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Projeções Orçamentárias
Prof. Cristóvão Marinho
Descrição Projeção, a partir do orçamento, do resultado e da situação patrimonial
no final do período considerado, e previsão do comportamento dos
fluxos financeiros durante a execução orçamentária.
Propósito Elaborar demonstrações financeiras projetadas é o propósito final do
processo orçamentário e é extremamente eficaz para a prevenção de
revezes financeiros de uma empresa.
Objetivos
Módulo 1
Demonstrações
contábeis projetadas
Analisar três tipos de demonstrações
contábeis: balanço patrimonial,
Módulo 2
Análise das
demonstrações
contábeis projetadas
demonstração do resultado do período
(exercício) e demonstração dos fluxos de
caixa.
Aplicar as principais técnicas de análise das
demonstrações contábeis.
1 - Demonstrações contábeis projetadas
Ao �m deste módulo, você será capaz de analisar três tipos de
demonstrações contábeis: balanço patrimonial, demonstração do
Demonstrações contábeis, também chamadas de demonstrações
financeiras, são relatórios que evidenciam a situação patrimonial de uma
empresa em determinada data e seus desempenhos, econômico e
financeiro, em determinado período. Em outras palavras, pode-se dizer que
as demonstrações contábeis mostram, de forma consolidada, a situação dos
bens, dos direitos e das obrigações de uma empresa em determinada data,
bem como os fluxos de entrada e saída de recursos financeiros do caixa e o
resultado do confronto entre receitas e despesas em determinado período.
Introdução
resultado do período (exercício) e demonstração dos �uxos de caixa.
Primeiras palavras
Projetar as demonstrações contábeis é uma das mais relevantes aplicações da
contabilidade, pois uma das grandes dificuldades “dos gestores de empresas é
prever, com antecedência, quais os gastos financeiros incorridos nas atividades
operacionais. A contabilidade tem uma contribuição específica
(importantíssima) para tais projeções” (SOUZA, 2014, p. 251).
Além disso, ter um bom conhecimento das demonstrações contábeis é
importante porque as informações delas extraídas são o principal meio de
comunicação da empresa, tanto no ambiente interno quanto no externo.
Projeção das demonstrações
contábeis
As demonstrações contábeis projetadas são elaboradas por meio da compilação
dos dados e das inter-relações entre todas as partes que compõem o orçamento,
formando um ambiente informacional que permite aos gestores realizarem
diversas simulações, representando uma das grandes vantagens do
planejamento estratégico.
A adoção de premissas vinculadas a cenários de mercado (oferta e procura),
política de crédito, política de estoque, configurações da capacidade instalada,
opções de investimentos, configurações de qualidade e custo dos produtos e
serviços são alguns exemplos de variáveis que podem ser simuladas.
Cada peça que compõe o orçamento traz as informações necessárias para que
sejam projetadas as demonstrações contábeis. Entretanto, existem outros dados
que também devem ser considerados no processo de elaboração das projeções,
por exemplo (PADOVEZE, 2015):
 Previsão de equivalência patrimonial.
 Ajustes de avaliação patrimonial.
 Resultados de outras receitas e despesas.
 Outros resultados abrangentes.
 Impostos sobre o lucro.
 Distribuição de resultados.
Com base nos resultados das simulações, os gestores podem promover ajustes
finos nos planos orçamentários, na perspectiva de atingir melhores resultados.
 Saldo de caixa.
 Bancos e aplicações financeiras.
 Saldo de impostos a recuperar.
 Saldo de impostos a recolher sobre lucros.
 Outras contas a receber ou a realizar não objeto de
orçamentos anteriores.
 Outras contas a pagar não objeto de orçamentos anteriores.
 Dividendos ou lucros a pagar, além das informações
contidas nas peças orçamentárias.
Por meio das simulações,
são geradas as condições
para alterar as
estratégias, senão antes
dos concorrentes, pelo
menos em conjunto com
eles, e essa agilidade
trará maior
competitividade à
empresa, gerando maior
facilidade de adaptação
no ambiente de negócios.
(BERNARDINELLI et al., 2007, p. 3)
A projeção das demonstrações contábeis conclui o processo orçamentário e
produz três relatórios clássicos da contabilidade: balanço patrimonial,
demonstração do resultado do exercício e demonstração dos fluxos de caixa,
que sintetizam e antecipam os possíveis impactos da execução dos orçamentos
sobre o resultado e o patrimônio da empresa.
O gráfico 1 apresenta o esquema conceitual do processo de elaboração das
demonstrações contábeis projetadas:
Gráfico 1: Projeção das demonstrações contábeis: esquema conceitual.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Atenção!
Deve-se observar que a projeção das demonstrações contábeis se refere ao
orçamento financeiro e, portanto, envolve somente valores monetários. Ou seja,
os cálculos das quantidades, os rateios e as apropriações dos custos aos
produtos já foram feitos quando o orçamento operacional foi elaborado.
Vamos a um exemplo que engloba os conceitos de orçamento.
Premissas do exemplo (planejamento)
Os gestores e os investidores consideram satisfatório o histórico dos resultados
operacionais que a empresa XYZ apresentou até o ano de 20XX e entendem que
existe uma boa perspectiva de expansão dos negócios em decorrência de três
principais fatores:
 O aumento do consumo dos produtos da empresa ocorrido
nos últimos três anos.
Com base nessas perspectivas, o conselho de administração da empresa
aprovou, para o ano de 20XX, a aquisição de um imóvel próprio, a ser ocupado
pela própria empresa, e a substituição/modernização de todas as máquinas do
parque produtivo.
Orçamento de vendas
A elaboração do orçamento de vendas é uma das etapas mais importantes do
planejamento orçamentário, pois esse orçamento é a maior fonte de receitas da
empresa e não se pode conceber um negócio sem vendas. O orçamento de
vendas indica as bases do orçamento de produção, ou seja, determina o volume
de atividade que a empresa terá durante o período a que se refere.
Premissas do exemplo
Com base no exercício financeiro de 20XX, já encerrado, estima-se que, para o
período de 20XX+1 a 20XX+3, as vendas sejam anualmente incrementadas em
5,3%, 8,3% e 27% respectivamente, com destaque para o último período, que
considera os efeitos decorrentes do investimento que será realizado em 20XX+2
(substituição das máquinas).
Esses percentuais foram obtidos com base em entrevistas realizadas com os
integrantes das equipes de vendas, com os executivos da empresa e com
 A previsão de ingresso, no mercado nacional, de um novo
fornecedor do principal insumo utilizado no processo
produtivo, que atualmente é importado de países asiáticos.
 A sinalização de aumento dos valores dos fluxos de caixa,
com boas perspectivas de capitalização e retorno sobre os
investimentos.
analistas de mercado e já consideram um aumento médio de 4,0% a.a. nos
preços, referente à variação da inflação projetada com base no Índice de Preços
por Atacado (IPCA). A tabela 1 apresenta o orçamento de vendas da empresa
XYZ:
XYZ - Orçamento de vendas
20XX a 20XX+3 (em R$ mil)
Produto / Ano
Realizado Projetado
20XX 20XX+1
Produto A 1.300 1.400
Produto B 600 610
Produto C 500 550
Produto D 600 600
Produto E 800 840
Total 3.800 4.000
Variação % anual - 5,3%
Tabela 1: Orçamento de vendas XYZ.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Orçamento de produção
Com base no orçamento de vendas, elabora-se o orçamento de produção, que
engloba três suborçamentos:
matérias-primas (tabela 3);
mão de obra direta (tabela 5); e
custos indiretos de fabricação (tabela 7).
Orçamento de matérias-primas
Normalmente, o orçamento de matérias-primas é elaborado a partir do
orçamento de vendas e é iniciado com a especificação dos tipos, das
quantidades e dos preços de compra das matérias-primas que compõem cada
produto. A tabela 2 exemplifica a especificação do Produto A, bem como as
quantidades que foram consumidas em 20XX.Produto A
Especificação técnicas
Tipo de matéria-
prima
Quantidade (taxa) Unidade de medida
MP01 3 metro
MP02 5 metro
MP03 4 quilograma
Total
Tabela 2: Especificação das matérias-primas do Produto A.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Premissas do exemplo
Para o início de 20XX+2 está previsto o ingresso, no mercado nacional, de um
novo fornecedor do principal insumo utilizado no processo produtivo, que
atualmente é importado de países asiáticos. Com isso, prevê-se uma redução de
15% no preço do insumo, com impacto de -8% no custo médio dos produtos.
Além das matérias-primas que compõem o Produto A, os demais produtos são
compostos por diversas outras matérias-primas. Dessa forma, considere que as
projeções de gastos com matérias-primas (Tabela 3) representam valores gerais,
derivados da consolidação de diversas considerações como preções específicos
de determinados insumos e simulações feitas pelos gestores, com destaque
para aqueles que atuam no setor de compras da empresa.
