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Conhecim
ento e m
étodos do cuidar em
 enferm
agem
GRUPO SER EDUCACIONAL
CONHECIMENTO E 
MÉTODOS DO CUIDAR 
EM ENFERMAGEM
ORGANIZADORES MARCELO RIBEIRO PRIMEIRA; SIRLENE FERREIRA
gente criando futuro
CONHECIMENTO E MÉTODOS 
DO CUIDAR EM ENFERMAGEM
ORGANIZADORES MARCELO RIBEIRO PRIMEIRA; SIRLENE FERREIRA
O livro Conhecimento e métodos do cuidar em enfermagem é direcionado 
para estudantes de cursos de enfermagem. 
Além de abordar assuntos gerais, o livro traz conteúdo sobre cuidado e 
conhecimento em enfermagem, teoria da enfermagem e sua interface nos 
processos do cuidar, histórico, diagnóstico e evolução do processo de 
enfermagem, e prescrição.
Após a leitura da obra, o leitor vai aprender que o cuidado é proveniente de 
conhecimento cientí�co; estudar sobre o desenvolvimento do conheci-
mento na enfermagem a partir de um resgate histórico e teórico que 
abrange teorias de enfermagem; conhecer os padrões de conhecimento 
através de seus conceitos; entender que o raciocínio crítico em enferma-
gem se con�gura nas muitas e ímpares habilidades, conhecimentos e 
destrezas que o pro�ssional enfermeiro precisa desenvolver e aprimorar; 
observar sobre o diagnóstico de enfermagem e as ferramentas utilizadas 
para traçar diagnósticos mais precisos; reconhecer a importância da 
evolução de enfermagem dentro do processo; entender as ações pontua-
das no prontuário do paciente através de verbos no in�nitivo, e muito mais.
Aproveite a leitura do livro. 
Bons estudos!
I SBN 9786555580891
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CONHECIMENTO 
E MÉTODOS 
DO CUIDAR EM 
ENFERMAGEM
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. 
Diretor de EAD: Enzo Moreira
Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato 
Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes
Coordenadora educacional: Pamela Marques
Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa
Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha
Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi 
 
Primeira, Marcelo Ribeiro.
 Conhecimento e métodos do cuidar em enfermagem / Marcelo Ribeiro Primeira; Sirlene 
Ferreira:
Cengage – 2020.
 Bibliografia.
 ISBN 9786555580891
 1. Enfermagem
Grupo Ser Educacional
 Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro 
CEP: 50100-160, Recife - PE 
PABX: (81) 3413-4611 
E-mail: sereducacional@sereducacional.com
“É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com 
isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns 
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também 
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o 
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino 
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil.
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, 
tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar 
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento 
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da 
democracia com a ampliação da escolaridade.
Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar 
as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no 
contexto da sociedade.”
Janguiê Diniz
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL
Autoria
Marcelo Ribeiro Primeira
Mestre em enfermagem pela Universidade Federal De Santa Maria (UFSM), discente do curso de 
doutorado do programa de pós-graduação em enfermagem da UFSM
Sirlene Ferreira
Graduada em enfermagem e pedagogia e Mestra em Promoção da Saúde - Unicesumar com atuação 
nas Linhas de Pesquisas - Educação e Tecnologias na Promoção da Saúde. Atualmente é Membro do 
Corpo Docente do Colegiado de Enfermagem Centro Universitário Integrado de Campo Mourão-PR. 
Tem experiência na área de Enfermagem, como enfermeira assistencial em âmbito hospitalar (UTI 
adulto), e na docência com ênfase em Enfermagem na área da Educação e Educação em Saúde.
SUMÁRIO
Prefácio .................................................................................................................................................8
UNIDADE 1 - A atenção e a percepção do profissional ....................................................................9
Introdução.............................................................................................................................................10
1 O cuidado ...........................................................................................................................................11
2 O desenvolvimento do conhecimento na enfermagem .....................................................................13
3 Os padrões de conhecimento da enfermagem .................................................................................. 17
4 Ampliação dos padrões ..................................................................................................................... 18
5 Identidade profissional e autonomia da enfermagem .......................................................................19
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................24
UNIDADE 2 - Teorias nos processos do cuidado ..............................................................................27
Introdução.............................................................................................................................................28
1 O protagonismo ................................................................................................................................. 29
2 Teorias da enfermagem ..................................................................................................................... 30
3 Metodologia do cuidado em enfermagem ........................................................................................ 36
4 O cuidado como processo .................................................................................................................. 40
5 Raciocínio em enfermagem ............................................................................................................... 43
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................47
UNIDADE 3 - Processo de enfermagem: histórico, diagnóstico e evolução ......................................49
Introdução.............................................................................................................................................50
1 Processo de enfermagem................................................................................................................... 51
2 Histórico de enfermagem................................................................................................................... 54
3 Diagnóstico ........................................................................................................................................55
4 Diagnóstico, intervenção e resultado ................................................................................................. 56
5 Evolução de enfermagem ..................................................................................................................60
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................64
UNIDADE 4 - Prescrição de enfermagem ........................................................................................67
Introdução.............................................................................................................................................68
1 Metodologia ....................................................................................................................................... 69
2 Prescrições e intervenções ................................................................................................................. 72
3 Modelos de sistematização da assistência de enfermagem ..............................................................75
4 Atividades da enfermagem ................................................................................................................ 81
5 A avaliação do sistema de assistência de enfermagem como base de desenvolvimento .................82
PARA RESUMIR ..............................................................................................................................88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................89
O livro Conhecimento e métodos do cuidar em enfermagem traz ao leitor, além de 
informações básicas da área, o conteúdo descrito a seguir em suas quatro unidades.
Entre os assuntos, a primeira unidade, O cuidado e o conhecimento em 
enfermagem, aborda o conceito de cuidado, o desenvolvimento do conhecimento na 
área da enfermagem, os padrões de conhecimento e sua importância para o cuidado 
em enfermagem. 
A segunda, Teoria de enfermagem e sua interface nos processos do cuidar, trata 
dos grandes nomes da enfermagem e suas concepções acerca do fazer e do ser da 
área, estabelecendo como o indivíduo-paciente é concebido, tratado, significado com 
relação aos processos do cuidado.
A terceira unidade, Processo de enfermagem: histórico, diagnóstico e evolução, 
explica o conceito de processo de enfermagem e algumas de suas fases como o 
histórico, diagnóstico e evolução da profissão. 
Para finalizar a descrição da obra, a quarta unidade, Prescrição de enfermagem, 
discorre sobre a abordagem da metodologia de cuidado em enfermagem prevista no 
Processo de Enfermagem (PE), que norteia as ações de assistência sistematizada a 
partir da prescrição de enfermagem, conjunto de medidas decididas pelo enfermeiro, 
que direciona e coordena a assistência de enfermagem ao paciente de forma 
individualizada e contínua. 
Esta é apenas uma pequena amostra do que o leitor aprenderá após a leitura do 
livro. A ele, sorte em seus estudos!
PREFÁCIO
UNIDADE 1
A atenção e a percepção do profis-
sional
Olá,
Você está na unidade A atenção e a percepção do profissional. Conheça aqui o conceito 
de cuidado, o desenvolvimento do conhecimento na área da enfermagem, os padrões de 
conhecimento e sua importância para o cuidado em enfermagem.
O arcabouço teórico é fundamental para o desenvolvimento do profissional enfermeiro. O 
cuidado realizado de forma ética, baseado em conceitos e aprendizados teóricos a partir 
dos padrões de conhecimento pré-estabelecidos e consolidados teoricamente dentro da 
enfermagem, são determinantes para a qualidade do cuidado.
Bons estudos!
Introdução
11
1 O CUIDADO
O cuidado, por ser um conceito amplo, pode englobar diferentes significados, podendo ser 
considerado como solidariedade, remetendo a relacionamentos compartilhados entre pessoas, ou pode 
transmitir, a depender das circunstâncias, uma noção de obrigação, de dever e de compromisso social. 
Significando desvelo, solicitude, diligência, zelo e atenção, o cuidado substancializa a vida em sociedade 
(SOUZA et al, 2005). Por ser amplo, o cuidado também se trata de um fenômeno complexo, sistematizado 
por meio das múltiplas relações, interações e associações sistêmicas, com vistas a promover e recuperar 
a saúde do ser humano de forma integral e articulada com tudo que o cerca (BACKES et al, 2016).
Se faz necessário a compreensão do significado do cuidado de modo a conhecer modelos e 
modos de cuidar dentro da enfermagem. Lembrar-se que os modos ou modelos de cuidar não são 
neutros, advindo de ideias teóricas e/ou filosóficas que norteiam sua execução. As dimensões que 
o cuidado abrange, tanto social, quanto política e as implicações na vida daqueles que recebem 
esse cuidado, não são questões unicamente instrumentais ou operacionais, mas que requerem 
reconhecimento de sua finalidade para a vida humana.
Do ponto de vista humanístico, não podemos focar somente no biológico, nas morbidades 
e poderes de áreas distintas da saúde, que tentam exercer controle sobre ela do ponto de 
vista social, ideológico, político e econômico. Por este motivo, devemos pensar no cuidado em 
enfermagem a partir de um referencial teórico e filosófico com valores atribuídos no contexto 
social e político onde está inserido, visto que a enfermagem, como profissão historicamente 
filosófico-humana, promove a saúde e construção de cidadania.
