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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ANA JULIA VON BORELL DU VERNAY FRANÇA O PAPEL DAS CININAS E A INFLUÊNCIA DO FATOR DE NECROSE TUMORAL (TNF) NA PROLIFERAÇÃO IN VITRO DE FIBROBLASTOS L929 Itajaí 2015 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS ANA JULIA VON BORELL DU VERNAY FRANÇA O PAPEL DAS CININAS E A INFLUÊNCIA DO FATOR DE NECROSE TUMORAL (TNF) NA PROLIFERAÇÃO IN VITRO DE FIBROBLASTOS L929 Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientadora: Profa. Dra. Nara Lins Meira Quintão Co-orientador: Prof. Dr. José Roberto Santin Itajaí, Maio de 2015 Dedico ao meu ao pai Helcio von Borel du Vernay o qual me ensinou logo cedo que a vida dependia de mim e de tudo que eu pudesse carregar comigo mesma. Ajudou-me a entender a importância de se criar raízes fortes para fortalecer os frutos. AGRADECIMENTOS Agradeço profundamente às minhas filhas; Laura e Clara as quais mudaram de escola, mudaram suas rotinas, me acompanharam e me apoiaram em todos os momentos deste trabalho. Doaram espontaneamente o tempo e os momentos que seriam delas para que eu pudesse chegar até o fim. Agradeço ao meu marido, Orlando, pelo incansável apoio emocional me mantendo no centro para que o objetivo fosse concluído. Foi pai, mãe, conselheiro e revisor de todos os cálculos de diluição deste trabalho. À minha mãe, irmãos e a querida Laís pelas constantes palavras de apoio. À minha colega Gislaine “Gi” pelo companheirismo de as horas, por treinar-me e passar todo o seu conhecimento para que eu pudesse trabalhar com o cultivo celular. Á técnica Viviane pela amizade, força e por cuidar para que tudo estivesse sempre impecável no laboratório de cultivo. Aos colegas de laboratório pelo apoio, amizade conquistada e pela constante troca de conhecimento. Às professoras Caroline Valente e Kathryn pelo conhecimento e ajuda prestada. À minha orientadora Nara por transmitir mesmo de longe a confiança e o conhecimento necessário para que eu chegasse até aqui. Ao meu co-orientador José Roberto, por aceitar o desafio no meio do caminho, por ter estado sempre disponível, transmitindo o seu conhecimento e me apoiando nos momentos mais difíceis. O PAPEL DAS CININAS E A INFLUÊNCIA DO FATOR DE NECROSE TUMORAL (TNF) NA PROLIFERAÇÃO IN VITRO DE FIBROBLASTOS L929 Ana Júlia von Borell du Vernay França Maio/2015 Orientadora: Nara Lins Meira Quintão, Doutora. Co-orientador: José Roberto Santin, Doutor. Área de concentração: Produtos Naturais e Substâncias Sintéticas Bioativas Número de Páginas: 83 A barreira da pele desempenha um papel importante na manutenção da homeostase do ser humano e o processo de reparo do tecido cutâneo é considerado um fator crítico. Embora o papel de cininas como um importante mediador da inflamação seja bem descrito, o seu envolvimento no reparo tecidual ainda não foi totalmente explorado. A proliferação de fibroblastos é um evento chave na cicatrização do tecido, uma vez que participa diretamente na formação de tecido de granulação. Modelos in vitro para a avaliação da cicatrização por proliferação de fibroblastos são amplamente utilizados, no entanto eles não foram avaliados na presença de fatores inflamatórios importantes, tais como as citocinas e as cininas. Na tentativa de aproximar o modelo in vitro das condições reais de lesão cutânea com a evidência de um processo inflamatório, este estudo avalia a co-participação do TNF e das cininas sobre a proliferação de fibroblastos através do modelo in vitro de estresse mecânico em monocamada de fibroblastos L929 com o objetivo de propor uma nova metodologia para estudo in vitro de cicatrização cutânea. Para este estudo realizou-se um rasgo em cultura de monocamada de fibroblastos murino (L929), na presença ou ausência de TNF (droga utilizada para gerar o estresse celular semelhante ao processo inflamatório inicial) e / ou agonistas do receptor de cinina B1 e B2. Os resultados obtidos inicialmente com TNF demonstram que esta citocina foi capaz de aumentar a proliferação celular, a qual foi bloqueada com o co-tratamento com o respectivo anticorpo, sugerindo a importância dos estímulos inflamatórios para o processo de regeneração tecidual. As cininas parecem potencializar este efeito proliferativo exercido pelo TNF, principalmente através da ativação do receptor B2. No entanto, para confirmar esta hipótese novos experimentos são necessários para analisar a expressão dos respectivos receptores em células tratadas ou não com TNF, BK e DABK. Os resultados obtidos no presente trabalho em conjunto com dados da literatura, mostraram que esta estratégia é uma ferramenta disponível para a investigação do processo de cicatrização in vitro. Palavras-chave: Cininas. Fibroblastos. Receptor B1 e B2 para cininas. Reparo tecidual. THE ROLE OF A KININS AND THE INFLUENCE OF TUMOR NECROSIS FACTOR ALFA (TNF-α) ON IN VITRO PROLIFERATION OF L929 FIBROBLASTS Ana Júlia von Borell du Vernay França May /2015 Supervisor: Nara Lins Meira Quintão, PhD. Co-Supervisor: José Roberto Santin, PhD. Area of Concentration: Natural products and bioactive synthetic substances Number of pages: 83 The skin barrier plays an important role in maintaining homeostasis of the human being, and the cutaneous tissue repair process is considered a critical factor. Although the role of kinins as important mediators of inflammation is well described, their involvement in tissue repair has not been fully explored. Fibroblast proliferation is a key event in healing, as it participates directly in the formation of granulation tissue. In vitro models for the evaluation of healing by fibroblast proliferation are widely used, however, they have not been evaluated in the presence of important inflammatory factors, such as cytokines and kinins. Seeking to bring the in vitro model closer to the real conditions of skin injury with the evidence of inflammatory process, this study evaluates the effect of kinins on the proliferation of murine fibroblasts, stimulated or not by tumor necrosis factor (TNF), with the aim of proposing a new methodology for in vitro wound healing study. The Scratch Assay was used, in a monolayer culture of murine fibroblasts (L929), in the presence or absence of TNF (drug used to generate cellular stress similar to the initial inflammatory process) and/or the kinin receptor agonists B1 and B2. Based on the results obtained with the cytokine TNF, which was capable of increasing the cell proliferation that was successfully blocked by co- treatment with the respective antibody, the importance of inflammatory stimuli for tissue regeneration is suggested. Kinins appear to potentiate this proliferative effect exerted by TNF, mainly through the activation of the B2 kinin receptor. However, to confirm this hypothesis, new experiments are necessary, to analyze the respective receptor expression in cells treated or not with TNF, BK and DABK. These results, together with the literature data, show this strategy as an available tool for the in vitro healing investigation. Keywords: kinins, fibroblasts, B1 and B2 receptors, wound healing LISTA DE FIGURAS Figura 1 Camadas da pele 19 Figura 2 Anatomia da pele humana e efetores celulares 21 Figura 3 Linha do tempo de migração de populações de células imunitárias correlacionadas com as fases de cicatrização de feridas 23 Figura 4 Cascata de formação das Cininas 31Figura 5 Modelo de placa com 24 poços para cultivo celular 38 Figura 6 Modelo de Scratch wound “in vitro” 39 Figura 7 Esquema do procedimento In vitro de “Scratch model” 39 Figura 8 Esquema de tratamento das células com TNF em diferentes tempos de contato 40 Figura 9 Esquema de tratamento das células com agonista receptor B2 (BK) em diferentes concentrações 41 Figura 10 Esquema de tratamento das células com agonista receptor B1 (DABK) em diferentes concentrações. 41 Figura 11 Esquema de tratamento com o agonista do receptor B2, BK, em células pré tratadas com TNF 42 Figura 12 Esquema do tratamento com o agonista do receptor B1, DABK, em células pré tratadas com TNF. 43 Figura 13 Esquema do tratamento com os antagonistas do receptor B1 e B2, anticorpo anti TNF e PDTC, administrados após o pré tratamento com TNF 44 Figura 14 Esquema do tratamento com os agonistas do receptor B1 e B2 pré tratadas ou não com o TNF e coadministradas ou não com o anticorpo anti TNF 45 Figura 15 Imagens da monocamada de fibroblastos L929 antes e após o ensaio de Scratch 47 Figura 16 Efeito do tratamento com TNF sobre a proliferação de fibroblastos quando incubados por diferentes tempos com TNF 48 Figura 17 Efeitos do tratamento com BK em diferentes concentrações na proliferação de fibroblastos, sem o estímulo do pré- tratamento com o TNF 50 Figura 18 Efeitos do tratamento com DABK em diferentes concentrações na proliferação de fibroblastos, sem o estímulo do pré tratamento com o TNF 51 Figura 19 Efeitos do tratamento com BK em diferentes concentrações na proliferação de fibroblastos, com o estímulo do pré- tratamento com o TNF 52 Figura 20 Efeitos do tratamento com DABK em diferentes concentrações na proliferação de fibroblastos, com pré estímulo do TNF 53 Figura 21 Imagem da proliferação celular com tratamento de TNF e dos agonistas dos receptores cininérgicos , BK e DABK, sem e com o pré estímulo do TNF 54 Figura 22 Efeito dos antagonistas cininérgicos sobre a proliferação de fibroblastos L929 induzida pelo TNF e pelas cininas com pré estímulo do TNF 56 Figura 23 Influência dos receptores cininérgicos e a participação do TNF na proliferação de