XYZ - Orçamento de matérias-primas
20XX a 20XX+3 (em R$ mil)
Produto / Ano
Realizado Projetado
20XX 20XX+1
Produto A 520 560
Produto B 240 250
Produto C 200 220
Produto D 180 180
Produto E 240 250
Total 1.380 1.460
Tabela 3: Orçamento de matérias-primas.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
A etapa seguinte consiste em calcular o orçamento de mão de obra direta
(tabela 7).
Orçamento de mão de obra direta
(MOD)
No que se refere ao objetivo de preparar as demonstrações contábeis
projetadas, a elaboração do orçamento de mão de obra direta consiste,
basicamente, em sintetizar as estimativas dos custos referentes à força de
trabalho diretamente envolvida com os processos produtivos.
A elaboração do orçamento de MOD passa por três etapas:
Em alguns casos, estimar os custos com MOD pode ser trabalhoso por envolver
diferentes departamentos e categorias de trabalhadores, com salários e
jornadas diferenciadas (noturna, fim de semana, feriados) e implicações nos
cálculos.
Com o objetivo de facilitar os cálculos envolvidos no orçamento de MOD, são
utilizados dois tipos de taxa:

Taxa de tempo
Representa o tempo médio que cada
departamento gasta para fabricar uma
unidade do produto, considerando a
compilação dos tempos dos diversos
processos envolvidos.

Taxa de valor
Representa, por departamento, o custo
médio da hora de MOD, considerando
a compilação dos custos das
diferentes categorias de trabalhadores
envolvidos na produção.
A tabela 4 evidencia as taxas aplicadas aos cálculos dos custos de MOD em
20XX:
 Estimar a quantidade de mão de obra necessária.
 Projetar as taxas horária e de custos.
 Calcular o custo total.
Departamento Taxa Produto A
Corte e montagem
Tempo
R$/hora
Custo R$
-
-
-
Pintura
Tempo
R$/hora
Custo R$
0,40
5,20
2,08
Acabamento
Tempo
R$/hora
Custo R$
0,50
7,50
3,75
Total
Horas/minutos
Custo R$
00:54
5,83
Quantidade produzida
Custo total do produto com MOD
34.700
R$ 202.301,00
Custo total com MOD R$ 953.151,00
Tabela 4: Aplicação de taxas de MOD.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Atenção!
Repare que o valor do custo total com MOD em 20XX (R$953.151) é a base para
projeção do orçamento de MOD para o período de 20XX+1 a 20XX+3 (vide tabela
5).
Repare também que, na tabela 4, os totais relativos aos tempos de produção
foram convertidos do padrão decimal (base 10) para o padrão sexagesimal
(base 60).
Ainda com base na tabela 4, é possível verificar que o Produto A demora 54
minutos para ser produzido e tem um custo R$5,83 de MOD; o Produto B demora
1 hora e 24 minutos para ser produzido e tem um custo R$9,25, e assim
sucessivamente.
Premissas do exemplo
A projeção do orçamento de MOD
considerou os gastos com 45
funcionários, englobando salários,
encargos sociais e benefícios. Os
salários foram reajustados
anualmente em 5,45%, sempre no mês
de março. O percentual de reajuste
tomou por base a média dos cinco
últimos dissídios coletivos da
categoria.
Em janeiro de 20XX+1 foi considerada a concessão de um abono de 3,5% sobre
o salário e foi considerado um reajuste anual de 4,0% para os benefícios.
Também foi orçada a demissão de dois funcionários em janeiro de 20XX+2 e a
contratação de quatro em janeiro de 20XX+3.
Após considerar todas as variáveis envolvidas, chega-se à tabela 5, que
evidencia o orçamento de MOD:
XYZ - Orçamento de mão de obra direta (MOD)
20XX a 20XX+3 (em R$ mil)
Produto / Ano
Realizado Projetado
20XX 20XX+1
Vencimentos
Salário bruto
Abono natalino
772,00
706,50
65,50
840,39
768,64
71,75
Encargos sociais
Férias + 1/3
INSS
FGTS
123,12
54,36
25,36
43,4
104,14
29,23
27,63
47,28
Benefícios
Auxílio alimentação
58,03
42,10
60,97
43,78
XYZ - Orçamento de mão de obra direta (MOD)
20XX a 20XX+3 (em R$ mil)
Auxílio transporte
Seguro
11,35
4,58
12,40
4,79
Total MOD 953,15 1.005,50
Tabela 5: Orçamento de mão de obra direta.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Saiba mais
Uma questão controversa acerca da MOD é a classificação que deve ser dada
aos encargos sociais. Existem duas correntes de pensamento: uma entende que
os custos com encargos sociais devem ser considerados MOD porque todos os
custos relacionados com pessoal devem ser incluídos; e a outra defende que
esses custos sejam considerados como indiretos de fabricação porque não
influenciam na natureza do trabalho executado e a inclusão desses encargos
aumenta os custos administrativos de controle (SANVICENTE, 2009).
Orçamento de custos indiretos de
fabricação (CIF)
Quanto à possibilidade de identificação e apropriação aos produtos, os custos
de fabricação se dividem em diretos e indiretos. Veja:
Custos diretos
São aqueles que podem ser
apropriados com precisão aos
produtos porque há uma medida
objetiva de seu consumo no processo
de fabricação.
Custos indiretos
Aqueles que não se consegue
identificar com exatidão a que
produtos pertencem e dependem de
rateio para serem apropriados. O
parâmetro utilizado para apropriar os
CIF é o “critério de rateio”.
O orçamento de CIF é um dos mais complexos, devido à heterogeneidade dos
itens envolvidos e à dificuldade para se correlacionar o montante de custos
indiretos aos volumes de produção (SANVICENTE, 2009).
Para apropriar os CIF é preciso que se estabeleça um critério de rateio.
Entretanto, deve-se ter em mente que, por mais preciso e bem elaborado que
seja, qualquer critério de rateio adotado tem, em maior ou menor grau, certo nível
de arbitrariedade.
Os rateios podem assumir determinado grau de complexidade notadamente
quando são aplicados a produtos que passam por diversificadas etapas de
produção em diferentes setores (departamentos).
Atenção!
Considerável parte do trabalho da contabilidade de custos é dedicada à busca de
critérios de rateio que minimizem o nível de arbitrariedade na alocação dos
custos, a fim de dotar os produtos do mais exato valor de custo possível. Esse
custo é um dos fatores preponderantes para que se possa estabelecer os preços
de venda, notadamente em mercados competitivos com estreitas margens de
ganho.
Um critério bastante simplista, aqui apresentado para efeito didático, é ratear os
CIF proporcionalmente ao total dos custos diretos. A tabela 6 apresenta a
aplicação desse critério de rateio e sintetiza os custos dos três suborçamentos
que compõem o orçamento de produção (matérias-primas, MOD e CIF) para o
exercício encerrado em 31/12/20XX:
Custos diretos
Matérias-primas MOD
Produto A 520,00 202,30
Produto B 240,00 203,50
Produto C 200,00 192,40
Produto D 180,00 121,20
Produto E 240,00 233,75
Total 1.380,00 953,15
Tabela 6: Rateio dos CIF.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Premissas do exemplo
Com exceção da depreciação, os itens que compõem o orçamento de CIF foram
anualmente reajustados em 4,0%, referentes ao IPCA médio anual previsto para o
período. Em 20XX+3, os gastos com aluguel cessarão em função da aquisição
de um imóvel a ser ocupado pela empresa e, nomesmo ano, está prevista
também a redução dos gastos com manutenção e energia elétrica, em função da
aquisição de novas máquinas. A tabela 7 apresenta o orçamento de CIF:
XYZ - Orçamento de custos indiretos de fabricação (CIF)
20XX a 20XX+3 (em R$ mil)
Item de CIF
Realizado Projetado
20XX 20XX+1
Aluguel do galpão 55,00 57,20
Energia elétrica 83,00 86,32
Manutenção
(máquinas/equipamentos)
15,00 15,60
Limpeza e conservação 18,00 18,72
Combustíveis e
lubrificantes
35,00 36,40
Supervisores e auxiliares 45,00 46,80
Depreciação 14,00 15,00
XYZ - Orçamento de custos indiretos de fabricação (CIF)
20XX a 20XX+3 (em R$ mil)
Total 265,00 276,04
Tabela 7: Orçamento de custos indiretos de fabricação.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Orçamento de produção consolidado
Somando-se os custos com matérias-primas (MP) e mão de obra direta (MOD)
com os custos indiretos de fabricação (CIF), obtém-se o custo total do
orçamento de produção, conforme apresentado na tabela 8:
Orçamento de produção
20XX a 20XX+3 (em R$ mil)
Tipo de custo / Ano
Realizado Projetado
20XX 20XX+1
MP
MOD
CIF
Total
1.380,00
953,15
265,00
2.598,15
1.460,00
1.005,50
276,04
2.741,54
Tabela 8: Orçamento de produção.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Orçamento de despesas
O orçamento de despesas inclui a previsão de todos gastos necessários para a
gestão e o funcionamento da empresa, exceto aqueles referentes às operações
de produção. Trata-se de um orçamento amplo, que normalmente é elaborado
por departamento e com a participação de todos os gestores.