A valorização do cuidado em enfermagem leva à necessidade moral do respeito e dignidade 
com o próprio corpo junto ao corpo do outro, de tal modo que reafirme os valores, sentido e 
existência do cuidado que se preconiza como próprio desta prática profissional.
Figura 1 - Cuidado de enfermagem 
Fonte: SDI Productions, iStock, 2020
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma enfermeira realizando o procedimento de aferição da 
pressão arterial de uma senhora idosa. Há um sorriso em seu rosto ao realizar tal procedimento, 
demonstrando empatia no ato.
12
O ato de cuidar implica em empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro, seja em situações 
de cunho pessoal ou social. O cuidado de enfermagem pressupõe uma visão ética em relação 
à vida começando por sua valorização. O cuidado em enfermagem, aproxima-se das ideias do 
humanismo latino ao identificar os seres humanos pela sua capacidade de solidariedade com o 
próximo, consistindo em uma virtude que integra os valores inerentes ao ser enfermeiro (SOUZA; 
SARTOR; PRADO, 2005).
Precisamos pensar o cuidado em enfermagem, não de forma dissociada do contexto social, 
moral, político e cultural. Os próprios enfermeiros e enfermeiras estão em processo no mundo, e 
carregam tradições, valores, estruturações sociais que norteiam seu modo de viver em sociedade. 
São profissionais, que a partir desses substratos, compreendem e raciocinam como seres no mundo.
1.1 Reflexão para um cuidado ético
A partir da reflexão de que, além do viver em sociedade, o cuidar da enfermagem é técnico 
e científico do ponto de vista biológico, os julgamentos morais se encontram neste panorama 
biológico-cultural. Desta forma, podemos refletir acerca de alguns aspectos da ética em 
enfermagem sob a ótica da prática e da responsabilidade. Para tanto é preciso que tenhamos 
entendimento de que a ética se estabelece ao longo da vida e é reflexo histórico da humanidade 
com o passar do tempo. Ainda, apresenta-se em acordo com a consciência do homem com ele 
mesmo, enquanto ser que vive em sociedade (SOUZA; SARTOR; PRADO, 2005).
A responsabilidade promove análise cuidadosa das circunstâncias concretas do cuidar e 
incentiva a tomada de decisões razoáveis, prudentes e equitativas, tão importantes para a ética em 
enfermagem. A ética da responsabilidade, no âmbito da enfermagem, precisa ser construída no 
contexto ético da sociedade, pautada nas responsabilidades de saúde de forma mais abrangente 
e social. Inclusive, sua responsabilidade se compromete com o processo de recuperação da 
saúde e está motivada pelo interesse recíproco. Pode-se relacionar, portanto, a reflexão ética da 
responsabilidade nocampo da enfermagem às questões de Saúde Pública, principalmente, no 
que tange ao desenvolvimento de políticas públicas de saúde.
Diante dos dilemas éticos internos e que entram em conflito com os sociais, o profissional 
de enfermagem deve alterar aspectos de sua tradição para torná-los consistentes com seus 
conhecimentos, a fim de transformar esses dilemas em uma ética ressignificativa a partir dos 
valores existentes. Não podemos simplesmente suprimir as tradições sociomorais, pois estas, em 
grande parte, definem nossa sensibilidade e sem nossa tradição.
1.2 O cuidado advindo do conhecimento
O cuidado expressa um “saber-fazer”, ou um conhecimento, embasado na ciência, na ética, 
na estética e na arte, direcionado às necessidades do indivíduo no cenário familiar e social (VALE; 
13
PAGLIUCA, 2011).
Dentro deste saber-fazer, podemos nos deparar com o conhecimento intuitivo, que inserido 
no cuidado de enfermagem, posiciona a intuição também como conhecimento, visto que, todo 
conhecimento pode e deve ser discutido, refutado, ampliado, construído, desconstruído e 
reconstruído (SILVA; BALDIN; NASCIMENTO, 2003).
Para haver formação dos sujeitos do conhecimento na área da enfermagem, necessita 
de coerência com o princípio da realidade da vida e das incertezas da ciência. Que o espírito 
científico seja capaz de abarcar os significados do conhecimento profissional coerentemente com 
a enfermagem-ciência e arte (CARVALHO, 2009).
Desse modo, ao se considerar que a ciência se faz com teoria e método, o cuidado de 
enfermagem se faz com arte e ciência e, neste intento, o sentido da ciência da enfermagem 
encontra-se no saber-fazer, na prática do exercício de sua arte, campo de aplicação de seus 
conhecimentos (FERREIRA, 2011).
2 O DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO NA 
ENFERMAGEM
O conhecimento na enfermagem enfrentou a indefinição da identidade profissional e a 
imagem que a sociedade tinha da profissão. Isso fica claro na década de 1980, onde as produções 
são marcadas pelo investimento de afirmação do status profissional, a definição do papel do 
enfermeiro e a busca de autonomia. Os Anais dos Congressos Brasileiros de Enfermagem (CBEns), 
ocorridos nessa década, refletem em parte o processo de construção do conhecimento, e 
evidenciam a crise em que a Enfermagem se encontrava (SILVA; PADILHA; BORENSTEIN, 2002).
No entanto, as reflexões que se sucederam nos CBEns, contribuíram para apontar caminhos 
na ação profissional, enquanto disseminação no processo de construção do conhecimento de 
Enfermagem. Essa disseminação reflete o processo dinâmico e político na construção deste 
conhecimento que está diretamente relacionado às transformações globais, sejam sociais, 
econômicas e políticas.
Sabe-se que o corpo de conhecimento em enfermagem não é estático, ele se transforma 
conforme os acontecimentos históricos na sua trajetória. Alguns desses acontecimentos são as 
próprias teorias de enfermagem, expressão formal do padrão empírico de conhecimento, ou da 
ciência da enfermagem (GARCIA; NOBREGA, 2004).
A construção do conhecimento baseado nas teorias de enfermagem se deu pela identificação 
e definição de conceitos que representam fenômenos do campo de interesse da enfermagem, 
14
e a inter-relação desses conceitos em proposições teóricas que refletem visões específicas 
desses fenômenos, determinando inovações, evoluções e/ou revoluções no saber e no fazer da 
enfermagem.
2.1 As fases da enfermagem: do cuidado popular à construção de 
teorias
Anterior às teorias de enfermagem, pôde-se identificar, para fins didáticos, quatro períodos 
profissionais, ou fases, que a enfermagem percorreu. O estudo de Gomes et al (2007) buscou 
identificar essas fases e relacionar às questões investigativas que incitaram a evolução do 
conhecimento científico. Ressalta-se que tais fases não aconteceram, necessariamente, em 
ordem cronológica, elas se sobrepuseram e ainda se sobrepõem. Desta forma temos as quatro 
fases a seguir:
• Fase 1 - conhecida como “O QUE FAZER?”, concentrou seus esforços na identificação de 
quais ações, relativas ao paciente e ao ambiente, proporcionariam a manutenção e a recu-
peração da saúde. Também, nesta fase, há a necessidade de traçar o perfil do profissional 
de enfermagem a partir dos padrões morais. Foi a partir do conhecimento adquirido por 
Florence Nightingale que a enfermagem se tornou uma profissão respeitável. Florence 
procurou distinguir o saber da enfermagem do saber médico e mostrou que era possível 
e necessário formalidade e padronização na formação dos profissionais enfermeiros, para 
que esses profissionais adquirissem os conhecimentos oriundos ao campo da enferma-
gem. Dentre os conhecimentos produzidos por Florence, a ambientação dos hospitais, 
sua construção e reformas que trariam menores taxas de mortalidade. Este conhecimento 
está inserido na Teoria Ambientalista de Florence Nightingale, que se orientava por prin-
cípios relacionados ao ambiente físico, psicológico e social, essenciais para o bem-estar 
e recuperação dos pacientes internados. Dentro do controle ambiental, destaca-se a ne-
cessidade de troca de ar e de luz solar nos quartos dos hospitais, o destino adequado dos 
esgotos, bem como a importância de uma alimentação saudável.
• Fase 2 - a enfermagem buscou a definição para o “COMO FAZER?”, centrado na conquis-
ta do domínio técnico. Nesta segunda fase, final do século XIX, a medicina teve grande 
avanço tecnológico no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento de morbidades. É 
nesta mesma época que há um grande aumento no número de hospitais, demandando 
profissionais para atender ao número de pacientes. Por conta disso, o ensino da enferma-
gem ficou centrado na técnica, na habilidade, destreza, rapidez, postura e organização. Os 
saberes técnicos estavam subordinados à prática da medicina, onde a enfermagem era 
considerada como o braço direito do profissional médico, que detinha o conhecimento. 
A enfermagem não mais questionava suas ações, apenas realizava seus procedimentos 
técnicos, limitados às ações curativas, com foco nas doenças e na ideologia de sua cura.