fibroblastos L929 58 Figura 24 Imagem do efeito do tratamento as células com o anticorpo anti TNF em coadministração com TNF e desafiadas com os agonistas BK e DABK com sem a presença dos antagonistas cininérgicos HOE-140 e DALBK 59 LISTA DE ABREVIATURAS α-SMA - α-actina de músculo liso AMPc - Monofosfato cíclico de adenosina ANOVA - Análise de variância APP - Aminopeptidase P BK - Bradicinina COM - carboxipeptidases M cinenase I de membrana CPN - carboxipeptidases N cinenase I do plasma DABK - des-Arg9-Bradicinina DALBK - Leu8-des-Arg9-Bradicinina DC - Células dendrítica DMEM - Meio Eagle Modificado por Dulbecco DMSO - Dimetilsulfóxido EGF - Fator de crescimento epidérmico ECA - Cininase II, enzima conversora de angiotensina I FGF - Fator de crescimento fibroblástico ERK 1/2 - Kinase regulada por sinais intracelulares GMPC - Monofosfato cíclico de guanosina HMWK - Cininogênio de alto peso molecular IL-1α, IL-1β, IL- 10 Interleucinas LMWK - Cininogênio de baixo peso molecular LPS - Lipopolissacarídeo de membrana Lys-BK - Calidina MAPK - Proteínas quinases ativadas por mitógenos MMP-1-13; MT1 Metalaproteinases NF- kB - Fator de transcrição nuclear Kappa B NEP - Endopeptidase neural NO - Óxido nítrico RNAm - RNA mensageiro PAF - Fator de agregação plaquetária PDTC - Pirrolidina ditiocarbamato PBS - Solução de tampão fosfato PDGF - Fator de crescimento derivado das plaquetas PGE2 Prostaglandina E2 PKC - Proteína quinase C SFB – Soro fetal bovino TGF-β - Fator de crescimento transformador β TGF-α - Fator de crescimento transformador α TNF - Fator de necrose tumoral TNFRI - Receptor I de fator de necrose tumoral TNFRII - Receptor II de fator de necrose tumoral VEGF - Fator de crescimento de células endoteliais SUMÁRIO DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 1 INTRODUÇÂO.............................................................................. 14 2 OBJETIVOS................................................................................... 17 2.1 Objetivo Geral................................................................................ 17 2.2 Objetivos Específicos..................................................................... 17 3 REVISÃO DA LITERATURA......................................................... 18 3.1 Anatomia e fisiologia da pele......................................................... 18 3.2 Fisiologia e farmacologia do reparo tecidual ................................ 22 3.3 Cininas .......................................................................................... 29 4 MATERIAL E MÉTODOS............................................................. 37 4.1 Materiais........................................................................................ 37 4.1.1 Linhagem celular ...................................................................... 37 4.1.2 Condições de cultivo...................................................................... 37 4.2 Métodos.......................................................................................... 37 4.2.1 Avaliação da proliferação celular .................................................. 37 4.2.1.1 Preparo da placa de cultivo........................................................... 37 4.2.2 Ensaio de Scratch in vitro.............................................................. 38 4.2.3 Avaliação da proliferação celular em fibroblastos tratados com TNF............................................................................................. 40 4.2.4 Avaliação do papel das cininas na proliferação celular em fibroblastos .................................................................................... 41 4.2.5 Avaliação do papel das cininas na proliferação celular em fibroblastos pré tratados com TNF............................................. 42 4.2.6 Efeito dos antagonistas cininérgicos sobre a proliferação de fibroblastos L929 induzida pelo TNF e pelas cininas com pré estímulo do TNF.................................................................... 43 4.2.7 Avaliação do efeito das cininas na proliferação celular em fibroblastos pré tratados ou não com TNF em coadministração ou não do anticorpo anti TNF....................... 45 4.3 Análise de dados e apresentação dos resultados......................... 46 4.4 Análise estatística.......................................................................... 47 5.0 RESULTADOS.............................................................................. 48 5.1 Efeito do TNF na proliferação de fibroblastos ............................ 48 5.2 Efeitos do tratamento com BK em diferentes concentrações na proliferação de fibroblastos, com e sem estímulo do TNF ......... 49 5.2.1. Influência da administração de agonistas do receptor de cininas na proliferação de fibroblastos L929 quando administrados sozinhos...................................................................................... 49 5.2.2 Influência da administração de agonistas do receptor de cininas na proliferação de fibroblastos L929 quando administrados após células pré tratadas com TNF................................................ 51 5.2.3 Efeito dos antagonistas cininérgicos sobre a proliferação de fibroblastos L929 induzida pelo TNF e pelas cininas com pré estímulo do TNF 55 5.2.4 Influência dos receptores cininérgicos e a participaçãodo TNF na proliferação de fibroblastos L929........................................... 57 6 DISCUSSÃO................................................................................ 60 7 CONCLUSÕES 72 REFERÊNCIAS............................................................................ 74 14 1 INTRODUÇÃO A pele é um órgão que apresenta múltiplas funções, atuando principalmente como barreira contra agentes patogênicos, prevenindo a desidratação e mantendo-se como fronteira entre o meio interno e externo do organismo. A barreira cutânea desempenha importante papel na manutenção da homeostase do organismo, desta forma o processo de reparo tecidual cutâneo é um fator crítico relacionado à sua sobrevivência (LAU, 2009). Danos ao tecido epitelial desencadeiam uma série de eventos que envolvem a quimiotaxia de células inflamatórias, divisão celular, neovascularização e síntese de matriz extracelular. A ação coordenada destes eventos culmina com a formação e remodelação do tecido lesado (ENOCH; LEAPER, 2008). Muitos tipos celulares, incluindo macrófagos, neutrófilos, plaquetas, células endoteliais, queratinócitos e fibroblastos contribuem para a cicatrização de feridas. Tendo início imediatamente após a lesão, a resposta inflamatória leva à secreção de uma variedade de fatores de crescimento e citocinas, que comandam os movimentos celulares e teciduais necessários para o reparo (MONACO; LAWRENCE, 2003). O processo de reparo tecidual é classicamente organizado em uma progressão de etapas sobrepostas e ao avalia-lo desta forma, como uma sequência de eventos distintos, pode-se propor que a inflamação se caracterize como uma fase circunscrita, o que sugere o fim de seus efeitos com o início da próxima etapa. Compreensões mais atuais, no entanto, sugerem que a inflamação persista por todas as fases da cicatrização, estimulando e coordenando as funções essenciais do processo, através da produção e controle de seus mediadores. Embora a inflamação seja reconhecida como um dos primeiros eventos, a compreensão de sua importância e seu papel regulador neste processo ainda é gradual (HENRY; GARNER, 2003, YUSSOF et al., 2012) Estudos experimentais relacionam a inflamação como um processo essencial para o restabelecimento da homeostase cutânea após uma lesão. Ao longo dos últimos anos vários trabalhos têm demonstrado a ação de diferentes células e mediadores químicos no mecanismo de reparo tecidual. No entanto, vários estudos também vêm discutindo o papel da inflamação no aumento do tempo de cicatrização e na formação de cicatrizes. Desta forma, a compreensão mais detalhada dos 15 mecanismos que controlam a resposta inflamatória e o processo de resolução da inflamação pode ser útil para avanços na terapia de reparação de tecidos (EMING; KRIEG; DAVIDSON, 2007, KYRITSIS et al.,2012, SATISH; KATHJU, 2010) O início da cascata inflamatória se dá geralmente logo após a lesão tecidual pela liberação do fator de necrose tumoral (TNF), uma citocina pró-inflamatória produzida por macrófagos e neutrófilos ativados em resposta a patógenos e a outros estímulos nocivos. Esta citocina exerce funções pleiotrópicas em condições fisiológicas e patológicas ao ligar-se aos seus receptores tipo I (TNFRI) ou tipo II (TNFRII) (PARK; BARBUL, 2004). O TNF tem demonstrado participar diretamente da angiogênese e induzir a síntese do fator de crescimento transformador beta (TGF-β), podendo interferir na proliferação de fibroblastos, um componente essencial no processo de cicatrização normal (FAHEY et al., 1990). Além disso, induz a biossíntese de vários outros mediadores inflamatórios, incluindo a interleucina 1 (IL-1) e as cininas, que em sinergia podem aumentar os seus efeitos (FAHEY et al., 1990; SOUZA et al., 2013). Schremmer-Danninger e colaboradores (2004) descreveram a ação das cininas nos processos pró-inflamatórios e de resolução. As cininas são peptídeos que exercem atividade mitogênica, ou seja, proliferativa em diferentes sistemas tissulares (REGOLI; BARABÉ, 1980). Em condições normais, formas imunoreativas de cininogênio já foram localizadas no espaço intersticial entre os queratinócitos, sendo provável o conceito de que as cininas são produzidas por estas células (YAMAMOTO et al., 1987). A expressão de ambos os receptores cininérgicos B1 e B2 já foi evidenciada no tecido cutâneo em condições normais, bem como em biopsia de pele humana (SCHREMMER- DANNINGER et al., 1999). Apesar do papel das cininas como importantes mediadores da inflamação ser amplamente descrito, seu papel no reparo tecidual cutâneo ainda não foi completamente explorado. Tendo em vista que a migração e proliferação de fibroblastos e remodelação tecidual são evento centrais no processo de cicatrização e que o TNF e mediadores inflamatórios como as cininas já demonstraram atuar direta ou indiretamentente nesta proliferação celular, este estudo teve como objetivo avaliar a co-participação do TNF e das cininas sobre a proliferação de fibroblastos através do modelo in vitro de estresse mecânico em monocamada de fibroblastos L929, afim de aproximar o modelo “in vitro “das condições reais de lesão cutânea com presença de um processo inflamatório. http://www.sciencemag.org/search?author1=Nikos+Kyritsis&sortspec=date&submit=Submit 16 17 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral: Avaliar a co-participação do TNF e das cininas sobre a proliferação de fibroblastos através do modelo in vitro de estresse mecânico em monocamada de fibroblastos L929, afim de obter um modelo “in vitro” com características próximas das alterações inflamatórias reais de lesões cutâneas. 