Os itens que compõem o orçamento de despesas são
predominantemente fixos, pois não estão vinculados aos
volumes de produção.
O orçamento de despesas é parte integrante do orçamento operacional e inclui
quatro diferentes grupos de despesas de mesma natureza:

Despesas
administrativas

Despesas
comerciais

Despesas
tributárias

Despesas
�nanceiras
Despesas administrativas
Aluguel; celular; internet; energia elétrica; água; limpeza; segurança; salários,
encargos e benefícios do pessoal administrativo (auxílios alimentação, refeição
e transporte) etc.
Despesas comerciais
Esse orçamento está intimamente ligado ao orçamento de vendas e pode ser
subdividido em dois subgrupos:
Despesas de
vendas
Publicidade; divulgação; brindes;
diárias e passagens; assessoria de
imprensa; salários e comissões de
vendedores etc.
Despesas de
distribuição
Combustível e lubrificantes;
manutenção de veículos;
depreciação de veículos; salários e
encargos; fretes; seguros etc.
Despesas tributárias
Impostos e taxas em geral.
Despesas �nanceiras
Juros, multas e taxas bancárias.
Premissas do exemplo
As projeções das despesas administrativas de vendas acompanharam o
incremento anual das vendas no período, que foi de 5,3%, 8,3% e 27%,
respectivamente. Entretanto, a partir do exercício de 20XX+3, o crescimento das
despesas administrativas foi suavizado em função do investimento feito na
aquisição de um imóvel que será ocupado pela empresa e acarretará a cessação
do pagamento dos aluguéis.
A projeção das despesas de vendas não incidiu sobre o item depreciação,
calculado em função da vida útil das máquinas e equipamentos, tampouco sobre
a inadimplência, estimada em 2% do volume anual de vendas. Com o
financiamento, estima-se um aumento de 25% das despesas financeiras a partir
de 20XX+2. Considerando-se todas as premissas, chega-se ao orçamento de
despesas apresentado na tabela 9:
Orçamento de despesas
20XX a 20XX+3 (em R$ mil)
Despesa Realizado Projetado
Orçamento de despesas
20XX a 20XX+3 (em R$ mil)
20XX 20XX+1
Despesas
administrativas
150,00 157,96
Aluguel 18,00 18,95
IPTU 2,80 2,95
Celular e internet 5,40 5,69
Energia elétrica 8,40 8,85
Água 4,30 4,53
Limpeza 8,20 8,63
Segurança 16,90 17,80
Salários 37,00 39,00
Encargos sociais 10,00 10,50
Refeição 21,00 22,11
Transporte 18,00 18,95
Despesas
comerciais
216,00 227,55
Despesas de
vendas
142,30 149,81
    Publicidade 19,80 20,85
    Eventos de
divulgação
9,50 10,00
Orçamento de despesas
20XX a 20XX+3 (em R$ mil)
    Diárias e
passagens
11,30 11,90
    Assessoria de
imprensa
8,70 9,16
    Salários e
comissões
28,80 30,30
    Encargos sociais 7,20 7,60
    Inadimplência 57,00 60,00
Despesas de
distribuição
73,70 77,74
    Combustível e
lubrificantes
15,00 15,80
    Manutenção de
veículos
5,60 5,90
    IPVA 2,50 2,63
    Depreciação de
veículos
1,80 2,02
    Salários 26,80 28,04
    Engcargos
sociais
6,00 6,50
    Fretes 12,00 12,64
    Seguros 4,00 4,21
Despesas
tributárias
426,00 443,58
Orçamento de despesas
20XX a 20XX+3 (em R$ mil)
Simples Nacional 426,00 443,58
Despesas
financeiras
54,00 56,92
Juros 45,00 47,39
Multas 7,00 7,42
Taxas 2,00 2,11
Total 846,00 886,00
Tabela 9: Orçamento de despesas.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Orçamento de capital
O orçamento de capital está intimamente relacionado ao planejamento
estratégico de longo prazo, pois envolve decisões de investimentos com valores
expressivos que agregam elementos ao ativo permanente, tendem a aumentar a
capacidade produtiva e a competitividade, bem como influenciam os fluxos de
caixa e os demais orçamentos, produzindo efeitos que podem se estender por
muitos exercícios financeiros.
Atenção!
Em ambientes competitivos, muitas vezes os gestores têm que alterar a
estratégia de atuação da empresa em função de mudanças no ambiente.
Para implementar tais alterações, normalmente é necessário que sejam
realizados investimentos que impactam o capital de giro e a estrutura que
garante a liquidez.
Nessa perspectiva, a decisão de investir em ativos permanentes se contrapõe à
manutenção do nível de liquidez, pois imobilizar ativos tende a reduzir a
solvência a curto e médio prazos.
Por envolver valores expressivos, influenciar o nível de
liquidez e produzir efeitos de longo prazo, as opções de
investimentos em ativos permanentes são avaliadas por meio
de técnicas como payback descontado, taxa interna de
retorno e valor presente líquido.
Premissas do exemplo
Alinhado com o planejamento estratégico de longo prazo, no orçamento de
investimentos foram incluídos recursos para aquisição, no ano de 20XX+2, de
um imóvel que será ocupado pela empresa e de um conjunto de novas máquinas
que substituirá o atual.
Os gestores esperam que a partir de 20XX+3 os investimentos aumentem em
15% o volume de vendas. Os investimentos serão realizados por meio de
financiamento bancário. A tabela 10 apresenta os investimentos orçados para o
período 20XX a 20XX+3:
Orçamento de investimentos
20XX a 20XX+3 (em R$ mil)
Item
Realizado Projetado
20XX 20XX+1
Imóvel
Máquinas
750,00
450,00
Tabela 10: Orçamento de investimentos.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Elaboração das
demonstrações contábeis
projetadas
Estando prontos os orçamentos projetados, o passo seguinte é projetar a DRE, o
balanço patrimonial e a demonstração dos fluxos de caixa.
Demonstração do resultado do
período (exercício) projetada
A demonstração do resultado do período, comumente chamada de
demonstração do resultado do exercício (DRE), engloba todas as receitas e os
gastos incorridos pela empresa no período a que se refere, normalmente um
ano, e é elaborada no final do exercício financeiro.
A demonstração do resultado orçada (DRO) nada mais é do que uma projeção da
DRE. Entretanto, há uma diferença fundamental entre as duas, pois enquanto a
DRE mostra o que aconteceu (realizado), a DRO evidencia o que deverá
acontecer em decorrência da execução dos planos orçamentários (previsto).
Mais do que uma obrigação imposta
pela Lei das Sociedades Anônimas
(Lei nº 6.404/1976) para as
organizações brasileiras que possuem
acionistas, a elaboração da
demonstração do resultado do
exercício é uma necessidade das
empresas em geral, pois sua estrutura
permite conhecer, de forma clara e
objetiva, qual foi o resultado obtido
pela empresa em determinado
período.
A tabela 11 (com valoresem R$ mil) apresenta a DRE do exercício de 20XX e as
DRO para os três exercícios compreendidos entre os períodos de 20XX+1 a
20XX+3, indicando as fontes das quais os dados foram extraídos.
Demonstração do resultado orçado - 20XX a 20XX+3
(Valores em R$ mil)
Item Fonte
DRE
20XX
RECEITA BRUTA DE
VENDAS
Tab. 1 3.800,00
(-) Tributos sobre
vendas
Tab. 9 426,00
= RECEITA LÍQUIDA 3.374,00
(-) Custos dos
produtos vendidos
Tab. 8 2.598,15
= RESULTADO
BRUTO
775,85
(-) Despesas de
vendas e
distribuição
Tab. 9 216,00
(-) Despesas
administrativas
Tab. 9 150,00
(-) Despesas
financeiras líquidas
Tab. 9 54,00
= RESULTADO
OPERACIONAL
355,85
Tabela 11: DRE 20XX - DRO 20XX+1 a 20XX+3.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Demonstração dos �uxos de caixa
A projeção dos fluxos de caixa é uma importante atividade que, com maior ou
menor nível de formalização, é realizada pela maioria das empresas. Essa
projeção tem como principal objetivo prever os efeitos que a execução do
orçamento pode causar sobre a liquidez da empresa e indicar o ritmo de
sincronização que deve ser mantido entre os desembolsos e os ingressos de
recursos no caixa, para que haja equilíbrio financeiro.