• Fase 3 - esta fase é relativamente curta, porém, importante para a cientificidade da enfer-
magem, onde a mesma, baseada em princípios científicos, investigou o “POR QUE FAZER?”. 
É na terceira fase que a enfermagem se aproxima do saber médico com mais intensidade, 
buscando, nos princípios de anatomia, fisiologia, microbiologia, dentre outras disciplinas, 
respaldar suas ações. Além do saber científico, se dá início ao trabalho em equipe e os 
primeiros passos no que tange à saúde do trabalhador. Neste período o foco é o paciente 
15
como um todo, não mais somente uma patologia, em que as necessidades psicológicas e 
sociais também se faziam importante. No entanto, mesmo com todo o suporte científico, 
a subordinação à classe médica ainda se mantivera.
• Fase 4 - é onde nos encontramos atualmente. A enfermagem está aplicada na pesquisa 
científica, na tentativa de construir uma resposta para a questão “QUAL O SABER PRÓPRIO 
DA ENFERMAGEM?”. Para responder este questionamento, há a construção das teorias de 
enfermagem, nas quais inúmeras teóricas buscam consolidar o conhecimento produzido 
no campo da enfermagem, sendo a percursora da enfermagem moderna, Florence Nigh-
tingale, que realiza a primeira tentativa de separar os saberes da enfermagem dos saberes 
da medicina. Portanto, e relembrando o caráter científico com o qual Florence constrói seu 
conhecimento visto na primeira fase, ela é considerada a primeira teórica da enfermagem. 
No decorrer do século XX, outras teóricas assumiram a tarefa de construção do corpo de 
conhecimento para a enfermagem a fim de lhe conceder grau de ciência.
2.2 As teorias de enfermagem
As teorias dentro do campo da ciência cumprem funções ideológicas. Para a enfermagem, 
reconhecer o que confere ou não conhecimento dentro do campo científico é necessário para 
seu desenvolvimento enquanto ciência. Desta forma, é precisodiscussões críticas acerca do 
conhecimento, das teorias e sua aplicabilidade nas investigações, possibilitando à profissão focar 
em suas problemáticas (GOMES et al, 2007). A seguir temos, como resultado da pesquisa de 
Schaurich e Crossetti (2010), em ordem de utilização na disseminação do conhecimento, uma 
síntese das teorias de enfermagem.
Teoria de enfermagem humanística de Paterson e Zderad
Resgata a dimensão humanística do cuidado e possui fundamentação na epistemologia 
existencial-fenomenológica. Desta forma permite lançar um olhar ao homem como ser que 
vivencia situações existenciais únicas de saúde e de doença, olhar diferente daquele que o 
modelo biomédico perpetua na área da saúde.
Teoria do cuidado cultural de Leininger
Permite a compreensão dos fenômenos de saúde e doença, individuais ou coletivos/
populacionais, e apresenta sua relação com os hábitos cotidianos, crenças, costumes e demais 
aspectos culturais de onde demanda o cuidado. Ainda, este referencial conta com uma proposta 
metodológica própria, favorecendo o desenvolvimento de pesquisas.
Teoria do autocuidado de Orem
Pssibilita que ações educativas promovidas pelo enfermeiro possam desenvolver atitudes 
de autocuidado, individual ou coletivamente. Essas três teorias apresentadas foram as mais 
utilizadas para fundamentar produções científicas entre 1997 e 2007.
16
No entanto, o estudo promovido por MATOS et al. (2011), apontou que as teorias mais 
frequentemente estudadas, junto de teóricas suas, em cursos de graduação em enfermagem, no 
Estado do Paraná, são as enumeradas abaixo.
Teoria das necessidades humanas básicas de Wanda Horta
Teórica brasileira, bastante conceituada por sua teoria fundamenta nas necessidades humanas 
básicas, desenvolvida a partir de conceitos da motivação humana, onde o não atendimento 
de necessidades geram desequilíbrio trazendo desconforto que, se prolongado, pode causar 
doenças.
Teoria humanística e humanitária de Martha Elizabeth Rogers
Considera o paciente de maneira global e em constante desenvolvimento, não importando 
seu cenário, posição social, faixa-etária ou se está ou não doente. O papel do profissional de 
enfermagem é interagir com o “homem unitário”, ajudando-o no alcance do máximo bem-estar.
Teoria do cuidado transpessoal de Jean Watson
Propõe que a enfermagem se concentre nos cuidados de perspectiva humanística 
combinados com a base de conhecimentos científicos, voltados à promoção da saúde. É preciso 
que profissional de enfermagem desenvolva filosofias humanísticas e sistemas de valores 
imprescindíveis à formação sólida da ciência do cuidado, adquirindo amplo conhecimento nas 
artes liberais, expandindo sua visão de mundo, além de desenvolver o pensamento crítico.
Teoria do alcance de objetivos de Imogenes King
Descreve a atuação do profissional de enfermagem mediante a compreensão de que o ser 
humano deve ser visto a partir do pessoal, do interpessoal e do social. A interação do binômio 
enfermeiro-pessoa estabelece o alcance de metas de saúde, propiciando o desenvolvimento 
de potencialidades no cliente (pessoal), pessoa (interpessoal) e comunidade (social) (MOURA; 
PAGLIUCA, 2004).
Portanto, as teorias de enfermagem, representam o saber dos profissionais enfermeiros, não 
devendo conceber sua formação sem o estudo das mesmas. Entretanto, o fato de sua pouca 
aplicabilidade na prática, dificulta seu uso no cotidiano dos profissionais.
FIQUE DE OLHO
Embora as teorias detenham pouca aplicabilidade além do meio acadêmico e científico, 
elas possibilitam o desenvolvimento do pensamento crítico para o cuidado do ser humano.
17
3 OS PADRÕES DE CONHECIMENTO DA 
ENFERMAGEM
Os padrões de conhecimento da enfermagem são dinâmicos e multidimensionais, não sendo 
sempre possível classificar o conhecimento utilizando apenas um padrão. Cada conhecimento 
pode subsidiar uma ação, porém, é a partir da interligação entre eles que se dá a realização do 
cuidar com excelência (LACERDA; ZAGONEL; MARTINS, 2006).
Inicialmente, temos a descrição de quatro padrões de conhecimento:
• o empírico,
• o estético,
• o conhecimento pessoal e
• o ético.
Posteriormente há a introdução e descrição de mais dois padrões: o desconhecimento e o 
conhecimento sociopolítico. A seguir serão conceituados os diferentes padrões de conhecimento 
da enfermagem.
3.1 O padrão de conhecimento empírico
Conhecido também como a ciência de enfermagem, esse padrão se caracteriza por sua 
sistematização e organização, advindo da pesquisa, considerado fonte preliminar do conhecimento 
para desenvolver o cuidado. Seu propósito é o de explicar e descrever os fenômenos, testando-os 
em situações práticas. É a aplicabilidade do conhecimento próprio da enfermagem promovendo 
o seu reconhecimento como ciência. Esse padrão é coerente com a visão tradicional, e seu 
conhecimento é baseado em fatos, sendo descritivo e fundamentalmente voltado para o 
desenvolvimento de explicações teóricas e abstratas (CESTARI, 2003).
3.2 O padrão de conhecimento estético
Denominado de arte da enfermagem, o padrão estético se manifesta por meio do processo de 
interação entre o profissional enfermeiro e o indivíduo que está sob seus cuidados. Se denomina 
arte no sentido de relacionar-se, de perceber o indivíduo, realizando as ações de cuidado de 
forma que reflitam significativa e positivamente, tornando o ser sob os cuidados coautor dessas 
ações;criando laços de cumplicidade. Esta percepção da ação de cuidar, integrando meios e fins, 
se torna extremamente visível a partir dos comportamentos, atitudes, condutas e interações 
entre o profissional e o paciente.
18
3.3 O padrão de conhecimento pessoal
Se dá através do conhecimento do próprio self, pois, somente a partir do autoconhecimento, 
é que a pessoa é capaz de conhecer outro ser humano como pessoa. O padrão pessoal é um 
processo dinâmico reconhecendo o outro em sua totalidade. É estar disposto e receptivo ao outro, e 
compreender suas necessidades, despindo-se de todo e qualquer juízo pessoal e de valor. Incentivar 
o indivíduo a assumir seu próprio cuidado, aceitando a liberdade e reconhecendo que cada pessoa 
não é uma entidade fixa. O profissional enfermeiro deve utilizar sua imparcialidade e permitir-se 
uma introspecção em suas experiências de vida para construir significados próprios. O padrão 
pessoal permite à enfermagem agregar competência profissional junto de sua contribuição pessoal, 
dando aporte para um cuidado genuíno, de forma ética, científica e ao mesmo tempo sensível.
3.4 O padrão de conhecimento ético
Este padrão é orientado pela responsabilidade, o julgamento sobre o que é bom ou não, 
se deve ou não ser realizado, perpassando a base de códigos de ética, normas e condutas, 
demandando do profissional conhecimento nesta área. Para intervir positivamente deve-se 
realizar a melhor escolha, o que é mais apropriado em determinada situação, utilizando-se do bom 
senso, avaliando o contexto e circunstância. O padrão ético por si só, não descreve ou prescreve 
como deve ser a decisão, confrontando os profissionais com escolhas que não podem ser tomadas 
simplesmente recorrendo às determinações do código de ética. Estabelecer critérios de avaliação 
para este padrão de conhecimento é difícil e importante, tornando o desenvolvimento de um 
conhecimento ético cada vez mais necessário.
