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LITERATURA 
BRASILEIRA 
 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
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Sumário 
1 O TEXTO LITERÁRIO ..................................................................................... 3 
2 A ARTE E A LINGUAGEM DA LITERATURA ................................................. 7 
3 A LITERATURA COMO GÊNERO E EXPRESSÃO DE UMA ÉPOCA ......... 11 
3.1 Gêneros .................................................................................................. 11 
3.1.1 Épico ................................................................................................ 12 
3.1.2 Lírico ................................................................................................ 15 
3.1.3 Dramático ......................................................................................... 16 
3.2 Expressão de uma época ....................................................................... 17 
4 AS ORIGENS EUROPÉIAS DA LITERATURA ............................................. 18 
4.1 Idade Média ............................................................................................ 18 
4.2 Humanismo ............................................................................................. 21 
4.3 Classicismo ............................................................................................. 22 
5 A LITERATURA BRASILEIRA DO QUINHENTISMO AO MODERNISMO ... 24 
REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ........................................... 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 O TEXTO LITERÁRIO 
 
A literatura brasileira, ao mesmo tempo em que é influenciada, ela 
também exerce grande influência na história cultural, social, política e 
econômica de todos, pois é de forte contribuição ao desenvolvimento da 
sociedade, refletindo sobre os valores vigentes, indagando a respeito de 
questões sociais, de relações humanas e de conflitos oriundos desta. 
Na realidade, o texto literário, em especial, é a escrita da vivência, 
reflexão, entendimento e questionamento de cada indivíduo na sociedade, é a 
escrita de tribulações, amores, pensamentos, ideais, lutas, etc. (OLIVEIRA et 
al, 2008). 
Pois bem, parece simples que introduzir o letramento literário na escola 
aconteça em quatro passos básicos e que seja fácil tanto para professores 
quanto para alunos executa-los: motivação, introdução, leitura e 
interpretação, entretanto, realizar estas ações exige comprometimento, 
vontade e disposição, e sejamos sinceros, não temos observado nas escolas 
interesse de ambas as partes, mas todos esquecem que vivemos em uma 
sociedade letrada, onde as possibilidades de exercício da linguagem é muito 
mais importante, a necessidade da linguagem se faz exigente. 
Como diz Cosson (2006) todas as transações humanas passam, de uma 
maneira ou de outra, pela escrita, mesmo aquelas que aparentemente são 
orais ou imagéticas. 
A linguagem, a comunicação e a escrita encontram na literatura seu 
mais perfeito exercício. A literatura não apenas tem a palavra em sua 
constituição material, como também a escrita é seu veículo predominante. 
A prática da literatura, seja pela leitura, seja pela escritura, consiste 
exatamente em uma exploração das potencialidades da linguagem, da palavra 
e da escrita, que não tem paralelo em outra atividade humana. 
É no exercício da leitura e da escrita dos textos literários que se desvela 
a arbitrariedade das regras impostas pelos discursos padronizados da 
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sociedade letrada e se constrói um modo próprio de se fazer dono da 
linguagem que, sendo minha, é também de todos (COSSON, 2006). 
Na leitura e na escritura do texto literário encontramos o senso de nós 
mesmos e da comunidade a que pertencemos. A literatura nos diz o que somos 
e nos incentiva a desejar e a expressar o mundo por nós mesmos. E isso se dá 
porque a literatura é uma experiência a ser realizada. É mais que um 
conhecimento a ser reelaborado, ela é a incorporação do outro em mim sem 
renúncia da minha própria identidade. 
Vamos então, à definição da especificidade do texto literário que pode 
partir dos seguintes princípios orientadores: 
1. Tradicionalmente, o texto literário distingue-se do texto das ciências da 
história, da filosofia, da psicologia, sociologia, etc. Contudo, caracteriza-
o um campo de ação criativa tal que pode ir buscar a todos os outros 
campos os termos que hão de ajudar a construir a sua especificidade. 
2. O texto literário é ao mesmo tempo igual a todos os outros (em termos 
de forma e estrutura) e diferente de todos (pela linguagem); é ao mesmo 
tempo igual a todos os outros (em termos de uso de uma linguagem) e 
diferente de todos (pela procura de uma forma e estrutura peculiares); é 
ao mesmo tempo igual a todos os outros (em termos de forma e 
estrutura e uso da linguagem) e diferente de todos (em termos de forma 
e estrutura e uso da linguagem). Vale este princípio complexo como o 
princípio dos paradoxos da definição referencial de literatura, que anula 
qualquer tentativa de institucionalização da literariedade como 
explicação do fenômeno literário. 
3. O texto literário não é um registro linguístico efêmero, pois tem por 
objetivo ser preservado na tradição oral e/ou escrita. Neste sentido, é 
intemporal. 
4. Em relação ao leitor, por exemplo, a especificidade do texto literário 
pode dizer respeito ao efeito catártico que conduz à crença de que a 
literatura pode purificar e reeducar a sociedade (assim acreditaram os 
neorrealistas). 
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5. Em relação aos autores, tal especificidade, pode traduzir-se no fato de o 
texto literário poder ser expressivo (propriedade não formal, mas 
referente aos registros diretos das experiências pessoais e do caráter do 
escritor) ou impessoal (criações que ofuscam a individualidade do 
escritor). No primeiro caso, estariam autores como Eça de Queirós ou 
Almeida Garrett; no segundo, os escritores surrealistas ou os 
concretistas, por exemplo. 
6. O fato literário de um texto pode explicar-se como forma de persuasão 
(na tradição retórica, mas não na tradição da psicogagia1 sofística) 
simplesmente para apresentar um ponto de vista (Antero proudhoniano2) 
ou para tentar mudar o mundo (o caso dos poetas futuristas, por 
exemplo) (CEIA, 2005). 
O uso da literatura como matéria educativa tem longa história, a qual 
antecede a existência formal da escola. Zilberman (1990) no seu livro “Sim, a 
literatura educa” nos lembra que as tragédias gregas tinham o princípio básico 
de educar moral e socialmente o povo. Daí a subvenção dos dramaturgos pelo 
Estado e a importância do teatro entre os gregos. 
Essa tradição cristaliza-se no ensino da língua nas escolas com um 
duplo pressuposto: a literatura serve tanto para ensinar a ler e a escrever 
quanto para formar culturalmente o indivíduo. Foi assim com o latim e o grego 
antigo, cujo ensino se apoiava nos textos da Era Clássica, para o aprendizado 
dessas línguas de uso restrito e para o conhecimento produzido nelas. 
A literatura tem sido assim na escola: no ensino fundamental tem a 
função de sustentar a formação do leitor e no ensino médio, integra esse leitor 
à cultura literária brasileira, constituindo-se, em alguns currículos, uma 
disciplina à parte da Língua Portuguesa. 
No ensino fundamental, a literatura tem um sentido tão extenso que 
engloba qualquer texto escrito que apresente parentesco com ficção ou poesia, 
ambas sendo compatíveis com os interesses da criança, do professore da 
 
