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ciencia politica e do estado

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FMU 
 
 
Avaliação N2 
 
 
Resenha do livro: Ciência Política 
Autor: Reinaldo Dias 
 
 
 
 CIÊNCIA POLÍTICA E DO ESTADO 
 
 
 
NOME 
Danilo Uriel Serrano Dal Santo 
 
 
RA 
5198121 
 
 
São Paulo 
2021
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Capítulo I - Introdução à Ciência Política 
1.1 As várias concepções do termo política 
No sentido clássico transmitida pelos antigos gregos influenciados pelo 
pensamento de Aristóteles, política se deriva da palavra polis(politikós) cujo 
significado refere-se a tudo aquilo que está ligado a cidade, ou seja, ao público, social, 
urbano e as atividades que ao Estado são inerentes. 
Para Aristóteles o homem era um zoon politikón (animal político), por viver na 
polis e sendo assim, ele é realizado por alcançar sua essência exercendo a política. 
Por outro lado, o ídion (idiota) é o oposto pois perdeu ou não adquiriu o patamar 
de “homem político”, perdendo plenitude de vida e tornando se um deficiente na 
concepção grega. 
Já Max Weber aponta que quando se almeja a política a finalidade é a obtenção 
poder sobre outro indivíduo ou em um grupo de pessoas, a fim de tem vantagem 
pessoal ou coletiva. Nesse sentido, para o pensador o conceito de política é 
extremamente amplo podendo se manifestar nos diferentes níveis de relações na 
sociedade, seja na escola, no banco ou mesmo entre marido e mulher. 
Por fim, explica que a política se entende como um conjunto de esforços cuja 
finalidade é alcançar, exercer ou perpetuar o poder estatal, além de influir na divisão 
entre Estados ou dentro de um único Estado. 
Segundo Carl Schmidt a ideia de política se restringe a uma visão dualista onde 
é identificado a figura do amigo-inimigo. Para ele o Estado se supõe ao político, sendo 
o Estado uma condição política de um povo disposto de forma organizada dentro de 
um território e nesta conjuntura deve se identificar suas especificidades para 
determinar o conceito político. 
Surgindo então as categorias de bem e mal elencadas por Schmidt, que serão 
aplicadas nos grupos sociais e que revelaram na máxima do inimigo político, ou seja, 
o estranho que se distingue passa a ser perseguido. Esta definição de política pôde 
ser identificada no nazismo, o que fez o filosofo se tornar um dos seus ideólogos. 
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Temos também a visão de Parson que descreve a relação política com o poder 
na sociedade como centralizado e distribuidor de poder. 
Karl Deutch caracteriza política como a tomada de decisões por meios público 
e vai além vendo que uma comunidade maior que uma família contém política. Finaliza 
afirmando que a política se dá por uma forma de governo onde há distintos interesses 
e até divisões, porém é administrado sem violência concedendo aos indivíduos 
participação proporcional no poder visando o bem-estar geral. 
Sobre política Duverger enxerga ambivalência em política, dessa forma, de um 
lado temos o Estado – o poder constituído em uma sociedade sendo como todo lugar 
e servindo de instrumento de dominância sobre as classes e no outro lado uma 
maneira de assegurar uma certa ordem e integração de todos para a obtenção do 
bem comum. 
Para o Jurista Hernann o conceito de política é mais amplo que o Estado, pois 
segundo ele as atividades política já existiam antes do Estado. Não se enquadram em 
poder político organizações militares, órgãos da igreja e corporações econômicas. 
Sendo assim, é relação do político com a pólis, o Estado que é sua forma mais 
evoluída. Participam desta atuação também grupos político interestatais e 
intraestatais. 
1.2 A relação entre a ciência política e a teoria jurídica do Estado 
Segundo Heller esta demarcação é um tanto difícil pois, não existe um 
consenso que determine sobre a nomenclatura e a divisão de suas competências. 
Sendo assim, a teoria jurídica do Estado nem a ciência política não devem se 
contrapor uma à outra, mas sim coexistir. 
A ciência política por sua vez, não é exclusivamente a ciência do poder e de 
mesmo modo a teoria jurídica do Estado não pode se restringir somente ou 
meramente a um sistema de normas. Desse modo, a ciência política tornou-se uma 
ciência sociológica tendo como questão central o poder e todas suas especificidades, 
desde sua instauração à sua perca. 
Já a teoria jurídica do Estado tem uma função de ciência política nas questões 
que envolvem tratamento jurídico. Nesse sentido, ambas analisam como objeto a 
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interação humana, o Estado e a política, mas não tão somente em sua constituição, 
mas também se comprometem em refutar a questão que nos acompanha à anos, a 
de atingir uma vida plena e racional. 
1.3 A concepção de sistema político de Robert Dahl 
Para Robert Dahl um sistema político pode ser definido como qualquer modelo 
de relações humanas que é permanente que implique de forma considerável em 
poder, autoridade ou governo. 
Dahl ainda aborda diversas características encontradas em distintos sistemas 
políticos: 
a) O controle desigual dos recursos políticos: 
O controle dos recursos políticos é distribuído de forma irregular devido 
a especializações de funções, a diferença ao acesso aos recursos ligados ao 
fator hereditário, as variações nas heranças sociais e biológicas, por fim 
diferenças em estímulos e objetivos socialmente benéficos. 
 