4 AMPLIAÇÃO DOS PADRÕES 
Após esses quatro padrões de conhecimento, podemos dizer que eles foram ampliados. E 
eles acabam entrelaçando-se. Confira a seguir os dois novos padrões inseridos neste rol.
4.1 O padrão de desconhecimento
Compreende o reconhecimento do enfermeiro em perceber que não conhece o mundo do 
outro e sua subjetividade. Está atrelado ao saber ético e é capaz de promover prontidão a aprender 
como, quando e onde a teoria e a pesquisa podem ser usadas para produzir um resultado desejado, 
focalizando o outro, que se encontra muitas vezes fragilizado e necessitando de cuidados. O 
deixar-se de lado do enfermeiro faz emergir o outro atravésde seus pensamentos, anseios e 
perspectivas de vida. Colabora para uma compreensão maior, propiciando um relacionamento 
mais próximo, satisfatório e confiante entre enfermeiro e o ser cuidado, subsidiando o cuidado 
terapêutico.
19
4.2 Padrão de conhecimento sociopolítico
O padrão de conhecimento sociopolítico foca em um amplo contexto do processo de cuidado, 
que incluem o processo organizacional, cultural e político que influenciam o paciente, a família, 
o enfermeiro, outros profissionais da saúde, a profissão e outras estruturas que envolvem o 
processo de cuidar. O enfermeiro precisa prover um domínio crítico do meio social, da política 
e da economia e analisar como este domínio afeta a saúde das pessoas e das comunidades. 
Esses efeitos incluem a posição e a visibilidade da enfermagem no planejamento das políticas e 
decisões sobre as questões de saúde de forma crítica. A enfermagem necessita ter sua formação 
voltada para esse padrão do conhecimento a fim de desenvolver e/ou aperfeiçoar formas de 
enfrentar e superar entraves que dificultam seu cuidado.
Apesar de buscarmos conhecer todos os padrões de conhecimento na enfermagem, o cuidar 
nos reserva inúmeras surpresas, pois como disserta Lacerda, Zagonel e Martins (2006):
É preciso aceitar o inexplicável e não conhecido dos pacientes, enfermeiras, relacionamentos, 
processo saúde-doença, questões sociopolíticas que podem admitir exploração dos significados e 
caminhos nos quais algumas experiências vividas não podem ser declinadas ou explicadas porque 
nunca talvez tenhamos tido aquela experiência.
5 IDENTIDADE PROFISSIONAL E AUTONOMIA DA 
ENFERMAGEM
A tentativa de definir a enfermagem, em um primeiro momento, parece algo bastante simples 
e direto. Geralmente o nosso pensamento nos leva a definir a enfermagem descrevendo-a pelo 
fazer do enfermeiro, pelo que ele exerce enquanto profissional. Isso ocorre pois o “fazer”, a arte da 
enfermagem, o padrão estético, é tão evidente e palpável que conseguimos enxergar a enfermagem 
a partir e somente por meio destas lentes. No entanto, precisamos de um olhar mais aprofundado 
e ampliado da enfermagem, se distanciando da singularidade do “fazer”, para consolidar-se por três 
grandes bases: disciplina, identidade e profissão (CHANES, 2018; TEODOSIO et al, 2017).
5.1 Enfermagem enquanto disciplina
Como já foi visto, a enfermagem tenta se impor enquanto ciência desde o início da 
enfermagem moderna a partir dos conhecimentos difundidos por Florence. Quando a definimos 
como a ciência do cuidado, estamos contribuindo para a consolidação de sua identidade.
Enquanto disciplina a enfermagem necessita de duas vertentes para se estabelecer como tal, 
se apropriar de saberes e conhecimento e produzir o seu próprio conhecimento e saberes que 
irão guiar o pensamento e trabalho do profissional enfermeiro.
20
Ao se apropriar de fatos, dados, conceitos, investigações e abordagens que a distinguem de 
outras disciplinas da saúde, a enfermagem define e delimita suas fronteiras do conhecimento.
5.2 Reconhecimento da enfermagem enquanto profissão
Quando pensamos na enfermagem compreendida como profissão, nos remetemos a algo 
mais palpável, tais como seus métodos e recursos profissionais, no entanto, nem sempre foi desta 
forma. Historicamente a imagem da enfermeira não tinha o status que tem hoje, de profissional 
respeitável por seu amplo conhecimento depositado no processo de cuidado. Novamente 
invocamos a precursora da enfermagem, Florence Nightingale, que iniciou este processo de 
profissionalizar esta ocupação.
A enfermagem, anteriormente à Florence, era executada por pessoas leigas e marginalizadas, não 
havendo formação de nenhum tipo para execução de suas atividades. A partir da falta de um padrão 
de ensino de enfermagem, Florence elaborou um modelo de Escola de Enfermagem, ensinando 
raciocínio crítico, atenção às necessidades individuais e o respeito aos direitos do paciente.
A sistematização do ensino transformou a enfermagem em uma das ocupações mais 
importantes dentro dos hospitais em sua época. Porém, ainda não havia alcançado o patamar de 
profissão, sendo reconhecida sua formação como um treinamento para uma ocupação.
Alcançar o status de profissão, exigiu da enfermagem o estabelecimento de métodos e 
recursos, provenientes dos saberes da disciplina de enfermagem (conhecimento). A educação, 
treinamento, implementação e avaliação destes métodos e recursos só foi possível quando a 
enfermagem teve domínio de seu conhecimento. Desta forma, novos instrumentos e/ou métodos 
surgiram para fortalecer a enfermagem como profissão.
Estabelecendo a enfermagem na qualidade de profissão, o Processo de Enfermagem (PE) e 
a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) surgem como tecnologias para o alcance 
das metas dos profissionais da área de enfermagem, auxiliando no processo do cuidado, visando 
qualidade na assistência, sendo ambas ferramentas de uso exclusivo da profissão.
O PE e a SAE possuem características que enaltecem a enfermagem tanto como ciência, 
quanto arte, pois exige conhecimentos atualizados e cuidado executado de forma humana e ética. 
Assim, o olhar para Enfermagem como profissão e disciplina se consolida em um único conceito.
A busca por ferramentas decorrentes do conhecimento e dos saberes oriundas da enfermagem 
como ciência só possível a partir da produção de Teorias de Enfermagem, vistas anteriormente. 
As teorias são essenciais para o reconhecimento da enfermagem como profissão, visto que elas 
tratam exatamente do objeto foco da profissão que é o cuidado e o processo de cuidar.
A primeira teorista foi Florence Nightingale, que descreveu o papel do enfermeiro como 
21
alguém que deveria colocar o paciente na melhor condição possível para que a natureza pudesse 
restaurar ou preservar sua saúde. As teorias surgiram com a finalidade de atingir uma identidade 
própria, buscando um campo de conhecimento específico para dar significado às práticas da 
enfermagem, bem como conquistar um papel social para as enfermeiras, este último, bastante 
importante para o estabelecimento do status de profissão.
A construção da imagem profissional para a enfermagem, também surge como um importante 
dispositivo para que a profissão não ficasse à sombra de outras ocupações da área da saúde. 
Portanto, o estabelecimento de saberes próprios, sua própria ciência e seus métodos, busca a não 
sobreposição e a não realização do trabalho de outras disciplinas e profissionais da área da saúde. 
Essa imagem da enfermagem como profissão só é possível se o próprio profissional entender seu 
papel enquanto enfermeiro, ou seja, sua identidade profissional.
5.3 Identidade profissional
A identidade profissional é um processo de significação a todo momento, é enxergar-
se, reconhecer-se e aceitar-se com a possibilidade de afirmação como um sujeito de saberes, 
conceitos e espaços e que, ao possuir um autoconceito adequado, consegue alcançar melhores 
resultados profissionais.
O autoconceito, inerente à identidade profissional, provém do seu papel na sociedade, 
sendo produto de mecanismos sociais, de características pessoais e do contexto. Assim, com 
um autoconceito bem definido, o enfermeiro consegue atuar em seu papel social de maneira 
consciente e preditiva, não se esquecendo de sua importância e relevância social.
Para contribuir com o autoconceito e a identidade profissional, o PE e a SAE são, novamente, 
ferramentas promotoras de autonomia, gerando benefícios como o reconhecimento pela 
qualidade da assistência prestada permitindo, refletir acerca da importância social e da 
responsabilidade profissional do enfermeiro. Esta autonomia pode ser definida como habilidade 
de autodeterminação, de ser independente, isto é, o indivíduo tem o poder e a habilidade de 
decidir ou agir sobre si mesmo.
A luta pela identidade e autonomia profissional do enfermeiro é histórica e incessante, tanto 
que essas questões ainda são bastante discutidas no meio acadêmico, profissionale político-
social, pois perpassam por diversos fatores, como imagem profissional, salário, reconhecimento, 
espaço de trabalho, papel e saber/fazer próprios.