1 O poder de erros, de errar. 
2 Relativo à doutrina econômica de P. J. Proudhon, economista francês (1809-1865) 
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escola. Os textos são curtos, contemporâneos e divertidos, encontrando na 
crônica um dos favoritos da leitura escolar. 
No ensino médio, o ensino de literatura limita-se à literatura brasileira, ou 
melhor, à história da literatura brasileira, usualmente na sua forma mais 
indigente, quase como apenas uma cronologia literária, em uma sucessão 
dicotômica entre estilos de época, cânone e dados biográficos dos autores. Os 
textos literários, quando comparecem, são fragmentos e servem 
prioritariamente para comprovar as características dos períodos literários. 
Estas críticas pontuadas por Cosson (2006) nos fazem refletir que 
realmente ainda é esse o caminho que a escola vem seguindo e que algo 
precisa ser feito urgente, pelo menos selecionar um livro, trabalhá-lo 
adequadamente em sala de aula. 
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para a Língua 
Portuguesa (PCNs) é importante que o trabalho com o texto literário esteja 
incorporado às práticas cotidianas da sala de aula, visto tratar-se de uma forma 
específica de conhecimento. Essa variável de constituição da experiência 
humana possui propriedades compositivas que devem ser mostradas, 
discutidas e consideradas quando se trata de ler as diferentes manifestações 
colocadas sob a rubrica geral de texto literário (BRASIL, 1997). 
A literatura não é cópia do real, nem puro exercício de linguagem, 
tampouco mera fantasia que se asilou dos sentidos do mundo e da história dos 
homens. Se tomada como uma maneira particular de compor o conhecimento, 
é necessário reconhecer que sua relação com o real é indireta. 
Ou seja, o plano da realidade pode ser apropriado e transgredido pelo 
plano do imaginário como uma instância concretamente formulada pela 
mediação dos signos verbais (ou mesmo não verbais conforme algumas 
manifestações da poesia contemporânea) (BRASIL, 1997). 
Pensar sobre a literatura a partir dessa autonomia relativa ante o real 
implica dizer que se está diante de um inusitado tipo de diálogo regido por 
jogos de aproximações e afastamentos, em que as invenções de linguagem, a 
expressão das subjetividades, o trânsito das sensações, os mecanismos 
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ficcionais podem estar misturados a procedimentos racionalizantes, referências 
indiciais, citações do cotidiano do mundo dos homens. 
A questão do ensino da literatura ou da leitura literária envolve, portanto, 
esse exercício de reconhecimento das singularidades e das propriedades 
compositivas que matizam um tipo particular de escrita. Com isso, é possível 
afastar uma série de equívocos que costumam estar presentes na escola em 
relação aos textos literários, ou seja, tratá-los como expedientes para servir ao 
ensino das boas maneiras, dos hábitos de higiene, dos deveres do cidadão, 
dos tópicos gramaticais, das receitas desgastadas do “prazer do texto”, etc. 
Postos de forma descontextualizada, tais procedimentos pouco ou nada 
contribuem para a formação de leitores capazes de reconhecer as sutilezas, as 
particularidades, os sentidos, a extensão e a profundidade das construções 
literárias (BRASIL, 1997). 
 
2 A ARTE E A LINGUAGEM DA LITERATURA 
 
Como acontece com as outras artes, todas as sociedades, todas as 
culturas, em todos os tempos e lugares, produziram literatura em sua forma 
oral ou escrita. O fato de ter sido produzida por várias culturas em várias 
épocas e lugares nos leva a inferir que ela cumpre funções muito importantes 
nas diversas sociedades humanas. 
Vamos a essas funções, entendidas aqui como o papel que a literatura 
desempenha de acordo com o que o público reconheceu como valor. 
 
1 - A literatura nos faz sonhar! 
Os textos têm o poder de transportar o leitor, provocar alegria ou 
tristeza, divertir ou emocionar. Em outras palavras, a literatura nos permite 
“viver” outras vidas, sentir outras emoções e sensações. Ela oferece um 
descanso dos problemas cotidianos, quando nos descortina o espaço do sonho 
e da fantasia. 
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2 – A literatura provoca nossa reflexão! 
Embora a literatura não tenha o poder de modificar a realidade, como 
Reconhece Saramago (2004), certamente é capaz de fazer com que as 
pessoas reavaliem a própria vida e mudem de comportamento. Se esse efeito 
é alcançado, o texto literário desempenha um importante papel transformador, 
ainda que de modo indireto. 
Por isso dizemos que ela pode provocar a reflexão e responder, por 
meio de construções simbólicas, a perguntas que inquietam os seres humanos. 
 
3 – A literatura diverte! 
A experiência apaixonante de passar horas lendo um bom livro é familiar 
a muitas pessoas em todo o mundo. 
Ao acompanhar as investigações de um detetive com uma mente lógica 
como a de Sherlock Holmes, por exemplo, ou as análises psicológicas do 
investigador Poirot, o leitor se vê preso às páginas do livro para conhecer o 
desfecho. 
Mais recentemente, O Senhor dos anéis e A saga de Harry Potter 
levaram milhares de leitores, não só adolescentes a embarcarem nas 
aventuras propostas pelos livros. 
 
4 – A literatura nos ajuda a construir nossa identidade! 
É bem verdade que um dos maiores desafios do ser humano está no 
enfrentamento e compreensão (não necessariamente nesta ordem) das leis e 
regras que deve seguir, ou decidir se deve seguir. 
Nos textos literários, de certo modo entramos em contato com a nossa 
história, o que nos dá chance de compreender melhor o nosso tempo, nossa 
trajetória como nação. Para Abaurre e Pontara (2005) o interessante, porém, é 
que essa história coletiva é recriada por meios das histórias individuais, das 
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inúmeras personagens presentes nos textos que lemos, ou pelos poemas que 
nos tocam de alguma maneira. 
Como leitores, interagimos com o que lemos. Somos tocados pelas 
experiências de leituras que, muitas vezes, evocam vivências pessoais e nos 
ajudam a refletir sobre nossa identidade individual e também a construí-la. 
 
5 – A literatura nos ensina a viver! 
Como toda manifestação artística, a literatura acompanha a trajetória 
humana e, por meio de palavras, constrói mundos familiares, em que pessoas 
semelhantes a nós vivem problemas idênticos aos nossos, e mundos 
fantásticos, povoados por seres imaginários, cuja existência é garantida 
somente por meio das palavras que lhes dão vida. Também exprime, pela 
criação poética, reflexões e emoções que parecem ser tão nossas quanto de 
quem as registrou. 
Por meio da convivência com poemas e histórias que traçam tantos e 
diversos destinos, a literatura acaba por nos oferecer possibilidades de 
resposta a indagações comuns a todos os seres humanos. 
Na literatura esperamos encontrar, em algumas de suas manifestações, 
uma resposta que dê sentido a nossa existência, que nos ajude a compreender 
um pouco mais de nos mesmos e de nossas vidas. Trilhar esses caminhos da 
literatura nos põe em contato direto com a nossa humanidade e ajuda a revelar 
um pouco de nós a nós mesmos. 
 
