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BENS PÚBLICOS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS Lohana do Espírito Santo Ernandes IBMR - Direito A desapropriação é um instrumento jurídico pelo qual o Estado pode retirar a propriedade de um particular para atender ao interesse público, mediante indenização justa, prévia e em dinheiro. Este ato está previsto na Constituição Federal e em leis específicas, como a Lei nº 4.132/62. A justificativa para a desapropriação deve estar fundamentada na necessidade de realizar obras de infraestrutura, promover a urbanização, preservar o meio ambiente ou realizar a reforma agrária, entre outras situações que beneficiem a coletividade. Para que a desapropriação ocorra, é essencial que o Estado indenize o proprietário de forma justa, correspondendo ao valor de mercado do bem, e que o pagamento seja feito antes da tomada do bem. O processo deve garantir ao proprietário o direito ao contraditório e à ampla defesa, assegurando que ele possa contestar o valor da indenização e recorrer às instâncias judiciais. Este procedimento deve respeitar o devido processo legal, protegendo os direitos fundamentais dos cidadãos. Existem diferentes tipos de desapropriação, como por necessidade ou utilidade pública, que visam atender a demandas urgentes e essenciais da sociedade, e por interesse social, que busca promover a justiça social e corrigir desigualdades. A desapropriação também pode ocorrer quando a propriedade não cumpre sua função social, como quando a terra não é produtiva ou não atende aos requisitos ambientais e sociais estabelecidos pela legislação. O procedimento de desapropriação inicia-se com a declaração de utilidade pública ou interesse social, seguido da avaliação do bem, onde peritos determinam seu valor de mercado. Após a avaliação, o Estado oferece a indenização ao proprietário, que pode aceitar ou contestar o valor. Se houver discordância, a questão pode ser resolvida judicialmente, e só após o pagamento ou depósito da indenização é que o Estado pode tomar posse do bem desapropriado. No caso específico da reforma agrária, a indenização das benfeitorias úteis e necessárias deve ser feita em dinheiro, mas o valor da terra nua pode ser pago com títulos da dívida agrária. Além disso, existe a desapropriação indireta, que ocorre quando o Estado toma posse de um bem sem seguir o devido processo legal, obrigando o proprietário a buscar judicialmente a devida indenização. A desapropriação é um mecanismo essencial para o desenvolvimento e atendimento das necessidades sociais, mas deve ser exercida com rigorosos critérios legais para garantir que os direitos dos cidadãos sejam respeitados. A justa indenização, o interesse público comprovado e o respeito ao devido processo legal são fundamentais para a legitimidade da desapropriação em um Estado democrático de direito. Rio de Janeiro – RJ – 2024