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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ( Teoria Geral) O Direito processual do trabalho é definido como o conjunto de princípios, regras a instituições que tem como objetivo regular a atividade dos órgãos jurisdicionais na solução dos conflitos individuais ou coletivos, que derivam das relações trabalhistas em gerall. Essas regras estão em geral na CLT. As instituições são determinadas pela legislação e são responsáveis por resolver as divergências existentes entre as partes, individuais ou coletivas. O processo do trabalho trata-se do método pelo qual empresas e empregados buscam resolver qualquer divergência eventualmente surgida no curso das relações do trabalho. O Direito Processual do Trabalho possui seus princípios: PRINCÍPIO DA INÉRCIA: O princípio da inércia diz respeito ao ato de dar início a um processo. Segundo esse princípio, o processo é iniciado por solicitação de uma das partes envolvidas e somente assim é que o Poder Judiciário pode agir. O juiz não tem autorização para iniciar um processo sob sua própria vontade, ele deve permanecer passivo até ser acionado oficialmente pela parte interessada. Após a iniciativa da parte, o processo segue com atuação do juiz e do Judiciário. O princípio da inércia, também conhecido como dispositivo, está diretamente ligado ao princípio inquisitivo ou impulso oficial. Ambos os princípios estão previstos no artigo 2º do Código de Processo Civil. Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. O princípio inquisitivo se relaciona com a atuação de ofício do juiz, ou seja, sem necessidade de solicitação das partes. Enquanto o princípio da inércia diz respeito ao início do processo, o princípio inquisitivo refere-se à condução do mesmo e permite que o magistrado possa impulsioná-lo para sua continuidade. Tal previsão é contemplada no art. 765 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Art. 765. Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO: Considerando a fragilidade do trabalhador, o princípio de proteção determina que as normas trabalhistas devem ser interpretadas de forma mais favorável ao empregado. Este princípio inclui a aplicação da regra in dubio pro operario, com objetivo de salvaguardar aquele considerado como parte vulnerável na relação jurídica - ou seja, o próprio trabalhador. Uma aplicação deste princípio pode ser vista nas regras referentes à ausência das partes durante a audiência. O artigo 844 da CLT descreve as diferentes consequências para a falta do reclamante (geralmente o empregado) e do reclamado (normalmente a empresa). Se o reclamante não comparecer, o processo é extinto sem resolução de mérito e arquivado. Se houver ausência do réu, será aplicada revelia. Caso ambas as partes estejam faltando, então o processo também será arquivado. PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO: Um dos principais alicerces da Justiça do Trabalho é a promoção da conciliação. É obrigatória em duas ocasiões: no início (de acordo com o artigo 846, CLT) e ao final das audiências (conforme previsto pelo artigo 850, CLT). Independentemente do cenário, após a homologação do acordo, o Juiz proferirá uma sentença que porá fim ao processo com julgamento de mérito e não haverá possibilidade de recurso. A única maneira de contestar o termo da conciliação é através da apresentação formalizada da ação rescisória, tal como estipulado pela Súmula 259 do TST. No entanto, de acordo com a Súmula 418 do TST, o juiz tem a opção de homologar um acordo. Isso significa que ele não é obrigado a aceitar os termos propostos pelas partes. A Reforma Trabalhista introduziu uma nova maneira para as partes obterem homologação extrajudicial dos acordos alcançados fora dos tribunais: Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por advogado. §1º As partes não poderão ser representadas por advogado comum. §2º Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de sua categoria. PRINCIPIO DA CELERIDADE: Em qualquer tipo de processo, é buscado o princípio da celeridade. É necessário que as verbas a serem recebidas pelo empregado sejam pagas rapidamente porque são de caráter alimentares, Para isso, é necessário simplificar procedimentos a fim de garantir uma solução rápida e eficiente. Na Justiça do Trabalho há previsão para multa caso haja recursos utilizados exclusivamente com intuito protelatório por alguma parte envolvida no processo. PRINCÍPIO DA ULTRA PETITA OU DA EXTRAPOLAÇÃO: Esse principio diz respeito a importância inegociável de certos direitos substanciais do trabalhador, enfatizando a priorização da proteção material em detrimento ao processo legal como ferramenta para garantir tais direitos. Por fim, essa abordagem ressalta o princípio protetor contido no processamento dos casos laborais. No Brasil, a CLT não prevê explicitamente uma possibilidade geral de julgamento extra ou ultra petit em qualquer assunto. No entanto, para casos específicos, a legislação trabalhista permite ao juiz condenar além do pedido originalmente solicitado. O referido princípio é aplicável somente em situações específicas. Conforme o artigo 467 da CLT, se as verbas rescisórias incontestáveis não forem pagas na primeira audiência que envolva o réu - mesmo sem solicitação do autor -, caberá ao juiz ordenar um acréscimo de 50% sobre esses pagamentos. Segundo o artigo 496 da CLT, é possível que o Juiz ordene a compensação financeira ao funcionário detentor de estabilidade se este não conseguir retornar às suas funções. Assim, é essencial que o sistema jurídico trabalhista proporcione recursos para ação libertadora de juízes do trabalho ao buscar garantir e efetivar os direitos dos empregados. O magistrado deve ser capaz de agir proativamente, mesmo além das demandas apresentadas pelo próprio processo judicial, seguindo sempre um critério bem fundamentado. PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS INTERLOCUTÓRIAS: Uma decisão interlocutória é proferida no decorrer do processo e pode ter um teor decisivo capaz de gerar ou eliminar direitos, sem pôr fim ao procedimento.Previsto no art. 893, §1º, da