6 – A literatura denuncia a realidade! 
Em diferentes momentos da história humana, a literatura teve um papel 
fundamental: o de denunciar a realidade, sobretudo quando setores da 
sociedade tentam ocultá-la. Foi o que ocorreu, por exemplo, durante o período 
da ditadura militar no Brasil. Naquele momento, inúmeros escritores arriscaram 
aprópria vida para denunciar, em suas obras, a violência que tornava a 
existência uma aventura arriscada. 
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A leitura dessas obras, mesmo que vivamos em uma sociedade 
democrática e livre, nos ensina a valorizar nossos direitos individuais, nos 
ajuda a desenvolver uma melhor consciência política e social. 
Em resumo, ela permite que olhemos para a nossa história e, 
conhecendo algumas de suas passagens mais aterradoras, busquemos 
construir um futuro melhor. 
Mas não é apenas em momentos de opressão política que a literatura 
denuncia a realidade. Graciliano Ramos, por exemplo, ao contar a saga de 
Fabiano e sua família, em Vidas Secas, enuncia a triste realidade de uma parte 
do nordeste brasileiro, até hoje condenada à seca e à falta de perspectivas. 
O poeta Ferreira Goulart, em vários de seus poemas, aponta para as 
injustiças e as estreitas possibilidades de realização das pessoas limitadas por 
uma realidade social adversa. 
Quanto a linguagem da literatura, a essência da arte literária está na 
palavra que estabelece a relação entre um autor e seus leitores/ouvintes. 
Podemos usar a palavra com sentido conotativo/figurado ou 
denotativo/literal. 
O sentido conotativo é uma característica essencial da linguagem 
literária. É aquele em que as palavras e expressões adquirem em um dado 
contexto, quando o seu sentido literal é modificado. Nos textos literários, 
predomina o sentido conotativo. A linguagem conotativa é característica de 
textos com função estética, ou seja, que exploram diferentes recursos 
linguísticos e estilísticos para produzir um efeito artístico. 
Em textos não literários, o que predomina é o sentido denotativo ou 
literal, ou seja, a palavra é usada no seu sentido básico. A linguagem 
denotativa é típica de textos com função utilitária, ou seja, que têm como 
finalidade predominante satisfazer a alguma necessidade específica, como 
informar, argumentar, etc. (ABAURRE; PONTARA, 2005). 
As metáforas são recursos linguísticos que exploram as possibilidades 
criativas da linguagem. Em grego metaphorá significa mudança transposição, 
ou seja, quando se faz uso da metáfora estamos em um processo de 
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substituição; aproximam-se dois elementos que, em um contexto específico, 
guardam alguma relação de semelhança, transferindo-se, para um deles, 
características do outro. 
 
3 A LITERATURA COMO GÊNERO E EXPRESSÃO DE UMA ÉPOCA 
 
3.1 Gêneros 
 
A palavra gênero, etimologicamente, significa família, raça ou conjunto 
de seres dotados de características comuns, daí pode-se inferir que gênero 
literário é um conjunto de obras dotadas de características comuns 
(BENEMANN E CADORE, 1984). 
Quanto à forma, um texto pode apresentar-se em prosa ou verso. 
Quanto ao conteúdo e estrutura e segundo alguns estudiosos clássicos, ele 
pode ser enquadrado em três gêneros: lírico, dramático e épico. Platão foi o 
primeiro a se preocupar em separar as obras literárias na divisão acima, a qual 
prevaleceu até o Renascimento (BRASIL, 1979). 
Já no século XVIII, estabeleceu-se de modo rigoroso, a tríade dramática, 
épica e lírica. Goethe denominou esses gêneros de ‘Formas naturais da 
poesia’, o que aponta para o grau de confusão que se fazia na época entre 
história e definição ontológica dos gêneros. A poesia lírica seria aquela na qual 
apenas o autor fala; a dramática, aquela onde os personagens falam e a épica 
aquela onde autor e personagens falam. 
Contra essa concepção, na virada do século XVIII para o XIX, Friedrich 
Schlegel e Novalis utilizaram os gêneros de um ponto de vista muito mais livre 
e criativo e os transformaram em tons: cada obra poderia ter mais do que um 
desses tons atuando na sua estruturação. Com esses autores a poética deixou 
de ser uma prescritora de regras para o autor e este se tornou livre para 
compor conforme o seu “gênio”. Não devemos esquecer que foram esses 
românticos que introduziram uma teoria e concepção fortes do romance como 
gênero por excelência na modernidade. Ele representaria justamente a mistura 
e superação dos demais gêneros literários. Para Schlegel: “Todos os tipos de 
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poesia clássicos, na sua pureza estrita, são agora risíveis”, afirmou ele em 
1797, e no mesmo ano ainda: “Sentido para a individualidade poética tem-se 
apenas com os modernos”. Ou seja, na modernidade o gênero é dissolvido 
pela força da individualidade e do estilo de cada texto. Vale a pena ler mais 
uma das suas frases bombásticas: “Pode-se tanto dizer que existem infinitos 
tipos de poesia ou que só existe um tipo progressivo. Portanto não existe 
nenhum” (BENEMANN E CADORE, 1984). 
Ainda segundo Benemann e Cadore (1984), críticos modernos ensinam 
que os gêneros literários devem ser estudados indutivamente, a partir das 
características da obra e não a partir de nomes classificatórios. 
Nos dias atuais e numa divisão mais didática temos quatro gêneros ao 
desmembrar do épico, o narrativo. 
 
3.1.1 Épico 
 
O termo Épico vem do grego Epos, narrativa ou recitação. A poesia 
épica nasceu no Ocidente com Homero, poeta grego autor do que seriam os 
primeiros modelos deste gênero: Ilíada e a Odisseia (BRASIL, 1979). 
Já no entendimento de Souza (2007), a palavra epopeia vem do grego 
épos, ‘verso’+ poieô, ‘faço’ e se refere à narrativa em forma de versos, de um 
fato grandioso e maravilhoso que interessa a um povo. É uma poesia objetiva, 
impessoal, cuja característica maior é a presença de um narrador falando do 
passado (os verbos aparecem no pretérito). O tema é, normalmente, um 
episódio grandioso e heroico da história de um povo. 
Na Idade Média, principalmente entre os séculos XII à XIV, surgiram 
várias narrativas que se afastavam dos padrões clássicos. Eram inspirados em 
façanhas de guerra da cavalaria andante. Os mais conhecidos são: a Canção 
de Rolando, o Romance de Alexandre e os Romances da Távola Redonda 
(BRASIL, 1979). 
Segundo Souza (2007), as epopeias têm como tema, os feitos históricos 
e os grandes ideais de um povo, ou seja, a narrativa é de fundo histórico. O 
narrador mantém um distanciamento em relação aos acontecimentos (esse 
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distanciamento é reforçado, naturalmente, pelo aspecto temporal: (os fatos 
narrados situam-se no passado). Temos um Poeta-observador voltado, 
portanto, para o mundo exterior, tornando a narrativa objetiva. A objetividade é 
característica marcante do gênero épico. A épica já foi definida como a poesia 
da “terceira pessoa do tempo passado”. 
Dentre as principais epopeias (ou poemas épicos), destacam-se: 
 Ilíada e Odisseia (Homero, Grécia; narrativas sobre a guerra entre 
Grécia e Tróia). 
 Eneida (Virgílio, Roma; narrativa dos feitos romanos) 
 Paraíso Perdido (Milton, Inglaterra) 
 Orlando Furioso (Ludovico Ariosto, Itália) 
 Os Lusíadas (Camões, Portugal) 
Na literatura brasileira, as principais epopeias foram escritas no século 
XVIII: Caramuru (Santa Rita Durão) e O Uraguai (Basílio da Gama) 
O gênero narrativo é visto como uma variante do gênero épico, 
enquadrando, neste caso, as narrativas em prosa. Dependendo da estrutura, 
da forma e da extensão, as principais manifestações narrativas são o romance, 
a novela, o conto e a fábula (SOUZA, 2007). 
Em qualquer das três modalidades acima, tem-se representações da 
vida comum, de um mundo mais individualizado e particularizado, ao contrário 
da universalidade das grandiosas narrativasépicas, marcadas pela 
representação de um mundo maravilhoso, povoado de heróis e deuses. 
As narrativas em prosa, que conheceram um notável desenvolvimento 
desde o final do século XVIII, são também comumente chamadas de narrativas 
de ficção. 
São elas: 
 Romance: narração de um fato imaginário, mas verossímil, que 
representa quaisquer aspectos da vida familiar e social do homem. 
Comparado à novela, o romance apresenta um corte mais amplo da 
vida, com personagens e situações mais densas e complexas, com 
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passagem mais lenta do tempo. Dependendo da importância dada ao 
personagem ou à ação ou, ainda, ao espaço, podemos ter romance de 
costumes, romance psicológico, romance policial, romance regionalista, 
romance de cavalaria, romance histórico, etc. 
 Novela: na literatura em língua portuguesa, a principal distinção entre 
novela e romance é quantitativa: vale a extensão ou o número de 
páginas. Entretanto, podemos perceber características qualitativas: na 
novela, temos a valorização de um evento, um corte mais limitado da 
vida, a passagem do tempo é mais rápida, e o que é mais importante, na 
novela o narrador assume uma maior importância como contador de um 
fato passado. 
 Conto: é a mais breve e simples narrativa centrada em um episódio da 
vida. O crítico Alfredo Bosi (2006), em seu livro O conto brasileiro 
contemporâneo, afirma que o caráter múltiplo do conto “já desnorteou 
mais de um teórico da literatura ansioso por encaixar a forma conto no 
interior de um quadro fixo de gêneros. Na verdade, se comparada à 
novela e ao romance, a narrativa curta condensa e potencia no seu 
espaço todas as possibilidades da ficção”. 
 Fábula: narrativa inverossímil, com fundo didático, que tem como 
objetivo transmitir uma lição moral. Normalmente a fábula trabalha com 
animais como personagens. Quando os personagens são seres 
inanimados, objetos, a fábula recebe a denominação de apólogo. 
Dar-se-á uma importância particular à fábula, uma das mais antigas 
narrativas, coincidindo seu aparecimento, segundo alguns estudiosos, com o 
da própria linguagem, devido seu uso em sala de aula, o que muito contribui 
com o desenvolvimento geral dos alunos, tanto no sentido de enriquecimento 
de vocabulário quanto da imaginação. 
No mundo ocidental, o primeiro grande nome da fábula foi Esopo, um 
escravo grego que teria vivido no século VI a.C. Modernamente, muitas das 
fábulas de Esopo foram retomadas por La Fontaine, poeta francês que viveu de 
1621 a 1695. O grande mérito de La Fontaine reside no apurado trabalho 
realizado com a linguagem, ao recriar os temas tradicionais da fábula. No 
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Brasil, Monteiro Lobato realizou tarefa semelhante, acrescentando, às fábulas 
tradicionais, curiosos e certeiros comentários dos personagens que viviam no 
Sítio do Pica-pau Amarelo, as quais tem lugar cativo nas salas de aula e 
bibliotecas escolares (SOUZA, 2007). 
 