2.2 Objetivos Específicos: 1. Padronizar o modelo de reparo tecidual in vitro descrito como “scratch assay” em monocamada de fibroblastos murino L929 estimulados com TNF. 2. Avaliar o envolvimento dos receptores cininérgicos na proliferação de fibroblastos L929 induzida pelo TNF através do emprego de anatagonistas seletivos para estes receptores. 3. Avaliar o papel dos receptores B1 e B2 das cininas na proliferação de fibroblastos pré-tratados ou não com TNF por meio da utilização de agonistas e antagonistas seletivos. 4. Avaliar a co-participação do TNF nos efeitos promovidos pelas cninas sobre a proliferação de fibroblastos L929 através do emprego do anticorpo anti TNF. 18 3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 Anatomia e fisiologia da pele A pele corresponde a 15% do peso corporal, sendo assim considerada o maior órgão do ser humano. Por recobrir toda a área corporal, envolvendo-o por inteiro e delimitando o organismo, a mesma confere proteção e interação com o meio externo. Este órgão forma uma barreira física contra agressões do meio externo para com os demais órgãos e constituintes do corpo humano assumindo assim a função maior e vital, a conservação da homeostasia. Para desempenhar tal papel, apresenta características dinâmicas, sofrendo alterações constantes, sendo dotada de capacidade renovadora e de reparação (HARRIS, 2009). A pele é composta por duas camadas principais; a epiderme e a derme. A epiderme é o compartimento exterior, sendo composta por quatro diferentes camadas: estrato basal, estrato espinhoso, estrato granuloso e estrato córneo (Figura 1). O estrato basal é o mais profundo, responsável pela constante renovação das células da epiderme. Contém uma linha de células indiferenciadas conhecidas como queratinócitos basais, os quais se dividem com frequência. Estes se diferenciam e passam para o estrato seguinte, o espinhoso, para iniciar um processo de maturação, mas também se dividem para repor a camada basal. As células que se movem no estrato espinhoso modificam sua morfologia e passam de colunar para a forma poligonal e começama sintetizar queratina. Na sequência, em direção a superfície, é formada a camada granulosa composta de queratinócitos do estrato granuloso, caracterizados por manchas escuras do material citoplasmático e pela intensa produção de queratina e lipídios. O estrato córneo, como o último produto dos queratinócitos, é o mais externo da epiderme, e reconhecidamente, o principal responsável pela função de barreira protetora da pele. As células que compõe esta camada são conhecidas como corneócitos, células derivadas de queratinócitos mortos desprovidos de organelas. Os corneócitos são os responsáveis por barrar diversos agentes tóxicos, como por exemplo substâncias químicas e microrganismos, atuando desta forma como a primeira barreira do sistema imune inato. Ainda, os mesmos atuam impedindo a desidratação da pele (NESTLE; MEGLIO; QIN; NICKOLOFF, 2009, PROKSCH; BRANDNER; JENSEN, 2008, GNIADECKI, 1998). 19 Figura 1 – Camadas da pele A pele humana apresenta uma epiderme espessa com várias camadas de células que se diferenciam formando seus estrato. Abaixo da epiderme está localizada a derme uma camada de tecido conjuntivo caracterizada pelas projeções das cristas epidérmicas, observa-se a presença de glândula sebácea, vasos linfáticos e sanguíneos assim como células do sistema imune como os macrófagos. Fonte: Adaptado de Pasparakis; Haase; Nestle, (2014). Adicionalmente, a epiderme possui células especializadas, como melanócitos, responsáveis pela produção de melanina, e células de Langerhans, responsáveis pela imunovigilância do tecido cutâneo, sendo assim as principais células residentes do sistema imunológico da pele (Figura 2) (PROKSCH; BRANDNER; JENSEN, 2008; NESTLE; MEGLIO; QIN; NICKOLOFF, 2009). A pele saudável, além de se renovar normalmente como a maior parte dos tecidos corporais, tem extraordinária capacidade de auto regeneração quando sofre lesões. A constante renovação da epiderme ocorre por meio de um processo de ciclo celular controlado, no qual se formam continuamente novos queratinócitos. A proliferação dos queratinócitos é regulada por diferentes substâncias como fatores de crescimento, vitaminas lipossolúveis e seus derivados, ceramidas, neuropeptídeos, esteróides, hormônios peptídicos e mediadores inflamatórios (GNIADECKI, 1998). Epiderme Estrato córneo Estrato granuloso Estrato espinhoso Estrato Basal Derme Glândula sebácea Vaso linfático Vaso sanguíneo Macrófago Tecido adiposo 20 Quando ocorre uma lesão na camada epidérmica, as células superficiais sinalizam às células mais profundas a sua perda de contato com células vizinhas destruídas. A sinalização gerada estimula as células da camada basal a proliferarem e se diferenciarem, culminando com o reparo da área lesionada (HERSON, 2004). Outra importante estrutura da pele é a derme, a qual está localizada abaixo da epiderme, repousando sobre o tecido subcutâneo. A derme, é formada por uma camada de tecido conjuntivo associada a um sistema integrado de estruturas fibrosas, filamentosas e amorfas onde estão acomodados os vasos sanguíneos, linfáticos, terminações nervosas e anexos cutâneos (glândulas sebáceas, sudoríparas, folículos pilosos) originados do aprofundamento da epiderme na derme (FREINKEL; WOODLEY, 2001). Ainda, a derme é importante para a nutrição da epiderme e para remoção de resíduos, uma vez que a epiderme é uma camada avascular (HILINSK; MEYERS, 2013). Uma extensa rede de comunicação entre células epiteliais da epiderme, tecido conjuntivo da derme e células do sistema imune regula as respostas imunológicas da pele, a qual é responsável por garantir a defesa do hospedeiro, mantendo ou restaurando a homeostase do tecido (PASPARAKIS; HAASE; NESTLE, 2014) 21 Figura 2 – Anatomia da pele humana e efetores celulares A estrutura da pele reflete a complexidade das suas funções como uma barreira protetora para manter a temperatura do corpo, na coleta de informações sensoriais do ambiente e no papel ativo no sistema imunológico. A epiderme é composta de 4 estratos sendo a camada mais externa, o estrato córneo, responsável pela função de barreira da pele. As células especializadas na epiderme incluem os melanócitos, que produzem o pigmento (melanina) e células de Langerhans. Raras células T podem ser encontrada no estrato basal e camada espinhosa. A derme é composta de colágeno, tecido elástico e fibras reticulares. A derme contém muitas células especializadas, como células dendríticas (DC) subconjuntos, incluindo DCs dérmicos. Além disso, macrófagos, mastócitos e fibroblastos estão presentes. Vasos sanguíneos e linfáticos e os nervos (não mostrados na figura) também estão presentes em toda a derme. Fonte: Adaptado de Nestle; Meglio; Qin; Nickoloff (2009). A derme é rica em matriz extracelular e contém células do estroma, como fibroblastos, fibrócitos e células estruturais dos vasos sanguíneos e linfáticos. As células imunes residem e trafegam na derme, são dinâmicas e sofrem alterações acentuadas durante a resposta imune, como pode ser visualizado na Figura 1 (PASPARAKIS; HAASE; NESTLE, 2014). Devido seu posicionamento estratégico na interface entre o meio externo e interno, os queratinócitos recebem sinais a partir do ambiente e são capazes de transmiti-los para células do sistema imunológico presentes na pele. Esta comunicação é realizada a partir da expressão de receptores gerados por meio da produção de citocinas e quimiocinas, como por exemplo, as interleucinas IL-1, IL-10, IL-20 e o TNF (PASPARAKIS; HAASE; NESTLE, 2014). 22 Os apêndices epidérmicos, incluindo glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas, glândulas apócrinas e folículos pilosos, desenvolvem-se a partir da epiderme e se aprofundam na derme. Eles estão alinhados com células epiteliais que possuem potencial para a divisão e diferenciação, desta forma são uma importante fonte de células para a reepitelização quando a epiderme é destruída. A destruição epidermémica pode ocorrer por queimaduras de espessura parcial e traumática, em peeling químico, dermo abrasão ou por outros processos esfoliativos (HILINSK; MEYERS, 2013). 