CLT. Ele estabelece que as decisões interlocutórias não podem ser contestadas imediatamente, mas apenas por meio de recurso na decisão final. PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI: O artigo 791 da CLT estabelece a possibilidade de as partes conduzirem suas próprias ações na Justiça do Trabalho sem um advogado. No entanto, certas limitações se aplicam, conforme definido pela Súmula 425 do TST - o auxílio profissional é obrigatório em contextos como mandados de segurança, recursos à ação rescisória e cautelar ou quando apontados para o TST. PRINCÍPIO DA ORALIDADE: No âmbito do processo trabalhista, destaca-se a importância deste princípio que se reflete na realização das audiências com maior interação entre as partes e o juiz, além da impossibilidade de recurso contra decisões intermediárias e manutenção da figura do mesmo magistrado ao longo do julgamento. Durante o processo do trabalho, este princípio é enfatizado com a concentração dos atos processuais na audiência. Isso leva a uma interação maior entre juiz e partes, bem como à impossibilidade de recurso das decisões intermediárias e ao fato de que o mesmo juiz permanece presente durante todos os estágios do julgamento. Alguns dos atos processuais orais da Justiça do Trabalho são: • Petição inicial, que pode ser escrita ou oral (art. 840, CLT), por opção do autor; • Defesa será oral na audiência, em até 20 minutos (art. 847, CLT); • Razões finais, em até 10 minutos para cada parte (art. 850, CLT); • Protestocontra decisão interlocutória proferida em audiência, que deve ser apresentado oralmente no mesmo ato para evitar a preclusão em relação à matéria. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: Previsto no 769 da CLT. Art. 769. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título. PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE: Este princípio é fundamentado na ideia de que os procedimentos trabalhistas não requerem formalidades rigorosas para serem realizados, possibilitando assim a defesa oral e recursos por meio de petições simples. A responsabilidade da Justiça do Trabalho é conciliar e julgar as ações judiciais que envolvem trabalhadores e empregadores, além de outras disputas decorrentes das relações entre eles. Ela também trata de demandas provenientes do cumprimento das suas próprias decisões, incluindo aquelas relacionadas a casos coletivos. A Justiça do Trabalho é constituída pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e Juízes do Trabalho. Os Juízes atuam nas Varas, sendo a primeira instância da justiça trabalhista. Já os TRTs, compostos por Desembargadores, representam a segunda instância dessa mesma justiça. Tanto empregadores quanto empregados têm o direito de buscar compensação pelos danos sofridos através do sistema jurídico trabalhista. A apresentação da queixa pode ser realizada por escrito com a ajuda de um advogado ou sindicato, ou verbalmente comparecendo ao Departamento Jurisdicional do Trabalho para relatar os fatos e fornecer documentos pessoais e outras provas relevantes ao caso em questão. O processo na Justiça do Trabalho pode apresentar tanto a forma individual quanto coletiva. No caso de uma reclamação trabalhista individual, esta será distribuída para uma Vara do Trabalho e o juiz responsável por analisá-la irá propor inicialmente um acordo entre as partes envolvidas. Em casos em que não há possibilidade de negociação bem-sucedida, prossegue-se com a análise da questão e é proferida sentença pelo magistrado encarregado. Posteriormente à decisão tomada pela primeira instância ("sentença"), caberá também ecurso ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que é a segunda instância jurídica dentro deste contexto júridico. Uma vez chegado neste ponto processual, a conclução emitirá então um acórdão sobre o litígio exposto. È possível apelar posteriormente direto ao TST contra essa última conclusão ("acordãoo regional"). Podemos dizer que dissídio é sinônimo de conflito, discórdia decorrente da relação de trabalho, inclusive a de emprego, onde, por meio da ação, as partes buscam a Justiça do Trabalho para dirimir estes conflitos. No direito processual do trabalho há duas espécies de dissídios: • Individuais: caracterizado pelo predomínio de interesses pessoais; eos • Coletivos: caracterizaro em sua maioria nos interesses de toda uma coletividade profissional. Nos dissídios individuais trabalhistas o legislador discrimina como Reclamante (como sinônimo de autor) e Reclamado (como sinônimo de réu). Apesar do conceito de autor está sempre associado ao empregado, existe situações em que a empresa pode ser considerada como autora de um processo trabalhista. Como disposto no art. 651 da CLT ao mencionar a expressão "reclamante ou reclamado", em referência ao local de propositura da ação. O trabalhador que tiver um direito violado durante o período de vigência do contrato de trabalho terá até 5 anos para buscá-lo na Justiça do Trabalho. Se não for feito dentro do prazo, considera-se que o direito prescreveu e já não pode ser exigido. Quando ocorre a rescisão do contrato de trabalho, o prazo prescricional é de dois anos. Ou seja, o empregado tem até dois anos para contestar seus direitos referentes aos últimos cinco anos trabalhados (desde que iniciou-se a vigência do contrato). Assim, caso um funcionário tenha https://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/clt.htm sido dispensado em maio de 2007 e deseje recuperar danos decorrentes do vínculo empregatício rompido, ele terá até maio de 2009 para entrar com uma ação trabalhista. Nessa situação, será possível aprovar direitos referentes aos últimos cinco anos após o instante da abertura processual. Caso a propositura da ação seja feita após o prazo, mesmo que haja reconhecimento do direito, a Justiça Trabalhista não irá concedê-lo devido à prescrição. PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI: O artigo 791 da CLT estabelece a possibilidade de as partes conduzirem suas próprias ações na Justiça do Trabalho sem um advogado. No entanto, certas limitações se aplicam, conforme definido pela Súmula 425 do TST - o auxí...