Um fluxo de caixa bem projetado é capaz de impedir que ocorram insuficiências
e excessos de recursos financeiros, um aspecto fundamental da boa gestão
empresarial, pois a falta ou o excesso de recursos em caixa são duas situações
diametralmente opostas que podem provocar adversidades e perdas às
organizações.
Atenção!
É por intermédio da gestão do orçamento de caixa que as empresas conseguem
liquidar suas operações, conduzir suas estratégias e determinar o rumo dos
negócios.
De forma objetiva, projetar o fluxo de caixa consiste em estimar os valores e os
momentos em que ocorrerão as entradas e as saídas de caixa, promovendo a
compatibilização entre o regime contábil de competência, característico do
orçamento, e o regime de caixa.
Regime contábil
Regime contábil é um procedimento que estabelece as regras para registro das
variações ou alterações patrimoniais. Os regimes contábeis podem ser:
• Regime de caixa: estabelece que as receitas e as despesas sejam reconhecidas no
momento do efetivo ingresso e da efetiva saída dos recursos financeiros do caixa,
respectivamente.
• Regime de competência: estabelece que as receitas e as despesas sejam
reconhecidas quando ocorrerem os seus respectivos fatos geradores,
independentemente do momento do ingresso ou da saída dos recursos financeiros
no caixa.
Premissas do exemplo
O saldo inicial de 20XX refere-se ao valor final disponível apresentado no balanço
patrimonial encerrado em 31/12/20XX-1, que não faz parte do escopo do
exemplo. Os recebimentos de clientes consideram uma inadimplência de 2%.
Em 20XX+2 foi feita uma distribuição de lucros no valor de R$1,2 milhão e, no
mesmo ano, foram registradas duas entradas extraordinárias: uma de R$375 mil
referente à venda das máquinas que foram substituídas por novas; e outra, no
valor de R$1,2 milhão, referente ao empréstimo bancário contratado para
compra do imóvel e das máquinas. Ainda em 20XX+2 foi registrada uma saída
de R$1,2 milhão referente ao pagamento do imóvel e das máquinas.
Finalmente, no ano de 20XX+3, observa-se um aumento do item financiamento,
em função do início da amortização do empréstimo contratado para compra do
imóvel e das máquinas. A tabela 12 (valores em R$ mil) apresenta o fluxo de
caixa da empresa XYZ:
Demonstração dos fluxos de caixa - 20XX a 20XX+3
(Valores em R$ mil)
Despesa Fonte
Realizado
20XX
SALDO INICIAL 150
ENTRADAS 3.724
Recebimento de
clientes
Tab. 1 3.724
Venda das
máquinas
Premissa -
Financiamento Tab. 10 -
SAÍDAS 3.444
Gastos
operacionais
Tab. 8 1.645
Folha de
pagamento
Tab. 8 953
Despesas
administrativas
Tab. 9 150
Demonstração dos fluxos de caixa - 20XX a 20XX+3
(Valores em R$ mil)
Despesas
comerciais
Tab. 9 216
Despesas
tributárias
Tab. 9 426
Despesas
financeiras
Tab. 9 54
Financiamento Tab. 9 -
Compra imóvel e
máquinas
Tab. 10 -
Distribuição de
lucro
Planejamento -
TOTAL 430
Tabela 12: Demonstração dos fluxos de caixa.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Balanço patrimonial
O balanço patrimonial (BP) é uma demonstração contábil que tem como
finalidade evidenciar, quantitativa e qualitativamente, o patrimônio e o
patrimônio líquido de uma empresa em determinada data. Funciona como se
fosse uma “fotografia” do conjunto de bens, direitos e obrigações que uma
empresa tem em determinado instante.
Por isso, dizemos que o BP é uma demonstração
estática.
Além de ser uma exigência legal, o BP é uma importante ferramenta de análise
gerencial que permite:
Saiba mais
Embora, comumente, o balanço patrimonial seja relacionado às empresas, esse
tipo de demonstração pode se referir a qualquer entidade a que possa ser
 Saber a posição financeira e patrimonial de uma empresa
em um determinado momento.
 Conhecer as fontes dos recursos que financiam a empresa.
 Fornecer informações relevantes para as partes
interessadas no negócio da empresa.
 Conhecer o tamanho da entidade (pequena, média ou
grande).
 Identificar a parte do patrimônio que pertence aos
proprietários.
 Identificar a parte do patrimônio que pertence a terceiros.
associado um patrimônio, por exemplo, organizações não governamentais,
pessoas físicas, fundações, autarquia etc.
O BP é constituído por duas partes. A primeira é composta pelo ativo (bens e
direitos); e a segunda pelo passivo (obrigações) e pelo patrimônio líquido
(diferença entre o ativo e o passivo).
As contas que compõem o BP são classificadas e ordenadas visando facilitar a
interpretação e a análise dos elementos patrimoniais, por parte dos usuários que
têm interesse na situação econômica e financeira da empresa.
Premissas do exemplo
São muitas as considerações acerca do BP.
Do ativo
 As disponibilidades foram baseadas nos fluxos de caixa e
levaram em conta uma inadimplência média de 2% (tabela
12).
 O contas a receber teve origem nas vendas e considerou um
prazo médio de recebimento de 60 dias (tabela 1).
 O estoque de matérias-primas considerou um giro de 60
dias e foi baseado no orçamento de consumo (tabela 3).
Do passivo
A obrigação para com fornecedores considera um prazo médio de pagamento de
60 dias e foi calculado com base no orçamento de consumo de matérias-primas
(tabela 3).
XYZ - Balanço patrimonial - 20XX a 20XX+3
(Valores em R$ mil)
ATIVO 20XX 20XX+1
ATIVO
CIRCULANTE
1.673 2.032
Disponibilidades 430 722
Contas a receber
(clientes)
633 667
Estoques 610 643
    Matérias-primas 230 243
 Considerou-se que, em média, o estoque de produtos
acabados corresponde a 10% dos produtos destinados à
venda (tabela 1).
 Considerou-se que o ativo imobilizado sofre uma
depreciação em torno de 2 e 3% a.a., com pequenas
variações, cabendo registrar que em 20XX+2 a empresa
substituiu suas máquinas e adquiriu um imóvel para uso
próprio (tabela 10).
XYZ - Balanço patrimonial - 20XX a 20XX+3
(Valores em R$ mil)
    Produtos
acabados
380 400
ATIVO NÃO
CIRCULANTE
510 493
Imobilizado 510 493
    Veículos 120 118
    Máquinas e
equipamentos
390 375
    Imóveis - -
TOTAL DO ATIVO 2.183 2.525
Tabela 13: Balanço patrimonial.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Projeção das demonstrações
contábeis
No vídeo, após a exposição das estruturas orçamentárias que você assistirá,
será apresentado um caso em que é elaborada uma DRE projetada.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O orçamento traz as informações necessárias para que sejam projetadas as
demonstrações contábeis. Entretanto, existem outros dados que também
devem ser considerados no processo de elaboração das projeções, como
Parabéns! A alternativa E está correta.
Os dados das demonstrações contábeis divulgadas pelos concorrentes não
são considerados no processo de elaboração das demonstrações contábeis
projetadas, tampoucoa política social do país em que elas estão sendo
elaboradas. Entretanto, a distribuição de resultados é uma informação que
não consta do orçamento, mas deve ser considerada na elaboração das
projeções, pois reduz o nível de liquidez da empresa, com reflexos na
demonstração dos fluxos de caixa e no balanço patrimonial.
A a taxa interna de retorno dos concorrentes.
B o balanço patrimonial dos concorrentes.
C a DRE dos concorrentes.
D a política social do país.
E a distribuição de resultados.
Questão 2
Entre as alternativas a seguir, assinale a que melhor relata os efeitos da falta
ou do excesso de recursos em caixa, duas situações diametralmente
opostas.
Parabéns! A alternativa C está correta.
As boas práticas de gestão das disponibilidades financeiras recomendam
que o saldo mantido em caixa deve ser o menor possível. Ou seja, não deve
haver falta nem excesso de dinheiro no caixa. Quando falta dinheiro no caixa,
há redução do nível de liquidez, o que faz com que a empresa procure fontes
de financiamento. Além disso, nessa situação, quase sempre ocorrem
A
Sobrar dinheiro no caixa é sempre bom, pois possibilita
atender a qualquer imprevisto que venha a ocorrer e garante a
liquidez da empresa.
B
Falta de dinheiro no caixa não é problema, pois atualmente as
empresas dispõem de diversas fontes de financiamento que
podem ser utilizadas para suprir as suas necessidades.
