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1. Considerando as aulas introdutórias sobre a reflexão dos gregos a respeito da condução da vida pessoal (ética) e coletiva (pólis, política), junto com a síntese acima, apresentem e expliquem a principal preocupação de Platão, a qual o levou a escrever A REPÚBLICA.
Resposta: Ele fala como seria uma cidade justa e como os governantes poderiam promover o bem-estar de todos os cidadãos. Platão estava preocupado em encontrar respostas para questões fundamentais sobre a justiça, o papel dos governantes e a organização ideal da sociedade. Em "A República", Platão propõe a construção de uma cidade ideal, na qual a justiça reine supremamente. Ele acreditava que uma sociedade justa deveria ser governada por filósofos-reis, indivíduos que alcançaram a sabedoria e a visão do bem supremo. Esses governantes seriam dedicados ao bem comum e governariam com base no conhecimento e na razão, em vez de buscar o poder pelo interesse próprio. Além disso, Platão explorou a ideia de que a justiça na sociedade reflete a justiça na alma individual. Ele argumentou que a alma humana também possui uma estrutura tripartida, composta pelas partes racional, espiritual e apetitiva. Assim como na cidade ideal, a justiça na alma ocorre quando essas partes estão harmonizadas e a razão governa sobre os desejos e as emoções. Portanto, a principal preocupação de Platão ao escrever "A República" foi propor uma visão de sociedade justa e bem governada, onde a virtude e o conhecimento prevalecem sobre a corrupção e o interesse próprio, tanto a nível individual quanto coletivo.
2. Polêmarco, Trasímaco, Glaucon e Adimanto apresentam distintas concepções de justiça, rebatidas por Sócrates. A mais radical e argumentada, e também contestada, é a de Trasímaco. Após ler e conversar a respeito de tais concepções sobre a justiça, como o grupo a avalia a presença de tais concepções na sociedade contemporânea e como o grupo contesta o conteúdo da concepção de Trasímaco?
Resposta: Para Polêmarco, ele define a justiça como "dar a cada um o que é devido". Essa visão está mais alinhada com uma perspectiva tradicional de justiça baseada em retribuição e reciprocidade, porém, essa concepção pode ser considerada limitada nos dias de hoje, onde muitos defendem uma abordagem mais inclusiva e igualitária da justiça, que não se baseia apenas em relações pessoais. Trasímaco apresenta uma visão pessimista da justiça, argumentando que ela é o interesse do mais forte, sugere que os governantes criam leis para seu próprio benefício e que a justiça é simplesmente obediência a essas leis impostas por quem estar no poder. Nos dias de hoje essa visão pode ser atribuída como uma crítica à corrupção e ao abuso de poder na sociedade. Glaucon e Adimanto, refletem uma visão cínica da natureza humana, na qual os indivíduos são vistos como predominantemente interesseiros e agem de acordo com as leis por pura conveniência, em vez de por um compromisso intrínseco com a justiça. Muitas vezes, as pessoas agem com base em suas próprias conveniências e interesses pessoais, especialmente quando se trata de cumprir leis ou normas sociais, porém, é importante notar que essa visão cínica não abrange toda a gama da motivação humana. Muitas pessoas também agem de acordo com princípios éticos e morais, buscando o bem comum e a justiça, mesmo quando isso vai contra seus interesses pessoais imediatos. A complexidade da natureza humana significa que diferentes indivíduos podem ter diferentes motivações para cumprir as leis e se envolver em comportamentos éticos. A visão de Trasímaco, é considerada a mais radical, devido ir na contramão das concepções convencionais de justiça, expondo uma visão pessimista da natureza humana e das estruturas do poder. Pois ele destaca o aspecto autoritário e opressivo de quem detém o poder, sugerindo que as leis são criadas e aplicadas para servir aos seus interesses, em detrimentos dos menos privilegiados. Contrapondo essa visão de Trasímaco, podemos destacar que ao longo dos anos foram alterados a forma como um governante era colocado nessa função. Atualmente os agentes políticos são eleitos pelo povo e representam o interesse de uma sociedade que o escolheu para representá-los, ademais, existem mecanismos de controle de legalidade dentro do processo legislativo. Embora desafios persistentes de injustiça, corrupção e desigualdade ainda existam nos dias atuais, há esforços significativos sendo feitos em direção a uma sociedade mais justa e igualitária.