b) A busca da influência política 
Alguns buscam adquirir influência em questões governamentais 
interferindo assim politicamente. 
 
c) Distribuição desigual da influência política 
Essa desigualdade está intimamente ligada a primeira característica 
(recurso) e se desenvolve na má distribuição entre os membros adultos de um 
sistema político. 
 
d) Objetivos conflituosos 
Certos membros conflituam por perseguirem outros objetivos. 
 
e) Aquisição de legitimidade 
Líderes buscam que suas ações sejam legítimas para que assim sua 
liderança seja embasada na legitimidade. 
 
f) O desenvolvimento de uma ideologia 
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De forma geral, todos os líderes aderem à alguma ideologia para que 
justifique sua permanência no poder, tal atitude constitui autenticidade à sua 
posição. 
 
g) O impacto de outros sistemas políticos 
Em síntese todo sistema político se empenha em manter relações 
exteriores. 
 
h) A influência da mudança 
Ao longo da história todo sistema política passou por transformações, 
tornando-se imutável. 
1.4 As origens do sistema político 
O que se conhece de política nos tempos atuais pode ser observado na Grécia 
antiga, o berço do pensamento ao qual vivenciamos em nossos dias. Durante aquele 
período desenvolveu-se uma ciência política que oferecia técnica objetividade em 
grande diversidade, para os gregos a política era definida como a reunião de todos os 
fenômenos e atividades estatais bem como suas instituições. 
Dentre os primeiros pensadores sobre política encontramos os Sofistas e 
posteriormente Platão e Aristóteles. 
Os Sofistas além de caraterísticas comuns, compartilhavam de um mesmo 
método, ponto de vista e identidade, para eles a autoridade política estava ligada à 
força e acreditavam na existência de carácter egoísta nos homens e na desigualdade 
de suas habilidades. 
Sendo assim, viam que o governo eram uma consequência do acordo entre 
fortes para a sujeição dos mais fracos ou por outro lado um mecanismo de defesa dos 
fracos em oposição os poderosos. 
Neste sentido, defendiam que o Estado tinha como fundamento o 
individualismo e a artificialidade, sendo a autoridade um egoísta por natureza. Os 
Sofistas formam o primeiro conceito que concebe a ideia de que a formação do Estado 
estava ligada ao estabelecimento de um pacto social. 
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Além disso, fizeram a separação entre moral e direito, a lei era proveniente da 
liderança pública que intimida e impõe os, por vezes leva em conta normas racionais. 
A razão individual segundo os sofistas é a fonte de todo conhecimento, dentre 
seus principais pensadores encontramos Protágoras, Górgias e Prodico que a 
explicavamcomo uma arte para a vida de cada um. Esta corrente filosófica rompeu 
com antigos dogmas e deu caminho para as doutrinas de Platão, Aristóteles e 
Sócrates. 
 Platão foi considerado um dos primeiros filósofos políticos e foi chamado de 
moralista em busca do bom governo. Na sua obra A república de grande primor, 
estabeleceu uma visão filosófica de justiça, a organização de um Estado ideal onde a 
justiça triunfe, sua visão é idealista e moral refutando os sofistas quando afirma que o 
direito não proveniente da força, e que a felicidade não acompanha o homem injusto. 
Para Platão o Estado se dá de forma abstrata não excluindo os indivíduos, mas 
sim incluindo na sua composição os desejos e necessidades do ser humano assim 
como, o esforço necessário para a satisfação destes. 
O pensador se baseia em três capacidades que unem as características 
humanas e a estrutura do Estado: razão, valor e desejo e conclui que o Estado é 
formado por três classes importantes: agricultores, guerreiros e magistrados e atribui 
pouca relevância as classes trabalhadoras e militares. 
 O foco de seu estudo é a classe governante composta por seletos homens 
maduros sem família, sem interesses materiais e dedicados a filosofia, para Platão a 
abolição da propriedade privada de laços familiares era de suma importância para 
assegurar a unidade estatal 
A ideia política contida em A república seria a de que autoridade governamental 
deve estar atrelada ao conhecimento de forma ampla, sendo o filósofo a figura do 
homem de Estado e que o sistema político torne se um agregador na difusão do 
