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Conteudista: Prof. Me. Afonso Maria Luiz Rodrigues Pavão Revisão Textual: Esp. Ricardo Messias Marques Objetivo da Unidade: Apresentar os conceitos de ética, de moral e sua aplicabilidade no contexto profissional. ˨ Material Teórico ˨ Material Complementar ˨ Referências Ética e Moral Ética e Moral Ética Vamos iniciar nosso conteúdo questionando: o que é ética e qual sua importância na sociedade? Então, vejamos: etimologicamente, a palavra ética é de origem grega: ethos – morada coletiva e vida coletiva, ou seja, costume ou hábito. Este é o motivo pelo qual o conceito de ética é aplicado em ações que devem promover o bem comum ou a justiça social. Os gregos utilizavam esse termo com o sentido de hábitos ou costumes que fossem relativos à boa vida e o bem viver entre os cidadãos. Acabou-se, assim, atrelando-se à ética o significado do modo de ser ou o caráter de um indivíduo. Em outras palavras, um modelo de vida a ser seguido ou conquistado pela humanidade, mediante a disciplina rígida que formaria seu caráter, sendo transmitida aos jovens pelos adultos. A filosofia grega desde cedo se preocupou em refletir sobre ética – até porque ética (ou a sede pela justiça) constitui uma das três dimensões da filosofia. As duas outras dimensões seriam a sabedoria e a teoria. Mas em Roma, ética passa a ser chamada de “mores”, que significa “moral”. Tanto é que no direito romano – a base de toda ciência jurídica, essa palavra – ética – refere-se a normas de 1 / 3 ˨ Material Teórico conduta (princípios que regem uma sociedade ou um grupo, numa determinada época), funcionando isso como uma espécie de Lei. Assim, historicamente, a ética está solidificada sobre as noções de valor, que vão mudando, à medida que “novas verdades” são descobertas. A ação ética não é apenas um simples ato para reprodução de ações de gerações anteriores, mas sim, uma reflexão para orientar uma ação a ser executada na vida pessoal. Ética e moral sempre estiveram presentes na História, já que o indivíduo sempre refletiu – e assim continuará – sobre como é a melhor forma de se conviver e como se deve agir em um contexto específico. Isso porque todos os dias as pessoas encontram situações que envolvem algum juízo de valor ou ainda situações que exijam uma decisão baseada em algo que pode ser julgado como errado ou certo. Portanto, sem ética, as ações humanas provavelmente seriam aleatórias e sem objetivo. Assim, à medida que um padrão ético racional é construído, o indivíduo torna-se capaz de organizar corretamente seus objetivos e ações para realizar aqueles seus valores. E conforme surgem questionamentos sobre a validade de determinados valores ou costumes, da mesma forma que a realidade exige novos valores para orientar a ética, é necessária uma teoria que possa justificar essa nova maneira de agir. Uma ação ética é impossível se o indivíduo não compreender seus aspectos racionais. Por isso, surgem os filósofos – para produzir uma reflexão teórica que possa orientar a prática, ou ainda, a crítica do viver ético. E essas reflexões sobre a ética e a moral são fundamentais para que seja possível construir, de uma forma consciente, uma sociedade mais justa e coerente, com o propósito de praticar e valorizar o bem, e, por consequência, valorizar o indivíduo. Quanto à ética, pode ser analisada sob alguns conceitos fundamentais, tais como consciência, liberdade, princípios e valores, ou ainda leis, dentre outros. Dessa forma, há sua aplicação prática na vida, no que tange à ética profissional, institucional, política, etc. Portanto, é impossível agir eticamente sem que haja uma reflexão entre o que se deve fazer e o que se gostaria de fazer, numa situação ou momento qualquer. De fato, uma ação ética deve sempre buscar o bem comum. E isso implica em recusar todas as ações que possam propiciar o mal. Conforme afirma Gonçalves (2016), agir eticamente vai muito além dos preceitos atrelados à cultura, às crenças, às ideologias e às tradições de uma sociedade, de uma comunidade ou de um grupo de pessoas. Além disso, observamos que por diversas vezes uma ação (ou reação) ocorrerá em