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AUDITORIA E CONTROLE DE QUALIDADE AULA 1 Prof.ª Letícia Silvério 2 CONVERSA INICIAL Prezado(a) aluno(a), Nesta aula, estudaremos o conceito de auditoria e as suas aplicações. A auditoria tem feito parte dos processos organizacionais de empresas e serviços, tanto em setor público e privado, devido às necessidades de aperfeiçoar métodos e diminuir os erros. O histórico desse conceito, o qual está relacionado com fatos econômicos e mercadológicos, vem se aprimorando e permitindo que se alcance um alto nível de qualidade, por meio da aplicação da ciência, informatização, controle e técnicas. A auditoria é um instrumento para a gestão, atuante em diferentes ramos, para averiguação da excelência. A Constituição de 1988 estabelece os direitos fundamentais, a saúde é um dever do Estado e direito de todo cidadão. Portanto, o exercício da auditoria em saúde é fundamental para a garantia da qualidade e se baseia em um ideal coletivo. Compreender o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) favorece o entendimento sobre o estabelecer da auditoria nessa área e sobre a responsabilidade do auditor. Ainda dentro do ramo de saúde, estão os laboratórios de análises clínicas, os quais usufruem de auditorias para o cumprimento de sua missão, que é produzir resultados de exames confiáveis e proporcionar assistência de forma especializada aos pacientes. Seja bem-vindo ao estudo dessa disciplina, a qual contribuirá para formação de suas competências como profissional e cidadão. Vamos lá? TEMA 1 - HISTÓRICO E DEFINIÇÃO DE AUDITORIA 1.1 Histórico da auditoria O histórico da auditoria se encaminha de acordo com o desenvolver das sociedades. Por volta de 400 a.C., a auditoria já era aplicada na Babilônia e no Egito pelos faraós, os quais cobravam impostos e administravam o setor alimentício (Figura 1) (Valencio; Ngueve, 2014). A auditoria se aprimorou com o avanço da industrialização e pelo crescimento do capitalismo, quando os produtos deixaram de ser artesanais, 3 feitos em pequena escala, e houve a necessidade de maior controle e fiscalização. Diante disso, precisou-se de pessoal capacitado tecnicamente e com postura ética para avaliar as atividades realizadas (Mattos, 2017; Maffei, 2015). No Brasil, há registros desde o ano de 1755 sobre o exercício da auditoria, em um documento que padronizava procedimentos sobre o Paço Imperial. Outro fator que contribuiu para o desenvolvimento da auditoria no país foi a vinda de investidores internacionais para a abertura de filiais, os quais já tinham embasamentos sobre esse tema (Maffei, 2015). Figura 1 - Pintura de trabalhadores no comércio de trigo no túmulo de Menna, no Egito. Ilustra a administração do setor alimentício na época Créditos: Everett Collection/Shutterstock. 1.2 Definição de auditoria A etimologia da palavra auditoria vem do latim audire e significa ouvir. Entretanto, atualmente mais aplicável, o significado dessa palavra, em inglês, audit, tem o sentido de examinar, ajustar, corrigir e certificar (Castro, 2018; Favero, 2018). Por definição, auditoria é uma forma de avaliar se as atividades de uma empresa, independentemente do seu porte, estão de acordo com o que foi planejado e está seguindo as normas vigentes. Confronta o contexto presente vivido com o que deve ser ideal e esperado (Araujo et al., 2008; Lobo, 2010). Por meio de análise e visão sistêmica verifica se os processos empregados estão de acordo ou, se necessário, aponta as melhorias e ações de 4 prevenção, corretivas e de resolução (Lobo, 2010; Toledo, 2012; O'Hanlon, 2009). Tem como objetivo primordial fornecer informações para que haja um controle efetivo sobre a organização ou sistema, cooperando para o planejar ou até o replanejar ações (Lobo, 2010). Figura 2 - Ilustra o objetivo da auditoria, que é averiguar detalhadamente todos os procedimentos envolvidos do processo Créditos: Create Jobs 51/Shutterstock. TEMA 2 – TIPOS DE AUDITORIA, METODOLOGIA DA AUDITORIA E GESTÃO DE RISCO A auditoria busca a otimização e qualidade de processos para o melhor desenvolvimento do serviço, devido à competição cada vez maior do mercado. A seguir, estudaremos alguns tipos de auditoria e o papel que cada um desempenha. 2.1 Auditoria interna Também conhecida como auditoria de primeira parte, a qual é realizada por um empregado da própria empresa, os relatórios devem ser relatados para o conselho de administração ou à diretoria da empresa. 5 Tem como objetivo principal a detecção de falhas, sendo fundamental que qualquer evidência de não conformidade seja notificada, para que ações de prevenção ou corretivas sejam executadas (Santos, 2017). Quanto ao relatório, deve ser detalhado, objetivo e imparcial. Este deve abranger os seguintes requisitos: a metodologia que está sendo aplicada, a finalidade dos procedimentos adotados, eventuais limitações e riscos encontrados, descritivo das evidências, conclusão e sugestões de melhoria (Santos, 2017). Tem finalidade de agregar valor, melhorar os processos organizacionais, verificar os processos internos e a eficiência da gestão de risco. Envolve outros serviços, como: consultoria em gestão, suporte em tomadas de decisões (Maffei, 2015). Figura 3 - Auditoria interna é realizada por um empregado da própria empresa Créditos: Create Jobs 51/Shutterstock. 2.2 Auditoria externa Pode ser chamada de auditoria independente ou de terceira parte. Em alguns aspectos é similar à auditoria interna, entretanto o auditor não possui vínculo empregatício com a empresa que auditará, podendo, assim, ter uma maior independência enquanto presta o seu serviço (Mattos, 2017). Objetiva buscar respostas sobre ações, acerca da gestão financeira e contábil, procedimentos operacionais, possuindo foco em correção e melhorias, mas também pode ser de caráter preventivo e operacional. A auditoria externa 6 supri questionamentos administrativos, apresenta um relatório padronizado e imparcial sobre o que foi encontrado (Batista, 2007). Figura 4 - Auditoria externa é realizada por um auditor terceirizado Créditos: Supavadee butradee/Shutterstock. 