3.1.2 Lírico 
 
A palavra lírico vem do latim, que significa lira; instrumento musical 
usado para acompanhar as canções dos poetas da Grécia antiga, e retomado 
na Idade Média pelos trovadores. 
Pode-se dizer que o gênero lírico é a expressão do sentimento pessoal. 
“É a maneira como a alma, com seus juízos subjetivos, alegrias e admirações, 
dores e sensações, toma consciência de si mesma no âmago deste conteúdo” 
(HEGEL apud BRASIL, 1979). 
De fato, o poeta lírico é o indivíduo isolado que interessa somente pelos 
estados da alma. É aquele que preocupa demasiadamente com as próprias 
sensações voltado para si. O universo exterior só é considerado quando existe 
uma identificação, ou é passível de ser interiorizado pelo poeta. 
Segundo Cunha (1979), a subjetividade lírica é estruturada com ideias, 
sentimentos, emoções, recordações, desejos, profundos estados de espírito 
que, em muitos casos, chegam ao indefinível, o inefável e que só podem ser 
expressos pela musicalidade, pela metáfora e pela poesia. Por essa razão é 
que o lirismo encontrou, durante a evolução histórica, a sua mais perfeita e 
generalizada forma de expressão no verso, com seu ritmo e rima próprios. 
Se a prosa rejeita a rima, o verso a busca, exatamente como 
instrumento de expressão das emoções, as quais se afirmam mais pela 
repetição e pela simbologia do que pela descrição ou pelo recurso à 
caracterização ambiental. 
Consequentemente, no poema lírico, não há protagonistas, como na 
literatura de ficção, não há ambiente físico caracterizado, nem episódio, nem 
enredo, nem temporalidade definida. As emoções profundas do poeta, seu 
“eu’’, sua visão do mundo (e não o mundo) são o que vale. 
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Ainda segundo Cunha (1979), a linguagem poética é, assim, muito 
particular. Se quisermos entendê-la, é preciso que nos familiarizemos com ela 
e isso só será possível mediante uma leitura cuidadosa e frequente de poemas. 
 
3.1.3 Dramático 
 
Drama, em grego, significa ‘ação’. Ao gênero dramático pertencem os 
textos, em poesia ou prosa, feitos para serem representados. Isso significa que 
entre autor e público desempenha papel fundamental o elenco (incluindo 
diretor, cenógrafo e atores) que representará o texto. 
O gênero dramático compreende as seguintes modalidades: 
 Tragédia: é a representação de um fato trágico, suscetível de provocar 
compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era “uma 
representação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em 
linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando dó e 
terror”. 
 Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no 
sentimento comum, de riso fácil, em geral criticando os costumes. Sua 
origem grega está ligada às festas populares, celebrando a fecundidade 
da natureza. 
 Tragicomédia: modalidade em que se misturam elementos trágicos e 
cômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário. 
 Farsa: pequena peça teatral, de caráter ridículo e caricatural, que crítica 
a sociedade e seus costumes; baseia-se no lema latino Ridendo castigat 
mores (Rindo, castigam-se os costumes) (SOUZA, 2007). 
 
O gênero dramático, desde a Antiguidade clássica, teve grande 
importância, pois, tanto em suas origens gregas e latinas como medievais, 
esteve sempre associado à problemática religiosa, transformando-se, não raras 
vezes, em verdadeiro ritual. 
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No poema dramático, a história é contada através das falas dos 
personagens. As peças de teatro, escritas em verso, constituem forma de 
poesia dramática (BRASIL, 1979). 
É importante observar ainda que, no teatro, o autor faz uma tentativa de 
representar mais a língua falada do que a escrita. Daí os recursos próprios 
para enfatizar a entonação, a voz, a mímica, os gestos, etc. 
Na Idade Média, o teatro tinha as modalidades de auto (milagre ou 
mistério) e farsa. No Classicismo, predominaram a tragédia e a comédia, de 
cuja fusão surge, no Romantismo, o drama (CONSOLARO, 2007). 
 
3.2 Expressão de uma época 
 
A literatura tem a incrível capacidade de nos revelar como viveram e o 
que pensaram as pessoas em diferentes épocas e sociedades. Essas 
informações que ficam registradas nos textos literários e sobrevivem à 
passagem do tempo, nos ajudam a entender quem fomos e a avaliar quem 
somos (ABAURRE; PONTARA, 2005). 
Já que ela é expressão de época, precisamos falar de estilo de época, 
que nada mais é do que a constatação de traços comunsna produção de uma 
mesma época. 
O estudo da literatura depende do reconhecimento dos padrões e das 
semelhanças que constituem um estilo de época. 
Já o uso particular que um escritor faz dos elementos que distinguem 
uma estética define o estilo individual de um autor, sempre marcado pelo olhar 
específico que dirige aos temas característicos de um período e pelo uso 
singular que faz dos recursos de linguagem associados a uma determinada 
estética literária. 
Um estilo de época pode estar associado a uma escola literária ou a um 
movimento literário. Damos o nome de historiografia literária ao estudo e 
descrição das características estéticas das diferentes escolas ou movimentos 
literários. 
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Quando estudamos os estilos de época e os movimentos literários, 
conhecemos os temas e os recursos expressivos preferidos dos autores. 
À medida que vamos tendo contato com uma maior quantidade de 
textos, observamos que há um número limitado de temas e recursos 
expressivos que, de tempos em tempos, são retomados por autores de 
diferentes épocas. 
 