3.2 Fisiologia e farmacologia do reparo tecidual Uma lesão ou ferimento é gerado através da ruptura na integridade do tecido epitelial da pele e pode estar acompanhado de uma perturbação na estrutura e função do tecido normal. Esta perturbação pode ser gerada por um trauma, queimadura ou ainda por uma contusão, laceração ou abrasão. Esta alteração deve ser restaurada rapidamente uma vez que a integridade da pele é crucial para a manutenção da homeostasia do organismo (PEREIRA; CURI, 2005; ENOCH; LEAPER, 2008; BALBINO; MENDONÇA; COUTINHO-NETTO, 2009). O reparo tecidual é um processo dinâmico que ocorre em uma sequência preestabelecida de fases que não se excluem, pelo contrário, se somam. Este processo é resultante da interação complexa entre células da epiderme e da derme, proteínas da matriz e do plasma e angiogênese controlada (LAU et al.,2009). Logo após uma lesão, várias vias intra e intercelulares devem ser ativadas e coordenadas para que a integridade do tecido e a homeostase seja restaurada. Os componentes celulares do sistema imune, a cascata de coagulação do sangue e as vias inflamatórias são ativadas, este processo é um dos mais complexos que ocorrem durante a vida humana (MARTIN, 1997; SINGER e CLARK, 1999, GURTNER et al.,2008). Com o objetivo de facilitar a compreensão deste evento dinâmico e complexo diferentes etapas classificatórias do processo de reparo são utilizadas. Estas fases são interdependentes em um determinado período de tempo as fases coincidem e acontecem simultaneamente, permitindo assim o sucesso da cicatrização (MANDELBAUM; DI SANTIS; MANDELBAUM, 2003). 23 Estas atividadesocorrem em cascata e estão correlacionadas com o aparecimento de diferentes tipos celulares e a liberação de mediadores químicos definindo os estágios ou fases do processo de reparo. Disparados pela lesão no tecido cutâneo, o reparo tecidual envolve quatro fases; hemostasia, inflamação, proliferação e remodelagem como pode-se acompanhar através da figura 3 (ENOCH; LEAPER, 2008). Figura 3 - Linha do tempo de migração de populações de células imunitárias correlacionadas com as fases de cicatrização de feridas. Fonte: Adaptado de PARK; BARBUL, (2004) O processo inflamatório, etapa essencial para a manutenção da homeostasia, tem papel primordial no reparo tecidual. Ocorre imediatamente após o surgimento do trauma, caracterizado pela ruptura de vasos sanguíneos e extravasamento de seus constituintes onde inicia a cascata de coagulação (MANDELBAUM; DI SANTIS; MANDELBAUM, 2003). As plaquetas induzidas pela trombina sofrem degranulação plaquetária liberando diversos fatores de crescimento, como o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), fator de crescimento transformador-β e α (TGF-β; 24 TGF-α), fator de crescimento epidérmico (EGF), e o fator de crescimento de células endoteliais (VEGF), além de glicoproteínas adesivas como a fibronectina e trombospondina, que são importantes constituintes da matriz extracelular provisória. O cruzamento de fibronectina fornece uma matriz preliminar, que alicerçará a migração das seguintes células, fibroblastos, células endoteliais e queratinócitos responsáveis pelo desencadeamento do processo de reparo. Além disto, a ativação da cascata de coagulação e do complemento, juntamente com a liberação dos fatores de crescimento e ativação de células parenquimatosas por células lesionadas, produzem numerosos mediadores vasoativos e fatores quimiotáticos que auxiliam o recrutamento das células inflamatórias para o sitio de lesão. Após a saída das plaquetas dos vasos, neutrófilos e monócitos em resposta a fatores quimiotáticos migram para a região do trauma (MENDONÇA; COUTINHO-NETTO, 2009). A primeira contribuição de mediadores circulantes para a formação do gradiente quimiotáxico vem de proteínas plasmáticas como o Fator de Hageman e o cininogênio de alto peso molecular. Da interação entre estas duas moléculas é gerada a bradicinina que, além de propriedades vasoativas e nociceptivas é também indutora da metabolização do ácido araquidônico para formação de eicosanóides. As moléculas desta família possuem importância comprovada em vários fenômenos inflamatórios e dentre eles a atividade quimiotáxica (HUYBRECHTS-GODIN et al., 1979 apud BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005). Nesta etapa, leucócitos se infiltram na área da lesão e serão os principais componentes celulares da resposta inflamatória. Estas células são efetoras no combate de patógenos invasores e também estão envolvidas na degradação do tecido lesionado. A compreensão do papel essencial da resposta inflamatória no reparo de feridas irá fornecer estratégias para modular a remodelação do tecido (EMING; KRIEG; DAVIDSON, 2008). A força de arraste da corrente sanguínea sobre as células circulatórias está diminuída devido à vasodilatação local e ainda estão expressas na superfície das células endoteliais dos vasos não lesionados, moléculas de adesão que ancoram os leucócitos circulantes e permitem a sua transmigração para o foco inflamatório (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005). Na fase final do processo inflamatório, os macrófagos se apresentam como peças chave no processo regulatório do reparo, pois apresentam ação fagocitária, 25 degradando e removendo componentes de tecido conjuntivo danificado debridando a ferida (BRAIMAN-WIKSMAN; SOLOMONIK; SPIRA; TENNENBAUM, 2007, COUTINHO-NETTO, 2009; ENOCH; LEAPER, 2008; MANDELBAUM; DI SANTIS; MANDELBAUM, 2003) O papel dos macrófagos é complexo, esta célula polivalente está envolvida em muitos aspectos do reparo tecidual através das citocinas e fatores imunomoduladores que produz. As citocinas produzidas por macrófagos estão envolvidas na angiogênese, migração e proliferação de fibroblastos, na produção de colágeno e possivelmente, na contração da ferida (BRAIMAN-WIKSMAN; SOLOMONIK; SPIRA; TENNENBAUM, 2007, COUTINHO-NETTO, 2009; ENOCH; LEAPER, 2008; MANDELBAUM; DI SANTIS; MANDELBAUM, 2003; MENDONÇA; MONACO, LAWRENCE, 2003) O processo de reparo tecidual é, em grande parte, regulado pela produção de citocinas, que ordenam e controlam a ativação de genes responsáveis pelo controle da migração, proliferação e atividade celular. As plaquetas e macrófagos são as principais fontes celulares de citocinas, embora muitas outras células também as produzam. O controle da liberação de citocinas é, em parte, regulado por outras citocinas e pelas características do meio tecidual (MONACO; LAWRENCE, 2003) Logo após a formação da lesão, as citocinas, interleucina 1 beta (IL-1β) e o fator de necrose tumoral (TNF), são liberados a partir de células endoteliais rompidas, queratinócitos e fibroblastos. A liberação destas citocinas, inicia a fase inflamatória, promovendo o recrutamento de leucócitos para o local da ferida. O pico de concentração destas, se da no primeiro dia do ferimento e serão sobrereguladas durante a resposta inflamatória, o que é essencial no estímulo inflamatório e na modulação do processo de regeneração tecidual e (FAHEY et al., 1990; MEDZHITOV, 2008; KANNO et al., 2013). Estudos tem demostrado que o TNF participa diretamente da angiogênese e induz a síntese do fator de crescimento transformador (TGF), assim como a proliferação de fibroblastos, componentes essenciais no processo de cicatrização. Ademais, induzem a biossíntese de vários outros mediadores inflamatórios, incluindo IL-1β e as cininas, que em sinergia podem amplificar a resposta inflamatória (FAHEY et al.,1990; HENRY; GARNER, 2003) 26 O TNF exerce uma variedade de efeitos biológicos incluindo a produção de citocinas inflamatórias, regulação positiva de moléculas de adesão, proliferação, diferenciação e morte celular (KAMATA et al., 2005) Enquanto tais efeitos são mediados pelos dois receptores do TNF (TNF-RI e TNF-RII), a morte celular induzida por esta citocina é mediada principalmente por TNF- RI, ao ligar-se a este receptor o TNF é capaz de estimular a sinalização apoptótica, resultando no recrutamento e ativação da caspase-8. A caspase-8 ativada por sua vez, ativa caspases efetoras tais como a caspase-3 e-7, resultando em apoptose (ALIKHANI et al., 2004, WALLACH et al., 2002) Assim como, o TNF pode também induzir a apoptose celular, atuando como um agente citotóxico (pró-apoptótico) em determinadas situações pode estimular a proliferação de fibroblastos (SUGARMAN et al., 1985). . Esta dicotomia se deve em parte à capacidade do TNF de atuar como ativador do fator de transcrição nuclear -kB (NF-kB), responsável pela sobrevivência celular através da ativação de genes pró sobrevivência e supressão de genes pró- apoptóticos. Um elemento crítico na sinalização da apoptose induzida por TNF, é a ativação robusta e prolongada de JNK, o que ocorre quando o NF-kB é inibido. No entanto, os sinais específicos que podem desencadear esta citotoxicidade não são completamente ilucidados (CHEN et al., 2007, KAMATA et al., 2005; SAKON et al, 2003). Durante o processo de cicatrização a IL-1β é liberada por queratinócitos, tendo um efeito parácrino, assim como age de forma autócrina interferindo na migração e proliferação destas células epiteliais, e ainda, participam da proliferação de fibroblastos (BARRIENTOS et al, 2008; RAJA, 2007). Tal como a IL-1β, o TNF pode induzir a produção de fator de crescimento fibroblástico (FGF), sugerindo ação indireta na promoção da reepitelização. (BARRIENTOS et al, 2008). O TNF, de forma isolada, demonstrou inibir a reepitelização de feridas, tendo seus efeitosdependentes da concentração e duração da exposição, enfatizando