2.3 Auditoria operacional Esse tipo de auditoria tem como finalidade verificar o desempenho e a eficácia das operações, trabalha de maneira precisa, contribuindo para mapeamento de riscos e busca por aperfeiçoamentos. Pode atuar tanto na auditoria interna como externa (Maffei, 2015). Baseia-se em metodologias que atuam em práticas semelhantes à gestão PDCA (tal ciclo é explicado no conteúdo sobre Controle de Qualidade), envolve planejamento de quais setores os auditores atuarão e sobre o delineamento de prazos. A próxima etapa é a de execução, em que ocorre a coleta de dados, seleção de amostras, testes substantivos, testes de observância e, assim, a possibilidade de identificação de desvios e inconformidades (Maffei, 2015). Teste substantivo refere-se quando o auditor adquire provas para embasar a sua opinião, e teste de observância quando o auditor verifica se os processos internos previamente determinados estão realmente sendo realizados na empresa (Maffei, 2015). 7 Ao final de cada projeto, o gestor responsável deve fazer uma reunião com os auditores, verificando aspectos qualitativos e quantitativos e revisão do plano de auditoria (Maffei, 2015). Figura 5 - A auditoria operacional se baseia em metodologias semelhantes ao Ciclo PDCA Créditos: SWKStock/Shutterstock. 2.4 Auditoria analítica Avalia aspectos específicos e gerais do sistema, utilizando métodos quantitativos. Os dados obtidos são transformados em conhecimento e em indicadores, objetiva sistematizar os processos, avaliar o desempenho e clarificar as decisões que serão tomadas pelo corporativo. Tal tipo de auditoria envolve-secom o setor de tecnologia da informação, financeiro e estatístico (Morais; Burmester, 2017). O auditor analítico consegue verificar se tal procedimento realizado por determinada companhia é válido, relacionando o custo-benefício. Para isso é necessário ter ciência sobre todos os processos para validar as informações e, assim, poder apresentar ações que visam qualidade com minimização de custos (Morais; Burmester, 2017). 8 Figura 6 - Auditoria analítica baseia-se em análises estatísticas Créditos: Indypendenz/Shutterstock. 2.5 Metodologia da auditoria É importante discernir a diferença entre gestão da qualidade e auditoria, o primeiro refere-se a todos os procedimentos que objetivam trazer o nível de qualidade desejado. E o segundo tópico trata do controle dos processos e, assim, utilizando-os de forma adequada, podem garantir a qualidade (Lobo, 2010). Cada organização deve criar seus próprios procedimentos de forma detalhada, para que a auditoria da qualidade possa analisar cada processo, podendo ser aplicada tanto em produtos, serviços e operações de trabalho. A preparação para a auditoria da qualidade envolve foco, processos bem definidos e controlados. Os envolvidos devem ter conhecimento sobre tais procedimentos e sempre manter uma boa comunicação entre os gestores e a equipe (Lobo, 2010). A avaliação da auditoria impacta todo o ciclo de trabalho, os comentários que são empregados após a verificação, visam trazer melhorias e rever as fases envolvidas no processo. Toma por base padrões provenientes de normas nacionais e internacionais, como a ISO 9001, a qual iremos explanar melhor no segundo módulo de estudo sobre Controle de Qualidade (Lobo, 2010). Delinear os critérios que serão aplicados durante a auditoria é essencial para a avaliação, pois o auditor, quem realizará esse procedimento, deve opinar 9 objetivamente e apresentar, consequentemente, os resultados de forma consistente, por meio de relatórios. O auditor precisa ser experiente, ter segurança sobre a sua função e profunda ciência sobre as normas estabelecidas (Zobaran, 2019). A auditoria deve possuir um escopo em que constará a amplitude do trabalho, com a determinação de qual parte do processo será auditado. Após a definição, o auditor deve apresentar o escopo. A partir disso, dar-se-á início à coleta de dados e informações (Mattos, 2017). A amostragem é a coleta de amostras que representam uma população, envolvendo estatística e diferentes modos de seleção, cabe ao auditor determinar a quantidade de dados coletados, de acordo com sua expertise pessoal. A coleta de amostras é uma das principais fases da auditoria, a qual proporciona ao auditor ter uma conclusão assertiva sobre o processo (Mattos, 2017). Dentre as técnicas de auditoria estão a revisão analítica, que por meio de interpretação dos dados, demarca as inconformidades e dados discrepantes; ferramenta da observância, por meio de revisão de processos consegue verificar a veracidade das informações cedidas pelo auditado; testes substantivos, correlação de métodos aplicados com os documentos apresentados (Mattos, 2017). Figura 7 - Auditoria é organizada sistematicamente e com processos bem definidos Créditos: Alfa Photo/Shutterstock. 10 2.6 Gestão de risco na auditoria O auditor elabora um documento, juntamente com especialistas, denominado de matriz de riscos, cuja finalidade é identificar os perigos a que a organização, em estudo, está exposta e, consequentemente, criar estratégias para diminuí-los. A matriz de risco pode ser global, que possibilita uma visão sistêmica do processo e impede combinações de riscos; ou localizada, que faz intersecção de perigos de uma área específica (Maffei, 2015; Mattos, 2017). Os riscos são classificados como baixo, médio, alto. Alguns riscos gerais e comuns às empresas estão normalmente relacionados à área de compras, vendas, financeiro e a logística. O plano de auditoria deve constar os riscos encontrados e quão críticos são ao sistema (Maffei, 2015; Mattos, 2017). A gestão de riscos enrijece as resoluções, evita surpresas, dispõe de viabilidades, de modo consequente, possibilita o decréscimo de custo e até o aumento de ganhos. O papel da auditoria no processo da gestão de riscos não está em gerir os riscos, mas em avaliar, validar a relevância destes e a eficiência das atitudes tomadas contra os problemas encontrados (Maffei, 2015; Mattos, 2017). TEMA 3 – AUDITORIA NO SERVIÇO DE SAÚDE Há a necessidade de que os serviços de saúde sejam prestados com qualidade e de forma eficiente, assim como qualquer outro estabelecimento, deve respeitar as regras humanas, sociais, regulatórias (Morais; Burmester, 2017). A definição de autoria em saúde envolve fiscalização, a qual tem a finalidade de avaliar os resultados obtidos, fazer um exame sistemático, interpretar dados e transformar isso em processos de assistência. Monitorar as mudanças propostas e implementar programas de melhoria contínua aos profissionais de saúde (Morais; Burmester, 2017). Desde o século XVI, o conhecimento científico tem evoluído, proporcionando o desenvolvimento de técnicas, favorecendo a aplicabilidade na área clínica. A ciência desde então tem criado protocolos e metodologias, por meio de estudos e comprovações (Morais; Burmester, 2017). Em 1847, Semmelweiss, médico de origem germânica, e Florence Nightingale, enfermeira italiana, viveram em uma época em que havia atendimentos de soldados feridos e mutilados devidos às guerras, e o ambiente 11 proporcionou a criação de processos que contribuíram para a organização da logística de pacientes dentro dos hospitais e tópicos sanitários (Morais; Burmester, 2017). A complexidade aumentou progressivamente, fazendo com que as revisões de metodologias fossem periódicas, houve fragmentação de processos, criação de linhas de produção, havendo a necessidade cada vez maior de controle e gestão (Morais; Burmester, 2017). Quanto ao histórico da auditoria em saúde, no Brasil, para que o entendimento seja amplo e culturalmente ajustado; as organizações de saúde começaram pelos hospitais, os quais, ainda hoje, são vistos como resposta para os problemas encontrados. Duas grandes greves de trabalhadores proporcionaram a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública, em 1923, que apresentava programas de prevenção à saúde. E no mesmo ano, por meio de uma lei chamada de Lei Eloy Chaves, iniciou- se a previdência social no Brasil, a qual englobava assistência médica aos filiados (Morais; Burmester, 2017). Em 1988, pela Constituição Brasileira a saúde passou a ser direito de todos os cidadãos e um dever do Estado, a partir disso foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), que apresenta diretrizes para ações de saúde para todo território nacional (Morais; Burmester, 2017). O Ministério da Saúde define que a auditoria funciona por meio de observação, medição, verificação de adequações e, assim, conclui se as ações de saúde e seus resultados estão de acordo com os planejamentos. Elaborou um Manual de Normas de Auditoria, o qual de maneira sistemática objetiva a preservação do cumprimento de normas e legislações vigentes sobre saúde (Machado et al., 2021; Morais; Burmester, 2017). Os Conselhos de profissionais em saúde, como de médicos e enfermeiros, os quais apresentam normas sobre atendimentos, regulamentações e detalhamentos de funções, proporcionando base aos processos de auditoria (Morais; Burmester, 2017). A auditoria em saúde, que começou como um ramo do setor médico, passou a abranger outras profissões, sendo uma das ferramentas primordiais para a gestão de saúde. Envolve manutenção, ajustes, melhorias, prestação de serviços, preservação e otimização de recursos, fiscalização, aspectos 12 financeiros, de assistência e satisfação docliente (Machado et al., 2021; Morais; Burmester, 2017). Figura 8 - Constituição Brasileira estabelece que a “Saúde é direito de todos e dever do Estado” Créditos: Appreciate/Shutterstock. TEMA 4 - AUDITORIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE A Constituição Federal Brasileira, de 1988, estabeleceu aos cidadãos o direito à saúde. A partir dela o Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado e é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, garantindo assistência integral e gratuita (Brasil, 2014). O Sistema Único de Saúde (SUS) apresenta uma ampla rede de serviços e ações voltadas à saúde, possui uma organização regional e hierarquizada de acordo com a complexidade. O Ministério da Saúde representa a União, as Secretarias Estaduais de Saúde referem-se aos Estados e Distrito Federal e as Secretarias Municipais de Saúde aos municípios (Brasil, 2014). O SUS é composto pelos princípios de (Solha, 2014): Universalização - todos os indivíduos têm direito ao acesso à saúde, independentemente do sexo, raça, ou qualquer característica social ou pessoal. Equidade - a finalidade desse princípio é diminuir a desigualdade, atende o cidadão de acordo com as necessidades pessoais. 13 Integralidade - considera os indivíduos como um todo, atendendo todas as necessidades, por meio de ações intersetoriais, diferentes áreas trabalham juntas para a promoção de saúde e qualidade de vida das pessoas. Por meio da auditoria é possível verificar e regular o Sistema Único de Saúde (SUS), tendo como objetivo prezar pela qualidade dos serviços ofertados, atender princípios básicos e éticos do sistema público, evitar desperdícios de recursos, identificar fraudes. O Sistema Nacional de Auditoria (SNA) realiza a supervisão da auditoria, controle interno, juntamente com o Departamento de Controle, Avaliação e Auditoria e o Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) (Brasil, 2014; Solha, 2014). O SNA controla atividades e serviços de saúde, averiguando se estão de acordo com as conformidades padrões, em busca de eficiência, eficácia e efetividade. E funciona de acordo com três esferas em nível estadual, municipal e federal. O controle externo é realizado pelo Poder Legislativo, Tribunal de Contas e Ministérios Públicos Federal e Estaduais (Brasil, 2014; Machado et al., 2021). Os recursos financeiros do SUS são direcionados para cada esfera e fiscalizados pelos Conselhos de Saúde, a auditoria tem papel fundamental para a administração das contas. Na esfera federal é por meio do Fundo Nacional de Saúde, regido pelo Ministério da Saúde, que o orçamento da seguridade social é orientado (Machado et al., 2021). Por meio do Relatório de Gestão do Ministério da Saúde é possível verificar a contabilidade, proveniente da receita da Seguridade Social, Previdência Social, entre outras, e as despesas orçamentárias geradas, como uma prestação de contas pelos recursos recebidos, facilitando o monitoramento da auditoria (Machado et al., 2021). De acordo com o Manual “Princípios, Diretrizes e Regras da Auditoria no SUS no âmbito do Ministério da Saúde”, por meio da auditoria é possível detectar irregularidades e proporcionar melhorias aos processos envolvidos na gestão do Sistema Único de Saúde. O Departamento Nacional de Auditoria do SUS define como as auditorias devem ser realizadas, seguindo princípios éticos e orientações previstas pela Administração Pública (Brasil, 2017; Machado et al., 2021). 14 Figura 9 - Cartão do usuário para acesso ao Sistema Único de Saúde Créditos: Brenda Rocha – Blossom/Shutterstock. 