conhecimento como uma função pública. 
Mais uma vez a busca de um Estado moralmente melhor é reforçada, no campo 
das leis vemos que Platão tem uma consideração empírica colocando o Estado ideal 
mais próximo da realidade. 
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Por outro lado, Platão sintetiza que o Estado ideal seria constituído de uma 
aristocracia educada e munida de um senso de justiça para governar de forma 
inteligente e que a tirania seria forma de governo que se distancia da justiça sendo, a 
pior das conjunturas que o Estado pode vivenciar 
Contemporâneo de Platão temos seu discípulo Aristóteles que se difere de seu 
mestre quando adota a praticidade, lógica e sistematização na defesa de suas ideias 
vendo o Estado como ciência independente o separando da Ética. 
Sendo claro e observador Aristóteles declarou que a política é uma ciência 
independente, separando - a da ética afirmando em sua obra Política que o bem com 
é a finalidade que a política busca em prol da coletividade. 
Em sua tese não idealizou um perfil de governo, mas destacou a importância 
do mesmo se adaptar a necessidade de cada povo. Sendo assim, a melhor forma de 
governo seria aquela em que o indivíduo é atuante na vida política, caracterizando o 
homem como um animal político. 
De acordo com Aristóteles a cidade-estado é o modelo de associação em que 
o homem pode alcançar seus anseios por meio do Estado por outro lado, o que está 
fora desta situação é considerado por ele bestialidade, ou seja, o Estado existe para 
realizar as necessidades morais e intelecto do ser humano, incluindo nesta soma a 
família como algo indispensável. 
A escravidão é totalmente legal e natural justificada por Aristóteles seguindo a 
lógica de que homens se distinguem em poder físico e capacidade intelectual, sendo 
os mais capacitados para o governo aqueles que possuem um mas grau de elevação 
espiritual. 
Tal visão seria benéfica se o senhor não abusasse de sua autoridade junto ao 
escravizado, além disso, para os gregos a situação era ideal pois os mesmos eram 
considerados cultos não podendo serem escravizados pelos povos vizinhos. 
Aristóteles acreditava a que unidade estatal seria alcançada por meio da 
adequada organização das categorias de indivíduos e não pela submissão a um 
governo disciplinador. 
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 Logo o cidadão, aquele capaz de participar do governo e praticante da 
cidadania, que seria a manifestação de seus direitos políticos. Este faria parte desta 
unidade de Estado organizada pretendida pelo pensador. 
O filósofo também separou a noção de Estado e governo, para ele o Estado 
está relacionado ao corpo total dos cidadãos já o governo, está ligado aos indivíduos 
que ordenam e exercem o poder perante os não ocupantes de cargos públicos. 
Segundo Aristóteles, o Estado ideal se dá por meio de uma sociedade ideal 
dessa forma, considerando a natureza humana a democracia moderada deveria ser 
acolhida. 
Ao final sintetiza que é no Estado que se concentra o bem-estar da coletividade 
e o poder deve ser repartido com os cidadãos na proporção que contribuam com o 
funcionamento deste Estado. 
Herman Heller considera importante a grande contribuição grega para uma 
ciência política baseada numa multiplicidade de métodos e objetividade. 
Continuando tal pensamento sobre o tema Marco Túlio Cícero em Roma, 
considerado um dos expoentes que defendeu os princípios republicanos e resistiu as 
mudanças, optando em resgatar as técnicas tradicionais de governo já conhecida dos 
romanos, toda sua visão está contido na obra A república. 
Para Cícero o ser humano é detentor de um instinto de sociabilidade, onde não 
cabe o isolamento e sim a busca pelo apoio comum. Logo o Estado é consequência 
desta característica humana e deve estar alicerçado num misto de monarquia, 
aristocracia e democracia, sempre buscando o melhor de cada forma de governo. 
Sobre o direito, Cícero complementou escrevendo no tratado Das Leis onde 
observa que a lei se baseia nos princípios da razão natural e qualquer contraposição 
as leis naturais seria ilegal. 
Sua influência não foi expressiva nem seu tempo, mas o pensador serviu de 
base por todo período medieval com o de princípios concebidos por este, como na 
ideia de unidade de mundo, de lei universal e figura de uma autoridade. 
 