Desta forma Teodosio et al (2017), conceitua a identidade profissional de enfermeiros como: 
um processo histórico, complexo, multidimensional e coletivo, se constituindo tanto de elementos 
da trajetória biográfica do indivíduo, quanto das suas relações sociais e profissionais, origina-se no 
processo de formação e é (re/des)construído pelo modo de ser e estar dos enfermeiros no cotidiano 
22
da prática profissional.
Portanto, diante dessa descrição conceitual, conseguimos concluir que o tripé que engloba a 
disciplina, profissão e identidade, é importante para proteção da autonomia, caráter, competência 
e reconhecimento social da enfermagem, possibilitando a realização de um cuidado de qualidade. 
Esse tripé fica representado na imagem a seguir, onde podemos ver a “Interrelação da disciplina, 
profissão e identidade como pilares da enfermagem”.
23
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer as noções e conceitos do cuidado em enfermagem;
• compreender e refletir acerca do cuidado centrado na ética e na valorização da 
enfermagem enquanto detentora de conhecimento;
• aprender que o cuidado é proveniente de conhecimento científico;
• estudar sobre o desenvolvimento do conhecimento na enfermagem a partir de um 
resgate histórico e teórico que abrangeu algumas teorias de enfermagem;
• conhecer os padrões de conhecimento através de seus conceitos;
• desenvolver pensamento crítico e reflexivo acerca da identidade profissional e 
autonomia da enfermagem.
PARA RESUMIR
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em: 20 mar. 2020.
UNIDADE 2
Teorias nos processos do cuidado
Você está na unidade Teorias nos processos do cuidado. Nesta unidade, destacam-se os 
teorias e suas concepções acerca do fazer e do ser da enfermagem, visando estabelecer 
como o indivíduo-paciente é concebido, tratado, significado com relação aos processos 
do cuidado.
Bons estudos!
Introdução
29
1 O PROTAGONISMO
O modo de fazer e para quem é esse fazer da enfermagem compreende as muitas relações 
que se estendem com os avanços científicos, o desenvolvimento de habilidades e competências, 
a aquisição de conhecimentos, mas, principalmente, a própria concepção de postura e empatia 
do profissional de enfermagem, dentro de um contexto, um cenário em que há protagonistas e 
fatores antagônicos a serem observados, compreendidos e, assim, estabelecidos.
A importância de se estabelecer teorias de enfermagem se justifica em virtude de que, 
conforme dispõe o Conselho Federal de Enfermagem - COFEN (2020), o número de enfermeiros 
dispostos nas unidades federativas brasileiras alcança a soma de cerca de 2.249.362 profissionais, 
divididos em auxiliares, técnicos, enfermeiros e obstetrizes (BRASIL, 2020). Logo, um número 
crescente e que, já na formação acadêmica, precisa compreender sua importância, postura, ética, 
criticidade e finalidade.
1.1 Conceito
Conforme disposto no Dicionário Online de Português (2020), enfermagem é considerada 
como a função de quem é responsável pelo tratamento de pessoas enfermas, providenciando 
remédios, fazendo curativos, cuidando da higiene do paciente. E, para Horta (1974), a enfermagem 
não surgiu do acaso, uma vez que tem como propósito o homem e sua finalidade é o homem, 
existe para servir pessoas e tem responsabilidade com a sociedade.
Evidentemente, nas ações pertinentes à enfermagem, há uma gama complexa e indexada de 
intervenções, dentro de um cenário, um contexto, no qual há protagonistas e fatores antagônicos.
Nesse sentido, assinalam Vale e Pagliuca (2011) que, “o foco da atenção da enfermagemé o 
ser humano, com suas necessidades biopsicosocioespirituais, e a função precípua do enfermeiro 
é o cuidado de enfermagem, cujo objetivo centra-se na promoção da saúde, na prevenção de 
doenças e na recuperação e reabilitação da saúde”.
De tal forma, fica evidente que há muitas interfaces ou inter-relações que ligam e implicam 
na área de enfermagem, em suas ações, suas intervenções, rotinas e demandas. E, nesse cenário, 
o conhecimento e o desenvolvimento de habilidades, por parte do profissional em saúde, 
revela mais do que um modelo fundamentado numa experiência terapêutica que parte do ser, 
independente do ser-paciente ou do ser-enfermeiro, sobretudo, num partilhar, numa co-ação 
entre aquele que é alvo do cuidado e daqueles que o cuidam.
Logo, questões emergem visando alcançar como desempenhar o cuidado terapêutico na 
área de enfermagem. Em que se fundamenta o fazer do enfermeiro, o que norteia as ações e 
intervenções em enfermagem? De quais teorias a enfermagem lança mão?
30
Vale lembrar aquilo que o Dicionário Online de Português (2020) define como teorias: 
princípios, doutrinas, ideias, conjunturas, ensinamentos, fundamentos, generalidades.
1.2 Fundamentos da enfermagem
Historicamente, essa sistematização teórica foi formulada visando fundamentar os cuidados 
de enfermagem e possibilitar autonomia e independência quando da atuação junto ao paciente, 
surgindo, então, as primeiras teorias de enfermagem.
2 TEORIAS DA ENFERMAGEM
Santos et al. (2018, p. 595) destacam que, “ao longo do tempo, o “saber” e o “ser” da 
enfermagem eram constituídos a partir dos modelos religiosos do cuidado que perduraram até o 
final do século XIX. Esses modelos eram baseados em procedimentos caseiros e executados por 
grupos voluntários de igrejas e mesmo escravos. O objeto do cuidado eram os mais necessitados”.
Você pode estar se perguntando: quem deu início à teorização da enfermagem? Confira.
2.1 Teoria ambiental
De acordo com Santos et al. (2018, p. 594), até a década de 1910, tal teorização partiu 
da construção do processo do pensamento científico da enfermagem proposto por Florence 
Nightingale, com a Teoria Ambiental, que, em sua “trajetória, realizou a identificação do 
conhecimento e conteúdos necessários para a tomada de decisão da área. Delimitou padrões 
morais para o perfil de profissional e os relacionou com a doença e o ambiente na manutenção 
da saúde. O foco da época, denominada “enfermagem moderna”, permeou o “o que fazer?””.
2.2 Teoria do autocuidado
Carvalho (2013) aponta que, em 1914, Dorothea Orem definiu a teoria do autocuidado, 
FIQUE DE OLHO
Para Florence Nightingale, a saúde do paciente estaria atrelada a um ambiente com 
condições de higiene e aspectos sanitários adequadas (aeração, luz, aquecimento, silêncio 
e nutrição adequada). Logo, o foco era o ambiente, uma vez que este exercia influência na 
saúde do indivíduo. A saúde visava a um processo de reparar danos que o ambiente causara. 
Cabendo à enfermagem o papel de alocar o paciente em posição que culminasse num bom 
cuidado e, consequentemente, na sua melhora (CARVALHO, 2013).
31
fundamentada nas necessidades (biológicas, psicológicas sociais ou de desenvolvimento) do 
autocuidado enquanto atividade aprendida e orientada por metas estabelecidas pelo próprio 
indivíduo para a manutenção da vida, da saúde e do seu bem-estar. Nesta teoria, a enfermagem 
auxilia o indivíduo a maximizar, progressivamente, suas metas de autocuidado.
Segundo define Albuquerque (2015), esta teoria postulada por Orem, focada no autocuidado, 
seria executada através da prática de atividades que os indivíduos desempenham em seu próprio 
benefício para manter a vida, saúde e bem-estar. Estando o indivíduo com o poder/competência/
potencial para se engajar no autocuidado, entendendo suas necessidades individuais para a 
manutenção desse tripé.
2.3 Teoria da adaptação
Outra teoria proposta surge, então, em 1939, por Sister Calista Roy, a chamada teoria da 
adaptação, levava em conta o auxílio ao paciente (ser social, mental, espiritual e físico, afetado 
por estímulos do ambiente interno e externo) em adaptar-se às mudanças enquanto em estado 
de enfermidade. As intervenções em enfermagem só aconteceriam quando o paciente não 
conseguisse ou pudesse se adaptar às demandas internas ou externas (estas determinadas pela 
enfermagem que, então, determina os cuidados necessários) (CARVALHO, 2013).
Albuquerque (2015) salienta ainda acerca da teoria proposta por Roy que, a adaptação se 
daria sobre quatro aspectos:
• necessidades fisiológicas (exercício/repouso, nutrição/alimentação, fluido/eletrólito, 
oxigênio/circulação; regulação da temperatura, regulação dos sentidos e do sistema 
endócrino; 
• autoconceito (integridade psicológica do indivíduo);
• função no papel (regras ou limites de comportamento para ocupar uma série de posições 
na sociedade); e
• interdependência (o homem está em constante relação com os outros).
2.4 Teoria das relações interpessoais em enfermagem
Carvalho (2013) aponta que, em 1952, Hildegard Peplau postulou a Teoria das relações 
interpessoais em enfermagem. Esta com foco nas relações interpessoais entre o enfermeiro 
e o paciente. Dessa relação, quando da confiança expressa pelo paciente ao enfermeiro, se 
estabeleceria quais seriam os problemas e quais as soluções potenciais. Logo, ambos lutariam 
para as tensões advindas das necessidades. Nascendo, assim, uma enfermagem fundamentada 
na empatia, significativa, terapêutica, interpessoal, na qual o enfermeiro observa, reconhece a 
necessidade do paciente e reage a ela.