C
Falta de dinheiro no caixa pode levar à redução da liquidez e o
excesso pode levar à perda de oportunidades de
investimentos e causar desvalorização do dinheiro.
D
Em empresas que não são bem administradas, os ritmos de
entrada e saídas de recursos no caixa são sincronizados,
razão pela qual os saldos de caixa são quase sempre muito
baixos.
E
Sobrar dinheiro no caixa indica que a empresa é
financeiramente saudável e bem administrada, pois a
tendência é que nunca falte dinheiro em empresas desse tipo.
atrasos nos pagamentos, acarretando juros e multas. Quando há excesso de
dinheiro no caixa, sem utilização, a empresa normalmente perde
oportunidades de realizar investimentos que poderiam melhorar o resultado;
há também a redução do poder aquisitivo do dinheiro, principalmente em
economias com inflação elevada.
2 - Análise das demonstrações contábeis
projetadas
Ao �m deste módulo, você será capaz de aplicar as principais técnicas de
análise das demonstrações contábeis.
Primeiras palavras
Estando prontas as demonstrações contábeis projetadas, os gestores se
dedicam a analisá-las, visando atenuar os riscos e as incertezas das decisões.
Tal ação de análise, sob o ponto de vista da administração científica,
instrumentaliza tecnicamente o processo de tomada de decisões.
A análise das demonstrações financeiras
constitui um dos estudos mais
importantes da administração financeira e
desperta enorme interesse tanto para os
administradores internos da empresa,
como para os diversos segmentos de
analistas externos.
(ASSAF NETO, 2021, p. 77)
Dominar as principais técnicas de análise das demonstrações contábeis é um
diferencial fundamental na formação de profissionais que atuam ou pretendem
atuar em áreas direta ou indiretamente relacionadas à contabilidade, como é o
caso da área orçamentária.
Principais técnicas de análise
das demonstrações contábeis
As demonstrações contábeis projetadas antecipam para os gestores uma visão
dos resultados do negócio, permitindo que sejam realizadas avaliações e
alterações anteriores à implementação dos orçamentos, visando atingir os
resultados planejados. Nessa perspectiva, as demonstrações contábeis
assumem especial importância, principalmente porque sinalizam, entre outros
aspectos, as expectativas da evolução patrimonial e do retorno que será obtido
em decorrência dos investimentos realizados na empresa.
De acordo com Ribeiro (2018), a tarefa do analista contábil começa quando
termina a tarefa do contador, sendo que o processo de análise se inicia a partir
das demonstrações contábeis, das quais o analista coleta dados para calcular
indicadores, que serão posteriormente interpretados.
O analista de demonstrações contábeis
não é vidente nem adivinho. O que ele faz é
analisar dados concretos, aplicando
fórmulas, de acordo com sua experiência
contábil, e, a partir disso, é capaz de avaliar
o presente com base no passado e projetar
o futuro, fundamentando-se sempre no
desempenho dos últimos períodos
analisados.
(RIBEIRO, 2018, p. 4)
Para analisar as demonstrações contábeis podem ser utilizadas algumas
técnicas, por exemplo: relação custo, volume e resultado; análise vertical; análise
horizontal; e análise de indicadores (índices).
Análise da relação custo /
volume / resultado (CVR)
A análise custo/volume/resultado (CVR), também chamada de
custo/volume/lucro (CVL) é uma técnica que possibilita a compreensão da
relação existente entre os produtos, seus custos, o volume produzido e o
resultado, gerando informações de interesse dos gestores da empresa, do
investidor e do mercado em geral.
Em mercados competitivos, calcular e
controlar custos ganha relevância, o
que faz com que as empresas
dediquem especial atenção à gestão
de custos que, nesse contexto, ficam
sendo uma das variáveis com maior
poder de manipulação.
Para lidar com a gestão de custos, a
CVR apresenta-se como uma técnica
eficiente e prática que pode ser
utilizada por qualquer empresa,
possibilitando que os gestores tenham
uma compreensão dos efeitos que o
mercado pode causar sobre a sua
produção (FIORIN; BARCELLOS;
VALLIN, 2014).
A análise CVR está diretamente relacionada à intenção que as empresas
normalmente têm de produzir o volume máximo que o mercado é capaz de
absorver dos produtos, observando a capacidade instalada disponível e os
custos envolvidos, tendo como objetivo maximizar o retorno sobre o capital
investido — o resultado.
De forma objetiva, o uso da técnica CVR traduz-se no cálculo do ponto de
equilíbrio, cujo uso pode aumentar sensivelmente o entendimento e a utilidade
de estimativas e procedimentos orçamentários, fornecendo informações
valiosas para vários tipos de decisões administrativas (WELSCH, 1985).
Um importante conceito relacionado ao cálculo do ponto de equilíbrio é o de
margem de contribuição. Trata-se de um dos mais importantes indicadores, pois
apresenta o valor destinado à cobertura dos custos fixos.
Ponto de equilíbrio
Também é chamado de break-even point ou ponto de ruptura.
A margem de contribuição é representada pela diferença
entre o preço de venda e a soma dos custos e das despesas
variáveis, e pode ser calculada para cada unidade ou no total.
Por unidade, a margem de contribuição reflete a diferença entre o preço de
venda e a soma dos custos e despesas variáveis unitários do produto. A
margem de contribuição total é o resultado da multiplicação da margem de
contribuição unitária pela quantidade vendida.
A margem de contribuição (MC) é calculada por meio da seguinte fórmula:
MC = Valor das vendas - (Custos variáveis +
Despesas variáveis)
Existem três diferentes tipos de ponto de equilíbrio:
contábil (PEC);
financeiro (PEF); e
econômico (PEE).
Ponto de equilíbrio contábil (PEC)
O ponto de equilíbrio representa o momento no qual as receitas totais se
igualam aos gastos totais. Acima desse ponto há lucro e abaixo, prejuízo
operacional (ASSAF NETO, 2021). O PEC considera os dados decorrentes dos
registros oficiais da empresa.
O ponto de equilíbrio contábil (PEC) é calculado por meio da seguinte fórmula:
Ponto de equilíbrio �nanceiro (PEF)
O ponto de equilíbrio financeiro não considera nos cálculos os itens de gastos
que não geram desembolso, como a depreciação, a amortização e a exaustão
que diminuem o patrimônio, mas não geram saída do caixa.
Por excluir das despesas e dos custos fixos os valores que não representaram
saídas de recursos do caixa, o ponto de equilíbrio financeiro é atingido com
PEC =
 Custos e despesas fixas 
 Margem de contribuição 
volumes de produção e vendas menoresque os necessários para atingir os
outros dois pontos de equilíbrio: contábil e econômico.
[...] ocorre de nem sempre os custos e
despesas fixos serem desembolsáveis,
como é o caso das depreciações. Assim,
pode ocorrer de, mesmo debaixo do Ponto
de Equilíbrio contábil, ser possível à
empresa arcar com seus encargos que
exigem desembolso. Tem-se aí o Ponto de
Equilíbrio financeiro.
(ASSAF NETO, 2021, p. 203)
O ponto de equilíbrio financeiro (PEF) é calculado por meio da seguinte fórmula:
Ponto de equilíbrio econômico (PEE)
O ponto de equilíbrio econômico considera o retorno mínimo desejado pela
empresa, representado pelo custo de oportunidade do investimento feito, ou
seja, um lucro mínimo que compense o investimento realizado (ASSAF NETO,
2021).
O ponto de equilíbrio econômico (PEE) é calculado por meio da seguinte fórmula:
PEF =
( Custos fixos  +  Despesas fixas ) −  Custos e despesas não desembolsáveis 
 Margem de contribuição unitária 
PEE =
( Custos fixos  +  Despesas fixas ) +  Retorno esperado 
 Margem de contribuição unitária 
Exemplo de aplicação de CVR
A relação CVR envolve os conceitos volume e custos, fixos e variáveis, e sua
aplicação pode ser mais bem representada por meio de um exemplo
simplificado.
A empresa XYZ tem uma capacidade de produzir 150 mil unidades. A DRE
projetada para o exercício financeiro de 20XX indica os valores apresentados na
tabela 14, e o diretor comercial deseja saber o ponto de equilíbrio e os potenciais
de lucro e prejuízo:
Previsões
(+) Receita bruta com vendas (100.000 unidades a R$ 40 cada)
(-) Custos e
despesas
Fixos Variáveis
    Matéria-prima
direta
900.000
    Mão de obra
direta
600.000
    Custos indiretos
de fabricação
500.000 700.000
    Despesas com
venda
200.000 550.000
    Outras despesas 100.000 250.000
Total 800.000 3.000.000
Resultado
operacional
Tabela 14: Custos e despesas
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Volume
(quantidade)
Receita R$
Cust. + Desp.