situações opostas às crenças. Sim, porque a noção do “deve ser assim” é exatamente seu maior valor estrutural e em determinadas situações, esse “dever” é exatamente se repugnar e se indignar com aquelas crenças. É isso o que chamo de prerrogativa de uma evolução. Como a ética é guiada pela razão e não pelas crenças, ela tem a fundamentação nos ideais do bem e da virtude que uma civilização entende e considera serem seus valores e que devem ser perseguidos por todos. Platão e Aristóteles sistematizaram a ética com base na razão – chamando de vida virtuosa. E as virtudes são as práticas constantes e permanentes que encaminham um indivíduo ao caminho do bem. De acordo com Chauí (2000), o pensamento dos filósofos gregos antigos teve como base os princípios morais que podem ser assim descritos: 1. por natureza, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que podem ser Quanto à ética moderna, o filósofo Immanuel Kant (1724 – 1804) tem como preceitos a deontologia ou ética do dever. Ou seja, há direitos e deveres universais que precisam ser seguidos, conforme a pretensão do indivíduo. Assim, sua liberdade na escolha de agir corretamente é que fará a diferença. Para o filósofo, a moralidade não deve seguir um princípio subjetivo, mas sim, o princípio racional. Vamos, agora, para descontrair um pouco, a um cenário intrigante. Glossário Deontologia: Refere-se à ciência dos deveres, da moral. Conjunto de normas. alcançados pela conduta virtuosa; 2. a virtude é uma força interior ao caráter, que consiste na consciência do bem e na conduta definida pela vontade guiada pela razão, pois cabe a esta última o controle sobre instintos e impulsos irracionais descontrolados que existem na natureza de todo ser humano; 3. a conduta ética é aquela na qual o agente sabe o que está e o que não está em seu poder realizar, referindo-se, portanto, ao que é possível e desejável para um ser humano. Saber o que está em nosso poder significa, principalmente, não se deixar arrastar pelas circunstâncias, nem pelos instintos, nem por uma vontade alheia, mas afirmar nossa independência e nossa capacidade de autodeterminação. Imaginemos, nestes nossos dias, a vida numa pequena cidade qualquer no interior do estado de São Paulo – digamos, com 50 mil habitantes, apenas, mas com toda a estrutura já existente. Ou seja, energia elétrica, água encanada, asfalto, esgoto tratado, internet, comércio abrangente que fornece todo o tipo de alimentação, bens de consumo, saúde e entretenimento. Além, é claro, da vida com melhor qualidade e mais próxima da natureza. Sendo uma cidade neste nosso século XXI, apesar de pequena e com o cenário acima descrito, obviamente haverá meios de transporte convencionais contendo (além de alguns cavalos) bicicletas, motocicletas, automóveis e ônibus coletivos. Até aí, nada demais, não é? Pois então: vamos incrementar uma única situação para efeitos de reflexão neste cenário que criamos. E esta situação é que não existem regras de locomoção dos meios de transporte a serem cumpridas nas ruas e na movimentação das pessoas na cidade. Ou seja, tanto faz que se vá em um sentido ou outro nas ruas. Nos cruzamentos, não há a necessidade de se parar e não há semáforos instalados. Todos os meios de transporte citados acima podem circular livremente, sem qualquer tipo de controle. Afinal, todos têm o direito de ir e vir assegurados pela Constituição, todos são iguais e são livres para entrar e sair de qualquer rua ou estabelecimento a qualquer momento que quiserem. Reflita Pare por um breve momento e reflita sobre essa situação que propusemos. Será que irá acontecer algum problema, algum acidente, Se em circunstâncias chamadas de “normais”, em cidades ainda menores, com a obrigatoriedade de seguirmos as Leis de Trânsito, as placas indicativas de mãos de direção e de restrições ao tráfego, mão contrária proibida, dentre outras – já ocorrem atropelamentos, acidentes, pequenos abalroamentos ou congestionamentos, além de outros pequenos problemas, no cenário que idealizamos, com toda a certeza haverá muitos problemas, desavenças e situações que fugirão do controle, não é mesmo? Então, não se pode imaginar que