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1 Centro Universitário Estácio de Juiz de Fora Disciplina Estágio Supervisionado Básico I (ARA 0643) e II (ARA 0644) ARA 0643 / Turmas: 1001 e 3001 Docente: Professora: Anna Paula Gomes CRP: 22111 Discentes: Ariane Silva Bordon 202002324309 Breno Zeferino dos Santos 202102112001 Ezidras Farinazzo Lacerda Filho 202001119744 Fernanda Assis Nicolato 202202249424 Jully Rodrigues Lamoia 202001237691 Karla Aparecida |Gabriel 202202878073 Larissa de Souza Almeida 202103779395 Mariana Fankhanel Silva de Toledo 202001434151 Mateus Magaldi Ribeiro 202102313538 Raissa Silva de Oliveira 202002000864 Simone de Oliveira Alves 202202943312 Talita Barrigio Pinto 202104297599 Vanice Damião Begnami Oliveira 202204477122 VISITA TÉCNICA HOSPITALAR Juiz de Fora 2024 2 Informações do(a) Profissional Nome: Graciele de C Gama Área: Psicóloga hospitalar Tempo de exercício da função:_________ Experiência Profissional - Como você começou sua carreira como psicólogo hospitalar? - Quais são as principais responsabilidades de um psicólogo hospitalar em seu dia a dia de trabalho? Desafios e Recompensas - Quais são os maiores desafios que você enfrenta no trabalho como psicólogo hospitalar? - O que você considera as partes mais gratificantes de trabalhar neste ambiente? Abordagem Clínica - Que tipos de abordagens terapêuticas você mais utiliza em seu trabalho com pacientes hospitalizados? - Como você adapta sua prática clínica ao ambiente hospitalar e às necessidades dos pacientes? - Como você aborda questões relacionadas ao diagnóstico e tratamento do câncer com os pacientes e suas famílias? - Que tipo de técnicas ou abordagens psicológicas você utiliza para ajudar os pacientes a lidarem com o estresse, a ansiedade e a depressão durante o tratamento? - Como você trabalha com os pacientes para ajudá-los a lidar com o medo do desconhecido e as incertezas associadas ao câncer? - Qual é o papel da terapia de grupo no apoio emocional aos pacientes oncológicos? E como os pacientes se beneficiam desse tipo de suporte? - Como os familiares e cuidadores dos pacientes são incluídos no processo de apoio psicológico - Como você auxilia os pacientes a encontrarem significado e esperança durante o tratamento do câncer? - Quais recursos de apoio psicológico estão disponíveis para os pacientes e suas famílias dentro e fora do ambiente hospitalar? 3 - Quais são as estratégias para ajudar os pacientes a lidarem com questões relacionadas à imagem corporal, autoestima e mudanças físicas causadas pelo câncer e seu tratamento? Colaboração Interdisciplinar - Como você colabora com outros profissionais de saúde dentro do hospital? - De que forma você colabora com a equipe médica para garantir uma abordagem integrada e holística no cuidado aos pacientes? - Você pode compartilhar um exemplo de uma colaboração bem-sucedida que teve com outros membros da equipe de saúde? Gestão de Crises e Emergências - Como você lida com situações de crise ou emergências emocionais no ambiente hospitalar? - Que tipo de apoio está disponível para os pacientes em situações de crise? - Quem comunica que o paciente está em estágio terminal a família? Como esse processo se dá? - Quem comunica que o paciente faleceu? Como é esse acompanhamento posterior a morte? Autocuidado e Resiliência - Como você cuida de si mesmo emocionalmente e mentalmente enquanto trabalha com pacientes que enfrentam situações difíceis de saúde? No início, eu ficava maluca pelos corredores, porque tinha que dar conta de tudo, e era somente eu. Chegava no final do dia até tonta com tanta informação. Depois, entendi, que não daria conta de tudo sozinha e o tempo todo e comecei a colocar prioridades. Mas isso só aprendi, muito tempo depois. E aí, hoje, eu me fortaleço e cuido da minha saúde mental na academia, sou adepta da musculação. Isso para mim é terapia, é o momento que consigo me desconectar do mundo. Lá eu me cuido, tenho várias amizades. Tento não abrir mão desse momento. Também gosto muito de ler e ouvir música, embora esteja um pouco parada com as leituras. Mas a música está comigo em todos os momentos, até quando vou fazer almoço. Também tenho uma carga horária reduzida que me permite esses cuidados. Mas não faço terapia. - Existem práticas específicas de autocuidado que você recomendaria para estudantes de psicologia que aspiram trabalhar neste ambiente? Agora, enquanto estão na faculdade, orientaria para que aproveitem os projetos que existem fora da sala de aula. Todo e qualquer projeto de extensão. Na UF, tínhamos muitos projetos desses e a nossa prática é ali. Se você quer conhecer outras áreas, você precisa ir atrás, seja 4 voluntariado que você se interesse; enfim, qualquer projeto, tentem se inscrever e se dediquem, porque ali que vocês vão construindo a base. Esses projetos são o ponto chave. Tem uma conta no Instagram composta por 3 psicólogas hospitalares, que indicam bons cursos de especialização na área. - Quais são os principais desafios emocionais enfrentados pelos pacientes oncológicos e como você os apoia nesse processo? Bom, o primeiro deles, é na hora que recebem o diagnóstico, e assim, no primeiro momento, aquela notícia cai como uma sentença de morte. Eles não conseguem diante de uma notícia dessa, ter pensamentos