3. Por que, na visão de Sócrates, é importante remunerar os que governam?
Resposta: Na visão de Sócrates, é importante remunerar aqueles que governam porque ele acreditava que os governantes devem ser incentivados a governar de maneira justa e virtuosa. Sócrates argumentava que o governo não deveria ser uma atividade voltada para a busca de riquezas pessoais ou poder, mas sim um serviço público dedicado ao bem comum. Ao oferecer uma remuneração aos governantes, Sócrates buscava garantir que as pessoas mais qualificadas e virtuosas fossem atraídas para assumir cargos de liderança na sociedade. Ele entendia que, ao receber uma compensação pelo seu trabalho, os governantes seriam menos propensos a serem seduzidos pela corrupção ou por interesses pessoais, e mais propensos a governar de acordo com a justiça e o bem-estar do povo. Além disso, Sócrates reconhecia que governar era uma tarefa exigente que demandava tempo, habilidades e sacrifícios pessoais.
Ao remunerar os governantes, ele buscava reconhecer e valorizar o trabalho árduo e dedicado que envolve o exercício do poder político. Portanto, para Sócrates, a remuneração dos governantes não apenas garantia a atração dos melhores candidatos para os cargos de liderança, mas também incentivava um governo justo e comprometido com o bem-estar da sociedade como um todo.
4. Quais os dois princípios fundamentais da justiça, e por que são fundamentais, de acordo com Sócrates?
Resposta: O primeiro princípio é a solidariedade social: é a forma pela qual a pessoa contribui para o bem-estar coletivo, pois este é que tem a prioridade. O Segundo princípio é a manutenção da integridade social: é o desprendimento do dever consciente de pessoas que realmente é disposta a prover o bem comum. Dessa forma cria-se a ideia de uma classe social distintas das atividades econômicas para guardiões, futuro réis-filósofos que sustentarão a felicidade do estado.
5. Como o grupo avalia a estrutura social, com suas respectivas virtudes, proposta pelo texto?
Resposta: Classe dos Produtores: Nesta estrutura social, encontramos os artesãos, agricultores, comerciantes e outros trabalhadores que fornecem os bens materiais indispensáveis para a comunidade. A virtude principal que os define é a temperança ou moderação, pois são responsáveis por atender às necessidades materiais da cidade sem extravagâncias ou excessos. Classe dos Guerreiros ou Guardiões: Esta classe é composta por soldados e defensores da cidade, incumbidos de proteger a comunidade contra
ameaças internas e externas. A coragem é a virtude predominante entre eles, pois são treinados para agir com bravura e resolução diante de situações perigosas. Classe dos Filósofos-Reis: Este é o grupo governante na cidade ideal, formado por filósofos que possuem conhecimento das formas e da verdade última. Sua virtude principal é a sabedoria, pois são encarregados de governar a cidade com justiça e discernimento, buscando o bem comum de todos os cidadãos. Essa estrutura social é fundamentada na ideia de que cada indivíduo tem uma função específica na comunidade e deve desempenhá-la conforme suas habilidades e aptidões naturais. A harmonia e estabilidade da cidade ideal dependem do cumprimento adequado dessas funções por parte de cada classe, contribuindo assim para o bem-estar geral da sociedade. No geral, a estrutura social proposta por Platão enfatiza a importância das virtudes e da justiça na governança, bem como na organização da sociedade como um todo. No entanto, sua implementação prática pode ser desafiadora e requerer um equilíbriocuidadoso entre autoridade centralizada e respeito pelos direitos e necessidades individuais dos cidadãos.
6. Como o grupo avalia as três proposições de Sócrates sobre os governantes? O que há de atual, o que há de arcaico?
Resposta: 1) Igualdade de gênero na classe dos guardiões: Esta ideia é revolucionária para o contexto histórico em que Sócrates viveu, já que Grécia antiga as mulheres não tinham direitos políticos nem sociais comparados aos dos homens. Portanto, a ideia de que homens e mulheres poderiam executar as mesmas tarefas na governança é progressista e atual, assim trazendo a igualdade de gênero que ainda são debatidos e buscados na sociedade contemporânea. 2)Proibição de constituir família: Esta proposição pode ser vista como uma tentativa de evitar conflitos de interesses entre os governantes e seus entes queridos, garantindo que seu foco principal permaneça no bem-estar da sociedade como um todo. No entanto, essa restrição na nossa sociedade atual seria vista exageradamente intrusiva na vida pessoal dos indivíduos e incompatível com nossa sociedade e valores contemporâneos de liberdade individual e de autonomia. 3)Ausência de posse de bens: Esta ideia está ligada à noção de que o poder dos governantes deve derivar de seu conhecimento e virtude, em vez de riqueza de bens material. Na época de Sócrates, a posse de bens até poderia ser vista como um possível conflito de interesses, até porque os governantes poderiam passar a priorizar seus próprios ganhos pessoais e prejudicando o bem comum. Essa ideia transmite
conceitos contemporâneos de meritocracia e liderança baseada em competência e mérito, em vez de privilégio econômico.

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