haveria o bem-estar, a felicidade ou uma conduta virtuosa por parte de todos com certeza, e por parte de alguns poucos, dificilmente, já que a mesma liberdade de ação que um indivíduo tem, o outro também terá. Por esse motivo é necessário que a ética entre em cena. O cumprimento das boas regras e costumes será o responsável por trazer uma “normalidade” nas condutas das pessoas. As boas práticas nas condutas é que possibilitam um bom relacionamento entre as pessoas, pois afinal, vivemos em sociedades. Sim, no plural. A sociedade familiar, a sociedade acadêmica ou esportiva, a sociedade profissional e outras, para deixar bem claro que as atitudes em cada uma delas têm (e devem ter) padrões de conduta e regras claras para que sejam evitados os conflitos, não é mesmo? Afinal, em cada uma dessas “sociedades”, a relação entre as pessoas está baseada em objetivos individuais ou coletivos e é normal que existam conflitos entre essas pessoas e então, deverá existir o que chamamos de negociação em prol do bem comum. Um conflito pode surgir quando as expectativas das pessoas divergem no todo ou em partes. Deve-se, a partir daí, buscar-se o entendimento de modo a garantir a convivência pacífica entre atropelamento ou qualquer situação que irá gerar discussão, ou no mínimo, algum descontentamento, por menor que seja? as pessoas. O fato é que quando não se consegue essa convivência harmônica é porque ocorreu uma violação aos direitos e às regras de convívio saudável entre as pessoas. Logo, a ética é, portanto, não só uma condição para um convívio saudável entre as pessoas, como também, para que a própria sociedade possa sobreviver. Mas a maior dificuldade é que a ética traz consigo os valores humanos. E esses, em grande parte das vezes, são diferentes. E as pessoas podem discordar sobre quais comportamentos ou atitudes são – ou podem ser considerados desrespeitosos, certos ou errados, justos ou injustos. Esses conflitos podem ser decorrentes de diferenças na educação, no nível cultural, na interpretação da situação ou do fato baseada em seus próprios valores (muita vezes consequência da educação ou da cultura), ou ainda, numa insistência de terceiros que tenham valores diferentes ou de fato, equivocados. As pessoas são diferentes e acabam atribuindo valores diferentes às coisas, conforme também suas convicções. E isto pode acabar gerando conflitos – e em grande parte das vezes, totalmente desnecessários, apenas porque não se procurou respeitar, aceitar ou até mesmo apenas entender a outra pessoa, ouvindo seus argumentos. Imagine uma pessoa totalmente vegana. Ela provavelmente seria admirada e respeitada pelos indianos, porque não come carne vermelha (a vaca na Índia é um animal sagrado). Mas para as demais pessoas que gostam de carne, o vegano está errado. Outro exemplo poderia ser uma mulher brasileira na praia com seus pequenos trajes aqui no Brasil e uma mulher muçulmana. Esses valores, existentes conforme a cultura e ancestralidade, devem ser aceitos e respeitados, conforme a sociedade local. Como os valores das pessoas são diferentes, acabam gerando conflitos de natureza moral. Mas o que vem a ser essa moral? Moral Moral e ética são conceitos habitualmente considerados sinônimos, pois ambos referem-se ao conjunto de regras de conduta consideradas obrigatórias. Tal semelhança é porque foi herdado do latim mos, moris, moralis, significando maneiras e as normas que representam o comportamento esperado – a moral e do grego a ética, significando os bons costumes e o bem comum. Mas essas duas antigas culturas, que denominam de modo diferente, tratam da reflexão sobre os costumes dos homens e sua validade, legitimidade, desejabilidade e exigibilidade. A moral é um dos aspectos mais importantes do comportamento humano, pois é a parte da vida prática e da conduta adotadas com base nos valores e nas regras que permeiam uma sociedade. Portanto, a moral é cultural e criada por um grupo de pessoas e convenções sociais. Essas convenções são os padrões de conduta solidificados e transmitidos por e para uma comunidade, em um determinado período de tempo e espaço, pois o que pode ser considerado uma boa conduta