4 AS ORIGENS EUROPÉIAS DA LITERATURA 
 
4.1 Idade Média 
 
A Idade Média é um período que tem início com a conquista de Roma, 
capital do Império Romano do Ocidente, pelos comandantes germânicos no 
ano de 476 (século V) e termina com a queda de Constantinopla, capital do 
Império Romano do Oriente, tomada pelos turcos em 1453. 
 
 
 
Segundo Abaurre e Pontara (2005) uma das heranças do período de 
dominação romana na Europa durante a Idade Média foi o cristianismo. Aos 
poucos, a Igreja Católica cresceu, acumulou vastas extensões de terra, 
enriqueceu e concentrou um grande poder religioso e secular3. Essa herança 
conviveu com mudanças na ordem social que tiveram expressão significativa 
na literatura do período. 
A literatura desta época era composta de escritos religiosos bem como 
de obras seculares. Da mesma forma que a literatura moderna, é um complexo 
e rico campo de estudo que vai do totalmente sagrado ao exuberantemente 
 
3 A palavra “secular” vem do latim saecularis (relative a mundo, mundano). Nesse sentido, faz 
referência a tudo aquilo que é profano, que se distancia do espírito e, portanto, não está 
subordinado à religião. Na Idade Média, a expressão poder secular designava a autoridade que 
príncipes, reis e imperadores recebiam do papa para fazer cumprir, no mundo profano, a 
vontade de Deus. 
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profano, passando por todos os pontos intermediários. Por causa da vasta 
extensão de tempo e espaço é difícil falar em termos gerais sem simplificar em 
demasia e assim, a literatura é melhor caracterizada por seu lugar de origem 
e/ou linguagem, bem como por seu gênero. 
 Outra característica desta época é o uso do latim como língua literária, 
decorrente da dominação romana, o que contribuiu para dificultar o acesso aos 
textos. 
Aqui cabe lembrarmos-nos do Trovadorismo que encerra alguns 
elementos definidores de seu projeto literário: legitimar, por meio da literatura, 
uma nova ordem que redefinisse as funções sociais dos cavaleiros na corte do 
senhor feudal, elementos estes ilustrados no quadro abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROJETO LITERÁRIO 
DO 
TROVADORISMO 
Literatura oral para entreter os homens e 
as mulheres da nobreza 
 
Redefinição do papel dos cavaleiros nas 
cortes. 
 
Criação de estruturas literárias 
equivalentes às da relação de 
vassalagem. 
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Sociedade: subserviência total a Deus 
(teocentrismo), representado 
literariamente pela submissão do trovador 
à dama (poesia) ou do cavaleiro à 
donzela (novelas de calavaria). 
 
Nesta época temos o nascimento da literatura portuguesa, decorrente da 
separação ocorrida em 1140 do reino de Leão e Castela, quando Portugal se 
tornou país independente. Os trovadores galego-portugueses desenvolveram 
sua lírica amorosa claramente influenciados pela literatura provençal. 
Acredita-se que o primeiro texto literário galego-português, seja a 
“Cantiga da Ribeirinha” que se supõe ter sido composta em 1198. 
Ainda dessa época temos as cantigas líricas divididas em cantigas de 
amor e cantigas de amigo e as cantigas satíricas, divididas em cantigas de 
escárnio e maldizer. 
As novelas de cavalaria foram os primeiros romances, ou seja, longas 
narrativas em verso, surgidas no século XII. Elam contam as aventuras vividas 
pelos cavaleiros andantes e tiveram origem no declínio do prestígio da poesia 
dos trovadores. Tiveram intensa circulação pelas cortes medievais e ajudaram 
divulgar os valores e a visão de mundo característico da sociedade desse 
período. 
Abaurre e Pontara (2005) ressaltam alguns textos e caráter mais 
documental que foram produzidos na Idade Média, conhecidos como 
cronicões e nobiliários. Os primeiros registravam os acontecimentos 
marcantes da vida dos nobres e dos reis em ordem cronológica. Os segundos, 
registravam os nascimentos, os casamentos e as mortes de uma determinada 
família de nobres. 
Por fim, temos as hagiografias, textos que circulavam pelas cortes 
medievais relatando a vida dos santos. 
 
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4.2 Humanismo 
 
Movimento artístico e intelectual que surgiu na Itália no final da Idade 
Média (século XIV) e alcançou plena maturidade no Renascimento. 
É um momento de transição entre o mundo medieval e o moderno. O 
projeto humanista não tem características completamente definidas: convivem 
o velho e o novo, provocando uma tensão que se evidencia na produção 
artística e cultural. 
São características do projeto humanístico de literatura: 
 Abandono da subordinação absoluta à Igreja Católica; 
 Resgate dos valores clássicos. 
O contexto de produção da literatura humanista é o mesmo do 
Trovadorismo: as cortes e os palácios, mas os objetivos da produção se 
modificam. A literatura volta-se para o prazer e a diversão dos aristocratas, ou 
seja, o público continua sendo o mesmo, os nobres. 
A invenção da imprensa, em 1450, por Johann Gutenberg, revoluciona a 
produção de livros na Europa, fazendo com que a cultura oral comece a perder 
espaço para a cultura escrita. Essa mudança no contexto de circulação das 
obras possibilita aos escritores e poetas explorarem novos recursos de 
linguagem, principalmente porque não dependem mais da oralidade e da 
memória. 
A novidade da literatura humanista fica por conta também da adoção do 
soneto como forma poética fixa e o uso da metonímia4. 
Quando o humanismo chegou a Portugal, o país passava por uma crise 
poética e entre 1350 e 1450 não se tem notícia de circulação de textos 
poéticos. Foi um período em que Portugal vivenciou o apogeu da crônica 
historiográfica e da prosa doutrinária, tipo de manual escrito por reis e nobres 
 
4 Relembrando o que é metonímia…. Ela ocorre quando se opta por utilizar uma palavra no 
lugar de outra. Pode ser empregada em várias situações. Uma delas é quando a parte é 
utilizada para representar o todo. Nas cantigas do humanismo, os poetas recorrem às 
metonímias para melhor ilustrar os efeitos do amor no eu lírico. 
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que apresentava normas e modelos de comportamento para os fidalgos da 
corte. 
O ressurgimento da poesia se deu no século XV, impulsionado pela 
renovação cultural promovida na corte portuguesa durante o reinado de D. 
Afonso V.Lembremos que no humanismo prevaleceu o antropocentrismo (doutrina 
que considera o ser humano o centro do universo) sobre o teocentrismo. 
Portugal teve cronistas famosos como Fernão Lopes que era, ao mesmo 
tempo, cronista de reis e do povo. Gil Vicente com seu teatro crítico e voltado 
para o humor, que explorava o uso das alegorias, ou seja, das representações, 
por meio de personagens ou objetos, de ideias abstratas geralmente 
relacionadas aos vícios e virtudes humanas. 
 
