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606 Introdução à Teoria Geral da Administração· IDALBERTO CHIAVENATO 2. Melhoria da saúde organizacional. Práticas ad ministrativas éticas melhoram a saúde organi zacional e afetam positivamente os parceiros externos, como fornecedores ou clientes. Uma imagem pública positiva atrai consumi dores que visualizam a imagem da organiza ção como favorável ou desejável. 3. Minimização da regulamentação governamen tal. Quando as organizações são confiáveis quanto à ação ética, a sociedade deixa de pres sionar por uma legislação que regule mais in tensamente os negócios. Código de ética A ética influencia todas as decisões dentro da organi zação. Muitas organizações têm o seu código de ética como uma declaração formal para orientar e guiar o comportamento de seus parceiros. Para que o código de ética estimule decisões e comportamentos éticos das pessoas são necessárias duas providências: 1. As organizações devem comunicar o seu códi go de ética a todos os seus parceiros, isto é, às pessoas dentro e fora da organização. CÓDIGO DE ÉTICA DA JOHNSON & JOHNSON • Nossa responsabilidade está relacionada com médicos, enfermeiras epacientes, com maes epais de todas as pessoas que utilizam nossos produtos ou serviços. • Para atender às necessidades da sociedade devemos trabalhar com amais alta qualidade. • Devemos constantemente reduzir nossos custos no sentido de manter preços razoáveis. • Os pedidos dos clientes devem ser atendidos pronta ecorretamente. • Nossos fornecedores edistribuidores devem ter oportunidade de alcançar um lucro adequado. • Somos responsáveis por nossos empregados, homens emulheres que trabalham conosco ao redor do mundo. • Cada pessoa deve ser considerada um indivíduo. • Devemos respeitar adignidade das pessoas ereconhecermos seus méritos. • As pessoas devem sentir segurança em seus cargos. • Acompensação deve ser justa eadequada, as condições de trabalho limpas, ordenadas eseguras. • Os empregados devem sentir-se livres para fazer sugestões ereclamações. • Deve haver igual oportunidade para todos no emprego, além de desenvolvimento eprogresso para os mais qualificados. • Devemos oferecer uma administraçao competente ecujas ações sejam justas eéticas. • Somos responsáveis perante as comunidades em que vivemos etrabalhamos no mundo. • Devemos ser bons cidadãos - apoiar bons trabalhos eproporcionar caridade. -Devemos encorajar melhorias cívicas emelhorar asaúde eeducação. • Devemos manter em boa ordem apropriedade que temos o privilégio de usar, protegendo oambiente eos recursos naturais. • Nossa responsabilidade final écom nossos investidores eacionistas. • Os negócios devem proporcionar um lucro adequado. • Devemos sempre experimentar novas idéias. • Apesquisa deve ser impulsionada com programas inovadores eerros evitados. • Devemos adquirir novos equipamentos einstalações para lançar novos produtos no mercado. • Reservas financeiras devem ser criadas para provisao para temposéldversos. • Sempre que operamos de acordo com estes principios os acionístaspodernrealizar um retorno justo de seus investimentos. Figura 19.9. Código de ética da Johnson & Johnson. 2. As organizações devem cobrar continuamente comportamentos éticos de seus parceiros, pe lo respeito a seus valores básicos ou adotando práticas transparentes de negócios. Responsabilidade social das organizações Até algum tempo atrás, as organizações estavam orientadas apenas para os seus próprios negócios. Essa orientação gradativamente deixou de ser inter na para se projetar externamente em direção ao am biente de negócios. A responsabilidade social significa o grau de o obrigações que uma organização assume por meio de ações que protejam e melhorem o bem-estar da sociedade à medida que procura atingir seus própri os interesses. Em geral, ela representa a obrigação da organização de adotar políticas e assumir deci sões e ações que beneficiem a sociedade. A respon sabilidade social significa a obrigação gerencial de tomar ações que protegem e melhoram o bem-estar de toda a sociedade e os interesses organizacionais especificamente. Os administradores devem buscar alcançar objetivos organizacionais e objetivos socie tários. Uma organização socialmente responsável de sempenha as seguintes obrigações: 81 • Incorpora objetivos sociais no seu planejamento. • Utiliza normas comparativas de outras organiza ções em seus programas