Variáveis
0 0 0
10.000 400.000,00 300.000,00
20.000 800.000,00 600.000,00
30.000 1.200.000,00 900.000,00
40.000 1.600.000,00 1.200.000,00
50.000 2.000.000,00 1.500.000,00
60.000 2.400.000,00 1.800.000,00
70.000 2.800.000,00 2.100.000,00
80.000 3.200.000,00 2.400.000,00
90.000 3.600.000,00 2.700.000,00
100.000 4.000.000,00 3.000.000,00
110.000 4.400.000,00 3.300.000,00
120.000 4.800.000,00 3.600.000,00
130.000 5.200.000,00 3.900.000,00
140.000 5.600.000,00 4.200.000,00
150.000 6.000.000,00 4.500.000,00
Tabela 15: Evolução da relação custo/volume/resultado.
por: Cristóvão Marinho.
PEE =
( Custos fixos  +  Despesas fixas ) +  Retorno esperado 
 Margem de contribuição unitária 
Gráfico 2: Relação custo/volume/lucro.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Na tabela 15, é possível observar que, quando a empresa produzir e vender 80
mil unidades, o valor das receitas será de R$3,2 milhões e se igualará ao valor
dos custos e despesas (R$3,2 milhões), gerando um resultado nulo. Esse é o
ponto de equilíbrio contábil!
O potencial de prejuízo está na faixa entre R$10 se a quantidade produzida e
vendida for de 79.999 unidades (uma unidade abaixo do ponto de equilíbrio) e
R$800 mil se nenhuma unidade for produzida e vendida.
• Receita = R$40 x 79.999 un. =
R$3.199.960
• Custo e despesa variável unitário =
R$3.000.000 ÷ 100.000 un. = R$30
• Custo e despesa variável total = R$30
x 79.999 un. = R$2.399.970
• Custos e despesas fixos = R$800.000
• Receita – Custos e despesas =
R$3.199.960 - R$2.399.970 -
R$800.000 = - R$10
Sob a ótica gerencial, os gestores devem avaliar se o retorno satisfaz as
expectativas dos investidores diante do capital investido (R$3,8 milhões) e dos
riscos envolvidos.
No exemplo, para um volume de vendas estimado em 100 mil unidades, o
resultado operacional previsto é de 5,26% (R$200.000 ÷ R$3.800.000 = 0,0526).
Como a capacidade instalada é de 150 mil, havendo demanda, os gestores
podem considerar elevar a produção para esse nível. Nesse caso, o resultado
seria:
• Receita = R$40 x 150.000 un. =
R$6.000.000
• Custo e despesa variável unitário =
R$3.000.000 ÷ 100.000 un. = R$30
• Custo e despesa variável total = R$30
x 150.000 un. = R$5.300.000
• Custos e despesas fixos = R$800.000
• Receita – Custos e despesas =
R$6.000.000 - R$5.300.000 =
R$700.000
Nesse caso, para um volume de vendas estimado em 150 mil unidades, o
resultado operacional previsto é de 13,21% (R$700.000 ÷ R$ 5.300.000 = 0,1321).
Repare que um aumento de 50% na produção e nas vendas (de 100 mil para 150
mil) provoca um acréscimo de 151% no resultado (de 5,26% para 13,21%).
Para além das importantes informações propiciadas pela análise CVR, o
processo de tomada de decisão deve levar em conta, entre outros fatores, a
capacidade de investimento, os fluxos de caixa, as despesas e receitas não
operacionais, a incidência de impostos, as contribuições e as participações.
Análise horizontal (AH)
A principal finalidade da análise horizontal é evidenciar o comportamento
(crescimento ou redução) de itens das demonstrações contábeis durante
determinado período, por exemplo: receita de vendas, resultado, passivo, ativo,
disponibilidades etc.
O nome análise horizontal remete à ideia de se avaliar, ao longo do tempo
(normalmente anos ou meses), a evolução dos saldos das contas que são
apresentadas nas linhas das demonstrações contábeis.
Resumindo
Em outras palavras, pode-se dizer que a análise horizontal promove a
comparação entre os diferentes valores assumidos por um mesmo item de uma
demonstração contábil em diferentes instantes.
Com base na análise horizontal, gestores e investidores conseguem avaliar o
desempenho da empresa ao longo do tempo, em termos de crescimento ou
redução, expresso em percentual, e compará-lo com o desempenho dos
concorrentes.
A análise horizontal é realizada por meio da aplicação da seguinte fórmula:
AH = (valor atual da conta/valor base da conta) -
1 x 100
Vejamos agora um exemplo de AH e, para isso, suponha a série do saldo inicial
da conta disponibilidade apresentada a seguir:
Conta 20XX 20XX+1
Disponibilidade 430 722
20XX+1 + 20XX 20XX+2 + 20XX+1 20XX+3 + 20XX+2
(722 ÷ 430) - 1 x
100 = 67,9%
(559 ÷ 722) - 1 x
100 = -22,6%
(1458 ÷ 559) - 1 x
100 = 160,8%
Tabela 16: Exemplo de análise horizontal.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
No que se refere ao comportamento do disponível no período analisado, a
análise horizontal indica que ocorreram as seguintes variações: de 20XX para
20XX+1 houve um aumento de 67,9%; de 20XX+1 para 20XX+2 houve um
aumento de 22,6%; e de 20XX+2 para 20XX+3 houve um aumento de 160,8%.
Análise vertical (AV)
A análise vertical, também conhecida como análise de estrutura, é utilizada para
identificar a porcentagem de participação de determinado item no resultado, em
se tratando da análise de uma demonstração de resultado ou, na composição do
patrimônio, em se tratando da análise de um balanço patrimonial.
O nome análise vertical remete à ideia de avaliar as colunas das demonstrações
contábeis, medindo percentualmente a participação de cada conta em relação
ao todo a que pertence, o que permite verificar o nível de importância (peso) de
cada conta dentro da demonstração financeira a que pertence.
Realizando-se a análise vertical dos
balanços patrimoniais e das
demonstrações dos resultados de
períodos anteriores é possível
identificar as variações relativas
ocorridas ao longo do tempo, tanto em
termos de composição patrimonial
quanto de resultado.
Assim procedendo-se, horizontaliza-se
a análise vertical, o que torna possível
não apenas identificar a eventual
existência de itens discrepantes em
relação às proporções médias
normais, mas também balizar a
elaboração das demonstrações
projetadas.
A análise vertical é realizada por meio da aplicação da seguinte fórmula:
Exemplo de AV
AV =
 Item 
 Grupo do Item 
× 100
Suponha os seguintes dados do grupo ativo circulante, extraídos do balanço
patrimonial de 20XX daempresa XYZ:
Grupo/Item Valor R$ mil Cálculo
ATIVO
CIRCULANTE
1.673 1.673 ÷ 1.673 x 100
Disponibilidades 430 430 ÷ 1.673 x 100
Contas a receber
(clientes)
633 633 ÷ 1.673 x 100
Estoques 610 610 ÷ 1.673 x 100
    Matérias-primas 230 230 ÷ 610 x 100
    Produtos
acabados
380 380 ÷ 610 x 100
Tabela 17: Exemplo de análise vertical.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
A AV indica a participação percentual de cada item que compõe o Ativo
Circulante. Repare que o item Estoque pode assumir a condição de grupo, para
efeito de análise dos dois itens que o compõem: Matérias-primas e Produtos
acabados.
É possível calcular também a participação percentual de itens de qualquer nível
em relação a qualquer grupo, desde que esteja contido nele.
No exemplo, o subitem Matérias-primas representa 37,7% do grupo Estoque e
13,7% do grupo Ativo Circulante (230 ÷ 1.673 x 100).
A AV permite a elaboração de gráficos que conseguem rapidamente dar uma
visão da composição dos grupos que compõem as demonstrações contábeis,
como demonstrado por meio dos Gráficos 3 e 4, referentes aos dados da Tabela
16:
Gráfico 3: Distribuição % do Ativo Circulante e Gráfico 4: Distribuição % dos Estoques.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Análise de indicadores
Indicadores, também chamados de índices, são quocientes obtidos por meio da
divisão entre os valores que constam em contas, subgrupos ou grupos de contas
que compõem as demonstrações contábeis, tais como ativo circulante,
disponível, estoques, receitas, passivo circulante, capital próprio etc. Os
quocientes sinalizam aspectos referentes à condição econômico-financeira da
empresa, em termos da viabilidade e continuidade do negócio.
A técnica de análise financeira por
quocientes é um dos mais importantes
desenvolvimentos da Contabilidade, pois é
muito mais indicado comparar, digamos, o
ativo corrente com o passivo corrente do
que simplesmente analisar cada um dos
elementos individualmente.