4.1 Processos envolvidos na auditoria do Sistema Único de Saúde A auditoria do SUS abrange técnicas para avaliação da estruturação, produtos e recursos, averiguação das ações de saúde, serviços prestados (ambulatoriais, hospitalares, laboratoriais, entre outros) e nas três esferas de governo (Machado et al., 2021). Pode ser aplicada de maneira interna, dentro de órgãos e instituições governamentais, sendo dirigida pelos chefes de departamentos; ou externa, fiscalizada por entidade superior e que não integra a estrutura organizacional (Machado et al., 2021). A auditoria do SUS é realizada pelo Sistema Nacional de Auditoria (SNA) e é composta pela fase analítica, planejamento de ações, verificando as normas vigentes de acordo com os elementos que serão auditados; fase operativa, em que são levantadas as evidências, efetuação de atividades e procedimentos de auditoria; fase de relatório final, em que conclusões são geradas de acordo com o que foi analisado nas fases anteriores (Brasil, 2014; Machado et al., 2021). Diretrizes para atuação da auditoria do SUS envolvem descrição de atividades específicas em cada setor de gestão, a descentralização e ao mesmo tempo a integração de toda nação brasileira. Análise de recursos, resposta dos usuários, atentando-se na prevenção e correção de problemas, garantindo acesso e humanização. Composta por perspectivas econômicas, em busca da redução de gastos e melhor uso dos recursos; e perspectiva assistencial, que se 15 refere aos profissionais, oferecendo qualificação continuada, com a finalidade de promover qualidade em todos os serviços, dentro dos embasamentos éticos e legais (Machado et al., 2021). Os auditores do SUS devem ter condutas que envolvem ceticismo, julgamentos com argumentações válidas e concretas, competências embasadas em profundo conhecimento técnico, comportamento ético, de caráter íntegro, imparcial e responsável, prezando pelo sigilo (Machado et al., 2021). TEMA 5 – AUDITORIA EM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS Para se realizar auditoria dentro de um laboratório de análises clínicas deve-se elaborar um plano conciliando as normas que serão seguidas com a execução. Toda a equipe deve estar preparada e ciente das etapas que a envolvem, sendo que um auditor líder organizará a sistemática (Meira, 2012). No planejamento da auditoria deve constar todos os setores envolvidos e o tempo necessário para a verificação em cada setor, o qual pode variar de acordo com a complexidade. O melhor período para ocorrer uma auditoria é no período do dia em que há a maior realização de exames, para que seja aplicada à realidade laboratorial (Meira, 2012). Analisar previamente os relatórios de auditorias anteriores, identificando quais foram os problemas encontrados, e por meio das ações corretivas instruir a equipe atual para buscar eventuais falhas, as quais podem estar ocorrendo ainda com certa frequência, também a verificação se o plano de ação foi efetivo (Meira, 2012). Dentro de um laboratório de análises clínicas, a auditoria pode ser realizada por um empregado, ou por um auditor terceirizado, porém é importante que pelo menos alguém da equipe tenha conhecimento de como se procede uma auditoria e como se avalia esse processo, para que o acompanhamento após as ações corretivas seja executado com mais eficácia (Meira, 2012). A auditoria externa ocorre quando uma instituição acreditadora ou certificadora realiza esse procedimento. Realizada em períodos acordados contratualmente e feita por auditores capacitado em normas (como: PALC - Programa de Acreditação de Laboratório Clínico da SBPC/ML) e com experiência prévia na área (Meira, 2012). 16 Indiferentemente do tipo de auditoria que será aplicada em um laboratório de análises clínicas, o auditor deve identificar tópicos e ações que podem, posteriormente, se transformar em problemas. Figura 10 - Auditoria no laboratório deve ocorrer no período do dia em que há a maior realização de exames Créditos: Matej Kastelic/Shutterstock. NA PRÁTICA A auditoria, independentemente do ramo, pode cooperar para tomada de decisões pela gestão, melhorar a qualidade de serviços, perceber falhas e inconformidades no sistema avaliado e fraudes. De acordo com uma notícia publicadano site da Controladoria Geral da União (CGU), em março de 2019, esse órgão, por meio da aplicação da auditoria, juntamente com a atuação da Polícia Federal, pode combater esquemas de desvio de recursos na área de saúde, de fraude à licitação, superfaturamento, peculato e lavagem de ativos no estado da Bahia, de acordo com as investigações, valores superfaturados chegam a oito milhões de reais. No artigo de Cardoso et al. (2016), verificou-se o uso da auditoria na fase pré-analítica, como estudado no módulo de Controle de Qualidade, é a fase em que mais se encontram os erros laboratoriais, a pesquisa envolveu a avaliação sobre técnicas de coleta sanguínea em 12 laboratórios, padronizações nessa fase de atendimento e normas de segurança. A partir disso, detectou-se a 17 necessidade de implementação de ações corretivas e preventivas, formação contínua dos colaboradores, maior preocupação com a biossegurança em laboratórios. Aluno, para melhor fixação do conteúdo, explorando mais a aplicabilidade da auditoria, você pode verificar relatórios de auditoria dispostos pela Controladoria-Geral do Distrito Federal, que disponibiliza para os cidadãos acesso às informações buscando maior transparência e controle. Disponível em: <https://www.cg.df.gov.br/relatorios-de-auditorias/>. Acesso em: 1 nov. 2021. FINALIZANDO A auditoria é um processo que pode transformar os problemas encontrados em oportunidades de melhoria e até inspirar a criatividade para inovação, propiciando algo de valor aos que usufruem dos serviços. A capacidade de se aprender com os erros e acertos contribuem para o sucesso das organizações. Uma frase de Albert Einstein, um renomado físico e matemático alemão, contribui para esse esclarecimento, que diz “Não se pode resolver os problemas utilizando o mesmo tipo de pensamento que usamos quando os criamos”. 18 REFERÊNCIAS ARAUJO, I. P. S. et al. Auditoria contábil: enfoque teórico, normativo e prático. São Paulo: Saraiva, 2008. BATISTA, D. G. Manual de controle e auditoria: com ênfase na gestão de recursos públicos. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. BRASIL. Controladoria Geral da União. CGU e PF combatem esquema de desvio de recursos da Saúde em Salvador (BA). Governo Federal, 20 mar. 2019. Disponível em: <https://www.gov.br/cgu/pt-br/assuntos/noticias/2019/03/cgu-e- pf-combatem-esquema-de-desvio-de-recursos-da-saude-em-salvador-ba>. Acesso em: 1 de nov. de 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento Nacional de Auditoria do SUS. Vamos conversar sobre auditoria do SUS? Brasília: Ministério da Saúde, 2014. CARDOSO, A. et al. Auditorias na fase pré-analítica – uma ferramenta para autoavaliação do laboratório. Acta Farmacêutica Portuguesa, vol. 5, n.1, p. 80- 88, 2016. CASTRO, D. P. Auditoria, contabilidade e controle interno no setor público. 7. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2018. FAVERO, F. Responsabilidade civil dos auditores independentes: uma análise da sua função e critérios para sua responsabilização. Grupo Almedina, 2018. LOBO, R. N. Gestão da qualidade. 2. ed. São Paulo: Érica, 2010. MACHADO, B. F. H. et al. Faturamento e auditoria em saúde. Porto Alegre: SAGAH, 2021. MAFFEI, J. L. Curso de auditoria: introdução à auditoria de acordo com as normas internacionais e melhores práticas. São Paulo: Saraiva, 2015. MATTOS, J. G. D. Auditoria. Porto Alegre: SAGAH, 2017. MEIRA, C. Qualidade em laboratório clínico. São Paulo: Sarvier, 2012. MORAIS, M. V.; BURMESTER, H. Auditoria em saúde. São Paulo: Saraiva, 2017. O'HANLON, T. Auditoria de qualidade. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 19 SANTOS, L. L. D. Auditoria. 4. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2017. SOLHA, R. K. T. Sistema Único de Saúde - componentes, diretrizes e políticas públicas. São Paulo: Saraiva, 2014. VALENCIO, M.; NGUEVE, F. A ética e a deontologia na auditoria empresarial. Bloomington, EUA: Palibrio, 2014. ZOBARAN, R. Auditoria contábil: estrutura conceitual de asseguração. São Paulo: Editora Senac, 2019. AUDITORIA E CONTROLE DE QUALIDADE AULA 2 Profª Letícia Silvério 2 CONVERSA INICIAL Caro(a) aluno(a), Nesse módulo continuaremos o estudo sobre auditoria e as suas aplicabilidades, em específico nos laboratórios de análises clínicas. O laboratório clínico faz parte de um grande sistema de saúde, tem papel fundamental na contribuição para a medicina moderna e objetiva prestar serviços de assistência ao paciente. A prestação de serviços de um laboratório envolve atitudes voltadas à acessibilidade aos seus usuários, agilidade na execução dos exames, aplicação de programas de garantia de qualidade e melhoria contínua, relacionamento com o corpo clínico e equipe técnica, na indicação, interpretação e comunicação de exames. Em geral, a área de saúde está constantemente buscando qualidade, por meio das metodologias de acreditação em saúde. O processo de acreditação propicia a transformação de pensamento e cultura da organização, coopera para a construção de uma melhor infraestrutura e maior domínio sobre os processos. Ainda nesse módulo veremos alguns órgãos que fornecem acreditação e certificação para laboratórios clínicos brasileiros e normas importantes para nortear procedimentos, que contribuem para a gestão de riscos, diminuição de erros e aplicação da biossegurança. Vamos lá? TEMA 1 – GESTÃO DOS SERVIÇOS DE UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS O laboratório é um dos pioneiros, dentro do setor de saúde, na promoção e execução da qualidade nos seus processos. A qualidade laboratorial é estabelecida por todos os setores envolvidos, pelos seus usuários e profissionais (Julião et al., 2020). Como um laboratório é um estabelecimento que presta serviços de saúde, requer que as suas estruturas e técnicas sejam aptas, por isso segue regulamentos estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo Ministério da Saúde (MS), Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), secretarias estaduais e municipais (Julião et al., 2020). 3 Dentre os vários fatores que devem ser considerados para o desenvolver de um laboratório, estão em como as estruturações arquitetônicas atenderão às necessidades dos pacientes, deve-se planejar como será o fluxo de atendimento, locomoção e segurança. Assim como todos os espaços físicos do laboratório, desde o local onde se fará a triagem do paciente (recepção), a coleta dos materiais biológicos e suas respectivas análises (setor técnico). A acessibilidade é um critério intrínseco, portanto deve ter a construção de rampas de acesso (Julião et al., 2020). Brasil (2002) apresenta uma Resolução que dispõe de informações sobre planejamentos e projetos físicos de estabelecimentos assistenciais na área da saúde, de como deve ser a infraestrutura de um laboratório, como: ventilação, temperatura, disposição de móveis. O estabelecimento deve ter um alvará sanitário e um responsável técnico pelo laboratório. O responsável técnico deve garantir a qualidade de todos os processos do laboratório, orientar a sua equipe, atentar-se sobre às documentações atualizadas, possuir ensino superior e estar inscrito no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES) (Julião et al., 2020). Figura 1 – Laboratório deve ter um responsável técnico Créditos: Alexander Raths/Shutterstock. 4 O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) deve ser implementado pelo laboratório, documento que consta como ocorre o descarte de resíduos produzidos, a RDC Anvisa n. 306, de 7 de dezembro de 2004, estabelece tais padrões. Assim como, questões voltadas sobre biossegurança, informações que devem ser amplamente divulgadas para os colaboradoresda instituição (Brasil, 2004). Ferramentas de qualidade cooperam para a avaliação do gestor em um laboratório, desde a fase pré até a pós-analítica, e tem como objetivo organizar, facilitar as análises e interpretações. Algumas dessas ferramentas podem ser exemplificadas como diagramas de processos e folhas de verificação, as quais estão mais bem explicadas no módulo sobre ferramentas do controle de qualidade (Julião et al., 2020). A partir da realização de auditoria dentro de um laboratório de análises clínicas é possível verificar se os dados dos pacientes estão correlacionados com os indicadores de qualidade, contribuindo para um maior controle e averiguação das fases em que são necessárias mudanças de processos para que ocorram melhorias (Julião et al., 2020; Meira, 2012). Figura 2 – Recepção de um laboratório de análises clínicas Créditos: hedgehog94/Shutterstock. 