a importância do equilíbrio entre os sinais pró e anti-inflamatórios no controle da cicatrização. Em baixas concentrações, o TNF pode promover a cicatrização de feridas por agir indiretamente estimulando a inflamação e induzindo o aumento no recrutamento de macrófagos, liberação de fatores de crescimento e proliferação de fibroblastos. No entanto, em concentrações elevadas de TNF, especialmente durante 27 longos períodos, pode-se observar um efeito prejudicial sobre o processo de reparo, já que tem a habilidade de suprimir a síntese de proteínas de matriz extracelular e seus inibidores teciduais, enquanto aumenta a síntese de enzimas proteolíticas como as metalaproteinases (MMPs), dentre as quais se pode destacar a MMP-1, MMP-2, MMP-3, MMP-9, MMP-13, e de MT1-MMP. Ainda, elevados níveis de IL-1β apresentam resposta similar à do TNF, em um processo de retroalimentação, amplificando este sinal (AGREN et al.,1992; BARRIENTOS et al, 2008). Quando o processo inflamatório se encerra, já existe uma matriz provisória com a presença de moléculas com propriedades quimiotáxicas gerando condições propícias e orientando o sentido da migração celular na região da lesão, servindo então como alicerce para novas células se proliferarem (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005). A partir desta etapa, se inicia o processo de proliferação, fase responsável pelo fechamento da lesão. Nesta etapa ocorre a formação do tecido de granulação, um tecido conjuntivo ainda imaturo, que substituirá o tecido lesionado. Esta etapa apresenta três importantes eventos: (1) reepitelização, (2) fibroplasia e (3) angiogênese. (BRAIMAN-WIKSMAN; SOLOMONIK; SPIRA; TENNENBAUM, 2007) (1) A reepitelização inicia horas após a lesão, com a movimentação das células epiteliais que provêm tanto da margem da ferida como dos apêndices epidérmicos localizados no centro da lesão (MENDONÇA; COUTINHO-NETTO, 2009; BRAIMAN-WIKSMAN; SOLOMONIK; SPIRA; TENNENBAUM, 2007). (2) A fibroplasia se dá pela substituição da matriz extracelular provisória por um tecido conjuntivo mais forte e elástico. Os fibroblastos são as células responsáveis por este processo, produzindo proteínas da matriz como a fibronectina, ácido hialurônico, proteoglicanas e posteriormente o depósito de colágeno no tecido de granulação. Nesta fase sua migração e ativação são intensificadas para produção de uma nova matriz extracelular necessária ao crescimento celular. Após a influência dos fatores de crescimento e demais mediadores inflamatórios, derivados principalmente dos macrófagos, os fibroblastos são ativados e migram das margens da ferida para o seu centro (BRAIMAN- WIKSMAN; SOLOMONIK; SPIRA; TENNENBAUM, 2007; MANDELBAUM; DI SANTIS; MANDELBAUM, 2003). Fatores de crescimento como PDGF, fator de crescimento fibroblástico básico, 28 TGF-α, IL-1 e TNF induzem a síntese de colágeno durante a fase proliferativa e também na fase subsequente, a remodelagem. Para que a fibroplasia ocorra de forma eficiente é necessário a formação de novos vasos sanguíneos, que irão carrear oxigênio e nutrientes essenciais ao metabolismo celular local (SINGER; CLARK, 1999; ENOCH; LEAPER, 2008). (3) Na angiogênese, as células endoteliais migram para a área de lesão e a produção de novos vasos sanguíneos a partir de vasos preexistentes é acompanhada, na maioria das vezes, por aumento da permeabilidade vascular. As células endoteliais dos vasos neoformados se diferenciam em células de revestimento e vasos neoformados assumem características funcionais de capilares, a seguir ocorre proliferação das células endoteliais, acesso para as células responsáveis pelas próximas fases (MANDELBAUM; DI SANTIS; MANDELBAUM, 2003). Após a formação de um tecido de granulação prossegue-se para a última fase do processo de reparo, a fase de remodelagem ou remodelamento, marcada pela maturação dos elementos e alterações na matriz extracelular, o tecido de granulação é enriquecido com fibras de colágeno e começa a adquirir a aparência de massa fibrótica característica da cicatriz. Nesta fase ocorrem melhorias e reformulações nos componentes das fibras de colágeno e na matriz extracelular, aumentando assim a força de tensão e a diminuição do tamanho da cicatriz e do eritema. Cabe ressaltar que este processo pode perdurar durante meses (CLARK, 1985). O remodelamento da cicatriz envolve etapas sucessivas de produção, digestão e orientação das fibrilas de colágeno. Repetições sucessivas da lise, nova síntese, redirecionamento e religação formam fibras maiores de colágeno, resultando em uma configuração mais regular da cicatriz. Isso aumenta a sua resistência devido à organização das fibras acompanharem as forças mecânicas a que o tecido está sujeito durante a atividade normal. A neovasculatura diminui, e tardiamente a cicatriz é considerada avascular (CLARK, 1985). A partir deste momento a cicatriz adquire sua máxima resistência à tração, característica marcante desta fase do reparo é a grande e acelerada deposição de colágeno na região da ferida. Assim, os sinalizadores de importância, de alguma forma, devem exercer influência sobre os fibroblastos. Esta fase está sob influência 29 de grande número de citocinas incluindo; TNF, IL-1, TGF-β, PDGF e fator de crescimento fibroblástico básico (ENOCH; LEAPER, 2008). O TGF-β, um sinalizador com participação crucial nessa fase, é um mitógeno importante de fibroblastos. Embora exercendo efeitos inibitórios sobre a proliferação dos queratinócitos, é um potente estimulador da expressão de proteínas da matriz extracelular e de integrinas (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005). Com a evolução do processo de cicatrização acentua-se a deposição de colágeno e a maioria das células desaparecem (observa-se a apoptose de fibroblastos e células endoteliais) formando finalmente a cicatriz avascular com baixo número de células. Se o teor celular permanecer alto, poderá ocorrer a formação de cicatrizes hipertróficas ou queloides (MENDONÇA; COUTINHO-NETTO, 2009). 3.3 Cininas As cininas fazem parte de uma importante família de peptídeos biologicamente ativos, envolvidos em uma série de processos biológicos e fisiopatológicos. As ações das cininas já foram confirmadas em diversas reações inflamatórias, além de processos dolorosos e inflamação (KAPLAN; KUSUMAM; SILVERBERG, 2002). Pesquisas têm demonstrado que estes peptídeos estão envolvidos em uma variedade de fenômenos biológicos, como a regulação da pressão arterial sistêmica, através das suas propriedades vasodilatadoras, contração da musculatura lisa regulando o tônus vascular, além de modular o metabolismo da glicose (BHOOLA et al., 1992; MARCEAU; REGOLI, 2004). Os componentes do sistema cinina-calicreína vêm sendo estudados desde 1909, quando um componente hipotensivo foi encontrado no sistema urinário, sendo posteriormente identificado como a calicreína tecidual. Em 1949, Rocha-e-Silva e colaboradores isolaram o peptídeo bradicinina (BK) das globulinas plasmáticas tratadas com tripsina ou protease provenientes do veneno da cobra Bothrops jararaca (BHOOLA et al., 1992; MARCEAU e REGOLI, 2004). As cininas pertencem a um grupo de peptídeos com 9 a 11 aminoácidos, incluindo a BK, calidina (Lys- BK), T-cinina e seus metabólitos ativos e as des-Arg- cininas. A cascata de formação das cininas compreende a ação de enzimas proteolíticas denominadas calicreínas sobre um precursor, o cininogênio, encontrado no plasma e nos tecidos. A calicreína plasmática cliva o cininogênio de alto peso 30 molecular (HMWK) liberando a BK, este processo encontra-se exacerbado em respostas inflamatórias. Já a calicreína tecidual utiliza como substrato o cininogênio de baixo peso molecular (LMWK), sintetizando a Calidina (Lys-BK) (MCLEAN et al, 2000). Após o processo de síntese, as cininassão rapidamente metabolizadas por diferentes grupos de peptidases. Há evidências de 4 metalopeptidases que são responsáveis pelo metabolismo da BK: 1) enzima conversora de angiotensina I (ECA, cininase II), 2) aminopeptidase P (APP), 3) endopeptidase neutral 24.11 (NEP, neprilisina) e as 4) carboxipeptidases M (membrana) e N (plasma) (CPM, CPN; cininases I). Em humanos, os níveis circulantes são regulados pela CPN. Entretanto, nas superfícies endoteliais, principalmente no leito vascular pulmonar, a regulação é realizada pela ECA, sendo este o principal mecanismo através do qual a BK e Lys-BK são inativadas (BHOOLA et al., 1992; MARCEAU; REGOLI, 2004; REGOLI; BARABÉ, 1980). As principais enzimas que degradam a bradicinina são as cininases I e II. A cininase II, exerce sua ação através da remoção do dipeptídeo da porção C-terminal da bradicinina ou calidina ocasionando sua total inativação. Já a atividade da cininase I apresenta uma importância particular, uma vez que é a responsável pela geração de metabólitos ativos das cininas, a des-Arg9 bradicinina (DABK) eu des-arg10 calidina, através da remoção do aminoácido arginina da porção C- terminal da BK e Lys-BK, respectivamente. (Figura 4) (BHOOLA et al., 1992; KAPLAN; KUSUMAM, 2002; SHEIKH; KAPLAN, 1989) 31 Figura 4 – Cascata de formação das Cininas IIustra a via do sistema calicreína-cininas e sua cascata de formação.A partir da ação da Calicreína, tecidual ou plasmática sobre o cininogênio de alto peso molecula (HK) ou ciniogênio de baixo peso molecular, será formada a Bradicinina, que por ação da cininase I pode ser convertida em seu metabólito ativo a DABK ou em um metabólito inativo também por ação de uma cininase (ECA). A bradicinina então agirá preferencialmente nos recptores B2, enquanto seu metabólito ativo, DABK agirá através da ligação nos receptores B1. Fonte: RAMALHO (2000) Após serem liberadas, BK, Lys-BK e seus derivados ativos exercem uma série de efeitos biológicos, como vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo e da permeabilidade vascular, redução da pressão do sague, contração ou relaxamento da musculatura lisa e sensibilização de fibras aferentes sensoriais. As cininas ainda estão relacionadas com a liberação de diferentes mediadores pelo endotélio, indução da proliferação celular, regulação do transporte de glicose e estimular a reabsorção óssea (BHOOLA et al., 1992; REGOLI; BARABÉ, 1980). A utilização da biologia molecular como ferramenta no estudo dos receptores cininérgicos permitiu a definição molecular dos receptores das cininas e foi iniciada pela clonagem do receptor B2 em ratos (MCEACHERN et al., 1991), seguida pela do receptor B1 em humanos (MENKE et al., 1994). Os dois receptores parecem estar envolvidos com alterações observadas durante desordens inflamatórias agudas e crônicas. Grande parte dessas conclusões está baseada nos estudos dos efeitos dos antagonistas dos receptores utilizados em diversos modelos de inflamação (MARCEAU; HESS; BACHVAROV, 1998). 