positivos, então ali você já encontra o limite do paciente, que demonstra medo de fazer perguntas sobre aquilo para o médico, mas já parte para o Google, o que é muito pior. Então a questão da desinformação gera ansiedade. As vezes o paciente se isola. Vou dar como exemplo uma mãe, que sempre cuida de tudo, sempre dá conta de tudo, mas no momento de receber um diagnóstico desse, no momento de ser cuidada, é algo muito difícil para ela. As vezes ela segura aquela barra sozinha por um tempo. Ela não conta para ninguém e esse é um desafio muito grande. Outra coisa, as complicações que podem vir nesse processo, de início de tratamento, de quimioterapia, e as vezes, tudo é bem-sucedido, até que tem uma recidiva. Quando você volta a estaca zero, é um passo para depressão. Tem a questão da autoestima também; as mulheres acabam por ver o seu companheiro se afastando aos poucos. As vezes não é o que está acontecendo, mas ela está tão imersa naquela realidade, que acaba entendendo da forma que quer. Às vezes, o marido pede ajuda para lidar com a situação. E entramos com a escuta de ambos. O suporte familiar, as vezes interfere, também; pelo excesso de cuidado. As vezes ele faz a quimio e passa dias se sentindo mal e o familiar não entende. Então atuamos num todo, junto ao paciente, acompanhante, enfim, à rede de apoio. Desenvolvimento Profissional - Você participa de supervisão clínica ou grupos de apoio para profissionais de saúde mental? Não participo por enquanto, mas como disse acima, não deixo de estar em atividades que me trazem bem-estar. Conselhos para Estudantes de Psicologia - Que conselho você daria a estudantes de psicologia que desejam seguir uma carreira em psicologia hospitalar? Como disse anteriormente e reforço, participem de iniciações científicas. Essas iniciações proporcionam a entrada no campo da pesquisa, isso ajuda na expansão, avanço e enriquecimento da Psicologia Hospitalar. 5 Absorvam também bastante dos estágios práticos, não sei se a faculdade oferece no campo hospitalar, mas caso sim, interajam com profissionais experientes e se familiarizem com as particularidades desse ambiente, pois faz toda a diferença. - Quais habilidades ou qualidades você considera essenciais para ter sucesso neste campo? Ser flexível no sentido de entender que as coisas não estão 100% sobre seu controle, você pode planejar seu dia ,mas quando você começar ele, as coisas vão para outro caminho e vocêtem que se adequando ali, porque no hospital tem a hora do banho, a hora da troca do plantão, a hora de exames específicos, as vezes o quarto está muito cheio, e a flexibilidade que me refiro, é saber a hora de não cumprir aquele horário, mas retornar depois. Também falo sempre da empatia, e o olhar amplo sobre aquela situação, porque você vai ouvir muitas versões, da família, do paciente, do acompanhante, da equipe médica. Visão Futura - Como você vê o futuro da psicologia hospitalar e as mudanças que podem ocorrer neste campo? Acredito na construção de uma ciência mais abrangente, que visa diferentes culturas e seja interdisciplinar. Acredito também e acharia ótimo que tivéssemos mais profissionais atuando dentro de um hospital, bem como maior oferta de estágios na área. - Existem áreas específicas de pesquisa ou prática clínica que você acredita que serão importantes para psicólogos hospitalares no futuro? Sim. A neuroimagem, genética e farmacologia 6 RELATO DE EXPERIÊNCIA O presente trabalho foi elaborado a partir das vivências de alunos de Psicologia na disciplina de Estágio Básico II. Essa disciplina tem como objetivo proporcionar ao estudante uma introdução à prática profissional, integrando a teoria com a atuação psicológica já nos primeiros semestres do curso. O estágio básico que serviu de base para este trabalho foi realizado no Hospital 9 de Julho/ Instituto Oncológico, com o intuito de compreender o papel do psicólogo hospitalar nesse ambiente. Consistiu-se em duas visitas, nas quais os estagiários conheceram e entrevistaram a psicóloga Graciele. Ao final da disciplina, foi solicitado que realizássemos uma atividade em consonância com a prática profissional observada. Em colaboração com a psicóloga e todo suporte e orientação, montamos um questionário com base em suas respostas, além do relatório final. O objetivo principal foi relatar sua vivência no campo hospitalar. Por meio da apresentação feita pelo profissional que explicou toda a estrutura e funcionamento da rotina hospitalar, tornou-se evidente como o psicólogo deve apoiar pacientes e familiares ao lidar com diversas situações, dificuldades, tratamentos ou doenças. O foco é sempre prevenir possíveis problemas psicológicos decorrentes dos desafios enfrentados nessas circunstâncias. Na prática hospitalar, o papel do psicólogo é facilitar o diálogo entre pacientes e familiares, bem como entre os membros da equipe de saúde, enquanto cabe ao médico a missão de tratar a enfermidade. O Estágio Básico revelou-se fundamental ao possibilitar ao aluno de Psicologia o contato direto com a prática profissional, favorecendo uma formação crítica voltada às demandas sociais. A oportunidade de publicação deste relatório mostrou-se como uma forma de incentivar a interdisciplinaridade necessária no contexto multifacetado do ambiente hospitalar. 7