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Capítulo II - A questão do poder 
2.1 O conceito de poder 
O significado de poder está atrelado a visão dos grupos sociais que compõe a 
sociedade, essa é máxima que nos rege ao longo de toda história. Para alguns o poder 
está ligado a força física, na capacidade de relacionar-se com divindades ou no que é 
considerado mais valoroso dentro de um grupo. 
Para Fleiner – Gerster o poder sobrevém sobra a força e superioridade de um 
lado sobre o outro que é mais fraco e dependente, ocorrendo de forma simultânea. 
Friedrich vê a origem do poder na posse e na coação, ou seja, quando individuo 
adquire poder ele também é capaz de coagir. Contudo, para o pensador esta relação 
pode ser cooperativa e consensual tudo depende da situação e do membro do grupo. 
Por outro lado, Talcott Parsons descreve o poder como uma capacidade de 
mobilização social de recurso afim de atingir objetivos delimitados de maneira mais 
positiva motivada pelo interesse público. 
Wright Mills diz que o poder está relacionado com todas as decisões tomadas 
pelo homem sua vida e sobre tudo que envolva os fatos de sua história. 
Aristóteles identificou três tipos de poder: o do pai sobre os filhos, o do senhor 
sobre os escravos e do governo sobre os governados, por outra ótica afirmou que há 
um certo benefício quando há inversão dos sujeitos nos pólos passivos da relação. 
Sartori defendeu a ideia de que todo processo político se trata de poder. Já 
Weber viu a imposição da própria vontade numa relação social ou resistência como a 
manifestação da definição de poder. 
 Hobbes diz que o poder consiste nos meios disponíveis utilizados para 
obtenção do bem futuro. Para a maioria dos estudiosos sociais o poder se dá pela 
capacidade de afetar o comportamento alheio. 
 
