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AULA 6 BRANDING E INBOUND MARKETING Prof. Antonio Carlos Pisicchio 2 TEMA 1 – DECISÕES ESTRATÉGICAS EM MARKETING Nesta aula iremos discutir brevemente sobre estratégia de marketing, mensuração e acompanhamento de consumidores, relações públicas, publicidade, concorrentes e gestão interna de marcas, porém, sempre mantendo o enfoque nos conceitos centrais de branding e inbound marketing. Buscaremos compreender dentro desses temas como podemos gerenciar essas variáveis para a construção de marca e de conteúdos relevantes. A jornada da gestão de marcas é um processo longo e cheio de fatores, porém, já demos nossos primeiros passos. Vamos lá! 1.1 Estratégia de marketing De acordo com Wright (1992), estratégia envolve o desenvolvimento de planos e ações para se atingir determinado objetivo. Seguindo essa ideia, a estratégia de marketing é um plano que indicará como a organização utilizará suas forças e capacidades para se adequar às necessidades e exigências do mercado. (Ferrel; Hartline, 2006). Assim, a estratégia de marketing consiste na gestão de dois elementos básicos: (1) mercado-alvo e (2) mix de marketing ou 4Ps de marketing (produto, preço, praça e promoção). Para realizar-se a gestão desses elementos é necessário às organizações um plano de marketing que incorpore a proposta de valor da empresa e busque, por meio de diversas ações, atingir os objetivos de marketing e consequentemente os objetivos organizacionais. 1.2 Estratégia de marketing e inbound marketing Agora que já vimos brevemente o conceito de estratégia de marketing, podemos avançar nossa discussão sobre a relação entre inbound marketing e a estratégia de marketing geral da empresa. É necessário que ambos estejam alinhados e que propaguem a proposta de valor da organização. Halligan e Shah (2014) ainda reforçam a necessidade de as ações de inbound marketing estarem sincronizadas com o funil de vendas da organização. 3 O funil de vendas é uma representação gráfica do estágio em que o cliente se encontra na sua jornada de consumo, sendo normalmente apoiado por um sistema de CRM. É fundamental ressaltar a importância do uso de informação para a tomada decisão de marketing. Para tanto, o uso de sistemas de informação e análise de dados é recomendável, uma vez que gestores possuem recursos limitados e objetivos definidos. Halligan e Shah (2014) colocam como uma importante métrica a quantia de pessoas em cada estágio do funil e a taxa de conversão dessas pessoas para a próxima etapa. Essa métrica simples é capaz de demonstrar em qual etapa deve-se priorizar a produção de conteúdos e esforços de marketing. Além disso, os autores abordam seis passos para aplicar a estratégia de inbound marketing: • Definir todos os canais e campanhas de marketing • Definir o funil de vendas • Mensurar cada estágio do funil • Mensurar o rendimento de cada canal de marketing • Mensurar o retorno de cada canal de marketing • Trocar os canais de outbound marketing que têm resultados abaixo do esperado por canais de inbound marketing 1.3 Branding e estratégia de marketing O paradigma clássico da administração colocava as marcas como elementos táticos da gestão marketing (Aaker, 2015). Porém, esse paradigma já foi superado pelas novas tendências em marketing e comunicação integrada de marketing que colocam a marca como um ativo estratégico e capaz de gerar valor para as organizações. Dessa forma, a estratégia de marketing deve incorporar a proposta de valor da organização e buscar definir ações específicas para a construção de brand equity. TEMA 2 – DESENVOLVENDO EQUIPES VOLTADAS PARA INBOUND MARKETING Desenvolver uma estratégia de inbound marketing envolve um processo complexo e que envolve uma série de tarefas. A depender dos objetivos da 4 organização e de sua estrutura, esse esforço só é possível com uma equipe voltada pra inbound marketing. Dessa forma, nosso objetivo aqui será brevemente discutir a formação de uma equipe para o desenvolvimento de inbound marketing. 