4.3 Classicismo 
 
A mudança de mentalidade, trazendo o ser humano para o centro dos 
acontecimentos (relegando Deus todo poderoso para segundo plano), que 
começou com o humanismo, chega ao apogeu com o Renascimento do século 
XV. 
Classicismo é a denominação da tendência artística que revitalizou a 
tradição clássica de afirmar a superioridade humana. Ele valoriza as 
proporções, o equilíbrio das composições, a harmonia das formas e a 
idealização da realidade. 
O fascínio pela vida das cidades e o desejo de desfrutar os prazeres que 
o dinheiro podia proporcionar levaram a sociedade renascentista a cultivar 
cada vez mais os valores terrenos. 
O projeto literário do Classicismo revela em seu nome, a principal 
característica: retomada dos modelos da Antiguidade Clássica. 
No modelo medieval, o homem era atormentado, sempre ajoelhado aos 
pés de Deus, ansioso por ver seus pecados perdoados. Essa visão cristã, de 
uma vida marcada pelo sofrimento é que permitia a purificação dos pecados. 
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A circulação das obras literárias continua sob o impacto da invenção da 
imprensa, a maior facilidade de impressão faz com que mais cópias sejam 
produzidas, barateando os custos dos livros e tornando-os mais acessíveis a 
um maior número de pessoas. 
O conceito de originalidade na criação literária desse período é uma 
invenção moderna. Os escritores investiram na recriação de temas clássicos e, 
retomaram em suas obras, o princípio aristotélico da mimese. 
O paradoxo5 e a antítese6 foram duas figuras de linguagem muito 
usadas pelos poetas do classicismo. 
Em Portugal o classicismo chega junto das grandes navegações, as 
descobertas do mundo novo. Encontramos Camões, considerado um dos 
maiores poetas da língua portuguesa, o qual imortalizou em suas obras, as 
glórias do seu povo; registrou os sofrimentos amorosos e indagou sobre as 
inconstâncias e incertezas da vida. 
O quadro abaixo apresenta, mesmo que de forma reduzida, as escolas 
literárias de acordo com o momento histórico em que se manifestaram. 
CARACTERÍSTICAS IDADE MEDIEVAL IDADE MODERNA IDADE 
CONTEMPORÂNEA 
Trovadorismo 
Teocentrismo, 
Arte gótica, 
Ambiente palaciano, 
Produção oral, 
Cantigas 
trovadorescas, 
Novelas de 
cavalaria, 
Hagiografias. 
X X 
Classicismo X 
Antropocentrismo, 
Arte renascentista, 
Recuperação de modelos 
da Antiguidade, 
Separação entre literatura e 
música, clareza, harmonia 
e equilíbrio. 
X 
 
5 Associação de ideias contraditórias que foi usada numa tentativa de conciliar razão e 
sentimento. 
6 Utilizada para apresentar imagens ou características que se opõem. 
A diferença entre ambas é mínima: na antítese o amor é bom ou mal, no paradoxo o amor é 
bom e mau. 
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Barroco X 
Retomada dos valores 
cristãos, 
Tensão, 
Angústia, 
Rebuscamento, 
Conceptismo, 
Cultismo. 
X 
Arcadismo X 
Iluminismo, 
Retomada de postura 
racional, 
Equilíbrio entre razão e 
sentimento, 
Arte como imitação da 
natureza, 
Recuperação dos modelos 
clássicos, 
Simplicidade formal. 
X 
Romantismo X X 
Predomínio da 
emoção e 
subjetividade, 
Nacionalismo, 
Gosto pelo exótico, 
fascínio pela morte. 
Realismo/ 
Naturalismo X X 
Predomínio da 
razão, 
Objetividade, 
Cientificismo, 
Determinismo, 
Análise minuciosa. 
Simbolismo X X 
Impressionista, 
Subjetividade, 
Fascínio pela morte 
e pelo sonho, 
Valorização das 
sensações 
Modernismo X X 
Retomada das 
questões sociais, 
Visão crítica da 
realidade, 
Originalidade, 
humor, ruptura com 
o passado, liberdade 
formal e expressiva. 
 
 
 
5 A LITERATURA BRASILEIRA DO QUINHENTISMO AO MODERNISMO 
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Evidentemente que nossa historia literária começa logo após o 
descobrimento do Brasil, em 1500, deste modo, abaixo temos uma breve linha 
do tempo mostrando os períodos que vamos estudar a partir de agora. 
 
 
 
 
 
1500 1601 1768 1836 1881 1893 1902 1922 
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ni
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Fonte: De Nicola, 1998, p. 503. 
 
QUINHENTISMO 
 
O Quinhentismo é um movimento paralelo ao Classicismo português e 
possui ideias relacionadas ao Renascimento, que vivia o seu auge na Europa. 
A literatura do Quinhentismo tem como tema central os próprios objetivos da 
expansão marítima: a conquista material, na forma da literatura informativa das 
Grandes Navegações, e a conquista espiritual, resultante da política 
portuguesa da Contra-Reforma e representada pela literatura jesuítica da 
Companhia de Jesus (DE NICOLA, 1998). 
Ao longo do século XVI, diversas expedições foram enviadas para as 
terras brasileiras, e nestas, cada viajante tinha uma missão: descrever a terra e 
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o povo nativo; catalogar espécimes da fauna e da flora, identificar possíveis 
interesses econômicos para a coroa portuguesa. 
Os relatos dessas viagens são o que chamamos de Literatura de 
Informação e se caracterizavam como uma espécie de crônica histórica. 
Assim, o objetivo da literatura de viagem era exatamente este: informar. 
E isto, segundo Abaurre e Pontara (2005) levou os autores a um grande 
desafio: como, por meio de palavras, apresentar um retrato compreensível de 
uma realidade inteiramente desconhecida e estranha? 
Podemos dizer que a característica da estrutura descritiva desses 
relatos foi o que, primeiramente, chamou a atenção, pois nada melhor do que a 
descrição e na sequência, a comparação para mostrar o novo mundo. 
Dentre os principais relatos ou textos escritos, dessa época, além da 
Carta de Pero Vaz de Caminha, nós temos: 
 Carta de Lisboa (1502) – Américo Vespúcio; 
 Tratado da Terra do Brasil (escrito provavelmente em 1570, publicado 
apenas em 1826) e História da Província Santa Cruz a vulgarmente 
chamamos Brasil – 1576 de Pero de Magalhães Gandavo. 
 Duas viagens ao Brasil (1557) – do alemão Hans Staden; 
 Viagem à Terra do Brasil (1578) – do francês Jean de Lévy. 
 Narrativa Epistolar (1583) – Fernão Cardim; 
 Tratado descritivo do Brasil (1587) – Gabriel Soares de Sousa; 
Aos textos escritos pelos jesuítas com o objetivo de converter os índios 
brasileiros conhecemos como literatura de catequese. 
Aqui se incluem os textos literários do Padre José de Anchieta, apóstolo 
e poeta que escrever poemas líricos e das primeiras peças teatrais encenadas 
no Brasil. 
Uma obra de grande importância escrita por Anchieta foi Arte da 
gramática da língua mais usada na costa do Brasil, em 1595 (a primeira 
gramática da língua tupi). 
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BARROCO 
 
