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2- Planos orçamentários operacionais

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Planos orçamentários operacionais
Prof.ª Cristóvão Marinho
Descrição O orçamento como instrumento de coordenação das operações
produtivas da empresa.
Propósito Conhecer as estruturas e a dinâmica de preparação e funcionamento
dos orçamentos nas empresas.
Objetivos
Módulo 1
Orçamentos
Reconhecer os conceitos,
os objetivos e os diferentes
tipos de orçamento.
Módulo 2
Planos
orçamentários
Identificar os elementos
que compõem as
estruturas dos planos
orçamentários.
Módulo 3
Elaboração
dos
orçamentos
Reconhecer boas práticas
de elaboração dos
orçamentos de matérias-
primas e de capital.
Existem duas diferentes vertentes de aplicação do orçamento como
instrumento de gestão: orçamento público e orçamento empresarial.
No que se refere à primeira vertente, no Brasil, as entidades públicas das três
esferas de governo (União, estados, municípios e Distrito Federal) são
obrigadas a utilizar o orçamento como instrumento de gestão, por força do
que estabelece a Constituição Federal de 1988. O orçamento público não
será foco deste conteúdo.
Introdução
1 - Orçamentos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os conceitos, os
objetivos e os diferentes tipos de orçamento.
A segunda vertente está diretamente relacionada ao assunto que
estudaremos aqui: orçamento empresarial, considerado uma das mais
importantes ferramentas administrativas para auxiliar as empresas na
condução dos processos operacionais, de controle financeiro, planejamento
e controle de resultados.
Quando bem elaborado e executado, o orçamento se torna uma poderosa
ferramenta, com potencial para coordenar e controlar a alocação e a
utilização dos recursos financeiros da empresa, destinando-os às atividades
que concorrem para atingir as metas estabelecidas no processo de
planejamento.
Orientação sobre unidade de medida
Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.:
25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro
estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25
km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você
devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das
unidades.
Conceitos e objetivos do
orçamento
Em função da sua ampla utilização pelas empresas e do potencial que o
orçamento tem de coordenar a alocação e a utilização de recursos financeiros, é
indispensável conhecer os conceitos, os objetivos e os tipos de orçamento.
Conceitos relacionados ao orçamento
O orçamento empresarial detalha a origem e o destino dos recursos financeiros
de uma empresa em um determinado período (geralmente, um ano).
Frezatti (2017) caracteriza orçamento
empresarial como um plano financeiro
subordinado ao planejamento, que
orienta a implementação das
estratégias da empresa para
determinado período. O orçamento é
mais do que uma simples estimativa
de gastos, pois deve estar baseado
nos compromissos dos gestores em
termos de metas.
O orçamento pode e deve reunir diversos
objetivos empresariais, na busca da
expressão do plano e do controle de
resultados. Portanto, convém ressaltar que
o plano orçamentário não é apenas prever
o que vai acontecer e seu posterior
controle.
(PADOVEZE, 2015)
Com relação ao eixo de integração orçamento-planejamento, pode-se afirmar
que o orçamento empresarial decorre da estratégia da empresa e elucida, com
maior grau de detalhe, os números e valores planejados para certos intervalos
futuros de tempo, combinando e integrando dados que constituem-se como elo
gerencial entre a atuação da empresa a curto prazo e sua estratégia de longo
prazo (SOBANSKI, 2011).
Veja a seguir alguns dos dados apontados por Sobanski (2011) que são
considerados o elo gerencial entre a atuação da empresa a curto prazo e sua
estratégia de longo prazo:
Vendas;
Produção;
Estoque;
Custos;
Despesas;
Ativos.
Atenção!
Para boa fluidez das informações no eixo planejamento-orçamento, a
contabilidade se apresenta como um elemento fundamental que forma a base
sobre a qual se sustenta o sistema de informações da empresa, a “espinha
dorsal” do controle gerencial.
A montagem e a execução do orçamento, bem como a implementação dos
controles, são processos sustentados pela contabilidade, setor que fornece
informações capazes de atender às necessidades das demais áreas da empresa
que operam os subsistemas listados na figura a seguir que, com clareza,
consegue representar o importante papel exercido pela contabilidade como
instrumento de suporte à gestão empresarial.
Sistema de informações e relacionamento entre a contabilidade e o planejamento.
Objetivos de orçamento
O orçamento empresarial tem como principal objetivo instrumentalizar as
funções de planejamento e controle de resultados, por meio da implementação
de um conjunto de planos que traduz e organiza, em um plano de ações, os
componentes do planejamento que necessitam de recursos financeiros.
Pode-se dizer que o principal objetivo do orçamento
empresarial é organizar as receitas, os custos, as despesas e
os investimentos que a empresa terá em determinado período
futuro.
Como ferramenta de auxílio ao controle, o orçamento permite acompanhar,
comparar os resultados e indicar a eventual necessidade de que sejam
implementadas ações corretivas ou preventivas, além de prover aos gestores os
meios que possibilitam cumprir com a obrigação de prestar contas de suas
atividades, um dos pilares do accountability.
Quando colocado na perspectiva de instrumento de implementação das funções
de planejamento e controle, o orçamento ganha visibilidade e assume especial
importância, como se pode perceber nas palavras de Hoji (2018, p. 1):
Nem todas as empresas
conseguem obter o lucro
desejado, mas,
certamente, aquelas que
fazem o planejamento e
controle �nanceiro
adequado terão mais
probabilidades de
sucesso.
(HOJI, 2018, p. 1)
No que se refere à maneira de implementação do orçamento nas empresas,
existem basicamente duas formas:

De cima para
baixo (top-down)

De baixo para
cima (bottom-up)
Ambas relacionadas à direção do fluxo de comando que percorre a estrutura
hierárquica da empresa e ao nível de participação dos colaboradores no
processo de elaboração dos planos orçamentários.
Vantagens e desvantagens do
orçamento
O orçamento proporciona diversas vantagens para as empresas. A seguir, confira
algumas delas:
Auxilia na identificação de novas oportunidade;
Fornece os meios para que seja feito melhor uso dos recursos
financeiros, humanos e materiais;
Melhora a eficiência das operações em geral, na perspectiva de que
sejam alcançados melhores resultados.
Uma importante vantagem do orçamento é subsidiar de forma circunstanciada,
com dados e informações confiáveis, os processos de tomada de decisões.
O orçamento permite que sejam identificados gastos
desnecessários ou que podem ser minimizados e, por
requerer a participação e a integração das ações entre as
diferentes áreas da empresa, melhora o processo de
comunicação.
Apesar do uso do orçamento ter um
resultado amplamente favorável na
relação custo-benefício, sua utilização
apresenta como principal
desvantagem o fato de demandar que
os dados sejam constantemente
atualizados e avaliados, o que implica
maiores custos e esforços dos
colaboradores.
Nomeclaturas contábeis relacionadas
com o orçamento
Para que se tenha um melhor entendimento da dinâmica de funcionamento dos
elementos que compõem um orçamento empresarial, convém revisitar certos
conceitos relacionados ao termo “gasto” e ao tipo de atividade desenvolvida pela
empresa, pois algumas nomenclaturas contábeis podem gerar certa confusão.
O conceito de gasto é bastante amplo. Um gasto pode ser um investimento, um
custo, uma despesa ou uma perda, e gerar, ou não, um desembolso. Confira a
seguir algumas diferenças:
Gastos com bens incorporados ao ativo (ativados), em função da vida útil
ou de benefício atribuível a período futuro.
Gastos relativos a bens ou serviços utilizadosna produção de outros
bens ou serviços; são todos os gastos relativos à atividade de produção.
Os custos são incorporados aos produtos acabados e reconhecidos
como despesa no momento em que tais produtos são vendidos, gerando
como contrapartida uma receita.
Gastos com bens ou serviços não utilizados nas atividades produtivas e
Investimentos 
Custos 
Despesas 
consumidos com a finalidade de obtenção de receita.
Gastos anormais, imprevistos e indesejados, decorrentes de fatores
externos ou da atividade produtiva da empresa. A perda é um gasto que
não produz benefício (receita).
Saída de recursos do ativo circulante disponível (pagamentos presentes
ou futuros).
Em uma empresa, alguns gastos podem percorrer todo o trajeto conforme a
seguir:
Ocasiona-se assim, como contrapartida, uma receita que, confrontada com a
despesa, produz o resultado.
Perdas 
Desembolsos 
Investimento
A matéria-prima adquirida,
enquanto está no estoque, é um
investimento, pois tem o
potencial de gerar um benefício
futuro.
Custo
A partir do momento em que
essa matéria-prima é utilizada no
processo produtivo, passa a ser
um custo, pois foi utilizada para
a produção de outro bem.
Despesa
Quando esse bem (produto) é
vendido, é gerada uma despesa
em função da sua
desincorporação do ativo
(estoque de produtos acabados).
Gastos: investimentos, despesas, custos e perdas.
Martins (2018, p. 9) apresenta o seguinte conceito de gasto: “Compra de um
produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício financeiro para a entidade
(desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega
de ativos (normalmente dinheiro)”.
Com o mesmo sentido, mas com outras palavras e acrescentado alguns
detalhes, Veiga e Santos (2016, p. 5) apresentam o seguinte conceito:
Gasto consiste em todo
sacrifício (dispêndio)
�nanceiro, presente ou
futuro, na aquisição de
um bem ou serviço. Se o
pagamento for presente
(no ato), haverá um
desembolso, senão,
haverá a existência de
uma dívida
(passivo/exigibilidade).
(VEIGA; SANTOS, 2016, p. 5)
No que se refere às diferentes atividades exercidas por uma empresa: industrial,
comercial, e prestação de serviço, tem-se relacionados os conceitos de
produtos, mercadorias e serviços, conforme os entendimentos apresentados no
quadro a seguir:
Termo Entendimento
Produtos Algo que a indústria está elaborando.
Mercadorias
Aquisição de produtos já prontos que serão
comercializados. O que pode ocorrer com ou
sem prévia estocagem.
Termo Entendimento
Serviços
Considera-se que utilizarão mão de obra. Em
alguns casos, é possível utilizar peças,
medicamentos, componentes e outros
materiais que podem ter sido estocados
previamente.
Quadro: Nomenclaturas relacionadas a custos.
Elaborado por Cristóvão Araripe Marinho adaptado de (VEIGA; SANTOS, 2016, p. 6)
Nomenclaturas contábeis
relacionadas com o orçamento
Neste vídeo, após a exposição do significado das nomenclaturas utilizadas nas
áreas contábil e orçamentária, é apresentado um caso em que um gasto entra na
empresa como investimento, se transforma em custo e gera uma despesa que é
confrontada com a receita decorrente.
Tipos de orçamentos
No que se refere à técnica de elaboração, existem diversos tipos de orçamento
empresarial, podendo-se listar os seguintes, a título de exemplo:
Orçamento estático;
Orçamento flexível ou variável;
Orçamento contínuo;
Orçamento de tendências ou incremental;
Orçamento base zero.
A seguir, vamos conhecer a fundo um pouco mais sobre cada um desses
orçamentos.
Orçamento estático
O orçamento estático é elaborado no início do intervalo a que se refere e,
estando definido, não pode mais ser alterado e deve ser executado
rigorosamente conforme estabelecido, de modo que todos os valores sejam
respeitados.