2.1 Recrutamento e seleção Desenvolver o processo de inbound envolve avançar da perspectiva tradicional de marketing, voltada exclusivamente para a transação entre empresa e consumidores, para uma perspectiva mais moderna, focada na construção de relacionamento de longo prazo e buscando tornar os consumidores promotores da marca. Para tanto, Halligan e Shah (2014) apontam algumas características desejáveis para profissionais dessa área: • Ser um cidadão digital: o inbound marketing é um fenômeno ligado diretamente com a internet. Dessa forma, os profissionais que são íntimos desse ambiente, atentos às mudanças e tendências da web, têm maior chance de compreender as dinâmicas do ambiente. Dessa forma, durante a seleção de profissionais deve-se estar atento ao conhecimento geral que o candidato possui a respeito das plataformas, personalidades, tendências e novidades dentro da web. • Possuir habilidades analíticas: o marketing é uma área muito cobrada por muitas vezes não apresentar resultados mensuráveis. Atualmente, as diversas ferramentas analíticas permitem a análise de dados quantitativos, além disso, a imensidão de informações e tendências de marketing devem ser analisadas de forma criteriosa para as tomadas de decisão. Dessa forma, é fundamental buscar profissionais capazes de lidar com esse ambiente e que tomem decisões baseadas em dados concretos. • Possuir alcance na web: no marketing tradicional, muitas vezes se dava preferência para pessoas que possuíssem “contatos” ou que fossem “influentes”, isso porque essa visibilidade e conexão por muitas vezes poderia ser útil para as organizações. Quando falamos em inbound marketing, o mesmo se aplica, porém, dentro do ambiente online. Dessa forma, é desejável que os profissionais da área tenham conexões dentro da internet e um certo grau de influência nesse contexto. 5 • Ser um criador de conteúdo: criar conteúdo não é um processo simples. Além de habilidades analíticas e de conhecimento a respeito do mercado e contexto geral, certas habilidades como escrita, linguagem, capacidade de interagir e conhecimento a respeito das especificidades das plataformas e público são extremamente desejáveis para os profissionais de marketing dessa área. Ao analisar essas características, podemos afirmar que, para os profissionais interessados em ingressar na área de inbound marketing, é necessário estar aberto às novidades, possuir capacidade analítica e que se adapte às novidades constantes do ambiente online, conhecer o ambiente da web e ser capaz de desenvolver conteúdos relevantes para as audiências-alvo da organização. E você? Quais dessas características tem? Como pode desenvolver essas características e se tornar um profissional mais relevante dentro do contexto de inbound marketing? São reflexões importantes que devemos fazer para estarmos sempre atualizados para encarar os novos contextos. 2.2 Desenvolvimento de pessoal O inbound marketing e branding são processos ligados às novas perspectivas de marketing. Ao mesmo tempo, sabemos que muitos profissionais de marketing são formados e muitas vezes estão presos aos conceitos tradicionais de marketing (Halligan; Shah, 2014). Dessa forma, muitas vezes os gestores necessitam auxiliar suas equipes a romper alguns paradigmas que não se mostram mais eficientes para a gestão de marcas baseada em inbound marketing. Para tanto, o apoio do setor de RH é extremamente necessário, que pode selecionar cursos e treinamentos voltados para o marketing digital, comunicação integrada de marketing, marketing de conteúdo e branding, entre outros. Além disso, é necessária uma atualização constante dos gestores dentro da área de marketing para acompanhar as mudanças da área. Fóruns, convenções e eventos são fundamentais para esse processode desenvolvimento profissional. 6 Por fim novamente devemos refletir: estou buscando me atualizar? Qual foi o último evento profissional que fui? O que aprendi lá? Onde buscar esses conhecimentos? TEMA 3 – PUBLICIDADE E RELAÇÕES PÚBLICAS – COMO IMPACTAM NA GESTÃO DE MARCA E DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDO As organizações e marcas não são ilhas em si. O ambiente, composto por diversos acontecimentos e mudanças, também impacta as organizações. O brand equity é construído dentro da mente das pessoas, sendo resultado de sua interpretação das comunicações da empresa. Dessa forma, fica claro que a construção da marca dentro da mente do consumidor não é um processo 100% controlado pelas empresas: ele sofre influência do indivíduo e também do meio coletivo. Assim, torna-se relevante que as organizações também trabalhem suas relações públicas e a publicidade em torno de si, sendo esses os pontos que iremos discutir agora. 