Buscar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

BOCAGE – ARCADISMO 
BIOGRAFIA
Manuel Maria Barbosa du Bocage nasceu em Setúbal, dia 15 de Setembro de 1765. Filho do advogado José Luís Soares de Barbosa e de Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage. Foi um poeta português e um dos mais importantes poetas do arcadismo português e do século XVIII. Ao lado de Antero de Quental e Luís de Camões ele formava o trio dos maiores sonetistas líricos da literatura portuguesa. 
Em 1783 Bocage alistou-se na Marinha de Guerra entrando para a Academia Real dos Guardas-Marinhas, e três anos depois embarcou para Goa (Índia) e serviu na Guarnição de Damão. Mais tarde fugiu da Marinha e embarcou para Macau (China), e depois regressou à Lisboa em 1790, ano que foi fundada a Nova Arcádia, onde ele ingressou, adotando o nome poético (pseudônimo) de Elmano Sadino. Mas foi expulso em 1794 devido ao seu espírito independente, sarcástico e indisciplinado. No regresso à Lisboa, apaixonou-se pela mulher do seu irmão e entregou-se à boemia. Nessa época, escreveu versos sobre a desilusão amorosa e as dificuldades financeiras. 
Faleceu em Lisboa, dia 21 de Dezembro de 1805, vítima de aneurisma. Na casa onde arrendou e viveu com sua irmã, no Bairro Alto, em Lisboa, localizada na Travessa André Valente, n.º 25, possui uma lápide dedicada ao poeta: “Aos 21 de Dezembro de 1805 faleceu nesta casa o poeta Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage”.
OBRAS – ARCADISMO
Considerado como o grande poeta do Arcadismo de Portugal, apesar de ter deixado fama de poeta satírico, Bocage é um dos maiores poetas líricos da literatura portuguesa.
Com o pseudônimo de Elmano Sadino, participou da associação de poetas denominada “Nova Arcádia” ou Academia das Belas-Artes, que surgiu em Portugal em 1790, escrevendo poesias que falam de pastores, ovelhas e da mitologia clássica.
A obra de Bocage contém poesia lírica e satírica. Sua obra lírica aborda desde os temas convencionais do Arcadismo até os temas do movimento pré-romântico. Já a última fase de sua poesia é marcada pela autopiedade e pelo arrependimento, por causa de sua vida desregrada. 
Bocage se tornou um poeta popular por causa de sua poesia satírica mas também foi essa mesma poesia que o fez ser censurado e preso pela inquisição por causa de temas que ele abordava que eram tidos como proibidos, como: erotismo, temas de política, hipocrisia e a corrupção. Três coletâneas de seus poemas foram publicadas com o nome de Rimas (1791,1799 e 1804).
Apesar dele ser popular pelas suas poesias satíricas, ele era um exímio poeta lírico, com os mais belos poemas líricos, que por causa disso foi até colocado no patamar de Luís de Camões de Antero de Quental, como poetas máximos da literatura portuguesa. 
O lado satírico dele era agressivo, mas ele desenvolveu também exatamente o seu lado lírico, um lado amoroso em versos, retratando seus dramas existenciais numa linguagem muito emotiva que conquistaram os leitores de sua época e dos séculos seguintes, se tornando até mesmo o poeta mais lido em Portugal. A tônica dos temas de muitos dos seus versos era o ciúme, pois refletia sua insegurança em relação à amada. 
Além de sonetos satíricos, Bocage também compôs elegias, odes, fábulas e cantatas.
A preocupação com a métrica, com a estruturação do poema e a seleção vocabular colocam os sonetos de Bocage como verdadeiras obras-primas.
Publicou em vida apenas Rimas, (1791-1804) em III volumes. Poesias (1853) é a melhor coletânea de sua obra.
Além de Pavorosa Ilusão da Eternidade, destacam-se Gratidão e Pena de Talião, dirigida a seu inimigo José Augustinho de Macedo.
CARTA À MARÍLIA 
Em 1797 Bocage foi preso ao divulgar o poema Carta a Marília, cujo verso inicial é “Pavorosa Ilusão de Eternidade”.
Acusado de impiedade e antimonarquismo é condenado pela Inquisição e passa meses na masmorra do Limoeiro, de onde saiu para o convento dos oratorianos, até se conformar com as convenções religiosas e morais da época.
Ao voltar à liberdade, Bocage levou uma vida dedicada à tradução de autores latinos e franceses. 
