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Introdução
O presente trabalho tem o objetivo de retratar as o conceito analítico de crime, considerando o Principio da Igualdade, principio proclamado no Art. 5° da Constituição Federal de 1988, em contra ponto com os sujeitos passivos dos homicídios, tipificados no Art.121°, § 2°, incisos IV e IVV, e § 4° da mesma lei. Este trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica, aonde primeiramente é abordado o conceito do Principio da igualdade e seus dilemas, seguindo de suas definições. Ao decorrer da pesquisa será abordada a incidência do feminicidio, a ocorrência de crimes contra agentes de segurança publica também conhecido como homicídio funcional. E por fim, será analisado o grande crescimento e regulamentação dos crimes contra crianças, adolescentes e idosos.
Principio da igualdade 
O Artigo 5° da Constituição Federal, trata-se das garantias e direitos fundamentais que cada cidadão dispõe. Podemos dizer que sem dúvida alguma, de todos os artigos presentes na constituição, ele é um dos mais importantes. Essa Constituição em si, teve o poder de ampliar os direitos dos indivíduos e permitir suas proteções em várias situações. Nesse mesmo artigo, o 5° da Constituição, pode ser considerado um dos mais polêmicos e controversos, chamado de princípio da igualdade.
Esse princípio garante que todos são iguais perante a lei e portanto, não deve ocorrer discriminação de qualquer tipo. Conforme o "Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade".
Quando a Constituição adotou o principio da igualdade, quis dizer que todos os indivíduos tem tratamento idêntico perante a lei. Dessa forma, o que é proibido é a diferenças de tratamentos, e as discriminações absurdas. Pois segundo, Maria Helena Diniz "O tratamento desigual dos casos desiguais, na medida que se desigualam, é exigência tradicional do próprio conceito de Justiça". Diniz ainda complementa que, a existência da igualdade formal e material, ostentando que o principio da igualdade opera em dois planos distintos, de um lado o legislador ou o próprio executivo, na edição de leis, atos e medidas provisórias, impedidos de criar tratamentos diferentes a pessoas em situações iguais. E o segundo momento, a obrigatoriedade do interprete, ou seja a autoridade pública em aplicar a lei e outros atos de maneira igualitária, sem necessidade de diferença em razão do sexo, cor, religião, politica, classe social entre outros.
Feminicidio
Se todos são iguais perante a lei, segundo o artigo 5° da Constituição Federal, se todos tem os mesmo direitos assegurados pelo principio da igualdade, por que razão a diferença do tratamento com aqueles que cometem crimes contra a mulher?
Pois bem, de acordo com a Comissão Parlamentar Mista de Inquéritos sobre violência contra mulher diz que:
"O feminicídio é a instância última de controle da mulher pelo homem: o controle da vida e da morte. Ele se expressa como afirmação irrestrita de posse, igualando a mulher a um objeto, quando cometido por parceiro ou ex-parceiro; como subjugação da intimidade e sexualidade da mulher, por meio da violência sexual associada ao assassinato; como destruição da identidade da mulher, pela mutilação ou desfiguração de seu corpo; como aviltamento da dignidade da mulher, submetendo-a tortura e ou a tratamento cruel degradante.
No entanto, podemos classificar o feminicídio como um crime de assassinato de uma mulher cuja a motivação envolve o fato de a vitima ser mulher. Isso não quer dizer que todo o assassinato de mulher seja feminicídio, mas sim, todo o assassinato que se justifica apenas pelo fato dela ser mulher.
Segundo Teixeira, o feminicidio é homicídio doloso praticado contra uma mulher, pela simples razão de ser mulher, ou seja, desprezado, desconsiderando a dignidade da vitima enquanto mulher, como se as pessoas do sexo feminino tivesse menos direitos que as do sexo masculino. Dessa forma ferindo drasticamente o principio da igualdade, mas como tantos outros contidos na Constituição Federal de 1998.
Com o grande aumento do feminicidio no Brasil, e o descumprimento do Principio da Igualdade, foi sancionada no dia 9 de março de 2015, pela atual presidente da época a lei do feminicidio, Lei n° 13.104. Sendo regulamentada no código penal, no Art. 121°, § 2° Inciso VI, diz que será crime qualificado quando “ contra mulher por razões de sexo feminino”. Obtendo uma pena de doze a trinta anos. Os dados são preocupantes em relação ao feminicídio, por isso a criação de uma lei especifica além do principio já existente. Segundo a Organização de Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é quinto maior país com casos de feminicídio, chegando a um numero de 4,8 para 100 mil mulheres.
Homicídio Funcional 
O homicídio funcional de acordo com a maioria dos doutrinadores, é aquela ocorrência derivada da ação penal, onde a vitima se caracteriza pelo agente de segurança pública ou de sua família, que tem danos decorridos em virtude de sua ocupação profissional.
De acordo com Barros, esse delito esta resente na Constituição federal de 1988, sendo o agente passivo desse crime descritos nos artigos 142° e 144°, todo aquele integrante Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, simplesmente pelo fato de sua profissão, ferindo desta forma quando cometido o principio da igualdade.
Porém em virtude da grande ocorrência de crimes cometidos contra essa classe, a Lei nº 13.142/2015 alterou o Código Penal, tornando-o um crime qualificado, tendo um aumento significativo da pena, passando atualmente de 12 a 30 anos, seguindo a mesma lógica do feminicídio.
