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Esse conteúdo é exclusivo para assinantes do programa. TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA PARA ALÉM DO TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE: POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÕES EM DIFERENTES CONTEXTOS Vinícius Guimarães Dornelles Marseylle de Assis Brasil Edela Aparecida Nicole� Verena Barroso Bastos > OBJETIVOS Ao final da leitura deste capítulo, o leitor será capaz de descrever as principais adaptações da terapia comportamental dialé�ca (DBT, em inglês, dialec�cal behavior therapy) standard para diferentes populações clínicas e contextos de aplicação; inferir que as adaptações da DBT são um processo natural do próprio desenvolvimento da terapia; aplicar o modelo DBT para adolescentes (DBT-A) com comportamentos suicidas e condutas autolesivas sem intencionalidade suicida (Casis); u�lizar o modelo DBT em pacientes com transtorno da personalidade borderline (TPB) e transtornos relacionados ao uso de substâncias (TUS) em comorbidade; adotar o modelo DBT com pacientes com TPB em comorbidade com transtorno de estresse pós-traumá�co (TEPT); usar o modelo DBT em pacientes com transtornos alimentares (TAs); Assine agora o PROCOGNITIVA e tenha acesso ilimitado Aa GV https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://secadartmed.zendesk.com/hc/pt-br valer-se do modelo DBT em ambientes hospitalares; empregar o modelo DBT no contexto escolar. > ESQUEMA CONCEITUAL > INTRODUÇÃO A DBT foi desenvolvida pela Dra. Linehan e colaboradores a par�r da aplicação dos principais modelos de terapias cogni�vo-comportamentais (TCC), os quais eram as + Aa GV https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://secadartmed.zendesk.com/hc/pt-br referências psicoterápicas na década de 1980 para mulheres com intensa desregulação emocional e com comportamentos suicidas e Casis crônicos. Usando as estratégias desses modelos de tratamento, Linehan e sua equipe observaram que elas não eram totalmente eficazes ou, em alguns casos, acabavam sendo iatrogênicas para os pacientes. Linehan e colaboradores, quando tentaram compreender o resultado da aplicação das TCCs, perceberam que os procedimentos dessas abordagens focavam especificamente na mudança e que os pacientes, por sua desregulação emocional, por toda sua história de perdas e, muitas vezes, de traumas, não conseguiam tolerar a intensidade da emoção desses procedimentos, notando-os como invalidações. Assim, a par�r da sua vivência pessoal dentro do zen e de seus estudos, Linehan percebeu que era necessário introduzir os procedimentos de aceitação para que a terapia pudesse ser efe�va para os pacientes com intensa desregulação emocional. Concomitantemente, a mera introdução dos procedimentos de aceitação não resolveria por completo os problemas relacionados ao tratamento dos pacientes, afinal, assim como uma terapia focada somente na mudança não funcionava, um tratamento embasado somente na aceitação seria inefe�vo para pacientes com muitos problemas em diversas áreas da vida e que precisavam modificá-las. Assim sendo, Marsha desenvolveu as estratégias dialé�cas que permearão todo o tratamento e garan�rão a velocidade, o fluxo e o movimento necessários da transação entre aceitação e mudança, de tal forma que o processo terapêu�co seja efe�vo para o paciente. Um ponto interessante sobre a DBT é que ela foi desenvolvida para trabalhar com mulheres com intensa desregulação emocional, com comportamentos suicidas e Casis crônicos. Ao mesmo tempo, ela ganhou projeção e notoriedade internacional como o tratamento padrão-ouro para TPB. Mas o que isso significa? Que, em sua origem, Linehan e colaboradores não estavam diretamente interessadas em desenvolver um tratamento para alguma categoria nosológica (como é o TPB), mas para componentes psicopatológicos dimensionais, em especial, regulação versus desregulação emocional. Isso, por si só, evidencia toda a vanguarda que a DBT representa ao já estar discu�ndo