3.1 Relações públicas – RP Os acontecimentos dentro da sociedade podem ter efeito sobre as organizações e suas marcas, dessa forma, no mundo moderno as empresas não se relacionam apenas com seus clientes. Isso é reforçado pelo conceito de comunicação integrada de marketing, no qual o objetivo do marketing é construir relacionamento com os diversos stakeholders. De acordo com Kotler e Keller (2006), as relações públicas envolvem uma série de ações e programas para proteger a imagem (e consequentemente o brand equity) de empresas e produtos. O desenvolvimento desses programas e ações pode ocorrer tanto dentro da própria organização, por meio de um setor interno, quanto por uma agência terceirizada, e envolve, de acordo com Kotler e Keller (2006), as seguintes atividades: • Gestão do relacionamento com a imprensa • Publicidade de produtos e serviços • Comunicação corporativa • Relacionamento com o setor público • Aconselhamento 7 Todas essas atividades devem ser também alinhadas com a proposta de valor da organização, buscando trazer visibilidade para a organização dentro dos diversos meios sociais e solidificar a imagem de marca, respondendo a possíveis crises que vêm de setores externos à organização (exemplos: crises políticas e novas visões sociais, entre outros). A importância das relações públicas fica clara em empresas que enfrentaram crises, como por exemplo a Odebrecht, que teve sua imagem afetada pela Lava Jato, ou a Samarco, que teve sua marca afetada pelo desastre ambiental em Mariana (MG), sendo que a última teve inclusive seu valor de mercado afetado no mercado externo, uma vez que se observou uma posição irresponsável ambientalmente e de alto risco para os investidores. Nesse caso, cabe ao setor de relações públicas divulgar as ações realizadas pelas empresas para mitigar essas crises. Ao mesmo tempo, fora das crises cabe a esse setor consolidar a imagem positiva das organizações. Empresas como a Natura são exemplo disso, uma vez que sempre se associa de forma positiva a ações de preservação ambiental e uso sustentável da floresta amazônica, fortalecendo sua marca e empresa como líder na iniciativa de preservação ambiental. Algumas perguntas que devemos nos fazer como gestores: como minha empresa se relaciona com a sociedade? As pessoas fora da minha esfera de clientes conhecem nossa proposta de valor? Como contribuir com a sociedade e divulgar essas ações? 3.2 Publicidade A publicidade é um aspecto da comunicação e se refere às mídias e espaços de mídia espontâneos que as empresas recebem em diversos meios de comunicação. Muitas vezes, esses espaços podem também ser adquiridos pelas empresas, porém, nessas situações são classificados como propaganda indireta da empresa e seus produtos. Voltando ao exemplo da Samarco, ao lembrar da crise da empresa fica claro que ela recebeu muita publicidade, com sua marca circulando por toda a imprensa, internet e blogs, entre outros; porém, no caso se tratou de publicidade negativa. O setor de relações públicas, como vimos anteriormente, é responsável pelo relacionamento com a imprensa e por dar publicidade aos produtos e serviços 8 da empresa. Dessa forma, por meio de diversos programas como eventos, ações filantrópicas, apresentação de produtos e serviços e relacionamento com a imprensa em geral gera-se publicidade positiva para as organizações. E você, consegue pensar em um exemplo de publicidade positiva? E um exemplo de publicidade negativa? Consegue se lembrar como a empresa reverteu esse quadro? 3.3 Escolhendo uma agência de RP Já está claro para nós a importância de uma agência de RP e da gestão da publicidade que envolve as empresas e produtos. Ao mesmo tempo, conforme já estudamos, sabe-se que o ambiente em que as organizações atuam é cada vez mais incerto e está diretamente ligado com o ambiente online e com os pressupostos mais modernos de marketing, comunicação integrada de marketing e inbound marketing. Dessa forma, assim como na seleção de funcionários para gerenciar o esforço de marketing, quando se escolhe uma agência de relações públicas deve-se estar atento ao quanto essa agência é integrada a esses princípios, além de analisar a competência geral da