32
Logo, com os avanços nas ciências física e química e das tecnologias, estas com determinantes 
impactos na medicina, além do fato de que, cresceu o número de instituições hospitalares, a 
proposição de práticas médicas e de enfermagem gerando, de tal modo, o modelo de assistência 
biomédico na prática de enfermagem (SANTOS et al., 2018). 
2.5 Teoria holística
Myra Levine, em 1967, define os pressupostos da Teoria Holística, que concebe o paciente 
enquanto ser dinâmico que interage num ambiente também dinâmico. Conforme Levine, o 
ambiente estimula fisiologicamente os níveis de resposta do organismo e, neste, a enfermagem 
conservaria as energias do paciente avaliando as respostas que este dá diante desse estímulo 
(CARVALHO, 2013).
2.6 Teoria do modelo conceitual do homem
Em 1970, Martha Rogers postula a Teoria do modelo conceitual do homem. Parte do foco de que 
o homem, enquanto ser unificado, íntegro, continuamente interage com o meio, e, o enfermeiro 
entende essa interação e dela extrai o máximo de bem-estar para o paciente. Para Rogers, a 
enfermagem seria para todos: ricos ou pobres, saudáveis ou doentes, independentemente do 
local: em casa, na escola, no trabalho, hospital ou asilo. Visava conceituar cientificamente a 
enfermagem como ciência e como prática, para que, assim, a enfermagem se efetivasse de forma 
crítica, fundamentada e segura (CARVALHO, 2013). 
2.7 Teoria das necessidades humanas básicas
No Brasil, segundo destacam Silva et al. (2017), já na década de 1960, através dos pressupostos 
definidos e propagados pela enfermeira Wanda de Aguiar Horta nasce a Teoria das necessidades 
humanas básicas - NHB. A preocupação estava voltada para a prática não reflexiva e dicotomizada 
da enfermagem, bem como, numa tentativa de unificar o conhecimento científico da enfermagem 
para proporcionar-lhe autonomia e independência. Teoria esta embasada na teoria de motivação 
humana, de Abraham Maslow. Além de precursores, os estudos de Horta motivaram, em 1979, o 
fazer da enfermagem por processos. No entender de Horta (1974, p. 1) a NHB:
Desenvolve-se [enquanto] uma teoria que procura explicar a natureza da enfermagem, seu 
campo especifico e sua metodologia de trabalho. Fundamenta-se na teoria de Maslow para 
explicar ser a enfermagem um serviço prestado ao Homem visando assisti-lo no atendimento 
de suas necessidades básicas e desta maneira contribuir paramantê-lo em equilíbrio no tempo 
e espaço, seja prevenindo desequilíbrios, ou revertendo estes em equilíbrio. Da teoria proposta 
inferem-se os conceitos de enfermagem, assistir, assistência e cuidados em enfermagem. Algumas 
proposições e princípios também são expostos. Tendo a Teoria das Necessidades Humanas 
Básicas por fundamento, estabelece-se a metodologia ou Processo de Enfermagem em 6 fases: 
33
histórico, diagnóstico, plano assistencial, plano de cuidados, evolução e prognóstico. Salienta-se 
a importância do desenvolvimento de habilidades denominadas instrumentos básicos, para a 
execução do Processo de Enfermagem.
Para melhor ilustrar as cinco categorias de necessidades humanas propostas por Horta, 
observe a hierarquia das necessidades humanas compostas na Pirâmide de Maslow.
A década de 1970, fora tão marcante para a área de Enfermagem que, nos Estados Unidos, 
o processo de enfermagem consistia nas seguintes fases: assessment (avaliação), diagnóstico, 
planejamento, implementação e avaliação. Aquele crescimento incorreu na padronização de 
linguagem dos diagnósticos de enfermagem sendo introduzida pela NANDA - North American 
Nursing Diagnosis Association (SANTOS et al., 2018).
Aprofundando um pouco mais acerca da Teoria das NHBs, Souza (2013) assinala ainda as 
percepções dessa metodologia segundo João Mohana que a considera descritiva, sequencial, com 
caráter didático, sob a égide filosófica de que o “homem é um todo indivisível” e suas necessidades 
estão intimamente ligadas, ainda, classifica as Necessidades Humanas Básicas em três níveis:
• necessidade psicobiológicas;
• necessidades psicossociais; e
• necessidades psicoespirituais.
Para Souza (2013), Mohana considera que os aspectos psicológicos do indivíduo estão 
intimamente relacionados com o seu próprio corpo físico, com o seu contexto social e com a 
sua espiritualidade (normalmente manifestada por uma religião por ele eleita), e, nesta visão, os 
dois primeiros níveis, as necessidades psicobiológicas e as psicossociais são comuns a todos os 
seres vivos, com prevalência das psicoespirituais, pois são do terceiro nível, logo, característica 
exclusiva dos seres humanos.
Destaca-se que, de tal forma que, todo esse avanço no planejamento e na teorização das 
ações e intervenções do campo da Enfermagem foram extremamente profícuos, pois, naquela 
década (1970), as teorias de enfermagem corroboraram para o advento de um planejamento da 
assistência de enfermagem por meio do arcabouço conceitual construído sobre os fenômenos do 
cuidado, prática consolidada pelo processo de enfermagem (SANTOS et al., 2018).
Santos et al. (2018) assinalam ainda que, em meados de 1980, acontece, no Brasil, via 
promulgação de resolução do COFEN (Conselho federal de enfermagem), a SAE (sistematização 
da assistência de enfermagem) enquanto atividade privativa do enfermeiro, implementada no 
contexto em que existe atendimento de enfermagem, com o emprego do método científico e 
embasamento nas teorias da área. 
34
As teorias de enfermagem proporcionam a oportunidade de reflexão para que o graduando 
faça relações entre as atividades reais do trabalho e os conceitos elaborados na área. Isso permite 
a atribuição de significado às ações e avaliação da prática. A compreensão do potencial de suporte 
teórico subsidiado pelas teorias gera oportunidades para que o aluno possa ressignificar o cenário 
didático e apreender dele um potencial transformador em suas ações do cuidado (SANTOS et al., 
2018, p. 595).
Outras teorias propuseram uma sistematização da enfermagem em diferentes visões acerca 
do foco, da saúde, do ambiente, da enfermagem desde então.
Como exemplos, ainda, há como teorias do cuidado a Teoria da Enfermagem Transcultural de 
Madeleine M. Leninger, fundamentada nos cuidados da enfermagem. Estes, variam de cultura 
para cultura em suas expressões, processos e padrões, tais como estrutura social, religião, 
tradição, em que as pessoas expressam cuidado de acordo com seus valores. Logo, o cuidado 
seria um construto social (uma relação construída ativamente) (CARVALHO, 2013).
Há também, segundo ressalta Carvalho (2013), a Teoria da Ciência Filosófica do Cuidado de 
Jean Watson e a Teoria do Alcance dos Objetivos de Imogenes King.
Albuquerque (2015) destaca ainda outras teoristas da Enfermagem, tais como: Lydia E. Hall, 
Virgínia Henderson, Faye Abdellah, e, Ida Orlando. Pois, para Albuquerque (2015, p. 4) “cada 
uma das teoristas descreve a natureza do homem oferecendo uma visão abrangente de um 
humanismo pluridimensional que engloba indivíduo e pessoa, corpo, mente e alma - soma psique 
- em constante interação com o meio ambiente formando um todo integrado ou sistema”.
De acordo com Carvalho (2013), embora cada uma das teorias da Enfermagem tenha 
peculiaridades, a maior parte dessas teorias de enfermagem têm quatro fundamentos como 
pilares básicos:
• o ser humano (pessoa receptora do cuidado da enfermagem, desde indivíduos a família, 
comunidade e grupos); 
• a saúde; 
• o meio ambiente (físico, social e simbólico que exercem influência sobre as pessoas, 
cenário em que se prestam os serviços de cuidados às pessoas); e
• a enfermagem.
Para resumir e ilustrar algumas das teorias de Enfermagem, observe o quadro a seguir.
Como resultado da necessidade de reconhecer o significado do mundo da enfermagem, 
as teorias têm extrema relevância, uma vez que propõem identificar, descrever e explicar os 
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fenômenos da enfermagem, solidificando os conceitos que fundamentam a profissão.
Sobretudo porque, conforme apontam Mororó et al. (2017, p. 328), ainda que perjure 
um paradigma que evidencie uma prática gerencial “do enfermeiro voltada para as atividades 
administrativas burocráticas, pouco articulada ao cuidar, [há muitos outros estudos] que 
apresentaram a articulação e integração como características essenciais da gestão desse cuidado, 
bem como, a liderança, o trabalho em equipe, a comunicação, a articulação e a cooperação 
exercida pelo enfermeiro com os integrantes da equipe de enfermagem, demais profissionais de 
saúde e usuário”.