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2.2 Poder econômico, ideológico e político na visão de Norberto Bobbio 
Para Bobbio existem três tipos de poder que mantém a sociedade desigual 
sendo eles: 
O poder econômico entre ricos e pobres, o poder ideológico entre sapiente e 
ignorante e entre fortes e fracos o chamadopoder político. Assim é claro que existe 
uma relação de inferioridade e superioridade. 
2.3 As principais fontes de poder 
As principais fontes de poder de forma geral aparecem associadas, tendo 
diferentes graus considerando o real poder do individuo ou grupo. Sendo elas: 
Força: definida como uso de ameaça ou coerção física por meio de armas de 
todo o tipo. Os estados em geral monopolizam o uso da força isso pode ser visto nas 
organizações militares para a manutenção da ordem, imposição de vontade e 
proteção de seu território. 
Autoridade: se trata de um direito concedido para que decisões sejam tomadas 
e ordens demandadas. Segundo Sartori se faz necessário distinguir os tipos de poder, 
o de coagir e o de persuadir. 
Além disso, ressalta que a autoridade é fórmula do poder por excelência. 
Já Weber identificou três autoridades: a autoridade burocrática ou racional – 
legal que está relacionada a um cargo ou posição, por exemplo, temos os juízes, 
delegados de polícia e funcionários públicos. 
Por outro lado, temos a autoridade tradicional ligada nas crenças, leis e 
tradições sagradas que são obedecidas em razão dos costumes, como reis, maridos 
e pais. 
Ao encontrarmos a autoridade e carismática vemos que esta, se baseia nas 
especificidades do indivíduo, em seus atos heroicos e de caráter irrepreensível que 
gera uma veneração coletiva levando este líder ao status de santidade a exemplo de 
Gandhi, Martin Luther King e Fidel Castro. 
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2.4 A afirmação de Maquiavel sobre o poder 
 Nicolau Maquiavel afirmou em sua teoria que para se ter sucesso com o poder 
todos os fins justificam os meios. Para o pensador a força está na astúcia não em 
legitimar o poder, uma vez que o elemento estava presente na queda de vários 
governos. 
Maquiavel vê na força o único meio de se manter e fomentar o poder, para ele 
é importante a capacidade de imposição e reconhecimento pelos demais. 
Em sua obra O príncipe deixa claro que um governante não necessita de 
qualidades de um religioso, integro e piedoso nem leal ou humanitário podendo 
apenas ter a aparência de possuí-las. 
 Logo conclui que violência e crueldade devem ser utilizadas, mais valendo ser 
temido do que amado, contudo, esse temor não pode evoluir para uma aversão ao 
líder descrito por Maquiavel. 
O estudioso justifica sua tese na própria natureza humana que torna o homem 
ingrato e tão logo se voltará contra aquele que ama, pois segundo Maquiavel o amor 
gera o excesso de confiança e a ausência de respeito o que se opõe ao temor. 
Sendo assim, para se manter no poder na visão de Maquiavel o indivíduo deve 
se utilizar de todos meios ardis cruéis e inescrupulosos a fim de, gerar o respeito 
mesmo que, estes mecanismos sejam julgados como imorais tudo se faz justificável. 
Pois todos os meios ardilosos ou não, são legais para que se obtenha êxito 
com o poder. 
2.5 A diferença entre legitimidade e legalidade 
A legitimidade se relaciona com o poder em relação a algum sistema de valores 
e a legalidade por outro lado está ligado a um determinado ordenamento jurídico. 
Dessa forma, a legalidade vem para delimitar como o governo deve ser 
exercido e a legitimidade se soma para garantir ao indivíduo a detenção de tal poder. 
Atualmente a adesão a legalidade não se faz suficiente para tornar o poder do 
Estado legítimo, pois é necessário a participação dos cidadãos de forma ampla e plena 
além da realização pelo Estado dos anseios sociais. 
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Capítulo III – O conceito de Estado 
3.1 O significado da palavra Estado no ponto de vista etimológico 
A palavra Estado tem origem no latim status que é proveniente de stare, uma 
coisa ou condição de existência em que se dá. No sentido etimológico, Estado tem o 
sentido de representar o poder que autoridade exerce em um território ou povo. 