O orçamento estático é o tipo de orçamento mais
utilizado pelas empresas.
Sua principal vantagem é facilitar a
rápida identificação de eventuais
variações entre os valores orçados e
os realizados, permitindo que os
gestores promovam ajustes com
maior brevidade e apresentem as
justificadas para as variações.
Caso ocorram, em um ou mais itens
de programação, expressivas
variações entre o orçado e o realizado,
podem ser geradas novas versões do
orçamento, mantendo-se, entretanto, o
registro do orçamento originalmente
fixado.
Atenção!
Nem sempre as variações representam aspectos negativos, como ocorre, por
exemplo, no caso de se conseguir maior produtividade, utilizando um volume de
recursos menor que o orçado.
O principal ponto fraco do orçamento estático é a inflexibilidade dos dados
contidos nos planos orçamentários, ou seja, esse tipo de orçamento não permite
mudanças, o que, entretanto, é uma condição necessária nas grandes
corporações que consolidam em um único orçamento, planos orçamentários
complexos gerados por diversas unidades (HOJI, 2018).
Orçamento �exível ou variável
O orçamento flexível, também conhecido como orçamento variável, tem como
principal característica permitir que as quantidades de produção sejam
ajustadas a qualquer nível de atividade.
Confira a seguir a diferença entre o orçamento estático e o flexível.
Orçamento estático
Não permite alterações
durante sua execução e é
mais adequado ao controle
dos gastos administrativos.
Orçamento �exível
ou variável
Supre a necessidade de que
sejam feitas mudanças
durante a produção e é
direcionado ao controle dos
custos operacionais.
O orçamento flexível é baseado em índices unitários de custos e não tem como
perspectiva cumprir metas de produção ou níveis de atividades. Dentro desse
enfoque, os custos variáveis acompanham o volume de produção, enquanto os
fixos são tratados à margem dos processos produtivos e seguem as
metodologias tradicionais, sendo rateados e apropriados aos produtos com
vistas a estabelecer os preços de venda.

O orçamento flexível está relacionado ao volume de vendas e
às tendências de demanda, fatores que ditam o nível da
atividade operacional da empresa.
Vantagens x Desvatagens
Confira agora algumas vantagens e desvantages desse tipo de orçamento:
Vantagens
Permite que o volume de
produção seja alterado
diante de variações
inesperadas nos níveis de
vendas.
Demonstra rapidamente os
resultados da relação custo-
volume para vários níveis de
atividade, sem as distorções
que são inferidas pelos
custos fixos.
Permite comparações mais
realistas, visando aferir os
níveis de economicidade
dos processos produtivos.
Desvantagens
Dificulta a continuidade do
processo orçamentário,
pois contraria o fundamento
do orçamento, que é
antecipar o que vai
acontecer (HOJI, 2018, p.
17).
Impede o estabelecimento
prévio de metas de
produção, assim qualquer
quantidade realizada será
considerada como
compatível com o previsto,
inviabilizando sua utilização
para projeção das
demonstrações contábeis,
uma das mais importantes
aplicações das técnicas
orçamentárias.
Orçamento contínuo
O conceito de orçamento contínuo está vinculado, como o próprio nome já
sinaliza, às contínuas avaliação e adequação do planejado em relação ao
realizado, o que o diferencia dos demais tipos de orçamentos, que geralmente
são elaborados para o período de um ano e adequados semestralmente,
trimestralmente ou, eventualmente, em prazos mais curtos.
Para alguns segmentos de negócios, o planejamento orçamentário anual não é
adequado. Isso ocorre porque, em certos mercados, os ciclos das atividades são