numa sociedade, pode não ser em outra (lembre o exemplo dos trajes de praia). Além disso, esses padrões são revistos e aprimorados ao longo do tempo: usando o mesmo aquele exemplo, no início do século passado, as pessoas iam à praia vestidas à moda da época e basicamente, com todo o corpo coberto. Para Antunes (2013), as diferenças entre ética e moral são: “Ética é reflexão sobre o comportamento moral dos indivíduos na sociedade, tratando dos fundamentos e da natureza das atitudes normativas. Ou seja, tem caráter teórico. Ética é permanente e universal. É o princípio e diz respeito aos direitos e deveres. Moral é um conjunto de regras, de princípios e de valores que determinam a conduta de um indivíduo. Ou seja, tem caráter normativo e prático. Moral é temporária e cultural e diz respeito à liberdade e à responsabilidade.” Podemos evidenciar ainda mais um indivíduo que pode ser: Como vimos, a ética trata da reflexão filosófica ou científica sobre uma situação ou fato, e a moral trata do comportamento social desse mesmo fato ou situação. Assim sendo, fica claro que na convivência em uma sociedade ou em uma organização qualquer, há normas, regras de conduta, direitos, deveres, sanções e punições. E isso, por si só, traz consigo questionamentos, suscitando indagações sobre sua origem, fundamento ou legitimidade. Podemos então caracterizar a reflexão sobre ética em “qual é a vida que quero viver” e sobre moral em “como devo agir”. Para a ação moral, há três conhecimentos necessários sobre o saber fazer: as regras, os princípios e os valores. Como a moral é constituída pela cultura de cada sociedade e está relacionada a valores do bem e do mal, pode ou não ser permitido uma conduta válida para todos. De fato, conforme (CHAUÍ, 2000), as sociedades e as culturas podem possuir diversas morais, que variam conforme as diferentes classes sociais – ou castas e seus valores. Desta forma, as nossas ações, os nossos comportamentos e as nossas condutas se moldam de acordo com nossa vivência (na escola, na religião, nas classe social e no grupo social, no trabalho, nas circunstâncias políticas, na família, etc.). Antiético, se agir de forma contrária aos valores dos grupos nos quais vive; Aético, se for incapaz de julgar ou decidir; Amoral, se não for moral nem imoral e não tem condições de agir conforme as regras morais; e Imoral, quando mesmo tendo consciência dos preceitos das sociedades onde convive, age ou atua contra a moral. Os deveres e obrigações dos bons valores são reproduzidos e ensinados pela sociedade na qual estamos inseridos, de acordo com os costumes. Por isso, quando seguimos os valores e deveres existentes e que nos foram ensinados desde o nascimento, somos recompensados. Ou punidos quando não os seguimos. Para tanto, os costumes são considerados inquestionáveis e são determinados por uma religião, como por ordem de deuses, e têm como significado às vezes a ética e às vezes a moral. Um indivíduo é considerado ético e moral quando sabe o que faz e conhece as consequências de suas ações, o significado de suas intenções e de suas atitudes, além de possuir a essência dos valores morais. Interessante chamar a atenção nesse momento que, para a sociedade aristocrática antiga, um indivíduo dignamente moral era aquele que tinha como base seguir a natureza (atualmente se discute bastante as questões ambientais). Apenas um ser racional tem potencial para agir segundo as leis da natureza, conforme sua vontade ou princípios. A vontade é uma razão prática e necessária para se deduzir as ações das leis. Um indivíduo moral não se submete à vontade de outros, seus desejos; e nem à tirania das paixões, porque segue fielmente a sua consciência, conhece o bem, as virtudes e a vontade racional; ele os pratica e sabe como chegar a seus fins de forma moral e ética. Também é interessante observarmos que, assim como Aristóteles (de Estagira, na Macedônia, em 384 a.C, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande), Kant (Immanuel Kant – 1724/1804, prussiano considerado o principal filósofo da era moderna, trabalhou numa síntese entre o racionalismo continental e a tradição empírica inglesa), também