TORRES, RONNY CHARLES LOPES DE | HOLANDA JR., ANDRÉ JACKSON DE. Lei de Improbidade Administrativa Comentada (2024). 2ª Ed., JUSPODIVM, 2024, 768 p. PINHEIRO, IGOR PEREIRA. Nova Lei De Improbidade Administrativa Comentada. 2ª Ed., JH MIZUNO, 2023, 479 p. https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/nova-lei-improbidade-administrativa/ https://www.camara.leg.br/noticias/820702-mudancas-na-lei-de-improbidade-administrativa-entram-em-vigor/ https://www.camara.leg.br/noticias/820702-mudancas-na-lei-de-improbidade-administrativa-entram-em-vigor/ https://www.conjur.com.br/2021-nov-13/opiniao-comentarios-mudancas-lei-improbidade/ https://www.conjur.com.br/2021-nov-13/opiniao-comentarios-mudancas-lei-improbidade/ https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/noticias/2021/outubro/presidente-bolsonaro-sanciona-alteracoes-na-lei-de-improbidade-administrativa https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/noticias/2021/outubro/presidente-bolsonaro-sanciona-alteracoes-na-lei-de-improbidade-administrativa