 De acordo com Damásio Evangelista de Jesus: 
A Lei n. 13.142, de 6 de julho de 2015, em seu art. 1°, alterou o Código Penal (CP) para acrescentar ao art. 121, § 2º, mais uma circunstância qualificadora do crime de homicídio (inciso VII), tentado ou consumado. Além disso, previu uma causa de aumento de pena no crime de lesão corporal do art. 129 do CP (art. 2o). Por fim, tornou hediondos o homicídio, a lesão corporal gravíssima e a seguida de morte cometidos contra autoridade, policial, cônjuge e parentes, nas condições que os prevê, modificando a Lei dos Crimes Hediondos (Lei n. 8.072/90) (art. 3o.).
O homicídio funcional teve respectivas mudanças de algum tempo para cá, entrou para lista de crimes hediondos, transformou-se no Código penal, em aumento de pela, além de que, já estava previsto expressamente na Constituição federal a sua pratica, e ser protegido pelos princípios. Porém, ainda são registrados muitos casos de assassinatos e lesões corporais contra agentes de segurança Pública.
Artigo 121, Paragrafo 4° do Código Penal
Em específico esse parágrafo, o quarto do Art. 121° do Código Penal, tem como base seu inicio, dando ênfase no aumento de pena gerado por crimes de homicídio culposo, quando ocorre a falta de observância do agente perante regras técnicas de profissão, arte ou oficio. Na segunda parte, pode ser observado, que também será aumento de pena o agente que não prestar socorro a vitima, não tentar diminuir as consequências, ou fugir para não ser pego em flagrante.
Ainda com base no Código Penal brasileiro, essa terceira parte, será abordado em específico, um assunto importante sendo o fechamento da pesquisa, o crime de invulneráveis, onde incidirá um aumento significativo, quando o homicídio doloso, for cometido contra maiores de 60 (sessenta) anos, ou menor de 14(quatorze) anos.
Crimes cometidos contra crianças e adolescentes de acordo com a Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (Flacso), deixa o Brasil em terceiro lugar com mais homicídios envolvendo menores de idade como principais vitimas, contabilizando em torno de 29 (vinte e nove) crianças por dia, segundo o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz “Apesar do mito cordiale boa praça do Brasil, o país é extremamente violento” , apesar do crime estar regulamentado no código penal e Estatuto da Criança ou Adolescente (ECA) no Art. 263°
Concluindo o paragrafo 4°, do Artigo 121° do Código penal, onde se explana sobre o aumento de pena em relação a vitima que ter idade superior a 60 anos. De acordo com Diwan, um dos instrumentos para que seja respeitado os direitos e garantia dos idosos, é o código penal, impondo sanções punitivas aos que desrespeitam a norma. O autor Luiz Regis Prado corrobora com a ideia de que a idade de 60 anos deve ser fixada para caracterização da condição da idoso, tanto em benefício da vítima quanto em benefício do réu:
“Com a advento da Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso), o art. 110 estabelece em 60 (sessenta) anos o marco etário para caracterização da pessoa como idosa. Saliente-se ainda o fato de a pessoa ser maior de sessenta anos constitui causa de aumento de pena prevista na parte especial do Código Penal, no caso de homicídio doloso (art. 121, § 4º). Trata-se de circunstância agravante que atua sobre a magnitude do injusto, implicando maior desvalor da ação, já que a qualidade da vítima afasta a possibilidade de uma efetiva reação à ação criminosa e, consequentemente, aumenta a probabilidade de produção do resultado delitivo. Assim, o aumento do desvalor da ação está calcado não apenas na presumida vulnerabilidade da vítima, na desproporção de forças entre sujeito ativo e passivo e no prevalecimento voluntário e consciente pelo agente de tal superioridade, mas também na maior periculosidade da ação".
 
Considerando que, a grande parte dos crimes cometidos contra idosos, partem de suas próprias famílias, geralmente agressões que podem ocasionar o homicídio, e por motivos de exclusivamente ser idoso, ferindo drasticamente o principio da igualdade, indo contra o Código pena, O estatuto do idoso e os principio da Constituição.
Conclusão
Ao longo desse trabalho foram esclarecidos os dilemas relacionados ao principio da igualdade em relação ao feminicidio, homicídio funcional, homicídio contra crianças, adolescentes e idosos, um assunto não só polêmico na esfera criminal mas em muitas outras áreas do direito. Mesmo sabendo da regulamentação do principio da igualdade na Constituição de 1988, é possível constatar o vasto crescimento de homicídios decorrentes de descriminações sejam elas por motivos de extremamente banais, como sexo, idade ou profissão. 
 Diante das inúmeras deficiências existentes na Constituição Federal, o código penal se renovou, com a intenção de que ocorra uma diminuição nesses crimes, reforçando o aumento de pena para todo aquele crime que for cometido despeitando o principio da igualdade. 
Referências
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BRASIL, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências: Disposições Finais e Transitórias. Brasília. DF. 13 Set. 2017
BRASIL, Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal: Dos crimes contra a pessoa. Brasília, DF. 13 Set. 2017
BRASIL, Organização das Nações unidas :ONU: Taxa de feminicídios no Brasil é quinta maior do mundo; diretrizes nacionais buscam solução. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/onu-feminicidio-brasil-quinto-maior-mundo-diretrizes-nacionais-buscam-solucao/ >. Acesso em: 12 de Set. 2017.
DIWAN, Alberto. Breves considerações acerca dos aspectos criminais do Estatuto do Idoso: Uma análise dos aspectos penais da Lei 10.741/2003. Disponível em: < https://albertodiwan.jusbrasil.com.br/artigos/194559195/breves-consideracoes-acerca-dos-aspectos-criminais-do-estatuto-do-idoso >. Acesso em: 13 de Set. 2017.
MORAES, Jô; OTA, Keiko; RITA, Ana. À memória de Márcia Santana:
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WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da violência: Mortes matadas por arma de fogo. Brasília- DF: Juventude Viva: 2015.
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