(IUDÍCIBUS, 2017, p. 203)
Conforme a sua natureza e aplicação, os indicadores se dividem em diversos
grupos, por exemplo: liquidez, atividade, endividamento e rentabilidade. Nesse
sentido, Assaf Neto (2021, p. 78) afirma: “Para melhor compreensão do
significado dos indicadores econômico-financeiros, assim como visando
estabelecer melhor metodologia de avaliação dos diversos aspectos do
desempenho da empresa, dividem-se os índices em grupos homogêneos de
análise”.
Indicadores de liquidez
Medem a capacidade de pagamento de uma empresa. Para que se possa
realizar uma análise mais consistente da condição financeira da empresa, deve-
se levar em conta o conjunto de indicadores de liquidez como um todo.
Refere-se à relação entre o ativo circulante e o passivo circulante. Mede a
capacidade de pagamento da empresa em curto prazo.
Esse indicador é semelhante ao de liquidez corrente, mas sem considerar
os estoques e as despesas pagas antecipadamente, que são itens do
ativo circulante sem liquidez imediata. Se esse indicador apresentar um
valor baixo, pode significar que o volume dos estoques está elevado e
que a empresa necessita de mais capital de giro.
Refere-se à relação entre os recursos financeiros disponíveis e as
obrigações de curto prazo. Mede a capacidade de pagamento da
Liquidez corrente 
 Liquidez corrente  =
 Ativo circulante 
 Passivo circulante 
Liquidez seca 
 Liquidez seca  =
 Ativo circulante  −  Estoque  −  Despesas a
 Passivo circulante 
Liquidez imediata 
empresa com base no dinheiro disponível em caixa, bancos e aplicações
de liquidez imediata.
Refere-se à capacidade de pagamento da empresa a longo prazo.
Indicadores de atividade
Demonstram o tempo médio que a empresa demora para receber suas vendas,
pagar suas compras e renovar seus estoques. Colocando nas palavras de Assaf
Neto (2021), os indicadores de atividade medem os tempos envolvidos em um
ciclo operacional, que vão desde a aquisição de insumos básicos ou
mercadorias até o recebimento das vendas realizadas.
Indica o tempo médio necessário para que estoques da empresa se
renovem completamente. Serve como medida de eficiência da gestão
dos estoques.
 Liquidez imediata  =
 Disponibilidades 
 Passivo circulante 
Liquidez geral 
 Liquidez geral  =
 Ativo circulante  +  Realizável a longo pra
 Passivo circulante + Exigível a longo pra
Prazo médio de estocagem (PME) 
PME =
 Estoque médio 
 Custo do produto vendido 
∗ 360
Indica o tempo médio em que a empresa recebe suas vendas realizadas
a prazo.
Indica o tempo médio que a empresa demora para pagar aos
fornecedores as obrigações (dívidas) decorrentes das compras feitas a
prazo.
Indicadores de endividamento
(estrutura de capital)
Medem a composição da estrutura das fontes passivas de recursos de uma
empresa, em termos da participação dos recursos de terceiros em relação ao
capital próprio, indicando o nível de endividamento e a capacidade que a
empresa tem de honrar os compromissos financeiros.
Indica, em termos percentuais, o endividamento da empresa perante
terceiros. Representa também a fração do ativo total financiada por
recursos de terceiros.
Prazo médio de recebimento (PMR) 
PMR =
 Contas a receber das vendas a prazo (média) 
 Vendas anuais a prazo 
∗ 360
Prazo médio de pagamento (PMP) 
PMP =
 Contas a pagar a fornecedores ( média )
 Compras anuais a prazo 
∗ 360
Participação de capitais de terceiros sobre os recursos totais 
Indica a dependência da empresa em relação a recursos de terceiros.
Iudícibus (2017) esclarece que se esse indicador, durante vários anos, for
consistente e acentuadamente maior que um, sinaliza uma dependência
exagerada de recursos de terceiros.
Indica a composição do endividamento total, destacando a fração do
endividamento total que vence a curto prazo.
Indicadores de rentabilidade
Mostram a rentabilidade de uma empresa em relação aos capitais investidos,
evidenciando o grau de êxito econômico-financeiro. A rentabilidade é medida em
função dos investimentos dos proprietários (capital próprio) e de terceiros
(capital de terceiros). Os indicadores de rentabilidade são calculados com base
 Part. cap. terc. sobre recursos totais  =
 Exigivel t
 Exigivel total + Pat
Participação de capitais de terceiros sobre o capital próprio 
 Part. cap. terc. sobre capital próprio  =
 Exigível total 
 Patrimônio líquido 
Participação das dívidas de curto prazo sobre o endividamento
total 
 Part. dív. curto prazo sobre endividamento total  =
 Passivo
 Exigí
em valores extraídos do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do
exercício.
Os indicadores de rentabilidade são fundamentais para se saber o real
desempenho econômico-financeiro de uma empresa, pois demonstrar a
rentabilidade em termos absolutos tem uma utilidade bastante reduzida.
Afirmar que a General Motors teve um
lucro de, digamos, R$5 bilhões em 2015, e
que a empresa Zafira Ltda. teve um lucro
de R$200 em 2015 pode impressionar no
sentido de que todo mundo vai perceber
que a General Motors é uma empresa
muito grande e a outra muito pequena, e
só; não refletirá, todavia, qual das duas deu
maior retorno relativo.
(IUDÍCIBUS, 2017, p. 119)
Marion (2019) alerta que tanto o valor do ativo como o patrimônio líquido,
utilizados para cálculo dos indicadores de rentabilidade, devem,
preferencialmente, ser a média do período. Isso porque não foi o ativo final,
tampouco o ativo inicial que gerou o resultado, mas suas respectivas médias no
período que se está analisando. Idem para o patrimônio líquido.
Evidencia a rentabilidade da empresa no período ao qual a apuração do
lucro líquido se refere.
Na literatura, é comum que a taxa de retorno sobre investimento (TRI)
seja referenciada em inglês como return on investment (ROI).
Taxa de retorno sobre investimentos (TRI) 
Evidencia a rentabilidade dos proprietários no período ao qual a apuração
do lucro líquido se refere.
Na literatura, a taxa de retorno sobre o patrimônio líquido (TRPL) é
comumente referenciadaem inglês, como return on equity (ROE).
Evidencia a proporção entre o volume das vendas realizadas em
determinado período e os investimentos totais efetuados na empresa no
mesmo período (média do ativo total). Em outras palavras, pode-se dizer
que esse indicador demonstra quanto a empresa vendeu para cada R$1
de investimento total, em determinado período.
TRI =
 Lucro líquido 
 Ativo total 
Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido (TRPL) 
 TRPL  =
 Lucro líquido 
 Patrimônio líquido 
Giro do ativo 
 Giro do ativo  =
 Vendas líquidas 
 Ativo total 
Evidencia, em determinado período, quanto a empresa obteve de lucro
líquido para cada R$1 vendido.
Exemplo prático de análise de
indicadores
O diretor financeiro da empresa XYZ solicitou que, com base no balanço
patrimonial de 20XX, nos balanços projetados para o período de 20XX+1 a
20XX+3 e na DRO projetada para o mesmo período, fossem calculados os
seguintes indicadores: liquidez seca; prazo médio de estocagem; participação do
capital de terceiros sobre recursos totais; e taxa de retorno sobre investimentos.
Vejamos novamente as tabelas 11 e 13.