esse ponto na década de 1980. Ao mesmo tempo, na década de 1980, para que fosse viável receber financiamentos do Na�onal Ins�tute for Mental Health (NMIH) para desenvolver estudos sobre a nova abordagem de tratamento que Linehan estava desenvolvendo, era fundamental que a proposta terapêu�ca em questão fosse direcionada para alguma psicopatologia que es�vesse descrita no Manual esta�s�co e diagnós�co dos transtornos mentais (DSM). Assim, Linehan e colaboradores perceberam que grande parte de seus pacientes fechava critérios diagnós�cos para TPB. Tal achado direcionou a DBT para a pesquisa de suas evidências para essa categoria diagnós�ca. 1–3 1–3 1–3 1–3 1–3 1–3 1–3 1–3 Aa GV https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://secadartmed.zendesk.com/hc/pt-br A grande questão para a DBT não ter sido desenvolvida focando especificamente o TPB, mas pacientes com desregulação emocional com comportamentos suicidas e Casis crônicos, não representa algo de vanguarda pura e simplesmente pela discussão de uma forma dimensional de compreender processos psicopatológicos. A compreensão de desregulação emocional de Linehan foi inovadora na época. Tal entendimento versa sobre a desregulação emocional global (ou invasiva) ser produto de uma complexa transação entre a vulnerabilidade emocional preexistente no indivíduo e ambientes sociais predominantemente invalidantes. Isso faz com que as respostas privadas do indivíduo (em especial, suas emoções) funcionem como es�mulos aversivos. Como consequência dos es�mulos aversivos, o indivíduo começa a oscilar entre tentar inibir suas experiências emocionais e explosões comportamentais extremas, o que faz com que não consiga desenvolver as habilidades necessárias para notar, compreender e nomear suas emoções, tampouco regular a excitação proveniente delas. Além disso, a pessoa também não aprende a tolerar o mal-estar emocional, uma vez que as explosões comportamentais decorrentes da experiência emocional aversiva acabam sensibilizando cada vez mais o indivíduo para elas, assim como a confiar em suas próprias respostas privadas como uma reação válida diante dos eventos ambientais. Levando tudo isso em conta, é notório que a desregulação emocional é entendida, dentro da proposta desenvolvida por Linehan, como um grande modelo de déficit de habilidades, o qual pode ser descrito como ausência ou apresentação deficitária de quatro competências básicas: 1. inibir condutas inefe�vas ou inapropriadas diante de intensa a�vação emocional; 2. alternar o foco atencional frente a es�mulos que desencadeiam a�vação emocional; 3. auto-organizar o comportamento direcionado para metas de longo prazo; 4. reduzir a excitação fisiológica ao ter uma intensa a�vação emocional. Pela primeira vez na história da saúde mental, pacientes com intensa desregulação emocional não estavam sendo vistos como desmo�vados, manipuladores ou histéricos/histriônicos, mas como pessoas que fazem o melhor que podem para lidar com suas problemá�cas e que não têm habilidades para fazê-lo de forma efe�va. Tanto a compreensão dos processos e�ológicos da desregulação emocional global quanto a natureza dos problemas que pacientes com desregulação emocional intensa apresentam (múl�plos, complexos e graves) acabaram moldando toda a formatação da proposta de tratamento da DBT. Assim, para dar conta de todas as problemá�cas clínicas necessárias para que o tratamento seja efe�vo, a DBT se configurou como um tratamentobaseado em princípios apresentando uma estrutura modular. A DBT não segue um protocolo formal de intervenção, muito embora possa ter seus protocolos dentro da condução do tratamento; ela direciona o clínico por meio de 1,3,4 1,3,4 1,3,4 1,3,4 1,3,4 3,5 Aa GV https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://secadartmed.zendesk.com/hc/pt-br princípios norteadores em um processo de julgamento e tomada de decisões para que o tratamento possa englobar toda a gama de problemas que o paciente possa ter, ao mesmo tempo sendo possível manter