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TÓPICO 02: INÊS DE CASTRO NO ARCADISMO O modelo camoniano continuou servindo de inspiração nos séculos seguintes em Portugal. Durante o Arcadismo, de 1756 a 1825, isso foi ainda mais sentido, pois essa foi uma corrente literária que recuperou muitos dos princípios do Classicismo — princípios esses contrariados ou abolidos durante o Barroco (1580-1756). VERSÃO TEXTUAL O poeta mais significativo do Arcadismo português foi Manuel Maria de Barbosa du Bocage, uma figura que até mesmo em sua biografia procurou imitar a vida de Camões. Não seria surpresa, portanto, se Bocage tivesse dedicado algumas de suas composições ao mito de Inês de Castro, como de fato aconteceu. Sobre esse tema, a composição mais importante do poeta árcade é Cantata à morte de Inês de Castro. A forma “cantata” se divide em duas partes: um longo recitativo em que se narra um episódio solene ou galante, e uma ária, um poema mais curto e ritmado, adequado para ser cantado. Logo na abertura do poema, Bocage presta sua homenagem a Camões, colocando como epígrafe exatamente dois versos d’Os lusíadas: “As filhas do Mondego a morte escura / Longo tempo chorando memoraram” (IIII, 135). A citação tem também uma função estrutural, pois a ária no fim da cantata seria os lamentos entoados pelas “filhas do Mondego” (neste caso, as ninfas saídas do rio que cruza Coimbra e corre próximo ao Paço de Santa Clara, onde morava Inês): Toldam-se os ares, Murcham-se as flores: Morrei, amores, Que Inês morreu. Mísero esposo, Desata o pranto, Que o teu encanto Já não é teu. Sua alma pura Nos céus se encerra: Triste da terra Porque a perdeu! Contra a cruel Raiva ferina, Face divina Não lhe valeu. Tem roto o seio Tesouro oculto; Bárbaro insulto Se lhe atreveu. De dor e espanto No carro de ouro O Númen louro Desfaleceu. Aves sinistras Aqui piaram, Lobos uivaram, O chão tremeu. Toldam-se os ares, Murcham-se as flores: Morrei, amores, Que Inês morreu. In Rimas. TÓPICOS DE LITERATURA PORTUGUESA AULA 02: GRANDES TEMAS DA LITERATURA PORTUGUESA - INÊS DE CASTRO: 2ª PARTE 18 Combinarenumerar.pdf TopicosdeLiteraturaPortuguesa_aula_02.pdf 02.pdf