analisa a razão do ponto de vista prático e teórico. Kant considera que a experiência, por si só, é suficiente para delimitar a vontade, desconsiderando-se a sensibilidade, pois ele considera, desde o princípio, a diferença entre o mundo inteligível (da liberdade) e o mundo sensível (das coisas naturais, dos fenômenos da sensibilidade humana e da experiência; enfim, um mundo sem liberdade). De acordo com Pegoraro (2010), Kant considera que a moral começa na psique do eu, na minha personalidade, e expõe-me no mundo que tem a verdade ínfima, mas que só aparece no entendimento. A personalidade por meio da lei moral eleva infinitamente o meu valor perante a inteligência, pois a lei moral descobre uma vida independente da animalidade e mesmo de todo o mundo sensível. Então, como vimos, a ética e a moral, apesar de origens diferentes e de conceitos que se completam, caminham juntas e o principal fator determinante são seus agentes, ou seja, os indivíduos, que, por uma razão ou outra, fazem o (bom ou mal) uso dos princípios que norteiam a boa convivência nas sociedades e nos diversos papéis que nelas assumem. E com estas não podemos deixar de refletir sobre a responsabilidade ética e profissional, não é mesmo? Então, vamos lá. Responsabilidade Ética e Profissional Para tratarmos da responsabilidade ética e profissional, vamos reforçar que os conceitos de ética e de moral se completam e que são os indivíduos que devem aplicá-los em sua vida na sociedade e nos diversos papéis nela vividos. E isto se refere à conduta desses indivíduos. A conduta ética não deve ser confundida com as leis, mas ela está relacionada com a justiça social, já que é a harmonia entre a conduta do indivíduo e os valores da sociedade em que este está inserido. Mas é a ética que permeia nossa conduta e nos permite refletir se estamos agindo moralmente. Já a conduta moral determina como os indivíduos em um grupo ou na sociedade devem se comportar, pois está condicionada à sua liberdade em escolher e também na possibilidade de transgredir. Assim, uma ação só poderá ser considerada moral se passar pelo crivo da aceitação às normas, ou seja, quando o indivíduo, de forma consciente faz suas escolhas com base nos valores morais. A atitude moral é o que internalizamos considerando como sendo correto e o que fazemos conforme nossa consciência e liberdade, e não por ser proibido. É o que se faz ou não quando ninguém está vendo. A isto se dá o nome de consciência moral, nosso juiz interno. A ciência dos deveres e das normas, que mostram o comportamento correto das pessoas, profissionalmente falando, a chamada “ética profissional”, é a Deontologia. Esta determina o que é correto fazer e não o que não deve ser feito. Os códigos de ética transformados em regras descrevem o que o profissional está impedido de fazer. Deontologia vem do grego déon, o obrigatório, o justo, o adequado; ou também de déontons, também do grego, e que significa necessidade. Em ambas as definições, fica evidenciado que é necessário seguir normas para se atingir determinados fins. Com o tempo, passou a ser considerado “o tratado dos deveres”, que devem ser seguidos nas relações de caráter profissional. Há tempos, esses códigos deontológicos acabaram por funcionar como um tipo de estatuto para a sociedade, como sendo instrumentos para normatizar a conduta e o dever de cada profissão. Apesar de já estarem solidificados na sociedade, não se pode permitir que os mesmos sirvam de mecanismos para o domínio de grupos, com falsos valores e com interesses egocêntricos e de caráter de preservação do grupo de profissionais. No Brasil, essas regras são a conduta definida pelos diversos conselhos de cada profissão, devendo ser adotadas e cumpridas pelos profissionais; são protetivas e coercitivas. Nos EUA, não são vistas como obrigação, mas sim como direcionamento aos profissionais. E também não é obrigatória a associação em grupos de categorias, nos quais essas regras são emitidas. Notadamente, o ambiente empresarial é um cenário bastante propício para o surgimento de conflitos éticos, pois há muita circulação de dinheiro, poder e status; e isso provoca ciúme e