32 Diversas investigações demonstram o envolvimento dos receptores B1 e B2 na resposta edematogênica mediada pelas cininas no modelo de edema de pata em ratos. Neste modelo os receptores B2 parecem ser constitutivos, enquanto os receptores B1 apresentam caráter induzido (CAMPOS; CALIXTO,1995; CAMPOS et al.,1995). Estudos demonstraram que a expressão dos receptores B1 é controlada principalmente pela produção de citocinas específicas após trauma tecidual, principalmente pela IL-1β (MARCEAU et al.,1998). Diversos estímulos inflamatórios são capazes de estimular a produção de IL-1β como citocinas pró-inflamatórias e produtos bacterianos como lipopolissacarídeo de membrana (LPS) (DINARELLO, 1998). Assim, os efeitos biológicos das cininas ocorrem pela ativação específica de receptores denominados de B1 e B2, receptores estes pertencentes à superfamília de receptores acoplados à proteína G. No entanto, os receptores B1 e B2 se diferenciam em suas estruturas primárias, regulação, expressão e distribuição no tecido (MARCEAU et al., 1998). Receptores B1 são preferencialmente e seletivamente estimulados pelos metabólitos ativos des-Arg9-BK e Lys-des-Arg9-BK (figura 4). Enquanto que os receptores B2 apresentam alta afinidade pela BK e Lys-BK (figura 4) (KAPLAN et al.,2002, MARCEAU et al., 1998). Evidências apontam que receptores B2 encontram- se expressos de forma constitutiva em diferentes órgãos, tecidos e tipos celulares (SCHREMMER-DANNINGER et al., 1995) e são os principais responsáveis pelas ações fisiológicas das cininas. Com relação ao receptor B1, não são expressos em níveis significativos nos tecidos em condições normais, mas são sintetizados e modulados rapidamente em diversos tipos celulares após traumas teciduais ou durante condições patológicas, indicando um mecanismo adicional na lesão tecidual e na recuperação. Além disso, a indução do receptor B1 é resultante de uma cascata de eventos que envolvem a interação entre fatores de transcrição, proteínas quinases, células inflamatórias e citocinas, como por exemplo IL-1 e TNF (CALIXTO et al., 2000; CALIXTO et al., 2004; KAPLAN; KUSUMAM, 2002). Desta forma, grande parte dos efeitos fisiológicos das cininas são mediados pela ativação dos receptores B2 enquanto os receptores B1 parecem estar envolvidos na amplificação da sinalização iniciada pelos receptores B2 (CALIXTO et al., 2000; CALIXTO et al., 2004). 33 O receptor B1 é geralmente expresso no mesmo tipo celular que está presente o receptor B2, recrutando a mesma via de sinalização, entretanto, o receptor B1 não sofre dessensibilização após estimulação pelo agonista (MARCEAU; REGOLI, 2004). Os dois receptores parecem estar envolvidos com as alterações observadas durante desordens inflamatórias agudas e crônicas. Grande parte dessas conclusões está baseada nos estudos dos efeitos dos antagonistas dos receptores utilizados em diversos modelos de inflamação (MARCEAU; HESS; BACHVAROV, 1998). Grandes avanços do envolvimento das cininas em processos fisiológicos assim como fisiopatológicos se deram com o desenvolvimento de antagonistas seletivos para os receptores cininérgicos. Os antagonistas seletivos para o receptor B1 se deu uma década antes do desenvolvimento de antagonistas para receptores B2. O desenvolvimento do protótipo [Leu8]-des-Arg9-Bk (DALBK) como antagonista seletivo foi decisivo para definir a existência dos receptores B1 (REGOLI; BARABÉ, 1980). Mesmo com as limitações da primeira geração de antagonistas de B2, a partir de seu desenvolvimento, o papel das cininas em condições normais e patológicas agudas começou a ser delineado (BHOOLA et al., 1992). A segunda geração de antagonistas da BK começou com os antagonistas exemplificados por Hoechst HOE- 140 (Icatibante), obtido através da introdução de dois aminoácidos sintéticos (Tic e Oic) nas posições 7 e 8 do antagonista anterior (HOCK et al.,1991; WIRTH et al., 1991). Esta alteração estrutural gerou uma molécula com a capacidade de bloquear sua degradação, aumentando dramaticamente o tempo de meia vida in vivo deste antagonista em comparação aos antagonistas da primeira geração. A busca por antagonistas não peptídicos que fossem ativos por via oral, levou ainda ao desenvolvimento de uma terceira geração de antagonistas (STEWART et al., 1999; STEWART, 2004). Apesar de existirem diferenças entre os dois receptors cininérgicos B1 e B2, as vias de sinalização celular ativadas por eles parecem ser semelhantes. Ambos são recepetores acoplados a proteína G e sua ativação pode estar envolvida direta ou indiretamente, com diferentes vias de transdução de sinal (YANAGA et al., 1991; XIE et al., 2000). Complementando os efeitos pró-inflamatórios do receptor B2, que se encontram acoplados a múltiplos mecanismos transducionais. A BK ativa os receptores B2 e estimula a liberação do ácido araquidônicocom formação subseqüente de 34 prostaglandina E2 ou I2, resultando na formação do monofosfato cíclico de adenosina (AMPc). Outro componente envolvido no processo inflamatório é o óxido nítrico (NO), também formado pela ativação dos receptores B2, através do aumento de monofosfato cíclico de guanosina (GMPc) (MARCEAU, HESS, BACHVAROV, 1998). Outro ponto a se destacar é a ativação de vias alternativas, envolvendo a fosforilação de algumas classes de quinases, como tirosina quinase, quinases ativadas por mitógeno, proteína ribosomal S6 quinase e fosfatidilinositol-3-quinase (MARCEAU; BACHVAROV, 1998; PYNE et al., 1997; PAN et al, 1999). Os mecanismos descritos acima, podem levar à liberação ou mesmo potencialização da ação de outros importantes mediadores inflamatórios como as citocinas, assim como a ativação do fator de transcrição NF-B (PAN et al., 1998). A ativação de receptores B2 acoplados aos mecanismos de transdução pode ser responsável pelo aumento da população de receptores B1, sugerindo a existência de um processo de balanço entre as duas populações de receptores cininérgicos, durante desordens inflamatórias (CALIXTO et al., 2000). Outro fato importante a se acrescentar em relação à participação dos receptores B1 é que durante o desenvolvimento da inflamação, uma grande quantidade de BK sofre a ação de carboxipeptidases, produzindo grandes quantidades do metabólito ativo des-Arg9-bradicinina. Esta alta concentração endógena dos agonistas seletivos para o receptor B1 demonstra que estes possuem papel fundamental também na regulação de expressão dos receptores B1 (SCHANSTRA et al., 1998). Processos inflamatórios cutâneos induzidos através de diferentes estímulos, incluindo substâncias alergênicas ou através da radiação ultravioleta, disparam respostas inflamatórias no tecido cutâneo induzindo diretamente queratinócitos e estimulando a liberação de citocinas pró-inflamatórias e BK. Nos queratinócitos, a bradicinina induz o crescimento celular e este efeito pode ser induzido via receptores específicos de cininas (SCHREMMER-DANNINGER et al., 1995). Schremmer-Danninger e colaboradores (1995), utilizando técnicas radiográficas, identificaram receptores específicos para bradicinina na camada basal de epiderme humana sugerindo que as cininas podem estar envolvidas em mecanismos de proliferação celular epidérmica. O RNA mensageiro (RNAm) para o receptor B1, B2 e para a calicreína tecidual na pele de indivíduos sadios foi identificado e desta forma, a existência do sistema 35 das cininas na pele humana é um fato comprovado (SCHREMMER-DANNINGER et al., 1999). Poblete e colaboradores (1991) encontraram calicreína tecidual no fundo secretório de glândulas sudoríparas. Além disso, foi demonstrada a presença de cininogênio de alto peso molecular no espaço intersticial tecidual na epiderme de cobaias e também na pele humana (YAMAMOTO et al.,1987; VIDAL et al., 2005). Dados indicam que as calicreínas e as cininas contêm substratos que normalmente estão presentes na pele humana contribuindo para o conceito de que as cininas são formadas localmente (VIDAL et al, 2005). É importante destacar que outras ações das cininas também sugerem o envolvimento desse sistema em outras etapas dos processos inflamatórios cutâneos, como na proliferação celular. Cheng e colaboradores (2004) demonstraram que a BK, via ativação dos receptores B2, apresenta efeito mitogênico através da ativação de proteína G, causando fosforilação da via da PKC e consequente estimulação da