Percebe-se, então, que há mais do que adquirir conhecimentos acerca de curativos ou 
aferições a serem executadas por parte do enfermeiro diante de quadros de enfermidades.
No entender de Mororó et al. (2017), o enfermeiro ao desenvolver suas habilidades e 
competências enquanto adquire conhecimentos, precisa compreender seu papel, determinar 
sua atitude no sentido de desempenhar o cuidado com o outro enquanto cuida de si. Uma 
vez que, exerce o cuidado em enfermagem primando pela assistência integral e humanizada, 
centrada, principalmente, nas necessidades do usuário (alguém que participa de sua experiência 
terapêutica, não um ser passivo).
Mororó et al. (2017) apontam que, nesse cenário em que o ser-paciente e o ser-enfermeiro são 
protagonistas e o quadro de enfermidade seria o antagonista, o enfermeiro precisa lançar mão das 
tecnologias relacionais e por meio do acolhimento interagir com o paciente e sua família, visando 
estabelecer vínculo, mediante a concepção de que essa vinculação lhe possibilitará o estabelecimento 
de afetividade e confiança (interfaces imprescindíveis e essenciais para gerir o cuidado).
De tal forma, através da utilização do processo de enfermagem sistematiza uma assistência 
humanizada, verdadeiramente terapêutica, que identifica as necessidades do paciente, delineia 
os diagnósticos de enfermagem, planeja e realiza a prescrição de enfermagem, implementa as 
intervenções voltadas para o cuidado integral e avalia os cuidados prestados.
Assim sendo, o papel da Enfermagem em se tratando dos processos de cuidado parte das 
Necessidades Humanas Básicas (NHB), estas enquanto aquelas necessidades comuns a qualquer 
ser humano, logo, universais. Considerando que, o que varia de um indivíduo para o outro seria a 
sua manifestação e a adequada maneira de satisfazê-las ou atendê-las. Isto entendendo-se que, 
se o organismo humano está em equilíbriodinâmico (homeostasia), as NHBs não se manifestam 
(SOUZA, 2013).
Portanto, conforme assinala Souza (2013), processo de assistência de enfermagem (SAE) 
pode ser caracterizado a partir da teoria proposta por Horta, em 1979, enquanto o conjunto 
de ações sistematizadas e relacionadas entre si, visando principalmente a assistência ao cliente-
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paciente a partir de fases tais como:
• histórico;
• exame físico e sinais vitais;
• diagnóstico e prescrição; e
• evolução.
Acerca de como se dá o Sae a partir da metodologia do cuidado em Enfermagem é o que será 
abordado no tópico a seguir.
3 METODOLOGIA DO CUIDADO EM ENFERMAGEM
Após visto as teorias de enfermagem, evidencia-se que, o processo de cuidado se estabelece 
por meio de formas, meios ou modos de fazer esse cuidado para com o outro. Contudo, por que 
há teorias, metodologia que ensine o homem a cuidar? Por que na sociedade contemporânea 
seria preciso humanizar o cuidado para com o outro?
No entender de Santos et al. (2017) esta necessidade advém do fato de que, vivenciamos um 
contexto em que há a hegemonia da economia e da tecnologia. Estas se sobrelevaram à política, à 
religião e, principalmente, às relações humanas. Embora com o advento da industrialização tenha 
se originado a modernização, o avanço tecnológico e a supervalorização da ciência, a sociedade 
atual encontra-se imersa em exacerbado processo de mudança, ocasionando, assim, dispersão e 
carência de referenciais, um vazio racional e ontológico fundamental (este relativo às noções de 
existência, realidade e natureza do ser).
Sendo assim, faz-se necessário o entendimento de que, embora haja este contexto que evoca 
um abandono das relações existenciais, segundo apontam Santos et al. (2017, p. 1) “a enfermagem, 
como profissão da área da saúde, tem historicamente, seu conhecimento disciplinado no cuidado 
humano. É, pois, incoerente e inaceitável que esse cuidado seja desempenhado por meio de 
ações consideradas ‘robotizadas’”.
O fazer da enfermagem não parte somente do modo como é preciso que se faça. É compreender 
que, o que se faça, precisa ser feito de forma precisa, segura, orientada, postulado por dois 
princípios: o respeito ao outro, e, a mutualidade como ponto de equilíbrio, sem paternalismos, 
mas, sim, autonomia de todos os envolvidos no processo de cuidado, no momento doença-saúde.
De tal forma, conforme postulam Vale e Pagliuca (2011, p. 107), esse entendimento do fazer 
por meio de um modo ou metodologia fundamentada no processo do cuidar, focado no ser 
humano já precisa emergir quando da formação acadêmica do profissional de saúde, culminando 
37
em enfermeiros “aptos a intervirem no processo saúde-doença por meio da utilização de cuidados 
competentes”.
Sobretudo, segundo assinala Costa (2014, p. 234), adotar a metodologia do cuidado se 
faz necessária em virtude de que, “a procura de níveis cada vez mais elevados da qualidade 
do desempenho profissional e dos cuidados prestados, aliados aos problemas quotidianos 
decorrentes da escassez de recursos humanos e financeiros, afetam os enfermeiros de todo o 
mundo e tem motivado a exploração de vias alternativas, surgindo novas concepções de cuidados 
de enfermagem e de novos modelos de organização da prestação dos mesmos cuidados”.
Logo, ações como o cuidar como função primeira do enfermeiro visando promover saúde, 
prevenir doenças, recuperar e reabilitar a saúde do outro emergem como pilares do fazer da 
enfermagem.
Ao posicionar o cuidado de enfermagem no contexto de um agir solidário na vida e na morte, a 
Enfermagem respeita as razões morais de cada cidadão ao mesmo tempo em que convive com dores 
e alegrias advindas da relação interpessoal. Ao operar nesta dimensão, às vezes extremas, o cuidado 
orientado pela solidariedade busca a simetria e o equilíbrio nas suas múltiplas atividades enquanto 
função cuidadora (SANTOS et al., 2005, p. 267).
Antes, compreende-se que, o cuidar é mais do que um ato. Tem relação com a atitude de 
quem cuida para quem é o alvo do cuidar, dentro de um contexto que envolve aspectos sociais, 
econômicos, emocionais, individuais, dentre outros. Então, envolve mais do que atenção e 
zelo, envolvendo, primeiramente, atitude de ocupação, preocupação, responsabilização e 
envolvimento afetivo com o outro (GRAÇAS; SANTOS, 2009).
3.1 Atitude de cuidado
O que seria, afinal, o cuidar em enfermagem? Um ato técnico? Procedimentos? Intervenções? 
Técnicas?
Nas concepções de Graças e Santos (2009, p. 201), cuidar estaria para um “fenômeno que dá 
possiblidade à existência humana como humana. Nesse sentido, o homem é um ser de cuidado 
que é um modo de ser, particular, do homem. Sem cuidado, deixamos de ser humanos”. É parte 
integrante do processo de sobrevivência e manutenção da vida, é parte dos valores da humanidade.
O cuidado manifesta-se na preservação do potencial saudável dos cidadãos e depende de uma 
concepção ética que contemple a vida como um bem valioso em si. Por ser um conceito de amplo 
espectro, pode incorporar diversos significados. Ora quer dizer solidarizar-se, evocando relacionamentos 
compartilhados entre cidadãos em comunidades, ora, dependendo das circunstâncias e da doutrina 
adotada, transmite uma noção de obrigação, dever e compromisso social. O cuidado significa desvelo, 
solicitude, diligência, zelo, atenção e se concretiza no contexto da vida em sociedade. Cuidar implica 
colocar-se no lugar do outro, geralmente em situações diversas, quer na dimensão pessoal, quer na 
social. É um modo de estar com o outro, no que se refere a questões especiais da vida dos cidadãos e 
38
de suas relações sociais, dentre estas o nascimento, a promoção e a recuperação da saúde e a própria 
morte (SANTOS et al., 2005, p. 267).
Então, como fazer esse cuidado? Pois, de acordo com Graças e Santos (2009), há teorias de 
enfermagem que norteiam o fazer no campo da aquisição do conhecimento. Contudo, dessas 
teorias disponíveis, poucas são de natureza prescritiva, ou seja, que elencam instrumentos para 
a prática, o fazer do enfermeiro.
3.2 Sistematização do cuidado
No entender de Santos et al. (2005), a ação do cuidar em enfermagem consiste em empenhar 
esforços transpessoais de um ser humano para o outro, nos quais tarefas como proteger, promover 
e preservar a humanidade, ajudar pessoas a encontrar significados na doença, no sofrimento e na 
dor, bem como, na existência sejam parte da rotina do profissional em saúde, o enfermeiro. Além 
de ajudar outra pessoa a obter autoconhecimento, controle e auto cura.
Vale lembrar que, conforme postulam Trindade et al. (2016, p. 76), PE (processo de cuidado) 
tem como conceito que, “constitui-se em um método de trabalho utilizado por enfermeiros para 
guiar a prática assistencial. Este organiza-se de forma sequencial e sistemática, que contribui 
para auxiliar na organização e promoção de estratégias de atenção específicas para a clientela 
assistida, incluindo as diretrizes para o cuidado humanizado e a segurança do paciente”.