agência. Halligan e Shah (2014) colocam três filtros para se realizar a escolha de uma agência: • Da mesma forma que com o pessoal de marketing, avaliar se a agência é de fato um cidadão digital e se é capaz de criar conteúdo. • Observar o site e as redes da agência, verificando se são compatíveis com uma estratégia de inbound marketing, sendo interativas e de fácil navegação. • Observar os clientes atuais da agência e pesquisar sobre sua experiência com essa agência. TEMA 4 – ANALISANDO A CONCORRÊNCIA – O QUE PODEMOS APRENDER? Jim Cash, executivo que já atuou na direção de grandes empresas, como Microsoft, GE e Wallmart, entre outras, uma vez foi perguntado sobre qual característica era comum aos diversos CEOs com quem ele já havia trabalhado. Ele afirmou que a característica mais comum entre eles era a paranoia em relação aos concorrentes (Halligan; Shah, 2014). 9 O que a afirmação desse executivo nos mostra é a importância da análise de concorrentes, ainda mais em um ambiente dinâmico como o das organizações, e especialmente quando falamos de inbound marketing, inserido no ambiente online que é mais dinâmico ainda. 4.1 Ferramentas de análise de concorrentes online Uma das vantagens do ambiente online em relação ao ambiente tradicional é a vastidão de dados e ferramentas de análise disponíveis para as organizações Halligan e Shah (2014) demonstram algumas ferramentas para se avaliar a concorrência: • Usar o grader.com: esse site analisa as características dos sites das empresas. Dessa forma, traz informações sobre acessibilidade do site, organização e ajuda a observar qual site é mais facilmente encontrado pelos mecanismos do Google. • Analisar o Facebook: o site mostra o número de fãs de uma página. Dessa forma, é recomendável acompanhar a evolução dos concorrentes nesse índice. • Usar o compete.com: essa ferramenta analisa a quantia de tráfego que os sites têm. • Analisar o alert.com: essa ferramenta mostra o número de vezes que um site ou plataforma é mencionada dentro da web. Dessa forma, pode constituir importante ferramenta de comparação. • Utilizar o Google: o site também é uma importante ferramenta para se observar a concorrência. Primeiramente, pode-se observar quais são os sites que aparecem no topo nas buscas relacionadas ao setor (aqueles no topo são os que fazem maior investimento). Além disso, também é importante se verificar se alguma página menciona a empresa/marca ou os concorrentes e monitorar essas menções. Além disso, é necessário observar os comentários dentro da rede e interagir com esses comentários. Também é recomendável observar a publicidade online que a marcarecebe, procurando estar atento aos sites e pessoas relacionados com o setor/indústria e também interagindo com essas pessoas, de forma a maximizar comentários e publicidade positivas e rebater publicidade negativa. 10 4.2 Benchmarking Benchmarking não é um tema novo na literatura. Trata-se de uma prática que tem como objetivo a melhoria de qualidade das empresas, sendo muitas vezes confundida com cópia, porém, na realidade, observa-se que o benchmarking está mais ligado ao desenvolvimento de inovações e pensamento inovativo do que na cópia de concorrentes (Dattakumar; Jagadesh, 2003). Dessa forma, benchmarking se refere à análise de concorrentes e processos realizados por outras empresas/setores em busca de melhores práticas. Abaixo, os principais tipos de benchmarking: • Interno: procuram-se dentro da própria empresa as melhores práticas, buscando com outros líderes e departamentos ideias para aprimorar processos. • Competitivo: é o benchmarking mais típico, no qual a empresa busca melhores práticas em outra empresa ou outros setores. • Cooperativo: modalidade mais nova de benchmarking, na qual empresas concorrentes ou de setores diferentes trabalham em conjunto para chegarem às melhores práticas. 