intriga, para citar o mínimo. Será que é para preservar o negócio ou a amizade? Provavelmente, para manter a amizade íntegra, evitando-se que as relações pessoais interfiram nas relações profissionais, pois poderiam existir interesses distintos. Mas, e se mudarmos a frase: Não faz sentido essa frase, não é mesmo? Vejamos o porquê: acredita-se que devemos tratar e lidar com nossos amigos conforme os princípios éticos. Oras, então isto não significa tratar os clientes e terceiros de forma não ética? Pois é. E se mudarmos novamente: Por que é muito comum a frase: “Amigos, amigos; negócios à parte”? Por que não se usa a frase: “Amigos, amigos; ética à parte”? Por que não se usa a frase: “Negócios, negócios; ética à parte”? Ficou ainda pior? Sem dúvida alguma, todos esperamos que os comportamentos nos negócios sejam o mais transparentes e éticos possíveis. Mas infelizmente, se levarmos em consideração diversas práticas nos negócios, iremos observar que as ações não são exatamente o que podemos chamar de éticas ou de melhores práticas. Muitos executivos até manifestam algum desprezo quando questionados sobre o caráter moral da prática profissional. Alguns defensores podem ser considerados fracassados, inocentes ou ingênuos. E acabam sendo “engolidos” pelo sistema. Afinal, um comportamento ético pode levar a organização ao lucro? Ou levaria ao prejuízo? Será que é possível unir a ética com os lucros? Uma coisa é certa: nas últimas décadas, o assunto ética vem sendo tratado com muito mais cautela nas organizações, sendo evidenciado junto à tal transparência, missão e valores organizacionais. Veja mais em Governança Corporativa O discurso empregado, inclusive por personalidades internacionais, a favor da propagação do incentivo às condutas éticas por parte das empresas. É evidente que os consumidores estão mais atentos às informações divulgadas – até mesmo nos sites das organizações – relativas à seriedade com que as organizações estão tratando das questões éticas e sociais. Veja por exemplo as ações do Instituto Ethos, e conclua, sob a ótica de consumidor, se aquelas ações levam mais seriedade às organizações. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE É claro que essa divulgação e empenho acabam por aumentar ainda mais os lucros das organizações. Seriam, portanto, jogadas de marketing? Até que ponto as organizações estão de fato preocupadas com as tais responsabilidade sociais e com a ética? Mas ainda pior para uma organização é a mesma ser identificada ou conhecida por não ser ética, independentemente do contexto: seja produzindo poluição, seja não controlando os efeitos da produção, seja não remunerando adequadamente seus colaboradores ou ainda disseminando inverdades sobre os produtos que comercializam. Tudo isso fará com que os consumidores percam a confiança naquela empresa, com que os funcionários se desmotivem, dentre outras diversas consequências para todos os envolvidos, inclusive para a economia, pois afetaria não só os clientes como também seus fornecedores e terceirizados. Site Instituto Ethos https://www.ethos.org.br/ Os desafios são inúmeros, por parte de toda a organização, mas com certeza os envolvidos diretamente na produção são os mais afetados. Por tudo isso, a ética nos negócios deve ser entendida como uma disciplina que se dedica a estudar as normas morais envolvidas nos níveis individual, organizacional e sistêmico, e que, notadamente, afeta todas as atividades da organização, de forma generalizada. Como exemplo, podemos citar que não existirá um produto com qualidade se não houver qualidade em todas as etapas do processo produtivo. Assim é também a questão ética nas organizações. A ética nas organizações é baseada em três grandes aspectos: quais são as regras (ou inclusive as leis) que regem toda a organização; como se portar diante nas questões que estão além do domínio de uma lei; como lidar com os conflitos entre interesses pessoais e organizacionais e como ocorrem as tomadas de decisão. Com relação às leis e regras, estas podem ser identificadas claramente a partir dos objetivos e da missão da organização, e deverão nortear todos os processos e todas as suas