5 TEMA 2 – APÓS A AUDITORIA LABORATORIAL Dentre os objetivos da auditoria dentro de um laboratório de análises clínicas está a identificação de não conformidades e ocorrências e, diante destas, pode-se promover ações de melhoria. Não conformidade é quando algum procedimento não atende aos requisitos previstos, gerando uma inflação. A ocorrência é um fato que não foi previsto e não está de acordo com a referência estabelecida, entretanto não gera dano ao processo. Dependendo da frequência de uma ocorrência, pode virar uma não conformidade, por isso é importante uma avaliação mais apurada sobre tais repetições (Meira, 2012). Ações com o objetivo de dar fim a uma não conformidade, fazendo com que não haja repetição do fato, podem ser chamadas de ações corretivas. Já uma ação preventiva ocorre quando condutas são tomadas para que uma não conformidade não ocorra, pretendendo-se dar fim à sua causa (Meira, 2012). Uma não conformidade se repete quando a sua causa não foi identificada ou as ações corretivas não foram efetivas, tal fato é muito comum dentro do laboratório, independentemente do seu porte e nível de complexidade. Por isso, é necessário que o empenho pela busca das causas seja com afinco (Meira, 2012). Se a causa de um problema é o esquecimento, por exemplo, o colaborador esqueceu de solicitar que o serviço de calibração das pipetas do laboratório fosse realizado, treinar o pessoal é importante, mas não trata a causa do problema. Para solucionar isso, deve-se mudar o processo anterior, de modo que a memória não seja o ponto-chave para solucionar esse problema. Medidas para solucionar a causa: programar na agenda eletrônica o recebimento de um lembrete para contratar os serviços de calibração, estabelecer um fluxograma e administrar responsabilidades para tal tarefa (Meira, 2012). O laboratório deve ter documentado de forma clara as não conformidades e definir uma data limite para que ocorra análise da causa dos problemas. Analisar sobre as soluções corretivas cabíveis, após a aplicação destas e verificar se trouxeram melhores resultados (Meira, 2012). Ferramentas de gestão da qualidade podem auxiliar na detecção da raiz dos problemas encontrados, exemplificativamente: brainstorming, 5W2H, diagrama de Ishikawa, gráfico de Pareto (Harmening, 2009; Meira, 2012). 6 Figura 3 – Relatório de auditoria Créditos: Andrey_Popov/Shutterstock. TEMA 3 – O AUDITOR DE UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS O auditor deve aplicar as seguintes técnicas: Realizar a leitura de documentos da organização laboratorial, proporcionando a ciência se todos os processos, em todos os níveis, estão sendo realizados, de acordo com a política e integridade. Nessa fase é possível verificar se os colaboradores estão realmente envolvidos com a qualidade (Meira, 2012). A observação de práticas realizadas dentro do laboratório e a verificação se tais atitudes condizem com os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) e com as políticas documentadas, possibilitando a identificação se tais processos estão implementados na rotina (Meira, 2012). Por meio de perguntas, o auditor proporciona uma maior proximidade com os colaboradores do laboratório, possibilitando a percepção de detalhes e evidências importantes para o processo da auditoria. Essas perguntas podem ser exemplificadas, como: “Conte-me como você realiza certo procedimento...” ou “Caso ocorresse uma situação “x”, o que você faria?” (Meira, 2012). 7 Para descobrir desvios durante as fases que ocorrem na rotina laboratorial, fases essas explicadas no módulo sobre Controle de Qualidade, nomeadas como pré-analítica, analítica e pós- analítica, o auditor pode solicitar ao profissional que o ensine sobre determinado procedimento, isso pode clarificar se as implementações estão sendo realmente aplicadas (Meira, 2012). Figura 4 – Auditor atuando em um laboratório Créditos: Chalermchai99/Shutterstock. 3.1 A atuação do profissional de saúde na auditoria Uma das possibilidades de habilitação para o profissional de saúde é a auditoria, alguns exemplos de carreiras que podem exercer essa função: a Biomedicina, Farmácia, Enfermagem, Biologia, Medicina. Segundo a Resolução CRBM n. 184 (2010), o auditor pode atuar na totalidade da área de saúde, em todos os níveis (federal, estadual e municipal) e nas esferas públicas e privadas. A auditoria pode operar em procedimentos técnicos, científicos, contábeis, financeiros, patrimoniais. O auditor pode verificar a conformidade de empresas correlacionando com leis, normas, resoluções. Dentre suas atividades, pode auditar serviços de saúde (hospitais, laboratórios, clínicas), incluindo o SUS, em convênios, realizar gerenciamento de custos (Conselho Federal de Biomedicina, 2010). 8 Cabe a este profissional a possibilidade de fornecer relatórios para a vigilância sanitária e acompanhar vistorias, averiguar a qualidade de serviços de saúde prestados à população. Atender às demandas do Ministério da Saúde, disponibilizar informações ao Ministério Público e aos Conselhos de Profissionais de Saúde (Conselho Federal de Biomedicina, 2010). Por meio de relatórios pode apresentar as inconformidades encontradas, podendo orientar aos prestadores com medidas para a efetiva correção e avaliar por meio das ações tomadas as possíveis melhorias. Pode trazer orientação aos prestadores, em busca de eliminar dúvidas e clarificar processos. Também tem a oportunidade de ministrar cursos voltados à área da auditoria (Conselho Federal de Biomedicina, 2010). Figura 5 – Profissional de saúde auditor Créditos: Gorodenkoff/Shutterstock. TEMA 4 – ACREDITAÇÃO E CERTIFICAÇÃO LABORATORIAL 4.1 Acreditação Por meio da auditoria, podendo ser em uma organização governamental ou não, a acreditação é realizada por avaliação externa, verifica se o laboratório é tecnicamente competente, se atende aos procedimentos predeterminados e se é capaz de desempenhar as atividades propostas com excelentes padrões de qualidade (Xavier et al., 2016). 9 Os princípios da acreditação para laboratórios clínicos foram difundidos pela World Association of Societies of Pathology and Laboratory Medicine e a International Federation of Clinical Chemistry, em 1999. E assim, destaca a importância para os pacientes, sociedade e o sistema governamental (Xavier et al., 2016). A maior parte dos diagnósticos médicos são realizados por meio de exames laboratoriais, o recebimento de resultados não fidedignos à realidade do paciente pode gerar consequências graves, até o óbito precoce. Por isso, acreditar um laboratório dá suporte para que a entrega de resultados seja condizente e se o laboratório atua de forma satisfatória (Xavier et al., 2016). Assim, atestar a sua competência é direito dos usuários, seguradoras ou governo, que por meio da auditoria realizada dispõem de dados, podendo obter uma comprovação pública sobre o seu nível de qualidade, omercado exige tais verificações. A acreditação laboratorial guarnece aos que consomem os serviços que estes podem confiar nas competências da prestação (Meira, 2012; Xavier et al., 2016). Os conceitos que participam da acreditação são delimitados por especialistas, os quais dominam os conhecimentos técnicos, compreendem os avanços tecnológicos voltados à área e observam o que pode ser otimizado e possível para a rotina laboratorial, consequentemente aspiram a alta qualidade e envolvimento de toda a gestão e colaboradores (Meira, 2012; Xavier et al., 2016). A acreditação é uma certificação semelhante ao ISO, porém voltada para os setores de saúde. Internacionalmente, a acreditação de laboratórios é aplicada pelo College of American Pathologists e pela ISO 15189 (Meira, 2012; Moraes, 2019). 