4.3 Concorrentes, marketing de conteúdo e branding O brand equity se forma dentro da mente do consumidor, que obviamente compara as diversas propostas de valor que lhe são apresentadas dentro do mercado e também em outros mercados. Isso reforça mais ainda a necessidade de se analisar as marcas concorrentes e outras marcas. Esse processo de análise de concorrência deve ter como objetivo se antecipar aos movimentos dos concorrentes e ao mesmo tempo aprender as melhores práticas do setor para incorporá-las na própria organização. Essas melhores práticas podem vir da própria empresa, concorrentes, outros mercados ou de partes que cooperam entre si. Quando falamos em marketing de conteúdo também é necessário se avaliar constantemente os conteúdos promovidos pelos concorrentes, observando os canais, conteúdos, periodicidade, formato e também como esses concorrentes promovem e impulsionam esses conteúdos. É importante ressaltar que a simples cópia de uma prática que um concorrente realiza tende a não trazer os mesmos resultados que o concorrente 11 já obteve, isso porque a empresa que implementa primeiro uma prática tende a ter a vantagem competitiva. Porém, ressaltamos que essas melhores práticas inseridas em um contexto diferente da empresa original podem ser fonte de inovações e adaptações que impulsionam melhores resultados. TEMA 5 – APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E MARKETING – COMO AVANÇAR PARA O FUTURO De acordo com Porcu et al. (2018), a comunicação integrada de marketing é um processo que envolve a organização como um todo, uma vez que todos os componentes da organização acabam tendo contato com o ambiente externo e transmitem a proposta de valor da organização. Portanto, sabemos que dentro das organizações todas as pessoas (mesmo aquelas não envolvidas no processo de marketing) acabam impactando na percepção dos diversos stakeholders a respeito da empresa, sua marca, produtos e serviços. Ou seja, as pessoas dentro das empresas também impactam o brand equity. Dessa forma, se faz necessário discutirmos como gerenciar a marca internamente, com o objetivo de auxiliar e, da mesma forma que ocorre com os consumidores, tornar a equipe verdadeiros promotores da marca. Além disso, é importante ressaltarmos os benefícios da gestão interna de marcas, como (1) maior engajamento; (2) mais motivação; (3) tornar funcionários promotores da marca; (4) maior sentimento de realização e pertencimento com o trabalho; e (5) maior facilidade nos processos de gestão de pessoas. 5.1 Aprendizagem organizacional Aprendizagem organizacional pode ser definida como a aquisição de conhecimentos, habilidades, valores, convicções e atitudes que acentuem a manutenção, o crescimento e o desenvolvimento da organização (Guns, 1998). Os estudos de aprendizagem organizacional têm origem nos estudos sobre aprendizagem individual, uma vez que, de fato, as organizações são compostas por um conjunto de indivíduos que aprendem cada um à sua maneira. Porém, quando inseridos no contexto organizacional, o processo de aprendizagem se torna mais complexo, uma vez que não basta um indivíduo internalizar um novo conhecimento, mas sim é necessário que o conjunto de 12 pessoas institucionalize aquele conhecimento para se considerar que a organização aprendeu de fato. De acordo com Crossan, Lane e White (1999), a aprendizagem organizacional ocorre nos níveis individual, grupal e institucional, por meio de quatro processos: (1) intuição; (2) interpretação; (3) integração; e (4) institucionalização, sendo que este último é o responsável por disseminar determinado conhecimento por todos os grupos e indivíduos. A aprendizagem é um processo constante, porém, pode ser estimulado pelas organizações e indivíduos. Diversos estudos ocorrem no sentido de identificar fatores que influenciam positivamente o desenvolvimento do processo de aprendizagem organizacional. Porém, destacamos que se trata de um processo ao mesmo tempo individual e coletivo, e que envolve a abertura para mudanças por parte dos grupos e da organização como um todo. Dessa forma, é necessário um apoio cultural da empresa como um todo, além de uma gestão que lidere a organização em direção de novos conhecimentos. De acordo com Guns (1998), existem os seguintes tipos de aprendizagem organizacional: • Aprendizagem de tarefas: orienta para o desempenho e a valorização de tarefas específicas. • Aprendizagem sistêmica: diz respeito aos processos da organização e o seu desenvolvimento e melhorias. • Aprendizagem cultural: trata dos fundamentos de uma organização, seus valores, convicções e atos. • Aprendizagem de liderança: está voltado para a gestão e liderança de pessoas, grupos e unidades de empresas de maior porte. • Aprendizagem de equipe: orienta para a eficiência na prática da função, mostrando também como se faz para promover o aprendizado e o crescimento da equipe. • Aprendizagem estratégica: esse tipo de aprendizagem está focado nas estratégias da organização, como se dá o seu desenvolvimento, sua implementação e prováveis melhorias. • Aprendizagem empreendedora: trata do empreendedorismo e a gestão de equipes, como se estas fossem microempresas. 