A literatura barroca (em Portugal conhecida como Seiscentismo) no 
Brasil foi introduzida pelos portugueses, quando não havia uma produçãocultural significante no país. Por isso, refletindo a literatura portuguesa, a 
produção literária nesse período não é reconhecida como genuinamente 
nacional, mas um estilo absorvido e resultante do período colonial 
(VERÍSSIMO, 1998). 
Sua linguagem é rebuscada e ambígua. Como em Portugal, o barroco 
caracteriza-se em terras tupiniquins por utilizar largamente figuras de 
linguagem: metáfora; antítese; o paradoxo; e a sinestesia. 
Destacam-se Gregório de Mattos e Padre Antônio Vieira. 
O poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira, publicado em 1601, 
apesar de considerado um documento de pouco valor literário, é indicado como 
o início do Barroco na Literatura Brasileira. E também é considerado uma cópia 
mal elaborada de Os Lusíadas de Camões. 
Aqui cabe lembrar da expressão latina Carpe diem, que significa 
“aproveita o dia (presente)”, que é um dos temas frequentes da arte barroca. A 
mocidade ou a juventude é frequentemente comparada à flor que é bonita por 
pouco tempo e logo morre. Daí o apelo dos poetas barrocos. 
O Carpe Diem é um tema que vinha já da Antiguidade, mas no Barroco 
foi desenvolvido de forma angustiada, pois era uma tentativa de fundir os 
opostos, de conciliar o que, no fundo, é inconciliável: a razão e a fé, a matéria e 
o espírito, a vida carnal e a vida espiritual. 
São características da literatura barroca: 
 Culto do contraste: o dualismo barroco coloca em contraste a matéria e 
o espírito, o bem e o mal, Deus e o Diabo, céu e a terra, pureza e o 
pecado, a alegria e a tristeza, a vida e a morte. 
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 Consciência da transitoriedade da vida: a ideia de que o tempo 
consome, tudo leva consigo, e que conduz irrevogavelmente a morte, 
reafirma os ideais de humildade e desvalorização dos bens materiais, ou 
seja sem apego aos bens materiais. 
 Gosto pela grandiosidade: característica comum expressa com o auxilio 
de hipérboles, ou seja, exageros, figura de linguagem que consiste em 
aumentar exageradamente algo a que se está referindo. 
 Frases interrogativas: que refletem dúvidas e incertezas, 
questionamentos: que amor sigo? Que busco? Que desejo? O que 
quero da vida? 
 Cultismo: é o jogo de palavras, o estilo trabalhado. Predominam 
hipérbole, hipérbatos (isto é, alteração da ordem natural das palavras na 
frase ou das orações no período) e metáforas (comparações), como: 
diamantes que significam dentes ou olhos. 
 Conceptismo: é o jogo de ideias ou conceitos, de conformidade com a 
técnica de argumentação. É comum o uso de antítese, ou seja, ideias 
contrárias, paradoxos. Enquanto os cultistas tinham a visão direcionada 
aos sentidos, já os conceptistas eram direcionados a inteligência 
(ARAÚJO, 2006). 
 
ARCADISMO 
 
Arcadismo ou movimento neoclássico mineiro tem início com a 
publicação das Obras Poéticas de Claudio Manoel da Costa e fundação da 
Arcádia Ultramarina, movimento poético-literário que dá início ao Arcadismo, 
em 1768. 
O Arcadismo no Brasil desenvolveu-se concomitantemente ao chamado 
ciclo do ouro, em Minas Gerais e teve em Vila Rica (atual Ouro Preto) seu 
principal centro de difusão. Alguns de seus integrantes estiveram ligados à 
Inconfidência Mineira, principal evento político do século XVIII no Brasil 
(OLIVEIRA, 2010). 
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A riqueza gerada pela mineração criou tardiamente obras arquitetônicas, 
esculturas e pinturas no estilo barroco, como se pode ver ainda hoje nas 
cidades históricas mineiras. No âmbito das ideias e da literatura, porém, já 
sopravam os ventos do iluminismo. O iluminismo, que valorizava a razão, 
significava uma ruptura com o barroco, marcadamente religioso. Nesse sentido, 
resgatava os ideais do classicismo, inaugurando um neoclassicismo, sob a 
inspiração da civilização greco-romana. 
Entre as características que se destacam nas obras árcades brasileira, 
uma é a valorização da natureza - que reflete o primeiro desencanto da 
humanidade com a civilização urbana. Elementos como os campos, rios, vales 
e flores têm presença constante nas obras desse período. Por esta razão, era 
comum aos poetas árcades, ficcionalmente, assumirem o papel de pastores da 
Arcádia - uma região da Grécia antiga. Nos poemas, marcadamente líricos, 
expressavam o amor por suas pastoras. Finalmente, marcam o estilo dos 
autores árcades a simplicidade da vida bucólica, versos simples, que 
propiciassem a integração da poesia com a música e se contrapusessem ao 
estilo rebuscado do barroco. 
 
ROMANTISMO 
 
O Romantismo surge por aqui logo após a independência do Brasil 
(1822). 
O Romantismo assumiu em nossa literatura um significado secundário, 
de um movimento anticolonialista e antilusitano, de rejeição à literatura 
produzida na época colonial, aos modelos culturais portugueses. Por isso a 
primeira geração romântica tinha a preocupação de garantir uma identidade 
nacional que nos separassem de Portugal, buscam no passado histórico 
elementos de origem nacional. 
São apontadas três gerações de escritores românticos: 
 Primeira geração: nacionalista, indianista e religiosa. Os poetas que se 
destacam são: Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães. 
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 Segunda geração: é um período marcado pelo mal do século, apresenta 
egocentrismo irritado, pessimismo, satanismo e atração pela morte. Os 
poetas que se destacam são: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, 
Fagundes Varela e Junqueira Freire. 
 Terceira geração: esse período desenvolve uma poesia com caráter 
político e social, é formada pelo grupo condoreiro7. O maior 
representante dessa fase é Castro Alves (MUNDO EDUCAÇÃO, 2010). 
Essas três gerações citadas acima, apenas se aplicam para a poesia 
romântica, pois a prosa no Brasil, não foi marcada por gerações, e sim por 
estilos de textos - indianista, urbano ou regional - que aconteceram todos 
simultaneamente. 
José de Alencar foi o principal romancista romântico. Romances 
urbanos: Lucíola; A Viuvinha; Cinco Minutos; Senhora. Romances 
regionalistas: O Gaúcho, O Sertanejo, O Tronco do Ipê. Romances históricos: 
A Guerra dos Mascates; As Minas de Prata. Romances indianistas: O Guarani, 
Iracema e o Ubirajara. 
No país, entretanto, o romantismo perdurará até à década de 1880. Com 
a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis, 
em 1881, ocorre formalmente a passagem para o período realista. 
 
REALISMO / NATURALISMO / PARNASIANISMO 
 
Iniciou no Brasil na segunda metade do século XIX quando entraram em 
crise o romantismo e seus ideais. 
O realismo manifesta-se na prosa. A poesia da época vive o 
parnasianismo e o simbolismo. O romance – social, psicológico e de tese – é a 
principal forma de expressão. Deixa de ser apenas distração e se torna veículo 
de crítica a instituições, como a Igreja Católica, e à hipocrisia burguesa. A 
escravidão, os preconceitos raciais e a sexualidade são os principais temas, 
tratados com linguagem clara e direta. 
 
7 Se associa ao condor, símbolo desse grupo da terceira geração. 
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Os escritores e poetas realistas começam a falar da realidade social e 
dos principais problemas e conflitos do ser humano. Como características 
desta fase, podemos citar: 
 Objetivismo, 
 Linguagem popular, 
 Trama psicológica, 
 Valorização de personagens inspirados na realidade, 
 Uso de cenas cotidianas, 
 Crítica social, 
 Visão irônica da realidade. 
O principal representante desta fase foi Machadode Assis com as obras: 
Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e O 
Alienista. Podemos citar ainda como escritores realistas Aluisio de Azedo autor 
de O Mulato e O Cortiço e Raul Pompéia autor de O Ateneu. 
O parnasianismo (final do século XIX e início do século XX) buscou os 
temas clássicos, valorizando o rigor formal e a poesia descritiva. Os autores 
parnasianos usavam uma linguagem rebuscada, vocabulário culto, temas 
mitológicos e descrições detalhadas. Diziam que faziam a arte pela arte. 
Graças a esta postura foram chamados de criadores de uma literatura 
alienada, pois não retratavam os problemas sociais que ocorriam naquela 
época. Os principais autores parnasianos são: Olavo Bilac, Raimundo Correa, 
Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho. 
No Brasil, as primeiras obras naturalistas são publicadas em 1880, 
sendo influenciadas pela leitura de Émile Zola. 
O primeiro romance é O mulato (1881) do maranhense Aluísio de 
Azevedo, o escritor que melhor representa a corrente literária do naturalismo 
brasileiro. Além dessa obra, foi o responsável pela criação de um dos maiores 
marcos da literatura brasileira: O cortiço. 
Os romances naturalistas são, com frequência, caracterizados como 
literatura de tese, porque desenvolvem uma estrutura pensada para provar ao 
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leitor a visão determinista da sociedade. O aviltamento e a perda da dignidade 
dos indivíduos que vivem em um meio degradante é a grande tese exposta 
nesses romances (ABAURRE; PONTARA, 2005). 
 