por demais dinâmicos e sofrem constantes alterações.
O orçamento contínuo tem como horizonte temporal períodos de um ano, sendo
que sua dinâmica de continuidade se caracteriza pela exclusão, do início do
período orçamentário, de cada mês encerrado; e pela inclusão de um novo mês
no final do mesmo período, conforme conceitualmente representado na imagem
a seguir:
Alguns segmentos de negócios
Por exemplo, de algumas empresas do ramo de tecnologia avançada, cujos
produtos possuem ciclo de vida muito curto, e da indústriade vestuário feminino
que está sujeita às rápidas variações das tendências da moda (HOJI, 2018).
Representação conceitual da dinâmica do orçamento contínuo.
No orçamento contínuo, a ação de analisar o que deu certo e o que deu errado
no mês anterior é parte intrínseca do método e fornece aos gestores dados que
permitem avaliar o desempenho da execução e promover correções e/ou
melhorias.
O orçamento contínuo apresenta três vantagens em relação aos outros tipos de
orçamento:
Uma desvantagem do orçamento contínuo é o alto custo gerado pela
necessidade de que seja mantida uma estrutura administrativa que promova
constantemente a atualização dos planos orçamentários.
Facilita a agiliza a tarefa de orçar
para períodos menores.
Facilita a incorporação ou a
desincorporação de variáveis no
orçamento.
Produz orçamentos mais
detalhados e com maior nível de
precisão.
Orçamento incremental ou de
tendências
A principal característica do
orçamento incremental é tomar como
base as receitas e as despesas
ocorridas no orçamento do exercício
anterior e propor um aumento
percentual para o ano seguinte. O
aumento proposto normalmente
corresponde à inflação ocorrida no
período, ou a outro índice de correção
que represente melhor o segmento de
mercado em que a empresa atua.
Confira abaixo as principais vantagens e desvantagens deste tipo de orçamento:
Uma vantagem apresentada pelo orçamento incremental é que sua
técnica é de fácil utilização e baixo custo, razão pela qual algumas
empresas adotam esse tipo de orçamento como ponto de partida para
implantação do planejamento e controle.
A grande desvantagem do orçamento incremental está em tomar como
referência somente dados do passado e desconsiderar importantes
aspectos do planejamento para elaboração de um orçamento mais
realista. Em função de tal limitação, o orçamento incremental pode não
se apresentar como um instrumento adequado para orientar a gestão
financeira da empresa.
Se por um lado o orçamento incremental é desconectado de qualquer tipo de
planejamento, por outro, em alguns casos de empresas que atuam em mercados
mais estáveis, sua adoção tem apresentado resultados satisfatórios.
Isso ocorre porque, de maneira geral, há uma tendência de que eventos
passados se repitam. Entretanto, é muito ingênuo imaginar que projetar o futuro
apenas baseado em eventos passados seja suficiente para contemplar todas as
situações pois, no futuro, poderão ocorrer novos eventos, não alcançados pela
técnica do orçamento incremental.
Orçamento base zero (OBZ)
O orçamento base zero caracteriza-se por desconsiderar os dados do passado,
pois a metodologia desse tipo de orçamento determina que dados históricos não
sejam utilizados para elaboração do orçamento.
Vantagem 
Desvantagem 
O orçamento base zero parte do princípio que desconsiderar dados do passado
é uma forma de evitar a repetição de erros ou a incorporação de ineficiências
que possam ter existido. Trata-se de uma abordagem em que o orçamento é
elaborado a partir “do zero”.
A implementação do método OBZ segue basicamente quatro etapas:
1. Estabelecimento do valor total dos recursos financeiros que serão
destinados aos gastos da empresa no período ao qual o orçamento se
refere (normalmente, um ano). Na prática, o estabelecimento do valor
total de gastos funciona como uma “linha de corte” abaixo da qual os
itens não são contemplados no orçamento;
2. Apresentação, pelas áreas da empresa, do valor total dos recursos
financeiros necessários para cada item (projeto ou atividades) que a
própria área pretende alocar no orçamento;
3. Discussão com os gestores quanto à relevância de cada um dos itens
apresentados pelas áreas da empresa e estabelecimento da respectiva
prioridade. Na prática, o estabelecimento de prioridades ordena os
itens – dos mais importantes para os menos importantes;
4. Os itens classificados abaixo da linha de corte são eliminados.
Se por um lado, a metodologia do OBZ se alinha com os princípios da melhoria
contínua por meio da avaliação dos projetos e atividades de todas as áreas da
empresa, permitindo identificar possíveis pontos de melhoria ou de redução de
custos, por outro, sua manutenção requer procedimentos burocráticos e
volumosos, consumindo mais tempo e recursos em relação a outros tipos de
orçamento (HOJI, 2018).
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A integração entre orçamento e planejamento decorre da estratégia da
empresa e elucida, com maior ou menor nível de detalhe, alguns elementos
sem os quais não é possível executar os processos produtivos. Entre as
opções a seguir, assinale aquela que indica alguns desses elementos
A
Números e valores planejados para produção (metas de
produção).
B
Previsão dos resultados financeiro e não operacional para o
período orçamentário.
Parabéns! A alternativa A está correta.
O orçamento é um instrumento que fornece informações sobre a produção a
ser executada em períodos futuros. O planejamento fornece números e
valores para intervalos futuros de tempo. É importante lembrar que para
períodos futuros são apresentas previsões e não dados.
Questão 2
Existem diversos tipos de orçamento empresarial, cada um com suas
próprias características e aplicabilidades. Considerando tal afirmativa,
assinale a opção de resposta que indica os tipos de orçamento que
correspondem aos itens a seguir.
I. Foi criado para suprir a necessidade de que sejam feitas mudanças durante
a produção e é direcionado ao controle dos custos operacionais.
II. Caracteriza-se pela exclusão, do início do período orçamentário, de cada
mês encerrado; e pela inclusão de um novo mês, no final do mesmo período.
III. Toma como referência somente dados do passado e desconsidera
importantes aspectos do planejamento necessários para elaboração do
orçamento.Marque a resposta correta:
Parabéns! A alternativa C está correta.
Ao contrário do orçamento estático, que não permite alterações, o orçamento
flexível foi criado para suprir a necessidade de que sejam feitas mudanças
C Nível da atividade operacional dos principais concorrentes.
D
Histórico dos níveis de produtividade dos exercícios
financeiros anteriores.
E
Dados sobre os custos operacionais e financeiros para
intervalos futuros de tempo.
A Base zero, variável e incremental.
B Incremental, tendência e estático.
C Variável, contínuo e incremental.
D Tendências, contínuo e estático.
E Incremental, base zero e contínuo.
durante sua execução e é direcionado ao controle dos custos operacionais. O
orçamento contínuo é normalmente elaborado para um ano, e sua dinâmica
se caracteriza pela exclusão, do início do período, de cada mês encerrado, e
pela inclusão de um novo mês no final do período. A principal característica
do orçamento incremental é tomar como base apenas o que ocorreu no
orçamento do exercício anterior e propor um aumento percentual para o ano
seguinte, sem considerar informações do planejamento, ou seja, baseia-se
somente em dados do passado.
2 - Planos orçamentários
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os elementos que
compõem as estruturas dos planos orçamentários.
Planos orçamentários
É no contexto das ações de planejar e controlar que os gestores utilizam o
orçamento, desdobrando-o em planos orçamentários para coordenar o ingresso
das receitas e a alocação dos recursos, “fazendo acontecer” o controle, visando
produzir os resultados projetados. Os planos que compõem um orçamento
operacional estão fortemente relacionados entre si e podem ter certa
complexidade.
A elaboração do orçamento empresarial global parte de uma visão abrangente
fornecida pelo planejamento e tem como principal objetivo implementar o plano
estratégico, seguindo uma sequência lógica de vários planos orçamentários, a
que Sobanski (2011) chamou de “suborçamentos”, e que integram dois
segmentos orçamentários estruturantes: orçamento operacional e orçamento
financeiro.Saiba mais
Os termos “plano orçamentário”, “orçamento” e “suborçamento” podem ser
indistintamente utilizados para referir-se às estruturas que compõem um
orçamento empresarial.
A figura a seguir mostra uma representação conceitual dos suborçamentos que
compõem o orçamento empresarial global:
Exemplo da estrutura de orçamento empresarial global.
Quando o orçamento é elaborado com consistência e coerência, alinhando os
diferentes planos orçamentários com o plano estratégico, são maiores as
chances de que, durante o exercício financeiro, a execução ocorra com pouca ou
nenhuma dificuldade. Entretanto, caso partes dos planos orçamentários não siga
o planejamento, podem ocorrer dificuldades no gerenciamento de alguns
elementos da empresa.
Orçamento operacional
O orçamento operacional é formado basicamente por quatro orçamentos:
Vendas;
Produção;
Despesas;
Capital.
Produção
Engloba os suborçamentos de matérias-primas, mão de obra direta e custos
indiretos de fabricação.
A etapa de desenvolvimento do orçamento operacional geralmente é iniciada
com o orçamento de venda, partindo-se depois para os demais. Entretanto,
Sobanski (2011) alerta que nem sempre as empresas começam a elaboração do
orçamento global pelo plano de vendas, como é o caso, por exemplo, de uma
indústria cujos produtos têm uma demanda que excede a capacidade de
fabricação. Nesse caso, a elaboração do orçamento pode ser iniciada pelo
planejamento das quantidades a produzir, para só depois ser determinado
quanto será vendido.
Outro exemplo é o caso de uma
indústria de álcool e açúcar cuja
produção depende da previsão da
colheita de cana-de-açúcar da região.
Nesse caso, a elaboração do
orçamento poderá ser iniciada pelo
planejamento da compra de matéria-
prima (cana-de-açúcar), para depois
determinar quanto irá produzir e
vender.
Após a conclusão da etapa de elaboração dos planos operacionais, fica
disponível um conjunto de informações capaz de subsidiar a elaboração de
demonstrações financeiras projetadas.
Na sequência, finalizando o processo de elaboração do orçamento, os gestores
revisam e analisam todos os elementos, e promovem os ajustes que
eventualmente entendam como necessários para melhorar as condições de
execução dos planos, reduzir os riscos e potencializar o resultado projetado,
caso seja lucro, ou reduzir, caso seja prejuízo.
Veremos a seguir com um pouco mais de detalhes cada um dos orçamentos
citados.
Orçamento de vendas
O orçamento de vendas representa a maior fonte de receitas da empresa e está
dentro de um contexto mais amplo, vinculado ao plano de marketing.
Plano de Marketing
Como componente do planejamento estratégico, um plano de marketing tem ampla
abrangência dentro da empresa e não se prende apenas ao plano de vendas. O
plano de marketing também trata de questões como publicidade e propaganda,
plano de desenvolvimento tecnológico, mix de produtos e serviços, desenvolvimento
da marca, política de descontos, prazos e formas de recebimento etc.
O ponto chave do orçamento operacional é
o orçamento de vendas. Na realidade, o
orçamento de vendas é o ponto de partida
de todo o processo de elaboração das
peças orçamentárias. [...] Com isso o
volume de vendas torna-se o fator limitante
para todo o processo orçamentário.
(PADOVEZE, 2015, p. 77)
A elaboração do orçamento de vendas é uma das etapas mais importantes do
planejamento orçamentário, pois não se pode conceber um negócio sem vendas
e o correspondente fluxo de entrada de recursos financeiros. Além disso, o plano
de vendas também determina o volume de atividade que a empresa terá no
período ao qual se refere, ou seja, o orçamento de vendas indica as bases do
orçamento de produção.
O orçamento de vendas deve ser
elaborado de maneira coerente com o
que prescreve o plano estratégico e
com a participação da equipe de
vendas, de modo que as projeções das
vendas que a empresa pretende
realizar dentro de um determinado
período sigam as diretrizes em termos
de volume, preços, participação no
mercado etc.
Para Sanvicente e Santos (2009, p. 48), “São raras as empresas que não
encontram dificuldades para elaborar previsões de vendas. As características da
empresa, de seus produtos e mercados determinam o grau de dificuldade das
previsões”.
Elaborar previsões de vendas para um determinado período não é um exercício
de adivinhação. Não é, como se diz em linguagem popular “um chute”. Kotler e
Keller (2012, p. 95) citam que “Modelos matemáticos, técnicas estatísticas
avançadas e procedimentos informatizados de captação de dados são
essenciais para qualquer tipo de previsão de demanda e de vendas”.
Coletar informações, prever a demanda e projetar vendas pode envolver a
análise de fatores como:
Mercados étnicos;
Grau de instrução;
Padrões familiares;
Psicologia do consumidor;
Distribuição de renda, poupança, endividamento e disponibilidade de
crédito;
Ambiente sociocultural;
Valores culturais;
Ambiente tecnológico;
Revolução do marketing verde.
Após analisadas e ajustadas pelos gestores aos objetivos do planejamento
estratégico, as previsões de vendas são aprovadas, planificadas e internalizadas
no orçamento de vendas, após o que são repassadas à área de produção.
Marketing verde
Acelera o o ritmo das mudanças tecnológicas, propiciado oportunidades ilimitadas
para a inovação e elevado os orçamentos de Pesquisa e desenvolvimento.
Orçamento de produção
O orçamento de produção consiste basicamente em um plano que tem como
objetivo atender à programação das vendas orçadas para período a que se
refere. É a partir das previsões de vendas que são determinadas as quantidades
que devem ser produzidas, considerando a existência de estoques.
O orçamento de produção é a base para definição de três outros orçamentos:

Orçamento
de
matérias-
primas

Orçamento
de mão de
obra direta

Orçamento
de custos
indiretos
de
fabricação
Os planos de produção devem buscar conciliar três aspectos, às vezes,
conflitantes entre si:

Atender ao
orçamento
de vendas

Minimizar
os custos
de
produção

Minimizar
os custos
de
estocagem
Um conflito comum entre as áreas financeira e de vendas é que à área financeira
interessa minimizar os investimentos em estoque, por absorverem considerável
parte dos ativos da empresa, enquanto, em sentido oposto, à área de vendas
interessa que sejam mantidos maiores estoques, de modo que não faltem
produtos para comercialização e os prazos de entrega possam ser atendidos ou
até mesmo reduzidos.
Em uma empresa industrial, que organiza sua produção a partir do orçamento de
vendas, o orçamento de produção tem início com o envio, pelo setor de
marketing para o setor de produção, das informações referentes ao volume de
venda previsto e às especificações dos produtos.
Além das informações fornecidas pelo setor de marketing, a elaboração dos
planos que compõem o orçamento de produção deve levar em conta fatores
como:
Capacidade instalada;
Política de estoque;
Orçamento de novos investimentos;
Capacidade dos fornecedores;
Mão de obra disponível;
Custos indiretos de produção.
Os gastos com as matérias-primas e a mão de obra direta representam custos
diretos de produção, ou seja, os valores são diretamente apropriados aos
produtos.
Os custos indiretos de fabricação são aqueles que não se sabe exatamente
quanto pertence a cada produto e, portanto, precisam ser rateados antes de
serem apropriados. Esses custos são tratados no orçamento de custos indiretos
de fabricação.
Matérias-primas
Matéria-prima é qualquer material que por transformação ou montagem seja
fisicamente incorporado ao produto.
Mão de obra direta
Mão de obra direta é qualquer trabalho, executado pelo homem, que modifique o
produto.
Estabelecimento da política de
estoque
Segundo Moreira (2012, p. 25) “os estoques são um dos vilões mais conhecidos
da administração, mas frequentemente sua existência é inevitável”.
Existem basicamente três diferentes tipos de estoques:
Matérias-primas;Produtos em elaboração;
Produtos acabados.
Além desses, existe também o
estoque de materiais de manutenção
e outros materiais. Esse tipo de
estoque nem sempre é tratado por
meio de uma política. Isso porque a
demanda por materiais de
manutenção, muitas vezes, é aleatória
e envolve valores inexpressivos, o que
ocasiona dificuldades para tratá-los
por meio de uma política.
Geralmente, os valores referentes aos gastos com esse tipo de material são
considerados apenas no final do período, para efeitos de apuração do resultado
econômico-financeiro. Entretanto, quando os valores envolvidos são expressivos,
os gestores não podem deixar de apropriá-los tempestivamente aos produtos,
utilizando, caso seja necessário, técnicas estatísticas.
Confira a seguir os setores que precisam estar informados na política de
estoque, para conduzirem suas atividades de acordo com as orientações e
procedimentos estabelecidos.
Setores diretamente envolvidos na política de estoque.
De acordo com Welsch (1985), a política de estoque deve considerar:
A gestão de estoques remete à metodologia de cálculo de lote econômico (LE),
um importante conceito para boa gestão de estoques. Por meio do LE, pode-se
determinar a quantidade ótima de unidades que deve ser encomendada a cada
pedido e obter o menor custo, levando-se em conta os custos de obtenção
(adquirir ou produzir) e os custos de estocagem, exemplificados a seguir:
Custo de
aquisição
• Manuseio e embarque;
• Frete;
• Espaço;
• Segurança;
• Comunicação.
Custo de
produzir
• Custo padrão de
produção;
• Custo padrão de
preparação das
máquinas.
Custo de
estocagem
• Manuseio e espaço;
• Conservação;
• Segurança;
• Oportunidade (capital
investido);
• Depreciação e
obsolescência.
Custo Padrão
 As quantidades necessárias para atender as previsões de
vendas.
 A perecibilidade dos produtos.
 A duração do período de produção.
 As instalações de armazenamento.
 Proteção contra faltas de matéria-prima, mão de obra e
aumento de preços.
 Riscos associados a estoques: obsolescência, perdas,
furtos, queda de preços e insuficiência de procura.
É o custo estabelecido pela empresa como meta para os produtos que são
fabricados, levando-se em consideração a quantidade e os preços dos insumos
necessários à fabricação, bem como o volume a ser produzido.
Custo de oportunidade
É o preço que se paga por fazer uma escolha de investimento e renunciar a outra.
No contexto aqui apresentado, refere-se ao custo decorrente da decisão de investir
em estoque em detrimento de outras opções como, por exemplo, comprar novas
máquinas, modernizar as instalações, investir em propaganda etc.
Na particularidade de a empresa comprar ou produzir, o conceito de LE se divide
em:
Lote econômico de compra (LEC)
Tem por objetivo minimizar os custos, por meio do balanceamento
entre os custos de aquisição dos materiais e os custos de manutenção
dos estoques.
Lote econômico de produção (LEP)
Tem por objetivo minimizar os custos, por meio do balanceamento
entre os custos de produção e preparação das máquinas (setup) e os
custos de manutenção do estoque.
O modelo do lote econômico de compra (LEC) é um dos mais aplicados para
auxiliar os gestores na definição de uma política de estoques e responde a duas
questões básicas: é vantajoso para a empresa estocar? Se for: qual quantidade
deve ser comprada ou produzida a cada pedido?
Exemplo de Aplicação do LEC
A empresa XYZ produz diariamente 400 unidades da bolsa Modelo BL022 e
dedica 365 dias de operação por ano à fabricação do produto, o que gera uma
produção anual de 146.000 un. (400 x 365 = 146.000). Vejamos alguns detalhes:
 A fabricação de cada bolsa consome 5 zíperes, o que
provoca um consumo 2.000 unidades de zíperes por dia
(400 x 5 = 2.000).
 Os zíperes são adquiridos de um fornecedor ao preço de
R$2,00 a unidade.
A empresa quer saber: qual quantidade deve ser encomendada a cada pedido
para que o custo seja o menor possível?
Resolvendo:
LEC = lote econômico de compra (o que se deseja saber);
P = custo de obtenção dos zíperes = R$273,98;
C = consumo anual = 730.000 unidades (2.000 unidades x 365 dias);
I = custo unitário de estocagem = R$0,25 (R$0,10 + R$0,15).
O LEC é calculado com o uso da seguinte equação:
Pode-se testar a validade da equação por meio do estabelecimento de pedidos
com quantidades hipotéticas, conforme apresentado na tabela a seguir:
Quantidade pedido
hipotética
Quantidade
consumo anual
Custo de obtenção
(b ÷ a) x R$ 273,98
Custo médio d
estocagem a ÷
R$ 0,25
a b c d
4.000 730.000 50.001 500
10.000 730.000 20.001 1.250
20.000 730.000 10.000 2.500
 O fornecedor faz a entrega dos zíperes na fábrica ao custo
de R$273,98 por pedido e demora 3 dias para entregar,
independentemente da quantidade.
 O custo de manutenção dos zíperes em estoque (manuseio,
espaço, seguro etc.) foi calculado em R$200 ao ano, para
2.000 unidades, ou seja, R$0,10 por unidade (R$200 ÷ 2.000
= R$0,10).
 A empresa espera receber um retorno de 7,5% sobre o
investimento feito em estoque (custo de oportunidade =
R$2,00 x 7,5% = R$0,15 por unidade).
LEC = √ 2PC
I
LEC = √ 2.273, 98.730.000
0, 25
= 40.000 unidades 
30.000 730.000 6.667 3.750
40.000 730.000 5.000 5.000
50.000 730.000 4.000 6.250
60.000 730.000 3.333 7.500
70.000 730.000 2.857 8.750
Quadro: Dados para comprovação do LEC.
Elaborado por Cristóvão Araripe Marinho
Observação: O fato de o custo de obtenção ter sido igual ao custo de estocagem
não é coincidência, pois no ponto do LEC esses custos se igualam, como pode
ser visualizado no gráfico a seguir:
Gráfico: Lote econômico de compra.
Elaborado por Cristóvão Marinho
Uma interessante observação que pode ser feita em relação à gestão de
estoques refere-se à sincronização entre o ritmo de consumo de matéria-prima e
o ritmo dos pedidos.
No exemplo, durante o ano, são consumidas 730.000 unidades, o que implica a
realização de 18,25 pedidos de 40.000 unidades ao longo do período (730.000 ÷
40.000 =18,25), o que, em termos lineares, faz com que seja realizado um pedido
a cada 20 dias (365 ÷ 18,25 = 20).
A taxa média de consumo de zíperes é de 2.000 unidades a cada dia (730.000 ÷
365 = 2.000) que, para efeito de melhor visualização gráfica, pode ser
representada em blocos de 10.000 un. a cada 5 dias (10.000 ÷ 2.000 = 5).
O gráfico a seguir representa essa relação para um ritmo de consumo constante
e um prazo de entrega de 3 dias:
Gráfico: Relação entre os ritmos de consumo e pedidos.
Elaborado por Cristóvão Marinho
Embora o exemplo aqui apresentado considere a produção e o consumo de
matéria-prima constantes, na prática, é comum ocorrer variações e atrasos nos
recebimentos dos pedidos de itens para os estoques. A fim de contornar
possíveis problemas decorrentes desses fatos, a empresa pode (e deve)
estabelecer um estoque adicional, conhecido como estoque de segurança. A
manutenção de estoques de segurança gera custos adicionais.
Orçamento de matérias-primas
A elaboração do orçamento de matérias-primas percorre as seguintes etapas:
1. Determinação dos tipos e quantidades das matérias-primas que devem