Trecho:
Pavorosa Ilusão de Eternidade,
Terror dos vivos, cárcere dos mortos;
D’almas vãs sonhos vão, chamado inferno;
Sistema de política opressora,
Freio que a mão dos déspotas, dos bonzos
Forjou para a boçal credulidade;
Dogma funesto, que o remorso arraigas
Nos termos corações, e a paz lhe arrancas:
Dogma funesto, detestável crença,
Que envenena delícias inocentes! (...)
Trecho de Convite à Marília:
Já se afastou de nós o inverno agreste
Envolto nos seus úmidos vapores;
A fértil Primavera, a mãe das flores,
O prado ameno de boninas vestes:
Varrendo os ares o sutil nordeste
Os toma azuis; as aves de mil cores,
Adejam entre Zéfiros, e Amores,
E toma o fresco Tejo a cor celeste:
Vem, ó Marília, em lograr comigo,
Destes alegres campos a beleza,
Destas copadas árvores o abrigo:
Deixa louvar da corte a vã grandeza:
Quanto me agrada mais estar contigo
Notando as perfeições da Natureza!
INTERPRETAÇÃO DE POEMAS
Mimosa, linda Anarda, atende, atende
As doces mágoas do rendido Elmano;
C´um meigo riso, c´um suave engano
Consola o triste amor, que não te ofende.
De teus cabelos ondeados pende
Meu coração, fiel para seu dano;
co(m)´a luz dos olhos teu Cupido ufano
Sustenta o puro fogo, em que me acende:
Causa gentil das lágrimas que choro,
A tudo te antepõe minha ternura,
E quanto adoro o céu, teu rosto adoro:
O golpe, que me deste, anima e cura…
Mas ai! Que em vão suspiro, em vão
 [te imploro:
Não pertence a piedade à formosura
Neste poema Bocage usa o modelo neoclássico. Ele chama sua amada de Anarda e a si mesmo de Elmano. 
Na primeira estrofe ele faz elogios à Anarda e confessa seu amor por ela. E pede-lhe um riso como um consolo ao amor que sente, pois já está rendido por ela. 
Na segunda estrofe ele diz sobre os cabelos ondulados dela que causa dano a ele, pois esses cabelos ondulados intensificam ainda mais o amor que ele sente por ela, e quando vê esses cabelos, ele sofre. E através dos olhos dela, o Cupido (deus grego do amor), desperta nele o desejo de amá-la. 
Na terceira estrofe, Anarda é a causa do sofrimento que sente, porque antes de tudo tem por ela ternura, chegando até mesmo compará-la ao céu; o céu deve ser adorado e admirado, mas é sempre algo distante. 
E na última estrofe ele faz alusão à beleza dela como um “golpe”. E que este golpe despertou nele o amor e que o faz sentir ânimo, alegria. Mas nos últimos versos dessa estrofe ele diz que seu amor não é correspondido, porque a beleza dela não tem piedade, ou seja, não era como ele queria, não cede aos desejos dele. 
Oh retrato da morte, oh Noite amiga
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto!
De meus desgostos secretária antiga!
Pois manda Amor, que a ti somente os diga,
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
Dorme a cruel, que a delirar me obriga:
E vós, oh cortesãos da escuridade,
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos, como eu, da claridade!
Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar meu coração de horrores
Este soneto é típico da última fase de Bocage. A presença de verbos e pronomes na primeira pessoa já estabelece certo distanciamento dos modelos árcades.
Na primeira estrofe, ele retrata a presença da morte como uma testemunha do seu sofrimento, e que é algo que ele deseja, algo que ele “suspira há tanto”. 
Esse poema predomina um ambiente sombrio, noturno, diferente do Arcadismo, que valoriza o dia. 
Na segunda estrofe, o Amor é quem manda o poeta dizer seus sofrimentos à morte. Esta, por sua vez, dá abrigo aos seus sofrimentos, enquanto “dorme a cruel”, que o obriga a delirar. Esta “cruel que o obriga a delirar” pode ser uma amada, mas pode ser também uma referência a algo que o faz sofrer.
Na terceira estrofe, ele fala dos “mochos piadores”, seres noturnos, da escuridão, aves de mau agouro, que ele diz que são inimigos da claridade, e ele próprio se inclui como um. 
Na última estrofe, o poeta manifestaseu desejo pela companhia desses seres norturnos (“quero vossa medonha sociedade”), para que possa despertar pavor, porque ele deseja fartar de horrores.

Mais conteúdos dessa disciplina