SOClalS. • Apresenta relatórios aos membros organizacio nais e aos parceiros sobre os progressos na sua responsabilidade social. • Experimenta diferentes abordagens sociais e o retorno dos investimentos em programas SOCiaiS. O modelo de responsabilidade social corporativa sugerido por Davis82 parte de cinco proposições, a saber: 83 1. A responsabilidade social emerge do poder so cial. Toda organização tem influência sobre a sociedade, que deve exigir condições que re sultam do exercício dessa influência. CAPíTULO 19· Para onde Vai a TGA? 607 2. As organizações devem operar em um sistema aberto de duas vias, com recepção aberta de in sumos da sociedade e expedição aberta de suas operações para o público. As organizações de vem ser ouvidas pelos representantes da socie dade quanto ao que devem manter ou melho rar em termos de bem-estar geral. Por outro lado, a sociedade deve ouvir os relatórios das organizações em relação ao atendimento das res ponsabilidades sociais. As comunicações entre representantes das organizações e da socieda de devem ser abertas e honestas. 3. Os custos e benefícios sociais de uma ação, produto ou serviço devem ser calculados e con siderados nas decisões a respeito deles. A viabi lidade técnica e lucratividade econômica não são os únicos fatores que pesam nas decisões da organização. Ela também deve considerar conseqüências de curto ou longo prazo sobre suas ações. 4. Os custos sociais relacionados a cada ação, produto ou serviço devem ser repassados ao consumidor. Os negócios não devem ser fi nanciados somente pela organização. O custo de manter atividades socialmente desejáveis dentro dos negócios deve ser transferido para o consumidor adotando preços mais elevados dos bens e dos serviços relacionados a essas atividades. 5. Como cidadãs, as organizações devem ser en volvidas na responsabilidade em certos proble mas sociais que estão fora de suas áreas nor mais de operação. A organização que possui expertise de resolver um problema social com o qual não está diretamente associada deve ser responsável por ajudar a sociedade a resolver esse problema. Os argumentos para desempenho de atividades de responsabilidade social são: 84 1. O interesse maior dos negócios é promover e melhorar as comunidades onde a organização faz negócios. 2. As ações sociais e as ações éticas podem ser lu crativas. &08 Introdução à Teoria Geral da Administração· IDALBERTO CHIAVENATO 3. A responsabilidade social melhora a imagem pública da organização. 4. A responsabilidade social aumenta a viabilida de dos negócios. Os negócios existem porque proporcionam benefícios sociais. 5. É necessário evitar ou se antecipar à regulação governamental ou intervenções externas para sanar a omissão das organizações. 6. As leis não podem ser definidas para todas as circunstâncias. As organizações devem assu mir responsabilidade para manter uma socie dade ordeira, justa e legal. 7. As normas sócio-culturais exigem responsabi lidade social. 8. A responsabilidade social é do interesse de to dos os parceiros da organização e não de ape nas alguns deles. 9. A sociedade deve oferecer às organizações a oportunidade de resolver problemas sociais que o governo não tem condições de resolver. 10. Como as organizações são dotadas de recursos financeiros e humanos, elas são as instituições mais adequadas para resolver problemas sociais. 11. Prevenir problemas é melhor do que curá-los posteriormente. Muitas organizações se ante cipam a certos problemasantes que se tornem malOres. Abordagens quanto à responsabilidade social Há diferentes abordagens quanto à responsabili dade social. Afinal, toda organização produz al guma influência no seu ambiente. Essa influência pode ser positiva - quando a organização benefi cia o ambiente com suas decisões e ações - ou ne gativa - quando traz problemas ou prejuízos ao ambiente. Somente há pouco tempo, as organizações come çaram a se preocupar com suas obrigações sociais. Essa preocupação crescente não foi espontânea, mas provocada por movimentos ecológicos e de de fesa do consumidor que põem em foco o relaciona mento entre organização e sociedade. Duas posi ções antagônicas surgem dessa preocupação: 1. Modelo shareholder. É a posição contrária à responsabilidade social das organizações. Cada organização deve se preocupar em ma ximizar lucros, ou seja, satisfazer os seus proprietários ou acionistas. Ao maximizar lucros, a