Na atualidade a palavra Estado é utilizado de forma ampla, geralmente para 
apontar um conjunto administrativo que tem poder político em alguma comunidade, 
assim na visão etimológica mais que definir este vocábulo de formam clara há uma 
busca de detalhes e dados históricos, sociológicos e jurídicos para a descrição deste 
termo. 
3.2 As teorias contratualistas sobre a origem do Estado 
 A definição de contratualismo está ligada a ideia de que o estado é o produto 
racional de uma decisão dos homens para que conflitos gerados por estes, em razão 
de sua natureza antissocial e de problemas relacionados à convivência sejam 
solucionados ou seja, o contrato está relacionado há uma lógica política e de uma 
decisão totalmente irracional. 
 Dentre os principais contratualistas podemos citar: Thomas Hobbes, John 
Locke e Jean Jaques Rousseau que tem em comum alguns pontos de convergência. 
Eles seguem a linha de que o estado de natureza é aquele anterior a 
Constituição de uma comunidade regida por leis positivas no qual, seus componentes 
são dotados de direitos naturais, sustentam também que é por meio de um contrato 
social que os indivíduos decidem por firmar uma sociedade civil orquestrada por leis 
positivas a fim de que, estas solucionem todos os dilemas do estado de natureza e 
por fim estabelece a existência de diversos tipos de estado sendo absolutista liberal e 
democrático. 
Para Hobbes o homem é naturalmente invejoso e agressivo e conserva em si 
o desejo de se aproveitar de maneira vantajosa numa situação de igualdade, espera 
se que nesse estado de natureza surja a denominada guerra de todos contra todos, 
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ou seja, um local que se mantém em constante conflito, a insegurança e ameaça são 
comuns e onde nenhuma obra humana tem sentido. 
Assim Hobbes declara que o homem é o lobo do próprio homem e para garantir 
ordem e estabilidade os indivíduos deverão ceder de forma incondicional, todos seus 
direitos a figura de uma autoridade que passa a ter poder ilimitado para garantir a 
segurança daquele grupo. Desta forma o resultado seria o denominado estado 
absolutista que Hobbes chama de República. 
Portanto Hobbes enxerga que somente através do poder do soberano a 
conduta natural humana poderá ser reprimida cessando assim todos os tipos de 
conflito, ou seja, trata se de uma organização onde os súditos se submetem a figura 
de uma autoridade que garantirá paz e encerrará a guerra. 
Nesse sentido a contratualista pinta a figura de um deus mortal que seja temido 
pelos cidadãos ligados a figura do monstro bíblico Leviatã, este ser está diretamente 
ligado a figura de um poder superior ao qual, os súditos estarão submetidos para que 
as tendências da natureza humana sejam balanceadas 
Thomas Hobbes entende que a paixão humana leva a desejos e a impulsos 
que geram conflitos e demonstram a real natureza humana, já a razão por outro lado 
faz, com que o homem pense no que realmente suas ações acarretam. 
É nesse sentido que Hobbes descreve que é por meio do uso da razão que o 
pacto social deve ser firmado de modo que, seja renunciado os direitos e liberdades 
no estado de natureza entregá-los ao soberano que assegurará a segurança e a 
ordem sendo esse, o preço para que exista paz não havendo manifestação da real 
natureza humana. 
Por outro lado, temos John Locke o principal expoente do liberalismo que 
enxerga o homem natural como livre e igual, porém, é constituído de um lado egoísta, 
ou seja, almejam o crescimento pessoal sem haver empatia com os demais indivíduos. 
Logo se tem como resultado a concessão de poder ao governante de forma 
voluntária, por um pacto. Este poder deve ser mínimo para dar segurança ao 
cumprimento das regras e dar garantia que todos os indivíduos tenham os seus 
interesses e liberdades preservados e igualitários. 
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Este estado deverá criar regras que seria a legislação, difundir seu 
conhecimento e garantir segurança e punição pelo não cumprimento das leis. Além 
disso, os indivíduos poderiam resistir a opressão do governante se este extrapolar em 
sua liderança. 
Temos assim o chamadoEstado Liberal caracterizado pela mínima intervenção 