atividades. Quanto à mediação entre os interesses pessoais e os interesses da organização, a racionalidade aponta diretamente para a manutenção daqueles da organização e principalmente direcionados à sua atividade fim e a seus processos-chave, aqueles dos quais se deseja garantir a qualidade. Para equalizar esses aspectos todos é necessário fazer uso das regras desenvolvidas pelos Conselhos de Ética. Estas regras são as mesmas disseminadas pelos órgãos de classe. Senão vejamos: uma clínica médica deve fazer uso das normas do Conselho de Medicina, já que o foco de seu negócio – e atividade fim – é o atendimento médico. O mesmo raciocínio se aplica a um consultório odontológico e assim por diante. Uma empresa que faz o desenvolvimento de um software para utilização de um cliente, por exemplo, deve manter as mesmas exigências que o órgão de classe do profissional que o desenvolveu. Podemos citar, neste caso, algumas dessas regras, retiradas do código de ética do profissional de informática, para efeitos ilustrativos. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Com os conceitos de ética, de moral e de responsabilidade ética e profissional aqui apresentados, esperamos ter contribuído para reforçar seus conhecimentos e sua aplicação prática no contexto do desenvolvimento de um software. Contribuir para o bem-estar social, promovendo, sempre que possível, a inclusão de todos os setores da sociedade; Esforçar-se para adquirir continuamente competência técnica e profissional, mantendo-se sempre atualizado com os avanços da profissão; Guardar sigilo profissional das informações a que tiver acesso em decorrência das atividades exercidas; Respeitar a legislação vigente, o interesse social e os direitos de terceiros. Leitura Código de Ética da SBC (Sociedade Brasileira de Computação) https://bit.ly/3dK41oL Lembre-se que, acima de tudo, os valores pessoais, a ética e a moral sempre estarão norteando todas as profissões, ainda mais reforçadas pelos órgãos de classe, que determinam as regras a serem seguidas pelos profissionais. Recomendamos que você acesse os links identificados no material complementar e que aprofunde seus conhecimentos com a leitura da bibliografia recomendada. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura O que é Ética Profissional Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Ética Profissional: o que é e qual a sua Importância Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Código de Ética – Sociedade Brasileira de Computação Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE 2 / 3 ˨ Material Complementar https://www.significados.com.br/etica-profissional/ https://penser.com.br/etica-profissional/ https://www.sbc.org.br/institucional-3/codigo-de-etica Code of Professional Ethics Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Código de Ética Profissional – ACM (Association for Computing Machinery) Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Código de Ética e Normas Internacionais da Profissão de Auditoria Interna Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Normas Internacionais para o Exercício Profissional da Auditoria Interna Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE https://www.isaca.org/credentialing/code-of-professional-ethics https://computacaoesociedade.wordpress.com/2012/07/03/codigo-de-etica-profissional-acm-association-for-computing-machinery/ http://www.portaldeauditoria.com.br/sobreauditoria/Codigo-de-etica-Praticas-da-Auditoria-Interna.asp http://www.portaldeauditoria.com.br/sobreauditoria/Exercicio-da-auditoria-interna-plano-internacional.asp ANTUNES, M. T. P. Ética. São Paulo: Pearson Education, 2012. (e-book) CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000. GONÇALVES, J. R. (Coord). Ética geral e profissional: ensaios e reflexões. Brasília: Processus, 2016. LA TAILLE, Y. Moral e ética: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre: Artmed, 2006. MATTAR, J.; ANTUNES, M. T. P. (Org). Filosofia e ética. São Paulo: Pearson Education, 2013. (e- book) PEGORARO, O. Ética dos maiores mestres através da história. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2010. 3 / 3 ˨ Referências