10 Figura 6 – A acreditação é comandada por especialistas na área Créditos: Gorodenkoff/Shutterstock. 4.2 Certificação A certificação é uma garantia escrita de que tal produto ou serviço está conforme com o que foi previamente padronizado, por meio de um reconhecimento formal. Por meio de auditoria independente, ou de terceira parte, avalia se os procedimentos praticados dentro do laboratório de análises clínicas estão de acordo com as vigentes regulamentações e legislações (Meira, 2012). No Brasil, existem três órgãos que realização o processo de certificar e acreditar laboratórios de análises clínicas, a Organização Nacional de Acreditação (ONA), a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas e a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (Meira, 2012; Moraes, 2019). Para se obter uma acreditação ou certificação dos órgãos, que seguidamente apresentaremos, é necessário que o laboratório clínico realize um controle de qualidade permanente, para que ocorra a redução progressiva de erros e adequação de procedimentos e resultados por meio de métodos internos e externos (Meira, 2012; Oliveira; Melo, 2020). As auditorias contribuem para que a qualidade interna busque suas fraquezas e pontos de melhorias e a realização destas são essenciais para que ocorra a acreditação de um laboratório (Oliveira; Melo, 2020). 11 Figura 7 – A certificação é uma garantia escrita de que tal produto ou serviço está conforme com o que foi previamente padronizado Créditos: Gorodenkoff/ Shutterstock. 4.3 Norma PALC do Programa de Acreditação da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina laboratorial Atende laboratórios públicos e privados em todo Brasil, programa que beneficia laboratórios e dá suporte para que produzam exames mais confiáveis e, consequentemente, contribuam para a saúde do paciente. Promove a qualidade e o ideal de melhoria contínua (Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, 2021). A norma PALC se baseia em normas internacionais, diretrizes da OMS, Norma ISO 15189:2005, ISQua Standard e regulamentos nacionais. The International Society for Quality in Healthcare (ISQua Standard) é uma organização com reconhecimento e amplitude mundial, a qual preza pela segurança e qualidade nos serviços de saúde oferecidos (Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, 2021). A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica criou o PALC, em 1988, que estimula os laboratórios acreditados a buscarem melhoria contínua na sua gestão, proporcionando maior competividade no mercado (Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, 2021). 12 Para se inscrever no PALC o laboratório necessita conhecer o regulamento do programa, fazer a implantação dessa norma em seu laboratório, pelo menos um dos colaboradores da empresa deve ter realizado o curso de auditoria interna do PALC, estar inscrito em programa de proficiência e, no mínimo em uma rodada, deve ter sido avaliado externamente para todos os exames realizados pelo laboratório (Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, 2021). Figura 8 – PALC - Acreditação laboratorial Créditos: Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, 2021. 4.4 Norma DICQ da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) A Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, com a finalidade de verificar a qualidade e operacionalizar a acreditação em laboratórios, criou o Departamento de Inspeção e Credenciamento de Qualidade (DICQ) (Sistema Nacional de Acreditação DICQ, 2018). A SBAC se filiou à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e, assim, institui normas. Em 2005, o DICQ formou o Sistema Nacional de Acreditação (SNA) devido ao seu grande crescimento no mercado (Sistema Nacional de Acreditação DICQ, 2018). Segue normas nacionais e internacionais de qualidade, tem o objetivo de proporcionar melhorias nos processos envolvidos e maior competição dos laboratórios acreditados no mercado. Manual é embasado na ABNT NBR ISO 15189:15, ABNT NBR ISO/IEC 17025 e ABNT NBR ISO 9001 (Sistema Nacional de Acreditação DICQ, 2018). Alguns dos requisitos para se inscrever no programa DICQ: o laboratório deve ter instalações apropriadas, com habilitação legal, pessoal tecnicamente 13 preparado, controle de qualidade interno e externo com bom desempenho (por pelo menos um ano), ter em anexo o currículo do responsável técnico e do diretor do laboratório, uma lista de todos os equipamentos utilizados, relação de todos os exames realizados pelo estabelecimento, listagem dos exames que são terceirizados, o certificado do curso do Programa Nacional de Controle de Qualidade (PNCQ) (Sistema Nacional de Acreditação DICQ, 2018). Figura 9 – DICQ - Acreditação laboratorial Créditos: Sistema Nacional de Acreditação DICQ, 2018. 4.5 Norma da Organização Nacional de Acreditação (ONA) Em 1999 foi fundada no Brasil a Organização Nacional de Acreditação (ONA), é uma organização que não possui fins lucrativos, pessoa jurídica e de direito coletivo. Tem como finalidade implantar uma avaliação permanente e proporcionar a certificação aos serviços de saúde para que alcancem altos níveis de qualidade (Julião et al., 2020; Tajra, 2015). ONA tem a missão de melhorar a gestão e a segurança das assistências em saúde além de promover a educação e aprimoramento continuado para os profissionais envolvidos. Utiliza metodologia reconhecida internacionalmente pela ISQua (International Society for Quality in Health Care), que é uma associação que possui parceria com Organização Mundial da Saúde (OMS) (Moraes, 2019). Pode acreditar hospitais, laboratórios, serviços de hemoterapia, centros de nefrologia, odontologia, entre outros estabelecimentos. Possui três níveis de acreditação: nível 1, acreditado, em que a organização avaliada cumpre ou supera em 70% os padrões de qualidade e