organização maximiza a riqueza e satisfação dos proprietários e acionistas, que são pessoas ou grupos com legítimos interes ses na organização. À medida que os lucros crescem, as ações da organização aumentam de valor, aumentando também a riqueza dos proprietários e acionistas. Assim, a organi zação não deve assumir responsabilidade so cial direta, mas apenas buscar a otimização do lucro dentro das regras da sociedade. A organização lucrativa beneficia a sociedade ao criar novos empregos, pagar salários jus tos que melhoram a vida dos funcionários e melhorar as condições de trabalho, além de contribuir para o bem-estar público pagan do impostos e oferecendo produtos e servi ços aos clientes. A organização que concen tra seus recursos em suas próprias atividades e não em ações SOCiaIS usa seus recursos com mais eficiência e eficácia e aumenta sua competitividade. 2. Modelo stakeholder. É a posição favorável à responsabilidade social das organizações, que salienta que a maior responsabilidade está na sobrevivência a longo prazo (e não apenas maximizando lucros), atendendo aos interesses dos diversos parceiros (e não ape nas dos proprietários ou acionistas). A orga nização é a maior potência no mundo con temporâneo e tem a obrigação de assumir uma responsabilidade social corresponden te. A sociedade deu esse poder às organiza ções e deve chamá-las para prestar contas pelo uso desse poder. Ser socialmente res ponsável tem o seu preço, mas as organiza ções podem repassar com legitimidade esse custo aos consumidores na forma de aumen to nos preços. Essa obrigação visa ao bem comum, porque quando a sociedade melho ra, a organização se beneficia. Figura 19.10. Níveis de sensibilidade social das organizações. 86 609CAPíTULO 19· Para onde Vai a TGA? e para programas de ação e envolvimento so cial. A organização deseja conquistar uma imagem de politicamente correta com grande esforço na área de relações públicas. Em geral, são organizações que praticam uma adaptação reativa, pois agem para providenciar uma so lução de problemas já existentes. c. Abordagem da sensibilidade social. A organi zação não tem apenas metas econômicas e so ciais, mas se antecipa aos problemas sociais do futuro e age agora em resposta a eles. Esta abordagem impõe que as organizações devem se antecipar aos problemas sociais lidando com eles antes que se tornem críticos. A utili zação de recursos organizacionais no presente cria um impacto negativo na otimização dos lucros atuais. Trata-se de uma abordagem tí pica de cidadania corporativa e representa um papel proativo na sociedade. Os programas educativos sobre drogas financiados por orga nizações nas escolas públicas são um exemplo. O ganho futuro significa uma força de traba lho saudável, mesmo que, no momento, a or ganização não tenha nenhum problema rela- Abordagem de obrigação social e legal: Satisfazer somente as obrigações sociais exigidas pela legislação em vigor. Abordagem de responsabilidade social: Satisfazer as obrigações legais e soCiais atuais que afetam diretamente a empresa. i Abordagem de sensibilidade social: Satisfazer as obrigações legais e sociais atuais e previstas relacionadas com problemas e tendências que estão surgindo, mesmo que afetem indiretamente a empresa. a. Abordagem da obrigação social e legal. As principais metas da organização são de natu reza econômica e focadas na otimização dos lucros e do patrimônio líquido dos acionistas. Portanto, a organização deve apenas satisfazer as obrigações mínimas impostas pela lei sem assumir nenhum esforço adicional voluntário. b. Abordagem da responsabilidade social. A or ganização não tem apenas metas econômicas, mas também responsabilidades sociais. As de cisões organizacionais são tomadas não ape nas em função de ganhos econômicos e na conformidade legal, mas também no critério do benefício social. Alguns recursos organiza cionais são usados para projetos de bem-estar social que não causem dano econômico para a organização e com a preocupação de otimizar os lucros e o patrimônio líquido dos acionistas o modelo stakeholder favorável ao envolvimento organizacional em atividades e obras sociais apre senta três diferentes graus de envolvimento: 85 Graus de envolvimento organizacional na responsabilidade social INTRODUCAO A TEORIA GERAL DA ADMINISTRACAO - IDALBERTO CHIAVENATO - SETIMA EDICAO, TOTALMENTE REVISTA E ATUALIZADA tga622 tga623 tga624 tga625