ser adquiridas para atender o orçamento de produção;
2. Alinhamento do orçamento de matérias-primas com a política de
estoque;
3. Elaboração de um programa de aquisição de matérias-primas
(orçamento de compras);
4. Elaboração de estimativas dos custos das matérias-primas que serão
utilizadas na produção.
As etapas estão fortemente relacionadas entre si e, para casos mais simples,
podem ser combinadas em uma só, sendo usual que as etapas 1 e 4 sejam
unificadas. Entretanto, em casos mais complexos, seguir separadamente cada
etapa pode ser importante.
Determinação das quantidades, tipos e custos das matérias-
primas
O orçamento de produção deve informar os tipos e as quantidades das matérias-
primas necessárias para fabricação de cada produto.
As quantidades e os valores das
matérias-primas que compõem cada
produtodevem ser estimados no total
anual e em períodos menores,
conforme as necessidades de
informações dos demais setores da
empresa e para viabilizar o controle de
estoque.
Veja o exemplo a seguir:
Setor de compras
O setor de compras precisa programar as datas de aquisição.
Setor �nanceiro
O setor financeiro precisa assegurar a disponibilidade de recursos para
pagar os materiais adquiridos, nas datas de vencimento.
Setor de produção
O setor de produção precisa controlar os estoques, de modo a não
faltarem os insumos necessários à fabricação, o que poderia causar a
paralisação da produção.
O orçamento de matérias-primas deve ser detalhado pelos diferentes setores da
empresa que participam do processo produtivo.
Alinhamento do orçamento de matérias-primas com a
política de estoque
Manter matérias-primas em estoque representa incorrer em gastos muitas vezes
elevados, o que torna necessário que a política de estoque também leve em
conta o método de fabricação a ser empregado, pois há uma estreita relação
entre os estoques, os métodos de fabricação e as características dos produtos.
Existem basicamente três diferentes métodos de produção:
Ao nível de vendas;
Constante;
Por ciclos.
A seguir, confira mais detalhes de cada um desses métodos e suas
características, vantagens e desvantagens.
Certos produtos, como, por exemplo, os perecíveis não devem ser
estocados, seja em função do risco de rápida deterioração ou do elevado
custo de mantê-los em estoque, como é o caso de produtos que
necessitam de refrigeração.
Principais vantagens: Baixo investimento em estoque; redução dos
gastos de manutenção de estoques; menor risco de obsolescência física
ou técnica dos produtos.
Principais desvantagens: Requer maior capacidade instalada que pode
ficar ociosa durante certos períodos; perda de vendas se a demanda
aumentar de forma repentina; maior rotatividade da mão de obra com
aumento nos gastos com recrutamento, seleção e treinamento.
Geralmente, é vantajoso manter os níveis de produção estáveis, mas a
sazonalidade das vendas é um fenômeno que alcança indústrias que
atuam em diferentes segmentos de mercado.
Principais vantagens: Otimização do uso da capacidade instalada
(máquinas, equipamentos, instalações e a infraestrutura em geral);
estabilidade e qualificação da mão de obra; redução dos gastos com
treinamento; previsibilidade e economia na compra de matérias-primas.
Produção ao nível de vendas 
Produção constante 
Principais desvantagens: Necessidade de maior área para estocagem;
risco de obsolescência; necessidade de maior volume de recursos
financeiros para investir em estoque; aumento dos gastos com seguro.
É utilizada quanto o custo de substituição de equipamentos ou de ajustes
da configuração (setup) da planta produtiva para início da produção torna
proibitivo que sejam realizadas frequentes alternâncias dos produtos que
entram no processo de fabricação.
Principais vantagens: Redução dos gastos com substituição de
equipamentos; redução do tempo de paralisação necessário para
substituir as máquinas e configurar a planta produtiva.
Principais desvantagens: Necessidade de maior área para estocagem;
risco de obsolescência; necessidade de maior volume de recursos
financeiros para investir em estoque; aumento dos gastos com seguro.
Elaboração de um programa de aquisição de matérias-
primas (orçamento de compra de matérias-primas)
Estando aprovado, o orçamento de matérias-primas indica as quantidades
previstas para cada tipo de matéria-prima necessária e os níveis de estoque
desejáveis. A partir daí, o próximo passo consiste em elaborar um orçamento de
compras, planificando as quantidades com os correspondentes custos de
aquisição e indicando as melhores datas de aquisição e recebimento.
Comentário
A previsão dos custos unitários das matérias-primas é uma tarefa complexa e de
grande importância, especialmente para as empresas cujos preços dos insumos
necessários à produção estão sujeitos a maiores variações e/ou que as
matérias-primas representam expressiva parcela dos custos de produção.
Um orçamento de compras bem elaborado, com previsões realistas de preços,
criteriosa seleção de fornecedores, definição de prazos precisos e com uma
política de estoque consistente, pode se constituir como um importante
instrumento para redução dos custos de matérias-primas e estocagem.
O planejamento e o controle da utilização e dos custos de matérias-primas são
processos fundamentais, pois a redução dos custos de produção e estocagem e
o bom andamento dos processos produtivos dependem substancialmente dos
fluxos de aquisição e utilização de matérias-primas.
Orçamento de mão de obra direta (MOD)
A elaboração de um orçamento de mão de obra direta também se reveste de
grande importância para as empresas e percorre dois passos básicos:
1. Estimar a quantidade de horas de mão de obra necessária para cumprir
as metas de produção;
2. Calcular o custo de mão de obra para fabricação de cada produto.
Produção por ciclos 
O objetivo macro do
orçamento de mão de
obra direta é estimar a
necessidade de recursos
humanos, recrutamento,
treinamento, avaliação e
especi�cação de tarefas,
avaliação desempenho,
negociação com
sindicatos e
administração salarial.
(LUNKES, 2009, p. 61)
O custo de mão de obra direta é representado pelos salários pagos aos
funcionários ocupados em operações produtivas ou que têm a seu cargo o
controle de operações específicas de fabricação (SANVICENTE; SANTOS, 2009).
Na prática, uma alternativa que os
gestores têm para simplificar a
elaboração do orçamento de mão de
obra direta é calcular as taxas médias
de remuneração e utilizá-las para fazer
as previsões de gastos com mão de
obra direta.
O método mais comum de cálculo
desse tipo de taxa consiste em
identificar, por departamento, a taxa
de remuneração dos funcionários que
atuam diretamente na produção e
calcular uma taxa média de
remuneração. Essa taxa média pode
ser utilizada para projetar os custos de
mão de obra direta.
Outros serviços, como manutenção de máquinas e almoxarifado são auxiliares
aos processos produtivos e não são considerados como mão de obra direta
porque seus custos são comuns a vários produtos e, portanto, a apropriação
depende do rateio dos valores envolvidos. Os custos de mão de obra desses
serviços constituem custos indiretos. Em outras palavras:
Pode-se dizer que, para efeito de planejamento orçamentário,
os custos de mão de obra direta são apenas aqueles
previstos para pagar funcionários que atuam diretamente na
produção.
As previsões dos pagamentos destinados aos demais funcionários, ainda que os
serviços por eles executados possam estar de alguma forma relacionados à
produção, são considerados custos indiretos e tratados no orçamento de custos
indiretos de fabricação.
Orçamento de custos indiretos de fabricação (CIF)
O orçamento de custos indiretos de fabricação (CIF) é um dos mais complexos
de ser elaborado devido à dificuldade para relacionar o montante de custos
indiretos aos volumes de produção.
Os custos indiretos de produção são compostos por:
Custos �xos
Não sofrem o efeito das
variações das quantidades
produzidas.
Semi�xos ou
semivariáveis
Sofrem pouco efeito das
variações das quantidades
produzidas.
Os CIF só podem ser apropriados de forma indireta aos produtos, ou seja,
mediante estimativas, critérios de rateio ou previsão de comportamento de
custos. Eles abrangem todos os custos fabris que não podem ser classificados,
como matéria-prima ou mão de obra direta. Eles representam ainda a parte dos
custos totais que não consegue ser diretamente associada aos produtos.
Os CIF são alocados aos produtos por meio de algum método de custeio, que é
definido conforme a necessidade e a visão da empresa. Os principais métodos
de custeio são:
Custeio variável ou direto;
Custeio por absorção;
Custeio padrão;
Custeio baseado em atividades (Activity Based Costing – ABC);
Unidade de esforço de produção(UEP).
Vamos conferir alguns exemplos de custos indiretos que geralmente são
alocados conforme os custeios que acabamos de ver:
Energia elétrica;
Depreciação de equipamentos;
Aluguel do galpão da fábrica.
Energia Elétrica
Gasta para iluminar o galpão da fábrica pode atender a vários produtos
simultaneamente, de modo que não se consegue saber com exatidão quanto
pertence a cada produto, por isso, precisa ser rateada entre os produtos
Depreciação de equipamentos