Principalmente, enquanto método, o processo de cuidado organiza-se em cinco fases inter-
relacionadas que direcionam tanto o enfermeiro quanto o paciente-ativo para que, juntos, usando 
do princípio da mutualidade, realizem a investigação da busca e determinação das necessidades 
de cuidados a serem efetivados quando do quadro doença-saúde, bem como na determinação dos 
diagnósticos de enfermagem para problemas de saúde reais ou potenciais, na identificação dos 
resultados esperados, quando do planejamento e da implementação do cuidado e da avaliação 
dos resultados, possibilitando, ainda, ao enfermeiro avaliar sua prática assistencial (TRINDADE et 
al., 2016). Evitando, de tal modo que,
a enfermagem tem procurado compreender o ser humano em sua totalidade, deixando de lado 
aquele ser fragmentado que, muitas vezes, revela-se apenas como depositário de seu fazer. Um fazer 
que se respalda no conhecimento objetivo, técnico-científico, numa relação sujeito-objeto, esvaziada 
de qualquer açãode natureza expressiva (GRAÇAS; SANTOS, 2009, p. 201).
Assim, a adoção da metodologia do cuidado configuraria mais do que mera utilização do 
modelo teórico de enfermagem, uma vez que, o uso de tal metodologia precisa, antes de tudo, 
refletir e contemplar a demanda do cenário, do contexto em que há a necessidade do processo 
de cuidado.
Para Santos et al. (2017, p. 1) esta adoção precisa acontecer de forma efetiva, sobretudo 
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porque, “há a necessidade de se refletir que a crescente cultura tecnológica não pode e não 
deve afastar o cuidado, a relação, o diálogo, as trocas e empatias entre profissionais e sujeitos do 
cuidado. Elas devem ser incorporadas para dinamizar, facilitar e guiar condutas de melhoria da 
saúde das pessoas e das condições do trabalho no setor saúde”.
De tal modo, o enfermeiro tem a disposição teorias, modelos de enfermagem que o conduz 
no fazer da enfermagem. O que vai diferir entre os vários modelos é o modo como a base de 
dados será organizada, abrangendo as diferentes abordagens para o cuidado, pois os diferentes 
modelos de enfermagem conduzem às formas diversas de cuidado, devendo sempre primar para 
um fazer mais humanizado e qualificado (SANTOS et al., 2019).
Vê-se, assim que, há a possibilidade de que aconteça nas rotinas em enfermagem a prática do 
enfermeiro, com tendência à adesão a práticas rotineiras do que à aplicação de práticas reflexivas 
por parte dos profissionais. Possiblidade esta que precisa ser revista e aprimorada de forma a 
perjurar as práticas reflexivas, empáticas e humanizadas.
A práxis do enfermeiro deve envolver o seu conhecimento a respeito das transformações e 
inovações adaptadas às novas tendências do cuidado, buscando a promoção da saúde e bem-
estar do ser humano. Necessariamente, devido às mudanças sociais, políticas e econômicas, o 
corpo de conhecimento de enfermagem deve ser aprimorado para acompanhar e propor um 
cuidado avançado (SANTOS et al., 2019, p. 596).
Então, o enfermeiro precisa buscar construir seu fazer a partir de uma base do conhecimento 
científico postulado para a área da enfermagem. Este conhecimento advindo das concepções das 
teorias de enfermagem. Sobretudo, o enfermeiro tem como exigência a incorporação de novos 
conhecimentos para o desenvolvimento não apenas quando do cuidado com o paciente, mas 
também, de tecnologias a nível de educação, investigação, assistência e gestão (SANTOS et al., 2019).
De acordo com Rodrigues (2019, p. 1), a SAE (sistematização da assistência de enfermagem) 
configura-se em uma metodologia desenvolvida “a partir da prática do enfermeiro para sustentar 
a gestão e o cuidado no processo de enfermagem. O método é organizado em cinco etapas, que 
ajudam a fortalecer o julgamento e a tomada de decisão clínica assistencial do profissional de 
enfermagem”.
Nesse sentido, o profissional enfermeiro consegue agir de acordo com as fases como:
• a priorização;
• a delegação;
• a gestão do tempo; e
• a contextualização do ambiente cultural do cuidado prestado.
40
Principalmente porque, com a utilização da SAE enquanto metodologia, fica possível analisar 
as informações obtidas quando da observação e inferência junto ao paciente e seu quadro doença-
saúde, definindo, assim, padrões e resultados decorrentes das condutas disponíveis. Lembrando 
sempre que, todos os dados observados e levantados deverão ser devidamente registrados no 
prontuário do paciente-cliente.
4 O CUIDADO COMO PROCESSO
O processo do cuidado, conforme assinala Rodrigues (2019, p. 1), nestes termos, passa a 
ser organizado em cinco etapas relacionadas, interdependentes e recorrentes. Confirma a seguir.
4.1 Coleta de dados de enfermagem ou histórico de enfermagem
Rodrigues (2019) define que, neste primeiro passo para o atendimento de um paciente faz-
se a busca por informações básicas que definem os cuidados a serem efetivados pela equipe de 
enfermagem. Vale lembrar que, esta etapa não é aleatória nem sem fundamentos, pois, faz parte 
de um processo deliberado, sistemático e contínuo, na qual a coleta de dados e as informações 
podem ser alcançadas do próprio paciente, da família ou então, por outras pessoas envolvidas.
Assim, a importância dessa etapa está nas informações obtidas, uma vez que proporcionarão 
maior precisão de dados ao processo de enfermagem dentro da metodologia da SAE. E, o 
que se busca? Desde informações sobre alergias, histórico de doenças e até mesmo questões 
psicossociais, como, por exemplo, a religião, lembrando que, o ambiente interno e externo tem 
influência sobre o quadro doença-saúde do paciente e pode alterar de forma contundente os 
cuidados prestados ao paciente (RODRIGUES, 2019).
Entende-se que o processo de cuidado pode ser otimizado por meio da utilização de PEP 
(prontuário eletrônico do paciente); também há a possibilidade do uso de formulários específicos 
que direcionem o questionamento do profissional enfermeiro e possibilitem até o registro on-line 
dos dados, que podem ser acessados por todos da instituição de saúde, inclusive de forma remota. 
Tornando, dessa forma, possível a realização das intervenções necessárias para a prestação dos 
cuidados ao paciente, isto com maior segurança e agilidade para ambos os protagonistas deste 
cenário (RODRIGUES, 2019).
4.2 Diagnóstico de enfermagem
Para Rodrigues (2019), esta etapa efetiva um processo de interpretação e agrupamento dos 
dados coletados que conduz à tomada de decisão sobre os diagnósticos de enfermagem, que irão 
representar as ações e intervenções, para alcançar os resultados esperados.
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Nesse sentido, faz-se, então, uso de bibliografias específicas que possuam a taxonomia adequada, 
bem como as definições e as causas prováveis dos problemas levantados quando da etapa 1 no 
levantamento do histórico de enfermagem. Dessa forma, se faz a elaboração de um plano assistencial 
adequado e único para cada pessoa. Portanto, tudo que for definido deve ser registrado no prontuário 
do paciente, revisitado e atualizado sempre que necessário (RODRIGUES, 2019).
4.3 Planejamento de enfermagem
Rodrigues (2019) destaca que, com a adoção da SAE, há uma organização do trabalho 
profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, dando aos enfermeiros a possibilidade 
de atuar para prevenir, controlar ou resolver os problemas de saúde. 
Nesta terceira etapa, define Rodrigues (2019) que, ocorre o planejamento de enfermagem, 
no qual são determinados os resultados esperados e quais ações serão necessárias, sendo 
realizado a partir dos dados coletados e diagnósticos de enfermagem com base dos momentos de 
saúde do paciente e suas intervenções. Informações esta que, igualmente, devem ser registradas 
no prontuário do paciente, incluindo as prescrições checadas e o registro das ações que foram 
executadas, por exemplo.
4.4 Implementação
Segundo assinala Rodrigues (2019), uma vez efetivada a busca e coleta das informações 
obtidas e focadas na abordagem da SAE, a equipe de profissionais de enfermagem realiza as 
ações ou intervenções determinadas e definidas na etapa do planejamento de enfermagem. 
Estas são aquelas atividades que podem ir desde uma administração de medicação até auxiliar ou 
realizar cuidados específicos, como os de higiene pessoal do paciente, ou mensurar sinais vitais 
específicos e acrescentá-los no prontuário, por exemplo.
Neste momento do fazer da enfermagem, pode o enfermeiro lançar mão do uso de dispositivos 
que otimizam o registro destas informações para dentro do prontuário eletrônico do paciente, 
citando como exemplo o aplicativo Beira-Leito, que permite que os dados sejam registrados assim 
que mensurados ou executados ainda à beira leito do paciente, assim, ajudando na coleta de 
dados, aferindo os dados vitais do paciente, checando as prescrições e medicações, dentre outros. 
Isso sendo possível por meio de smartphones e tablets (RODRIGUES, 2019). Evidenciando-se que:
Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina CFM 1638/2002, prontuário é o “documento 
único constituído

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