via da MEK/ proteína quinase ativada por mitógeno (MAPK) e da expressão de c-fos e c- jun em cultura de queratinócitos obtidos da córnea de coelhos. Também através de receptores B2, a BK promove ativação da cascata da p42/p44 MAPK em vários tipos de células humanas, incluindo as células da musculatura lisa vascular, endoteliais, PC-12 e linhagem de células tumorais (CHENG et al., 2004). Em 2008, Matus e colaboradores utilizando cultura de queratinócitos comprovaram que o estímulo de receptores B1 pode contribuir para a diferenciação e migração de queratinócitos através da sinalização da tirosina quinase C ou através da interação com receptores da família ErbB. Indícios de que o sistema cinina-calicreína pode estar envolvido com a migração e diferenciação de queratinócitos foram confirmados em lesões realizadas em cultura celular e tratadas com calicreína. Neste trabalho, Gao e colaboradores, (2010) constataram que há influência na migração e diferenciação destas células através da ativação de receptores PAR, sugerindo assim um importante papel no processo de reparo tecidual. Como já mencionado anteriormente, os fibroblastos são células importantes na reparação de tecidos, estando envolvidos na migração, proliferação, contração da ferida e na produção de colágeno (ENOCH; LEAPER, 2008). Em uma busca na literatura não foram encontrados estudos relacionando o papel das cininas e seus receptores envolvendo fibroblastos cutâneos, porém já existem estudos in vitro usando fibroblastos de outros tecidos indicando que a bradicinina também é capaz de 36 induzir a ativação destas células (CHENG; TSENG; MAO,2012; SABATINI et al.,2013; VANCHERI et al., 2005). Estudos in vitro demonstram que a BK através da ativação dos receptores B2 é capaz de ativar a via do NF-kB e a liberação de citocinas em cultura de fibroblastos de pulmão humano influenciando na sua contratilidade (VANCHERI et al., 2005). A BK causa um significativo aumento na α-actina de músculo liso (α-SMA), proteína expressa por fibroblastos em fase de transformação em miofibroblastos pulmonares. O receptor B2 foi considerado o responsável por este efeito, pois o tratamento com o antagonista bloqueou a expressão. A BK também é capaz de induzir a proliferação de fibroblastos e a produção de colágeno através da ativação da via da MAPK por fosforilação regulada por sinal extracelular (ERK 1/2) (VANCHERI et al., 2005). Considerando o importante papel dos fibroblastos na fase proliferativa com o fechamento da lesão através da formação do tecido de granulação e influenciando o depósito de colágeno e a contração da ferida. Avaliando o cenário onde, os mediadores inflamatórios assumem um importante papel na progressão da resposta de reparo tecidual somando-se às evidências de que o sistema cinina-calicreína pode regular a proliferação celular, assim como sua possível relevância na a angiogênese. Considera-se relevante explorar o papel das cininas na proliferação de fibroblastos in vitro e a influência do TNF neste processo, procurando através do “Scratch model” mimetizar as condições envolvidas no processo de reparo tecidual. 37 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Materiais 4.1.1 Linhagem celular As células utilizadas foram adquiridas do banco de células do Rio de Janeiro. Fibroblastos Murino linhagem NCTC clone 929 [L CELL, L-929], de origem de tecido conectivo adiposo. 4.1.2 Condições de cultivo No cultivo celular in vitro, células de fibroblasto murino L929 desenvolveram-se como culturas aderentes cultivadas em garrafas plásticas (poliestireno) estéreis da Techno Plastic Products (TPP). O meio de cultura DMEM (Vitrocell®) suplementado com 10% de Soro Fetal Bovino (SFB) (Gibco®) foram adicionados às garrafas. As células foram mantidas em estufa sob atmosfera contendo 5% de CO2 à temperatura de 37°C. A subcultura foi realizada de acordo com a confluência das células na garrafa, utilizando-se a solução de tripsina-EDTA para desprender as células aderidas. Para o armazenamento das linhagens, as células, foram suspensas em meio de cultura suplementado com 10% SFB e 10% de DMSO e armazenadas em nitrogênio líquido. 4.2.Métodos 4.2.1 Avaliação da proliferação celular 4.2.1.1 Preparo da placa de cultivo Após crescimento celular em alta confluência em monocamada mantidana garrafa de cultivo, células foram tripsinizadas e semeadas em placas de 24 poços e mantidas em estufa até atingirem máxima confluência, como pode ser visualizado no modelo demonstrado na figura 5. 38 Figura 5 – Modelo de placa com 24 poços para cultivo celular 4.2.2 Ensaio de Scratch in vitro Após confluência na placa de 24 poços, o meio de cultivo foi retirado dos poços e com o auxílio de uma ponteira (tip 200) foi realizado um risco contínuo na superfície medial de cada poço, de acordo com a figura 6. Este procedimento ocasiona uma ruptura do contato entre as células e a retirada destas de uma determinada região da placa, resultando na formação de uma lesão mecânica na monocamada Os poços foram lavados com Salina tamponada com fosfato (PBS) (Gibco®), composto por cloreto de sódio e fosfato de sódio, para remoção das células debridadas, o esquema de cultivo e experimento in vitro está demostrado na figura 7. Antes do plaqueamento das células, foi realizada uma marcação central utilizando um marcador permanente objetivando uma melhor padronização na confecção do rasgo e das medidas. Esta marcação estabelece um campo visual no poço, o qual será analisado posteriormente após o estabelecimento do rasgo na monocamada, em tempo zero, 24 e 48 horas. Posteriormente, foi feito o acompanhamento da proliferação das células adjacentes em direção ao espaço livre na placa conforme a figura 6. 39 Figura 6 – Esquema do procedimento In vitro de “ Scratch model” Após confluência na placa de 24 poços cada poço (A) foi submetido ao stress mecânico através da ruptura da monocamada com um “rasgo” contínuo utilizando uma ponteira de micropipeta (B), após a retirada das células desaderidas as céulas adjacentes tendem a se proliferar em direção ao espaço livre na placa (C). Fonte: Adaptado de VEDULA et al., (2013). Figura 7 – Modelo de Scratch wound “in vitro” Após confluência em monocamada, as células de fibroblastos L929 foram tripsinizadas semeadas em placas de plástico (TPP) de 24 poços 1x 105 cels/poço e mantidas em estufa até atingirem a máxima confluência A placa foi marcada no seu verso, de modo que cada poço obtivesse uma marcação central. Esta marcação estabelece qual campo do poço será analisado em tempo zero, 24 e 48horas Retirou-se o meio de cultura e com o auxílio de uma ponteira (tip 200) foi feito um risco contínuo na superfície medial de cada poço, . Os poços foram então lavados com Salina tamponada com fosfato (PBS) para remoção das células desaderidas 40 4.2.3 Avaliações da proliferação celular em fibroblastos tratados com TNF Com o objetivo de ativar os receptores cininérgicos e avaliar um possível efeito das cininas na proliferação de fibroblastos, após o trauma mecânico (Scratch) as células foram tratadas com TNF. As células, após Scratch, foram incubadas com solução rm TNF em meio de cultivo suplementado com 5% de SFB na concentração de 2 ng/mL (GOLDBERG et al., 2007). Inicialmente, foi realizado experimento com o intuito de verificar o melhor tempo de exposição de contato com TNF para indução da proliferação celular, após o stress mecânico as células foram mantidas incubadas por 30, 60, 90, 180 ou 240 minutos. Após o tempo de contato com o TNF, o meio foi retirado, as células foram lavadas com PBS e então foi adicionado meio DMEM suplementado com 5% de SFB (figura 8). Foi mantido um grupo controle onde as células receberam apenas meio de cultivo suplementado e PBS. A análise fotográfica foi feita no tempo zero (imediatamente após o rasgo), após 24 e 48 horas após o rasgo. Figura 8 – Esquema de tratamento das células com TNF em diferentes tempos de contato. Tempo zero Tempo de contato com TNF 30,60,90,180 e 240 min. Tempo Após rasgo 24 horas Tempo Após rasgo 48 horas Após confluência na placa de 24 poços “Scratch “ rasgo” Incubação com TNF Registro fotográfico imediatamente após o rasgo e incubação Lava com PBS e adiciona meio suplementado com 5% SFB Registro fotográfico Retira o meio Lava com PBS Adiciona meio de cultivo com 5% de SFB Avaliação da proliferação Registro fotográfico Avaliação da proliferação 41 4.2.4 Avaliações do papel das cininas na proliferação celular em fibroblastos Com o objetivo de avaliar a interferência das cininas no processo de proliferação de fibroblastos L929, as células foram incubadas com agonistas dos receptores cininérgicos B1 [des-Arg9]BK (DABK, Sigma Chemical Co., St. Louis, MO, U.S.A.) e B2, Bradicinina (BK, Bachem California, Torrance, CA) ® Para avaliar qual concentração do agonista do receptor B2 (BK) pode interferir na proliferação celular, o ensaio seguiu o esquema descrito na figura 9. O mesmo procedimento foi executado para avaliar a interferência do agonista do receptor B1 empregando para tal o seu agonista DABK, figura 10. Figura 9 - Esquema de tratamento das células com agonista receptor B2 (BK) em diferentes concentrações. Tempo zero 1 Tempo de contato 60 minutos diferentes [ ] de BK (0,1, 1,0 e 100µM) 2 Tempo 24 horas 3 Tempo 48 horas 4 Após confluência na placa de 24 poços Scratch “rasgo” Incubação com diferentes [ ] de BK + meio sem SFB Registro fotográfico Após 60 minutos Retira o meio Lava com PBS Adiciona meio 5% SFB Registro fotográfico Retira o meio lava com PBS Adiciona meio com 5% SFB Avaliação da proliferação