Equipamentos utilizados na fabricação de mais de um produto.
Saiba mais
Materiais de manutenção e outros materiais auxiliares nos processos produtivos
compõem os custos indiretos de fabricação. Exemplos: lubrificantes, lixas,
combustíveis, flanelas, colas, espessantes, fixadores etc.
De acordo com Lunkes (2007), a elaboração do orçamento de custos indiretos
de fabricação pressupõe que os custos sejam separados em dois grupos:
Custos controláveis
São aqueles que podem ser
diretamente influenciados
pelos gestores com poder
de autorizá-los e pelos
quais são responsáveis
(exemplos: energia elétrica
– parte variável – e mão de
obra indireta).
Custos não
controláveis
São os que os gestores não
conseguem autorizar e,
portanto, não podem ser
responsabilizados por seu
controle e
acompanhamento
(exemplos: energia elétrica
– parte fixa – e aluguel do
galpão da fábrica).
Orçamento de despesas
O orçamento de despesas é constituído por despesas administrativas,
comerciais, pesquisa e desenvolvimento, tributárias, financeiras etc., ou seja, por
todos os gastos previstos para o período orçamentário, exceto os custos de
produção. Em outras palavras:
O orçamento de despesas é constituído por todos os gastos
necessários para administrar e vender os produtos e serviços,
exceto aqueles relativos aos custos de produção.
Por meio do orçamento de despesas, são apuradas as despesas de todos os
setores da empresa. É, portanto, um plano amplo e diversificado, que abrange
muitos itens.
Veja com mais detalhes os principais itens de despesa das seguintes áreas:

São predominantemente despesas fixas.
Salários, encargos sociais, férias, abono natalino, indenizações e aviso
prévio do pessoal administrativo; treinamento; terceirização; material de
escritório; reparos e manutenção; aluguéis e condomínios; comunicações
e internet; energia elétrica, gás e água; seguros etc.
Englobam os gastos efetuados com venda e distribuição.
Salários, comissões de vendedores e encargos sociais; patrocínios;
divulgação; propaganda; brindes; viagens; fretes; depreciação de veículos,
combustíveis etc.
Compreendem despesas com atividades que dão suporte à execução de
trabalhos de P&D em geral.
Financiamento de projetos de pesquisa; desenvolvimento de novos
produtos e tecnologias; promoção de concursos para inventores;
incentivos à inovação; patrocínio de artigos científicos; participação em
congressos científicos etc.
Abrange os pagamentos dos tributos que a empresa deverá realizar no
período ao qual o orçamento se refere.
Imposto de Renda; PIS; CONFINS; IPTU; ITR; Imposto Sindical; Imposto de
Importação; ISS; ICMS; IPI; IPVA, taxas em geral etc.
Diz respeito aos gastos com captação de recursos financeiros. Em geral,
são destinadas a formar capital de giro ou comprar algum bem para o
ativo permanente.
Juros de empréstimos e financiamentos; IOF; taxas e comissões
bancárias em geral.
Orçamento de capital
Administrativas 
Comerciais 
Pesquisa e desenvolvimento 
Tributárias 
Financeiras 
O orçamento de capital, também conhecido como orçamento do ativo
permanente ou orçamento de investimentos, consiste em uma planificação que
contempla as projeções dos gastos destinados à aquisição de máquinas,
equipamentos, móveis, veículos, imóveis, obras que tenham a finalidade de
melhorar ou repor a capacidade produtiva etc. Ou seja, orçamento de capital é
integrado pelos projetos de aquisição ou transformação de bens que são
classificados no ativo permanente.
O processo de elaboração do orçamento de capital compreende quatro etapas:
Geração de propostas;
Cálculo e avaliação dos fluxos de caixa;
Revisão e análise;
Tomada de decisão.
As propostas de inclusão no orçamento de capital podem contemplar diferentes
tipos de projetos, podendo-se citar, por exemplo:
Reposição (substituição de equipamentos);
Expansão de produtos e mercados;
Modernização ou racionalização;
Pesquisa, desenvolvimento e inovação;
Segurança;
Projetos ambientais.
A elaboração de uma lista de projetos
com a indicação dos responsáveis
pela execução é o foco central do
orçamento de capital, devendo-se
atentar para o fato de que a maioria ou
até mesmo a totalidade dos
investimentos em projetos é
irreversível ou de difícil e custosa
reversibilidade.
Por esse motivo, o processo de seleção de investimentos em ativos
permanentes deve ser criterioso e estar vinculado ao planejamento estratégico
de longo prazo. Além disso, os investimentos em longo prazo normalmente
representam gastos substanciais de recursos e comprometem a empresa com
determinada estratégia de ação.
Existem diversas técnicas para selecionar projetos a partir de uma avaliação do
retorno financeira, sendo as principais:
 Payback (simples e descontado)
Este método se refere ao período de tempo necessário para
que as receitas geradas pelo projeto igualem seus custos,
ou seja, é o tempo necessário para recuperação do
investimento realizado. O payback pode ser calculado de
forma nominal ou considerar o valor do dinheiro no tempo,
utilizando uma taxa de desconto (normalmente, o custo de
oportunidade), caso em que é chamado de payback
descontado.
A utilização dessas técnicas é importante, pois a experiência nos mostra que
receber certa quantia de dinheiro no presente é melhor do que receber a mesma
quantia no futuro, entretanto, o verdadeiro valor de retorno de um investimento
depende de seu fluxo de caixa futuro.
Além da avaliação financeira, o processo de seleção de projetos para o
orçamento de capital deve levar em conta outros fatores como: mercado;
localização física; fluxo de suprimentos; custos; carga tributária; preços a serem
praticados; e condições de financiamento. Além disso, devem ser analisados o
maior número possível de alternativas.
Ferramentas de Planejamento
Estratégico
Neste vídeo, são apresentados os suborçamentos que compõem um orçamento
operacional e os principais pontos de interligação entre eles.
 Valor presente líquido (VPL)
O VPL indica quanto dinheiro o projeto gera em valores
atuais, considerando o pagamento de todas as despesas e o
recebimento de todas as receitas, descontados a uma taxa
de juros, normalmente representativa do custo de
oportunidade. Ou seja, o VPL consiste no valor presente de
pagamentos e recebimentos futuros, descontando uma taxa
de custo de capital. Observação: para calcular o payback
descontado utiliza-se o VPL.
 Taxa interna de retorno (TIR)
A TIR é a taxa de desconto que iguala o fluxo de caixa das
entradas (recebimentos) com o das saídas (pagamentos) de
recursos, trazidos todos esses fluxos a valor presente em
determinado momento estabelecido para comparação. Para
o projeto ser aprovado, a TIR tem que ser maior que o custo
de oportunidade da empresa.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Após a conclusão da etapa de elaboração dos planos operacionais fica
disponível um conjunto de informações que deve ser capaz de
Parabéns! A alternativa C está correta.
Orçar implica em prever – projetar. Elaborar um orçamento, seja operacional
ou financeiro, não dá qualquer tipo de garantia, tampouco assegura o
comportamento de qualquer variável. O orçamento operacional é formado
basicamente pelos planos de vendas, produção, despesas e capital, cuja
elaboração tem como objetivo final subsidiar a elaboração de demonstrações
financeiras projetadas.
Questão 2
O orçamento de produção deve buscar conciliar aspectos muitas vezesconflitantes entre si. Entretanto, apesar dos esforços para que isso não
ocorra, um conflito comum entre as áreas financeira e de vendas é que
A assegurar que as metas de vendas sejam atendidas.
B
garantir a minimização dos custos com aquisição de
matérias-primas.
C
subsidiar a elaboração das demonstrações financeiras
projetadas.
D garantir que os resultados projetados sejam alcançados.
E afastar os riscos operacionais.
A
à área financeira interessa minimizar os investimentos em
estoque e à área de vendas interessa manter apenas o
estoque de segurança.
B
à área financeira interessa minimizar os investimentos em
estoque e à área de vendas interessa reduzir as quantidades
em estoque.
C
à área financeira interessa maximizar os investimentos em
estoque e à área de vendas interessa que sejam reduzidos os
estoques.
Parabéns! A alternativa E está correta.
O orçamento de produção deve, simultaneamente, procurar atender ao
orçamento de vendas, minimizar os custos de produção e minimizar os
custos de estocagem, que são aspectos normalmente conflitantes entre si,
pois à área financeira interessa minimizar os investimentos em estoque, por
absorverem considerável parte dos ativos da empresa, enquanto, em sentido
oposto, à área de vendas interessa que sejam mantidos maiores estoques, de
modo que não faltem produtos para comercialização e os prazos de entrega
possam ser atendidos ou até mesmo reduzidos.
3 - Elaboração dos orçamentos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer boas práticas de
elaboração dos orçamentos de matérias-primas e de capital.
Prática das técnicas
orçamentárias
Com o objetivo de proporcionar uma visão da aplicação prática das técnicas
orçamentárias, neste módulo apresentaremos dois exemplos: o primeiro,
referente à elaboração de um orçamento de matérias-primas e o segundo, à
avaliação de duas propostas de inclusão, no orçamento de capital, de um
investimento para aquisição de uma máquina.
D
à área financeira interessa maximizar os investimentos em
estoque e à área de vendas interessa que sejam mantidos
maiores estoques.
E
à área financeira interessa minimizar os investimentos em
estoque e à área de vendas interessa que sejam mantidos
maiores estoques.
Exemplo de elaboração de um
orçamento de matérias-primas
A empresa XYZ Ltda. fabrica e vende dois produtos, ambos com boa aceitação:
Casaco térmico (CAT18);
Casaco de moletom (MOL21).
A empresa optou por operar em nível constante de produção; por ter um ciclo
operacional bastante rápido, não controla o estoque de produtos em elaboração.
Iniciando o processo orçamentário para o exercício financeiro de 20XX, o
departamento de marketing preparou o quadro 1, com a previsão de vendas da
empresa para o exercício de 20XX:
Produto
Vendas previstas
Quantidade
Preço R$ 1,00
Jan a Set
Casaco CAT18 415.000 120
Casaco MOL21 170.000 80
Quadro 1: Previsão de agregada vendas orçamento 20XX.
Elaborado por Cristóvão Marinho
Atenção!
Repare que no 4º trimestre os preços de vendas foram alterados.
Com o objetivo de fornecer à diretoria uma visão do comportamento previsto
para as vendas ao longo do exercício de 20XX, o setor de vendas detalhou, por
trimestre, as quantidades e os valores das vendas previstas para período (quadro
2), que indica que a empresa pretende obter uma receita de vendas da ordem de
R$68.580.000.
Período / Produto
1º trimestre
Jan – Mar
QT VR
Casaco
CAT18
50 6.000
Casaco
MOL21
18 1.440
Total - 7.440
Quadro 2: Vendas 20XX, por trimestre (QT em milhares de un. VR em R$ mil).
Elaborado por Cristóvão Araripe Marinho
Em seguida, o setor de vendas elaborou o quadro 3 que detalha, por mês, o
volume de vendas previstos para 20XX e encaminhou ao departamento de
produção.
Mês / Produto Jan Fev
Casaco CAT18 25 10
Casaco MOL21 10 4
Quadro 3: Previsão mensal de vendas 20XX (Quantidades em milhares de unidades).
Elaborado por Cristóvão Araripe Marinho
Com base nas informações recebidas do setor de vendas, o departamento de
produção calculou, para cada produto, a quantidade que deve ser fabricada
mensalmente para atender às estimativas mensais de vendas e atender à
política de estoque (quadro 4).
Produto Fonte Quadro Jan
Casaco CAT18
Venda prevista 3 25
(+) Estoque Final 30
(-) Estoque Inicial 20
= a produzir 35
Casaco MOL21
Venda prevista 3 10
(+) Estoque Final 15
(-) Estoque Inicial 10
= a produzir 15
Quadro 4: Determinação das quantidades a produzir para o ano 20XX (Quantidades em milhares de
unidades).
Elaborado por Cristóvão Araripe Marinho
Na sequência, o departamento de produção e o departamento de marketing
definiram a especificação técnica dos produtos (quadro 5) e encaminharam para
o setor de compras, junto com o quadro 4, que contém informações relativas às
quantidades a produzir.
Especificação técnica
Matéria-prima
Taxa
Quantidade Unidade de medida
Casaco térmico (CAT18)
MP01 3 metro
MP02 5 metro
MP03 4 metro
Casaco de moletom (MOL21)
MP01 2 metro
MP03 4 metro
Quadro 5: Especificação técnica dos produtos.
Elaborado por Cristóvão Araripe Marinho
Saiba mais
Na prática, as especificações técnicas incluem parâmetros como tamanho, cor e
pequenas variações de modelos. Esses detalhes não são tratados no exemplo
aqui apresentado.
O setor de compras consolidou as informações contidas no quadro 5, consultou
diferentes fornecedores e realizou licitações visando a obter as melhores
cotações e condições de fornecimento possíveis para as matérias-primas.
Com base nos valores das cotações e nas quantidades previstas de vendas, o
setor de compras elaborou o quadro 6, que apresenta as previsões dos custos
unitário e total dos produtos, e da quantidade total de matéria-prima a ser
adquirida no ano.
Especificação técnica
Preço unitário de
compra (R$ 1,00)
Custo unitário
previsto (R$ 1,0Tipo de matéria-
prima
Quantidade (Taxa)
Casaco térmico (CAT18): Produção prevista/ano 420.000 unidades
MP01 3 12,00 36,00
MP02 5 4,00 20,00
MP03 4 3,00 12,00
Total 68,00
Casaco de moletom (MOL21): Produção prevista/ano 180.000 unidades
MP01 2 12,00 24,00
Especificação técnica
Preço unitário de
compra (R$ 1,00)
Custo unitário
previsto (R$ 1,0Tipo de matéria-
prima
Quantidade (Taxa)
Casaco térmico (CAT18): Produção prevista/ano 420.000 unidades
MP03 4 3,00 12,00
Total 36,00
Quadro 6: Previsão dos custos unitário e total anual.
Elaborado por Cristóvão Araripe Marinho
Na sequência, o setor de compras elaborou o orçamento de unidades de
matérias-primas necessárias para produção mensal de cada produto (quadro 7).
Produto Jan Fev
Casaco CAT18
Fonte Quadro 4 35 35
MP Taxa
1 3 105 105
2 5 175 175
3 4 140 140
Casaco MOL21
Fonte Quadro 4 15 15
MP TX
1 2 30 30
3 4 60 60
Quadro 7: Unidades de matérias-primas necessárias para produção (em milhares de unidades).
Elaborado por Cristóvão Araripe Marinho
Finalmente, encerrando a etapa de elaboração do orçamento de matérias-primas,
o setor de compras elaborou o quadro 8, que apresenta a programação de
compras.
Jan Fev Mar
Matéria-prima 1
CAT18 105 105 105
MOL21 30 30 30
Total 135 135 135
(+) Estoque Final 200 210 210
(-) Estoque Inicial 200 200 210
= Compra (QT mil) 135 145 135
= Compra (R$ mil) 1620 1740 1620
Matéria-prima 2
CAT18 175 175 175
Total 175 175 175
(+) Estoque Final 340 370 380
(-) Estoque Inicial 320 340 370
= Compra (QT mil) 195 205 185
= Compra (R$ mil) 780 820 740
Matéria-prima 3
CAT18 140 140 140
MOL21 60 60 60
Total 200 200 200
(+) Estoque Final 500 500 500
(-) Estoque Inicial 480 500 500
Jan Fev Mar
Matéria-prima 1
= Compra (QT mil) 220 200 200
= Compra (R$ mil) 660 600 600
Quadro 8: Compra de matérias-primas Orçamento de 20XX.
Elaborado por Cristóvão Araripe Marinho
Exemplo de avaliação de propostas de
investimentos para inclusão no
orçamento de capital
Um dos métodos mais utilizados para avaliar propostas de investimento é o
payback. O payback é utilizado para saber o prazo de retorno de um
investimento.Ou seja, mostra quanto tempo (semanas, meses, anos) vai
demorar para que os rendimentos se igualem ao investimento que foi feito.
Para calcular o tempo necessário para a recuperação de um investimento, é
necessário saber quanto ele vai gerar periodicamente (anualmente,
mensalmente etc.) em receita, seja por geração de caixa ou redução de custos.
Existem duas formas se calcular o payback:
Payback simples
Considera o valor histórico
dos rendimentos futuros, ou
seja, não atualiza para o
presente os valores dos
fluxos de caixa futuros.
Payback descontado
Atualiza para o presente os
valores dos rendimentos
futuros (fluxos de caixa
futuros), por meio da
aplicação de uma taxa de
desconto.
No Brasil, a taxa de desconto normalmente utilizada é SELIC, que é a taxa básica
de juros da economia, porém, a empresa pode definir qualquer taxa que seja do
seu interesse, ou seja, a taxa que considere adequada para remunerar o
investimento realizado. Na literatura, essa taxa é comumente chamada de taxa
mínima de atratividade (TMA).
Para calcular o payback descontado é necessário atualizar o valor de cada
parcela do fluxo futuro para o presente (VPL), de acordo com a taxa de desconto,
o que é feito com a seguinte fórmula:
A seguir, confira o que significa cada elemento da fórmula:

V PL =
FC
(1 + TMA)n
VPL = valor presente líquido
FC = fluxo de caixa
TMA = Taxa Mínima de Atratividade
n = período
Vamos analisar um exemplo de aplicação do payback descontado.
A empresa XYX pretende substituir duas máquinas do seu parque industrial, o
que implica que parte das suas instalações tenha que ser reformada (layout e
instalações elétricas). A empresa recebeu duas propostas, ambas com o mesmo
valor de investimento inicial, mas com fluxos de caixa diferentes, conforme
apresentado na quadro 9.
O custo de capital de cada projeto é de 7,5% a.a. A diretoria solicitou que o chefe
do departamento financeiro analise as propostas e indique qual é a mais
vantajosa do ponto de vista econômico-financeiro.
Ano Projeto A Projeto B
0 (8.000.000) (8.000.000)
1 4.500.000 3.500.000
2 1.800.000 1.800.000
3 1.500.000 2.300.000
4 2.000.000 2.000.000
5 2.200.000 2.600.000
Quadro 9: Fluxos de caixa dos projetos.
Elaborado por Cristóvão Araripe Marinho
O quadro 10 mostra a aplicação do payback descontado, com a utilização da
fórmula do VPL.
Ano Tipo de Fluxo
Projeto A
FC VPL
0 Investimento inicial -8.000.000 -8.000.000
1
Fluxos Futuros (PV)
4.500.000 4.186.047
2 1.800.000 1.557.599
3 1.500.000 1.207.441
4 2.000.000 1.497.601
5 2.200.000 1.532.429
Resultado Líquido 4.000.000 1.981.116
Quadro 10: Comparação entre projetos com uso do método payback descontado.
Elaborado por Cristóvão Araripe Marinho
O resultado líquido é a soma de todos as parcelas do fluxo, incluindo o
investimento.
Repare que para ambos os projetos, o retorno ocorre entre os anos 3 e 4, que é
quando o saldo deixa de ser negativo. Para saber com exatidão qual foi o
payback descontado aplica-se a seguinte fórmula:
Projeto A: 3,07 = 3 + I - 1.048.914 I ÷ 1.497.601
Projeto B: 3,89 = 3 + I - 1.335.178 I ÷ 1.497.601
Atenção!
Lembre-se de que a ordem para realizar operações matemáticas é: 1º.
parênteses; 2º. potências; 3º. multiplicações; 4º. divisões; 5º. adição; 6º.
subtração.
O Projeto A deve ser escolhido por apresentar um retorno de 3,07 anos, que é
mais rápido que o do Projeto B que é de 3,89.
Uma constatação feita com a aplicação do payback é que, apesar do total do
fluxo líquido do Projeto B, R$4.200.000, sem desconto, ser maior que o do
Projeto A, R$4.000.000, a situação se inverte quando se calcula o VPL, pois
descontado da taxa, o total do fluxo do Projeto B passa a ser R$1.973.475, e o do
Projeto A R$1.981.116.
O valor presente líquido (VPL) é um
indicador utilizado para analisar a
viabilidade financeira de um projeto. O
cálculo é baseado no valor presente
dos recebimentos futuros que serão
gerados pelo projeto.
No exemplo, o total líquido do fluxo do
Projeto A é de R$1.981.116 e do
Projeto B R$1.973.475.
Portanto, ambos são positivos, ou
seja, ambos dão retorno real,
considerando a desvalorização do
dinheiro no tempo, com base na taxa
de desconto prevista (7,5%).
Ferramentas de Planejamento
Estratégico
Neste vídeo, após a exposição dos componentes de um orçamento de mão de
obra, é realizada uma apresentação da aplicação prática resumida.
Payback descontado = Último período negativo + |Saldo do último período negativo| ÷ Fluxo descontad

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A primeira tabela, a seguir, apresenta o orçamento de vendas do produto X
para o 1º. trimestre de 20XX. A segunda tabela apresenta as quantidades e
os preços de compra das matérias-primas que compõem o produto. Com
base nesses dados, calcule o custo unitário do produto e o resultado bruto
previsto para 20XX.
Orçamento de Vendas para o 1º trimestre de 20XX (quantidades em unidad
Jan
Qt. Valor
Produto A 400 20.000
Composição física do produto X (quantidade QT em unidades) e preço
das matérias-primas
Matéria-prima QT R$
MP X 4 4,00
MP Y 5 3,00
MP Z 10 0,25
A R$28,50 e R$11.000.
B R$40,00 e R$10.000.
C R$33,50 e R$9.900.
D R$28,50 e R$9.900.
E R$33,50 e R$10.000.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Cálculo do custo unitário:
matéria-prima QT R$
a b a x b
MP X 4 4,00
MP Y 5 3,00
MP Z 10 0,25
Total
Cálculo do resultado bruto previsto para 20XX:
Quantidade prevista de vendas 600 unidades
Custo unitário R$ 33,50
Custo total = 600 x 33,50 = R$ 20.100
Resultado = 30.000 – 20.100 = R$ 9.900
Questão 2
Existem duas formas se calcular o payback: payback simples payback
descontado. Qual é a diferença entre elas?
A
O payback simples soma os fluxos futuros de um
investimento com base na taxa SELIC e o payback
descontado considera o custo de oportunidade dos
investimentos.
B
O payback simples não se aplica a investimentos de
empresas de capital aberto, mas payback descontado se
aplica aos investimentos desse tipo de empresa.
C
O payback simples se aplica apenas a investimentos que têm
fluxo mensal e o payback descontado se aplica a
investimentos que têm fluxo com qualquer periodicidade.
D
O payback simples não atualiza o valor dos fluxos futuros de
um investimento e payback descontado atualiza tais fluxos
com base em uma taxa que é escolhida pela empresa.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Existem duas formas se calcular o payback: payback simples, que considera
apenas os valores históricos dos rendimentos futuros dos investimentos, ou
seja, não atualiza para o presente os valores dos fluxos de caixa; e payback
descontado, que atualiza para o presente os valores dos rendimentos futuros
dos investimentos, com base em uma taxa periódica (mensal, anual etc.)
escolhida pela empresa.
Considerações �nais
O orçamento é um instrumento amplamente utilizado pelas empresas para
instrumentalizar as funções de planejamento e controle de resultados, por meio
da implementação de um conjunto de planos.
O orçamento empresarial tem diferentes aplicações e proporciona diversas
vantagens para as empresas, principalmente no que se refere ao suporte à
tomada de decisões, à gestão e otimização dos processos produtivos e à
identificação de gastos desnecessários.
Existem diferentes tipos de orçamento e, como ferramenta de auxílio ao controle,
todos têm o objetivo de permitir que os gestores acompanhem e comparem os
resultados, e identifiquem a eventual necessidade de que sejam implementadas
ações corretivas ou preventivas.
Para algumas empresas, os estoques representam uma expressiva parcela dos
ativos e se deve ter especial atenção na sua gestão, utilizando-se, inclusive,
métodos matemáticos.
Finalizando, conhecemos os diferentes métodos de produção e os diversos
planos orçamentários que integram o orçamento operacional, e vimos uma
aplicação prática da elaboração de um orçamento de matérias-primas eda
avaliação de projetos para inclusão no orçamento de capital.
Podcast
E
O payback simples não corrige os fluxos futuros de um
investimento e o payback descontado corrige sempre pela
taxa SELIC.

Principais aplicações do orçamento empresarial, destacando a importância que
representa para a formação profissional conhecer e dominar as técnicas de
elaboração de um orçamento.
Explore +
Para saber como o orçamento empresarial pode auxiliar na gestão das
microempresas, leia o artigo Contribuições do orçamento empresarial à gestão
da micro empresa, de Clari Schuh, Daiene Pedó, Marco Aurélio Batista de Sousa,
Viviane da Costa Freitag e Silvio Paula Ribeiro, disponível na edição on-line da
Revista Livre de Sustentabilidade e Empreendedorismo, v. 5, n.2, 2020.
Para saber mais sobre a avaliação de propostas de inclusão de projetos no
orçamento de capital, leia o artigo Avaliação de projetos e investimentos –
planejamento do investimento, orçamento de capital, custo de capital e índices
financeiros e econômicos na tomada de decisão, de Kleber Mantovanelli
Barbosa, disponível na revista digital Intellectus, v.1, n. 47, 2018.
Referências
FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2017.
HOJI, M. Orçamento empresarial. 1. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 14. ed. São
Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012.
LUNKES, R. J. Manual de orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MARTINS, E. Contabilidade de custo. 11. ed. São Paulo: Atlas/Grupo GEN, 2018.
MOREIRA, D. Administração da produção e operações. 1. ed. São Paulo: Saraiva,
2012.
PADOVEZE, C. L. Planejamento orçamentário. 3. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2015.
SANVICENTE, A. Zoratto; SANTOS, C. C. Orçamento na administração de
empresas: planejamento e controle. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
SOBANSKI, J. Prática de orçamento empresarial: um exercício programado. 3.
ed. São Paulo: Grupo GEN, 2011.
VEIGA, W. E.; SANTOS, F. de A. Contabilidade de custos: gestão em serviços,
comércio e indústria. 1. ed. São Paulo: Atlas/Grupo GEN, 2016.
WELSCH, Glenn Albert. Orçamento empresarial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1985.
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