13 • Aprendizagem reflexiva: enfatiza o questionamento dos modelos vigentes na organização. • Aprendizagem transformacional: orienta para as formas de se realizar mudanças dentro da organização que surtam efeitos significativos. Dessa forma, torna-se claro que a aprendizagem pode trazer vários benefícios, como inovações e melhorias de processo. Porém, é um processo que não pode ser deixado apenas para o nível individual: a equipe de gestão deve ser aberta a novas ideias e proporcionar recursos para a implementação de novos conhecimentos. Além disso, deve estimular a aprendizagem e novas ideias como forma de alcançar resultados diferentes daqueles dos concorrentes, fortalecendo a marca e a capacidade de gerar conteúdos relevantes. 5.2 Desafios para gestão de marcas É importante entendermos os diferentes desafios que a gestão de marcas enfrenta atualmente. Aaker (2015) destaca os seguintes: • Tratar as marcas como ativos: envolve romper a visão tradicional de administração e compreender as marcas como ativos que levam à vantagem competitiva sustentável. • Ter uma visão de marca instigante: desenvolver uma personalidade de marca única e uma proposta de valor inovadora é um grande desafio para as organizações, que devem mostrar seu valor para o público. • Criar subcategorias: envolve tornar a marca referência em uma nova subcategoria. Ter uma marca que define um segmentoé resultado de um planejamento bem executado, tempo e uma proposta de valor diferenciada, sendo um dos grandes desafios da gestão de marketing. • Produzir comunicação integrada de marketing: como vimos, comunicação integrada de marketing vai além de integrar os componentes visuais e temas das comunicações, sendo um processo que abrange toda a organização e que é baseado na divulgação da proposta de valor de forma coesa e sinérgica, por meio de todos os componentes da organização. • Definir uma estratégia digital: o ambiente digital tem suas próprias características, uma quantidade gigantesca de informações e está em constante mudança. Portanto, conhecer e se adaptar a essas características é um dos grandes desafios do marketing. 14 • Construir a marca internamente: envolve o desenvolvimento de um programa de comunicação interna, adaptado aos diferentes níveis organizacionais, e que gere funcionários engajados com a marca e alinhados com a proposta de valor da marca. • Manter a relevância da marca: envolve a percepção dos movimentos do mercado para manter a marca sempre atual e relevante para o público, necessitando inclusive de adaptações na proposta de valor e comunicações dos produtos e serviços. • Alavancar ativos de marca que permitam crescimento: envolve desenvolver ativos que acrescentem à proposta de valor e que permitam que a marca cresça. 15 REFERÊNCIAS AAKER, D. On branding: 20 princípios que decidem o sucesso das marcas. Porto Alegre: Bookman, 2015. CROSSAN, M. M.; LANE, H. W.; WHITE, R. E. An organizational learning framework: from intuition to institution. Academy of Management Review, v. 24, n. 3, p. 522-537, 1999. DATTAKUMAR, R.; JAGADEESH, R. A review of literature on benchmarking. Benchmarking: An International Journal, 2003. FERREL, O. C.; HARTLINE, M. D. Estratégia de marketing: teoria e casos. São Paulo: Cengage Learning, 2016 GUNS, B. A organização que aprende rápido: seja competitivo utilizando o aprendizado organizacional. São Paulo: Futura, 1998. HALLIGAN, B.; SHAH D. Inbound marketing. New Jersey: Wiley, 2014. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing: a bíblia do marketing. Pearson Prentice Hall, 2006. PORCU, L.; BARRIO-GARCÍA, S. D.; KITCHEN, P. J. Measuring Integrated Marketing Communication by taking a broad organisational approach: the firm- wide CIMCIM scale. European Journal of Marketing, v. 51, n. 3, 2017. WRIGHT, P. M.; MCMAHAN, G. C. Theoretical perspectives for strategic human resource management. Journal of Management, v. 18, n. 2, p. 295-320, 1992.