uma estrutura que possa ser replicada e inves�gada cien�ficamente. A DBT foi dividida em diferentes modos de tratamento (terapia individual; treinamento de habilidades; coaching telefônico; e consultoria para os terapeutas), os quais têm por finalidade garan�r que sejam plenamente executadas as cinco funções básicas do tratamento em DBT: aumentar a mo�vação do paciente; melhorar as habilidades; promover a generalização de habilidades; modificar o ambiente; manter os terapeutas efe�vos e mo�vados. Com relação à proposta de entendimento e�ológico, fica evidente que a compreensão da DBT sobre desregulação emocional global configura-se como um grande modelo de déficit de habilidades. Por isso, é fundamental que o desenvolvimento de uma proposta terapêu�ca para essa população tenha em seu cerne o foco na aquisição, no fortalecimento e na generalização de habilidades comportamentais básicas para que os pacientes possam lidar com suas experiências privadas sem desenvolver explosões comportamentais e, ainda assim, direcionar seu comportamento de forma que seja efe�vo para suas metas e que os levem à construção de uma vida que valha a pena ser vivida. Justamente, todos os aspectos supracitados, os quais compõem a história de desenvolvimento da DBT, são os fatores pelos quais foi possível promover a adaptação da DBT para outras populações e outros contextos. Tal entendimento fica mais claro ao levar-se em conta que os comportamentos impulsivos e autodestru�vos de pacientes com desregulação emocional global funcionam como estratégias para tentar regular emoções ou são consequências do processo que ocorre ao desregular o processamento emocional. Fica claro que demais populações clínicas que apresentem como problemá�ca o comportamento emocional tenderiam a ser, naturalmente, ó�mas candidatas para a adaptação da abordagem da DBT de tratamento. Além disso, a composição modular do tratamento permite que ele possa ser adaptado para outros contextos que não sejam especificamente o ambulatorial privado. Dessa forma, a DBT passou a ter evidências cien�ficas não somente para o TPB, mas também para adolescentes com Casis; uso de substâncias; TEPT; TAs; transtorno depressivo maior (TDM); 3,5 3,5 2,4 6 7–9 10,11 7,12–14 15,16 Aa GV https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://secadartmed.zendesk.com/hc/pt-br transtorno do humor bipolar (THB); transtorno de déficit de atenção e hipera�vidade (TDAH); familiares de pacientes com TPB; transtorno desafiador opositor (TOD). Nesse desenvolvimento de uma série de adaptações da DBT para outros contextos que não somente o ambulatorial privado, as principais foram as adequações para pacientes em internação psiquiátrica e em escolas, como estratégia de prevenção e promoção de saúde mental. Como pôde ser observado, a DBT tem aumentado seu escopo de evidências cien�ficas ano após ano, demonstrando-se um tratamento efe�vo para diversas problemá�cas clínicas, assim como em diversos contextos de atuação. O presente texto visa apresentar brevemente as principais adaptações da DBT para diferentes populações clínicas e contextos de atuação, fornecendo um amplo mapa das possibilidades de intervenção com essa terapia. É notório que a DBT cons�tui-se de uma abordagem psicoterápica rela�vamente jovem, que vem apresentando evidências cien�ficas interessantes para diferentes populações clínicas e contextos de aplicação. Assim sendo, este capítulo fará uma breve apresentação dessas possibilidades, dividindo-as em dois tópicos: DBT para diferentes populações clínicas e DBT aplicada em diferentes contextos de intervenção. 17 18,19 20,21 22 23,24 25 Assine agora para ter acesso a todo o conteúdo do PROCOGNITIVA Fale com um de nossos consultores para uma oferta especial Assinar o PROCOGNITIVA Aa GV https://wa.me/5551996399513?text=Ol%C3%A1,%20gostaria%20de%20entender%20melhor%20como%20funciona%20o%20Secad. https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://portal.secad.artmed.com.br/ https://secadartmed.zendesk.com/hc/pt-br