 
SIMBOLISMO 
 
A fase literária do simbolismo (fins do século XIX) inicia-se com a 
publicação de Missal e Broqueis de João da Cruz e Souza. Os poetas 
simbolistas usavam uma linguagem abstrata e sugestiva, enchendo suas obras 
de misticismo e religiosidade. Valorizavam muito os mistérios da morte e dos 
sonhos, carregando os textos de subjetivismo. Os principais representantes do 
simbolismo foram: Cruz e Souza, Augusto dos Anjos e Alphonsus de 
Guimaraens. 
 
PRÉ-MODERNISMO 
 
As grandes mudanças políticas, sociais e econômicas decorrentes dos 
primeiros anos da república não deixavam mais espaço para a idealização. Era 
o momento de buscar um conhecimento mais real e profundo das condições de 
vida que podiam ser observadas em um país tão grande. Por isso, o foco da 
produção literária se fragmenta e os autores escrevem sobre as diferentes 
regiões, os centros urbanos, os funcionários públicos, os sertanejos, os 
caboclos e os imigrantes. 
Tudo era motivo de interesse para escritores como Euclides da Cunha, 
Monteiro Lobato, Lima Barreto, Graça Aranha e Augusto dos Anjos. 
Para Abaurre e Pontara (2005) essa multiplicidade de focos e de 
interesses torna impossível tratar o Pré-modernismo como uma escola literária, 
por isso é considerado um período de transição: conserva algumas tendências 
das estéticas da segunda metade do século XIX e ao mesmo tempo, antecipa 
outras que serão aprofundadas no modernismo. 
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Vimos falando ao longo deste tópico sobre projeto literário, pois bem, 
mesmo não tratando o pré-modernismo como escola e entendendo projeto 
como intenção, podemos falar em projeto literário para o pré-modernismo que 
era o desejo de revelar o verdadeiro Brasil do século XX: olhar para o Brasil e 
usar a literatura como meio para torná-lo mais conhecido pelos brasileiros. 
Uma das maneiras foi desviar o olhar dos romances que focava as 
classes mais privilegiadas para os personagens de menor expressão. 
 
MODERNISMO 
 
O modernismo foi um movimento literário e artístico do início do séc. XX, 
cujo objetivo era o rompimento com o tradicionalismo (parnasianismo, 
simbolismo e a arte acadêmica), a libertação estética, a experimentação 
constante e, principalmente, a independência cultural do país. Apesar da força 
do movimento literário modernista a base deste movimento se encontra nas 
artes plásticas, com destaque para a pintura. 
No Brasil, este movimento possui como marco simbólico a Semana de 
Arte Moderna, realizada em 1922, na cidade de São Paulo, devido ao 
Centenário da Independência. No entanto, devemos lembrar que o modernismo 
já se mostrava presente muito antes do movimento de 1922. 
As primeiras mudanças na cultura brasileira que tenderam para o 
modernismo datam de 1913 com as obras do pintor Lasar Segall; e no ano de 
1917, a pintora Anita Malfatti, recém-chegada da Europa, provoca uma 
renovação artística com a exposição de seus quadros. A este período 
chamamos de Pré-Modernismo (1902-1922), no qual se destacam 
literariamente, Lima Barreto, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Augusto 
dos Anjos; nesse período ainda podemos notar certa influência de movimentos 
anteriores como realismo/naturalismo, parnasianismo e simbolismo. 
A partir de 1922, com a Semana de Arte Moderna tem início o que 
chamamos de Primeira Fase do Modernismo ou Fase Heroica (1922-1930), 
esta fase caracteriza-se por um maior compromisso dos artistas com a 
renovação estética que se beneficia pelas estreitas relações com as 
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vanguardas europeias (cubismo, futurismo, surrealismo, etc.), na literatura há a 
criação de uma forma de linguagem, que rompe com o tradicional, 
transformando a forma como até então se escrevia; algumas dessas mudanças 
são: a Liberdade Formal (utilização do verso livre, quase abandono das formas 
fixas – como o soneto, a fala coloquial, ausência de pontuação, etc.), a 
valorização do cotidiano, a reescritura de textos do passado, e diversas outras; 
este período caracteriza-se também pela formação de grupos do movimento 
modernista: Pau-Brasil, Antropófago, Verde-Amarelo, Grupo de Porto Alegre e 
Grupo Modernista-Regionalista de Recife (FARIA, 2007). 
Na década de 1930, temos o início do período conhecido como Segunda 
Fase do Modernismo ou Fase de Consolidação (1930-1945), que é 
caracterizado pelo predomínio da prosa de ficção. A partir deste período, os 
ideais difundidos em 1922 se espalham e se normalizam, os esforços 
anteriores para redefinir a linguagem artística se une a um forte interesse pelas 
temáticas nacionalistas, percebe-se um amadurecimento nas obras dos 
autores da primeira fase, que continuam produzindo, e também o surgimento 
de novos poetas, entre eles Carlos Drummond de Andrade. 
Temos ainda a Terceira Fase do Modernismo (1945- até 1960); alguns 
estudiosos consideram a fase de 1945 até os dias de hoje como Pós-
Modernista, no entanto, outras fontes, tratam como Terceira Fase do 
Modernismo o período compreendido entre 1945 e 1960 e como Tendências 
Contemporâneas o período de 1960 até os dias de hoje. Nesta terceira fase, a 
prosa dá sequência às três tendências observadas no período anterior – prosa 
urbana, prosa intimista e prosa regionalista, com uma certa renovação 
formal; na poesia temos a permanência de poetas da fase anterior, que se 
encontram em constante renovação, e a criação de um grupo de escritores que 
se autodenomina “geração de 45”, e que buscam uma poesia mais equilibrada 
e séria, sendo chamados de neoparnasianos (FARIA, 2007). 
Principais representantes da literatura do pré-modernismo e do 
modernismo no Brasil: Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto, 
Augusto dos Anjos, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Alcântara 
Machado, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Carlos D. de Andrade, Cecília 
Meireles, Vinicius de Morais, Murilo Mendes, Graciliano Ramos, Rachel de 
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Queiroz, Jorge de Lima, José Lins do Rego, Thiago de Mello, Ledo Ivo, Ferreira 
Gullar, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Olavo 
Bilac, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho, Ribeiro 
Couto, Raul Bopp, Graça Aranha, Murilo Leite, Mário Quintana, Carlos 
Drummond de Andrade, Jorge Amado, Érico Veríssimo. 
Bom, chegamos ao fim de uma apostila que deveria ser o começo de 
uma longa jornada para todos nós. Passamos longe, muito longe de esgotar 
esse assunto tão vasto e “gostoso” que é a trajetória da literatura brasileira. 
Em todos os tempos, em todos os lugares e em todas as culturas, 
homens e mulheres produziram arte e dentre suas manifestações temos a 
literatura com seu mágico poder de provocação, de ser espaço de reflexão e de 
interrogação. 
Esperamos que tenham compreendido que a literatura encontra na 
palavra a sua essência, que ela pode estabelecer relações, que tem o potencial 
de nos fazer sonhar e ao mesmo tempo nos decepcionar, nos transporta a 
mundos distantes, nos apresenta realidades próximas que insistimos não 
existir. 
Enfim, que usem o poder da literatura para incutir nos alunos o gosto 
pela palavra, pela leitura e pelas inúmeras possibilidades advindas dela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS 
 
 
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