Demonstração do resultado orçado - 20XX a 20XX+3
(Valores em R$ mil)
Item Fonte
DRE
20XX
RECEITA BRUTA DE
VENDAS
Tab. 1 3.800,00
(-) Tributos sobre
vendas
Tab. 9 426,00
= RECEITA LÍQUIDA 3.374,00
(-) Custos dos
produtos vendidos
Tab. 8 2.598,15
Margem líquida 
 Margem líquida  =
 Lucro líquido 
 Vendas líquidas 
Demonstração do resultado orçado - 20XX a 20XX+3
(Valores em R$ mil)
= RESULTADO
BRUTO
775,85
(-) Despesas de
vendas e
distribuição
Tab. 9 216,00
(-) Despesas
administrativas
Tab. 9 150,00
(-) Despesas
financeiras líquidas
Tab. 9 54,00
= RESULTADO
OPERACIONAL
355,85
Tabela 11: DRE 20XX - DRO 20XX+1 a 20XX+3.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
XYZ - Balanço patrimonial - 20XX a 20XX+3
(Valores em R$ mil)
ATIVO 20XX 20XX+1
ATIVO
CIRCULANTE
1.673 2.032
Disponibilidades 430 722
Contas a receber
(clientes)
633 667
Estoques 610 643
    Matérias-primas 230 243
XYZ - Balanço patrimonial - 20XX a 20XX+3
(Valores em R$ mil)
    Produtos
acabados
380 400
ATIVO NÃO
CIRCULANTE
510 493
Imobilizado 510 493
    Veículos 120 118
    Máquinas e
equipamentos
390 375
    Imóveis - -
TOTAL DO ATIVO 2.183 2.525
Tabela 13: Balanço Patrimonial.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Liquidez seca
Ano Cálculo
Indicador
(quociente)
20XX
(1.673 - 610) ÷ 613
=
1,73
LS =
 Ativo circulante  −  Estoque  −  Despesas antecipadas 
 Passivo circulante 
Liquidez seca
20XX+1
(2.032 - 643) ÷ 542
=
2,56
20XX+2
(2.316 - 675) ÷ 660
=
2,48
20XX+3
(3.688 - 855) ÷ 678
=
4,18
Tabela 18: Cálculo do índice de liquidez seca.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Prazo médio de estocagem
Ano Cálculo
Indicador
(quociente)
20XX
((610 + 610) ÷ 2) ÷
2.598 x 360 =
85 dias
20XX+1
((610 + 643) ÷ 2) ÷
2.741 x 360 =
82 dias
20XX+2
((643 + 675) ÷ 2) ÷
2.753 x 360 =
87 dias
20XX+3
((675 + 855) ÷ 2) ÷
3.167 x 360 =
88 dias
Tabela 19: Cálculo do prazo médio de estocagem.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Atenção!
LS =
 Ativo circulante  −  Estoque  −  Despesas antecipadas 
 Passivo circulante 
PME =
 Estoque médio 
 Custo do produto vendido 
∗ 360
Como não foi informado o estoque do ano 20XX-1, para 20XX considerou-se o
estoque do ano. Entretanto, sempre que for possível, visando obter maior
precisão dos cálculos, deve-se considerar a média.
Participação do capital de terceiros sobre os recursos totais
Ano Cálculo
Indicador
(quociente)
20XX
(613 + 290) ÷ (613 + 290
+ 1.280)
0,41
20XX+1
(542 + 318) ÷ (542 + 318
+ 1.665)
0,34
20XX+2
(660 + 1.164) ÷ (660 +
1.164 + 1.807)
0,50
20XX+3
(678 + 1.271) ÷ (678 +
1.271 + 3.028)
0,39
Tabela 20: Cálculo da participação o capital de terceiros sobre os recursos totais.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Taxa de retorno sobre o investimento (TRI)
Ano Cálculo
Indicador
(quociente)
20XX
356 ÷ ((2.183 +
2.183) ÷ 2)
0,16
20XX+1 372 ÷ ((2.183 + 0,16
 Part.cap.terc.rec.totais  =
 Exigível Total 
 Exigível Total  +  Patrimônio Líquido
 TRI  =
 Lucro líquido 
 Ativo total 
Taxa de retorno sobre o investimento (TRI)
2.525) ÷ 2)
20XX+2
598 ÷ ((2.525 +
3.631) ÷ 2)
0,19
20XX+3
1.159 ÷ ((3.631 +
4.977) ÷ 2)
0,27
Tabela 21: Cálculo da taxa de retorno sobre investimento.
Elaborado por: Cristóvão Marinho.
Atenção!
Como não foi informado o valor do ativo total do ano 20XX-1, para 20XX
considerou-se o ativo total do ano. Entretanto, sempre que for possível, visando
obter maior precisão dos cálculos, deve-se considerar a média.
Análise das demonstrações
contábeis projetadas
No vídeo, após a exposição das técnicas de análise das demonstrações
financeiras projetadas, é apresentado um caso prático de análise de um balanço
patrimonial projetado. Confira!
 TRI  =
 Lucro líquido 
 Ativo total 

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A empresa X fabrica um único produto: cadeiras para escritório. Embora sua
capacidade instalada seja de 100 mil unidades por ano, em 20XX+1, as
projeções apontam para uma venda de 40 mil unidades.
O preço unitário previsto de venda é de R$1.000, as estimativas dos custos e
despesas variáveis unitários atingem R$500, e os custos e despesas fixos
totais R$10.000.000:
O diretor de vendas solicitou que fosse calculada a quantidade no ponto de
equilíbrio contábil. Marque a alternativa correta.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Para calcular o valor no ponto de equilíbrio contábil, aplica-se a fórmula:
Questão 2
Em relação às demonstrações contábeis, o que a análise horizontal
evidencia?
A 20 mil unidades
B 25 mil unidades
C 30 mil unidades
D 35 mil unidades
E 40 mil unidades
PEC =
 Custos e despesas fixas 
 Margem de contribuição 
 MC = 1.000 − 500 20.000 =
10.000.000
1000 − 500
Parabéns! A alternativa E está correta.
A análise horizontal caracteriza-se por evidenciar, em termos percentuais, o
crescimento ou a redução dos itens (contas) das demonstrações contábeis
durante um determinado período. Os itens analisados podem ser dos mais
variados tipos, por exemplo: receita de vendas, resultado, passivo, ativo,
disponibilidades, estoques, patrimônio líquido, custo da mercadoria vendida,
ativo permanente etc.
Considerações �nais
Com este estudo, foi possível perceber a grande importância que representa
para a formação profissional saber ler, projetar, analisar e interpretar as
demonstrações contábeis.
Conhecemos as principais técnicas de análise das demonstrações contábeis,
vimos alguns exemplos de aplicações do ponto de equilíbrio, da análise
horizontal, da análise vertical e da análise de indicadores. Ainda, percebemos
A O resultado em determinado período.
B A consolidação das demonstrações do período.
C O giro de estoque do período.
D Os riscos aos quais a empresa está submetida.
E O crescimento ou redução dos itens.
que o processo de análise e interpretação não deve levar em conta dados
isolados, mas sim o conjunto composto por todas as informações produzidas
pelas técnicas de análise.
Finalmente, vimos que, além das informações trazidas pelos diferentes
orçamentos, para que sejam projetadas as demonstrações contábeis, são
necessárias outras informações, providas pela contabilidade, que encontra na
projetação das demonstrações contábeis uma das suas mais relevantes
aplicações.
Projeção e análise de
demonstrações contábeis
Neste podcast, o especialista desenvolve uma narrativa acerca da elaboração e
análise das demonstrações contábeis projetadas, destacando a interação com o
processo de tomada de decisões.
Explore +
Pesquise o artigo Planejamento estratégico e orçamento empresarial como
ferramentas de controle e gestão em uma empresa do setor alimentício, de Clari
Schuh, Tanise Wickert Schuh, Taciana Rodrigues de Souza, Redvânia Vieira
Xavier e Clóvis Antônio Kronbauer, e veja como o planejamento estratégico e
orçamentário é utilizado como ferramenta degestão e controle e como a
projetação das demonstrações contábeis se insere nesse contexto.
Para saber mais sobre a utilização das técnicas de análise das demonstrações
contábeis, leia o artigo Análise das demonstrações contábeis: Um estudo
comparativo da rentabilidade de três instituições financeiras listadas na B3, de

Pâmela dos Santos da Silva, Antonielle Pagnussat, Elizeu Martins de Oliveira
Júnior, Daniele Romanin da Silva Cunha, publicado na Revista Científica da Ajes.
Lendo o artigo Análise financeira e o processo decisório nas microempresas: o
caso de uma indústria metalúrgica, de Deise Helen Fim, Edicreia Andrade dos
Santos e Simone Soares, pode-se perceber como a análise das demonstrações
contábeis é importante para as microempresas.
Referências
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2021.
BERNARDINELLI, A. B. et al. A utilização das demonstrações financeiras
projetadas e simuladas e suas contribuições ao processo decisório - segundo a
percepção dos gestores de uma indústria química. In: CONGRESSO USP DE
CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 7., São Paulo, 2007. Anais [...]. São Paulo:
USP, 2007, p. 1-16.
FIORIN, I.; BARCELLOS, S. S.; VALLIM, C. R. Gestão de custos através da análise
CVL: um estudo de caso em uma agroindústria de laticínios. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE CUSTOS - ABC, 11., Natal, 2014. Anais [...]. [S. l.]: ABC, 2014.
IUDÍCIBUS, S. de. Análise de balanços. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis. 8. ed. São Paulo: Atlas,
2019.
PADOVEZE, C. L. Planejamento orçamentário. 3. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2015.
RIBEIRO, O. M. Estrutura e análises de balanços. 12. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2018.
SANVICENTE, A. Z.; SANTOS, C. C. Orçamento na administração de empresas:
planejamento e controle. 2. ed. 19. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.
SOUZA, A. B. de. Curso de administração financeira e orçamento: princípios e
aplicações. São Paulo: Atlas, 2014.
WELSCH, G. A. Orçamento empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1985.
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