Registro fotográfico Avaliação da proliferação Figura 10 - Esquema de tratamento das células com agonista receptor B1 (DABK) em diferentes concentrações. Tempo zero 1 Tempo de contato 60 minutos 2 Tempo 24 horas 3 Tempo 48 horas 4 Após confluência na placa de 24 poços Scratch “rasgo” Incubação com diferentes [ ] deDABK (0,1, 1,0, 10 e 100nM) Meio sem SFB Registro fotográfico Após 60 minutos Retira o meio Lava com PBS Adiciona meio 5% SFB Registro fotográfico Retira o meio Lava com PBS Adiciona meio com 5% SFB Avaliação da proliferação Registro fotográfico Avaliação da proliferação 42 4.2.5 Avaliações do papel das cininas na proliferação celular em fibroblastos pré tratados com TNF Com o objetivo de avaliar a co-participação do TNF na proliferação celular de fibroblastos L929 induzida pelos agonistas cininérgicos, as células foram pré-tratadas com TNF imediatamente após o stress mecânico e mantidas em contato por 240 minutos. Após este estímulo o meio é retirado, as células lavadas com PBS e então tratadas com agonistas cininérgicos por 60 minutos. Após este período o meio foi retirado, as células foram lavadas com PBS, incubadas com meio de cultivo suplementado com 5% de SFB e mantidas por 48 horas. Foi realizada avaliação da proliferação celular por meio de registro fotográfico em 24 e 48 horas após o rasgo (Figura 11 e 12). Figura 11 – Esquema de tratamento com o agonista do receptor B2, BK, em células pré tratadas com TNF. Tempo zero Incubação com TNF 1 Tempo 240 minutos 2 Tempo 60 minutos 3 Tempo 24 horas 4 Tempo 48 horas 5 Após confluência na placa de 24 poços “Scratch“ rasgo” Incubação com TNF 2ng/ml + meio 5% de SFB Registro fotográfico imediatamente após o rasgo e incubação Após 240min Retira o meio Lava com PBS Adiciona meio sem suplementação acrescido das diferentes [ ] de BK (0,1, 1,0 ,10 e 100µM) Após 60 minutos Retira o meio Lava com PBS adiciona meio com 5% SFB Registro fotográfico Retira o meio Lava com PBS Adiciona meio com 5% SFB Avaliação da proliferação Registro fotográfico Avaliação da proliferação 43 Figura 12- Esquema do tratamento com o agonista do receptorB1, DABK, em células pré tratadas com TNF. Tempo zero 1 Tempo 240 minutos 2 Tempo 60 Minutos 3 Tempo 24 horas 4 Tempo 48 horas 5 Após confluência na placa de 24 poços “Scratch“ rasgo” Incubação com TNF 2ng/ml+meio 5% de SFB Registro fotográfico imediatamente após o rasgo e incubação Após 240min Retira o meio Lava com PBS Adiciona meio sem suplementação acrescido das diferentes [ ] de DA BK (0,1, 1,0, 10 e 100nM) Após 60 minutos Retira o meio Lava com PBS adiciona meio com 5% SFB Registro fotográfico Retira o meio Lava com PBS Adiciona meio com 5% SFB Avaliação da proliferação Registro fotográfico Avaliação da proliferação 4.2.6 Efeito dos antagonistas cininérgicos sobre a proliferação de fibroblastos L929 induzida pelo TNF e pelas cininas com pré estímulo do TNF. Para padronizar a resposta obtida e otimizar o modelo testado foram efetuadas algumas modificações no modelo anteriormente descrito. Como no ensaio de padronização com diferentes tempos de contato do TNF com as células os tempos de 90 até 240 minutos apresentaram aumento significativo na proliferação celular em comparação às células tratadas somente com PBS, sendo que o tempo de 240 minutos aumenta considerável este nível de proliferação, padronizou-se o tempo 180 miunutos para os demais ensaios. Foi utilizada 300µL de meios em cada poço da placa de 24 poços e a proliferação celular foi avaliada mediante registro fotográfico no tempo zero (imediatamente após o rasgo), 30 e 48 horas após o rasgo. A fim de confirmar o possível envolvimento dos receptores cininérgicos B1 e B2 e a co participação do TNF no processo de proliferação dos fibroblastos, foi realizado um experimento adicionando os antagonistas cininérgicos; antagonista seletivo do receptor B1) Lys-(Des-Arg9, Leu8)-BK DALBK; Sigma Chemical Co., St. Louis, MO, U.S.A. e com o antagonista seletivo do receptor B2, HOE -140 (D-Arg0-Hyp3-Thi5-DTic7- Oic8-BK, Hoechst AG, Frankfurt, Germany), após o pré estimulação do TNF por 180 minutos, e mantidos em contato com as células, conforme o esquema da figura 13. 44 Para confirmar a participação do TNF o mesmo foi incubado na presença do anticorpo anti TNF em coadministração e mantidos por 180 minutos, após foi retirado o meio e as células foram lavadas com PBS. E ainda para avaliar o envolvimento do fator de transcrição NF-ƙB na proliferação dos fibroblastos foi efetuado um tratamento utilizando um inibidor da ativação deste fator de transcrição o PDTC (pirrolidinaditiocarbamato), administrado após o estímulo do TNF por 180 minutos, e os tratamentos foram mantidos até 48 horas após o rasgo, conforme figura 13. Figura 13- Esquema do tratamento com os antagonistas do receptor B1 e B2, anticorpo anti TNF e PDTC, administrados após o pré tratamento com TNF. Tempo zero 1 Tempo 180 minutos 2 Tempo 30 horas 4 Tempo 48 horas 5 Após confluência na placa de 24 poços “Scratch“ rasgo” Incubação com TNF 2ng/ml + meio 5% de SFB AB anti TNF Nas cels que não receberam estímulo com TNF receberam apenas PBS + meio 5% SFB Registro fotográfico imediatamente após o rasgo e incubação Após 180min Retira o meio Lava com PBS Adiciona meio 5% SFB acrescido de: HOE-140 1µM DALBK 10µM Ou PDTC Registro fotográfico Avaliação da proliferação Registro fotográfico Avaliação da proliferação 45 4.2.7 Avaliação do efeito das cininas na proliferação celular em fibroblastos pré tratados ou não com TNF em coadministração ou não do anticorpo anti TNF. Para avaliar o efeito da coparticipação do TNF na proliferação celular de fibroblastos estimulada pelos agonistas cininérgicos as células foram cultivados em placas de 24 poços foram submetidos à técnica de scratch e em seguida incubados com TNF coadministradas ou não com o anticorpo recombinante para esta citocina. Após este tempo de contato as células foram estimuladas com agonistas das cininas (BK ou DABK) conforme exemplificado figura 14. Com o objetivo de comparar a proliferação sem o pré estímulo do TNF, também foram realizados tratamentos onde as células foram tratadas apenas com os agonistas BK ou DABK esquema da figura 14. Para confirmar a hipótese de estresse mecânico gerado pela ruptura da adesão celular causada pelo rasgo na monocamada também induz a liberação de cininas pelas células, as mesmas foram tratadas com os antagonistas, HOE-140 e DALBK logo após o rasgo. Figura 14 - Esquema do tratamento com os agonistas do receptor B1 e B2 pré tratadas ou não com o TNF e coadministradas ou não com o anticorpo anti TNF. Tempo zero 1 Tempo 180 minutos 2 Tempo 30 horas 4 Tempo 48 horas 5 Após confluência na placa de 24 poços “Scratch“ rasgo” Incubação com TNF 2ng/ml + meio 5% de SFB AB anti TNF Nas cels que não receberam estímulo com TNF receberam apenas PBS + meio %% SFB Registro fotográfico imediatamente após o rasgo e incubação Após 180min Retira o meio Lava com PBS Adiciona meio 5% SFB acrescido de: BK 10 µM DABK 1nM HOE-140 1µM DALBK 10µM BK 10 µM+HOE1µM DABK 1nM+DALBK 10µM Registro fotográfico Avaliação da proliferação Registro fotográfico Avaliação da proliferação 46 4.3 Análises dos dados e apresentação dos resultados O cultivo com os tratamentos foi mantido e controlado após scratch, pelo período de 24 e 48 horas. A condição controle foi realizada com veículo de diluição dos componentes (PBS). Nos tempos zero (logo após o trauma mecânico), 24 e 48 horas o ensaio foi analisado utilizando microscópio de contraste de fase (Olympus CKX 41) e as imagens capturadas com uma câmera digital acoplada ao microscópio, com aumento final de 100x. As análises foram realizadas medindo a área sem proliferação, obtida na região do “risco” em mm2 utilizando o software ImageJ1.46r como apresentado na figura 15. A análise dos resultados foi realizada a partir do cálculo da % área de cobertura de proliferação usando a fórmula abaixo: % da área de cobertura 24 h = Área em 24 h x 100 - 100 Área em T0 % da área de cobertura 48 h = Área em 48 h x 100 - 100 Área em T24 Os tratamentos dos itens 4.2.6 e 4,2,7, foram avaliados de forma diferente para melhor padronização da técnica, onde as células foram mantidas por 48horas após o estresse mecânico e as análises fotográficas foram feitas em 30 horas após o rasgo. As células foram mantidas por mantidas por 48 horas e os registros fotográficos foram feitos, porém pelaquantidade de meio por poço foi diminuída e mantida por 48 horas percebe-se uma diminuição da proliferação celular em 48 horas e uma mudança na morfologia celular, portanto foi mantida apenas a análise em 30 horas decultivo após o estresse mecânico (rasgo). Os resultados obtidos foram avaliados conforme a formulação abaixo: % da área de cobertura 30 h = Área em 30 h x 100 - 100 Área em T0 47 Figura 15- Imagens da monocamada de fibroblastos L929 antes e após o ensaio de Scratch Ilustração das imagens do cultivo celular utilizando o software ImageJ1.46r para avaliação A). Representa o cultivo de fibroblastos L929 em monocamada após confluência de 48horas. B) Imagem da monocamada no tempo zero após execução do scratch e como análise da área formada na monocamada. C) Imagem do campo da placa de cultivo de um ensaio após 48 horas do scratch com a marcação da análise da área demarcada indicando a diminuição da área e um subsequente aumento na área de cobertura do rasgo através da proliferação celular. 4.4 Analise estatística Os resultados obtidos nos experimentos foram expressos em média ± erro padrão da média (E.P.M.) e analisados estatisticamente por Teste