na vida social e na intervenção direta na criação de políticas relacionadas à economia, 
mas garantidor de direitos de seus comandados. 
Para Locke o direito à liberdade é fundamental e os indivíduos poderão 
deliberar de suas propriedades como melhor lhe convir sem a necessidade de 
intervenção estatal. 
Por fim, temos o pensador Jean Jaques Rousseau que concebeu a ideia de 
que as pessoas no estado de natureza são livres boas e iguais entre si e que se 
corrompem em sociedade. 
Contudo vê que no estado de natureza o homem, encontra dificuldades de 
satisfazer suas necessidades tendo que de associar-se a fim de que, sua vontade seja 
colocada a serviço de todos. Rousseau denomina de “à vontade geral” que se dá 
quando existe obediência um indivíduo que emana o desejo de todos. 
Assim, o produto deste pacto é o chamado Estado Democrático de Direito no 
qual, o parlamento é peça fundamental dá vontade geral e formalizada por meio da 
lei. 
 Rousseau enxerga que as leis são fruto dá vontade da maioria por isso, são 
justas uma vez que ninguém será injusto consigo mesmo. 
3.3 A concepção marxista de Estado 
 Karl Marx contribuiu com sua famosa tese que defende o fator econômico para 
a explicação das mudanças que ocorrem seja na cultura ou política, para o estudioso 
análise política deve estar ligada com os fatos históricos-econômicos que se 
sobressaíram. Pois é este ponto que se determina qualquer sistema de produção e 
especifica o modo em como a sociedade se organizará para utilizar seus meios 
produtivos. 
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Ao mesmo tempo considerando os dados anteriormente apresentados são 
geradas distintas classes sociais. Sendo assim, para Marx as transformações 
históricas são propulsionadas pelo desenvolvimento do sistema econômicos e não por 
uma boa estrutura ideológica ou política. 
A teoria marxista foi gerada através da realidade de comunidades amplamente 
industrializadas, onde protagonista é operário que vendeu sua força de trabalho como 
uma mercadoria, por um mísero valor à uma minoria que controla os meios de 
produção e se beneficia adquirindo a mais- valia ou valor excedente. 
Num cenário capitalista e opressor esta minoria se apropria da maior parte dos 
frutos desta relação, para Marx é necessário promover a luta de classes operárias 
contra a máquina Estatal. 
Karl Marx concebe o Estado como um instrumento utilizado pela classe 
burguesa para dominar as demais formada pelos proletariados. Este domínio 
econômico se dá por meio do nacionalismo e religião e para o fim desta manipulação, 
a solução seria a revolução operária que deverá eliminar o Estado, a religião e 
nacionalismo instituindo assim uma sociedade sem classes livre das amarras 
capitalistas. 
Sendo assim para o sucesso desta tese Marx convoca a reunião mundial da 
classe trabalhadora, a chamada internacional socialista que chefiaria todo esse 
processo. 
Juntamente com Friedrich Engels, que entende o Estado como o poder da 
sociedade que é colocado acima desta e vai se distanciando, mas mantendo a ordem, 
Marx cria a obra o Manifesto Comunista importante base para todo pensamento 
político contemporâneo. 
Cabe ressaltar que a revolução prevista por Marx passaria por uma fase 
intermediária a chamada Ditatura do Proletariado até alcançar objetivo final, o 
comunismo com o desaparecimento total do Estado. 
Nesta fase de transição, o Estado se tornaria detentor dos meios de produção, 
desapossando a classe dominante e impossibilitando que eles tomem os frutos desta 
produção. Sendo assim, segundo Lênin nesta conjuntura o Estado deveria ser 
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democrático para os proletariados e ditatorial contra a burguesia, figurando assim 
como o chamado Estado socialista. 
Nesse sentido é importante ressaltar que, nenhuma sociedade atingiu o grau 
de comunismo almejando por Marx, e sim somente o estágio socialista a exemplo de 
Cuba e China que politicamente se identificam como socialistas e até comunistas 
contudo, ainda mantém resquícios capitalistas para o desenvolvimento econômico 
 
Bibliografia 
	
DIAS, REINALDO. Ciência Política. São Paulo: Atlas, 2013 Capítulos 1, 2, 3.

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