segurança estabelecidos pelo ONA, 14 a certificação válida é por dois anos; nível 2, acreditado pleno, atende em 80% ou mais, certificação válida por dois anos; nível 3, acreditado com excelência, o qual desempenha em 90% ou mais, certificação válida por três anos (Julião et al., 2020; Moraes, 2019; Tajra, 2015). Figura 10 – Símbolo da Organização Nacional de Acreditação Créditos: ONA, 2021. TEMA 5 – NORMAS ABNT NBR ISO 15189:2015; ABNT NBR 14785:2001; ABNT AMN ISO/TS 22367:2009 5.1 ABNT NBR ISO 15189:2015 Em 2015, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a norma NBR ISO 15189:2015, direcionada aos laboratórios clínicos, a qual define requisitos de qualidade e competências (Souza et al., 2016; Sheide, 2013). Norma que foi desenvolvida com base nas normas ISO/IEC 17025 e ABNT NBR ISO 9001 (mais bem detalhadas no capítulo sobre controle de qualidade), criada com o objetivo de apoiar a promoção dos sistemas de gestão da qualidade, menciona requisitos relacionados a todas as fases que compõem o processo laboratorial (Souza et al., 2016). Alguns dos assuntos referidos é a orientação para que os contratos feitos com laboratório de apoio sejam revisados periodicamente,atentando-se em todas as fases dos exames laboratoriais (pré ao pós-analítico), com registro de todos os laboratórios de apoio que o assessoram e listando todas as amostras que foram enviadas. Todos os serviços externos devem estar documentados, como uso de equipamentos, materiais de consumo (fornecedores), atentando- se às especificações, padrões e qualidade. A ISO 15189 define que o laboratório deve possuir uma política e procedimentos para as reclamações e feedback de 15 médicos e usuários dos serviços, identificando o que é relevante ou não, por meio de uma revisão administrativa (Sheide, 2013). Descreve os principais passos que devem ser aplicados como parte de um processo de acreditação, baseando-se em um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), o qual reflete na segurança do paciente. Trata sobre o controle de documentação e registros, sobre auditoria interna, identificação de não conformidades, ações preventivas e corretivas, recursos humanos, acomodações e condições ambientais, entre outros assuntos. É uma norma mais completa em requisitos técnicos e em procedimentos referentes à gestão (Souza et al., 2016). 5.2 ABNT NBR 14785:2001 Versão Corrigida:2002 Norma que tem como finalidade definir as especificações de segurança dentro de um laboratório clínico, quanto aos seus colaboradores, aos pacientes que são atendidos por meio desses serviços, aos clientes e ao meio ambiente (ABNT, 2001). Apresenta como deve ocorrer o plano de limpeza e desinfecção no laboratório, por exemplo: os aparelhos ou equipamentos devem ser limpos semanalmente ou após a contaminação com material biológico, com pano, gaze ou papel, utilizando água e sabão, álcool 70%, essa remoção de contaminação deve ser mecânica e com fricção por dois minutos até os produtos secarem (ABNT, 2001). O laboratório clínico deve garantir o gerenciamento de seus resíduos, prevenir a exposição acidental ao material biológico, caso ocorra a exposição, orienta quais os passos devem ser seguidos. Estabelece que os recintos do laboratório, nas portas, devem ser expostos os símbolos de risco biológico (ABNT, 2001). Outros temas abortados: transporte de amostras, uniformes e sapatos de colaboradores, EPIs (equipamentos de proteção individual), prevenção de incêndio, cobrança pela gestão do laboratório para que todos estejam devidamente vacinados (ABNT, 2001). Em um dos anexos dessa norma possui uma lista de verificação de auditoria de segurança, cabe ao auditor demarcar com “Sim”, “Não” ou “Não aplicável” para as perguntas referentes aos seguintes tópicos: requisitos gerais de segurança, equipamento de proteção individual, limpeza do laboratório, 16 exposições, informações de treinamento e procedimento da qualidade. Para exemplificação, uma das perguntas encontrada nesse anexo questiona se o EPI é disponível a todos os colaboradores, nos tamanhos adequados e se o uso é a critério do funcionário ou somente quando exigido (ABNT, 2001). 5.3 ABNT AMN ISO/TS 22367:2009 Tem como finalidade diminuir os erros que ocorrem no laboratório por meio da gestão de riscos e melhoria contínua. Define erro laboratorial como falha ocorrida mesmo com planejamento ou uma seleção errônea de delineamento. Refere-se a procedimentos que ocorrem em todas as fases (pré-analítica, analítica e pós-analítica), aplicável em todos os exames e serviços prestados pelo laboratório (ABNT, 2009; Souza; Mendes, 2019). Menciona que os erros podem ser identificados mediante à auditoria, preconiza a necessidade de relatórios voltados para notificação de incidentes, análise de riscos, registros de retificações de laudos, atrasos na entrega de exames, índice de resultados críticos notificados ou não e reclamações recebidas. Sugere como deve proceder a investigação de erros, sobre qual tipo, a causa raiz, o reconhecimento em qual fase ocorreu, como se evita a repetição deste e as consequências geradas (ABNT, 2009; Souza; Mendes, 2019). O entendimento sobre os impactos acarretados pelo erro, refletido, em consequência, sobre o desfecho clínico, pode conectar a equipe que trabalha no laboratório, despertar o senso de urgência e prioridade. Proporcionando, assim, maior segurança para os pacientes que dependem desse serviço (ABNT, 2009; Souza; Mendes, 2019). NA PRÁTICA Auditorias, independentemente do tipo, se interna ou externa, têm como finalidade reduzir erros, analisar dados, identificar fragilidades, desvios de processos e não conformidades, e é indispensável para o processo de acreditação de um laboratório. De acordo com um estudo realizado por Oliveira e Melo (2020), por meio de uma revisão integrativa de 15 artigos, verificou a efetividade e os resultados da aplicação da auditoria interna na certificação de laboratórios clínicos e concluiu que as auditorias são essenciais para a evolução da qualidade, quando praticadas com regularidade. Uma das consequências da aplicação foi a redução 17 das reclamações, em um dos estudos que o compõe, além da redução de amostras rejeitadas pelo laboratório. Oliveira e Melo (2020) ainda observaram por meio do estudo que o Sistema de Gestão de Qualidade contribui para que se aumente a confiabilidade nos exames executados, proporciona melhoria contínua, permite rápidas ações corretivas para os problemas encontrados. E concluíram que a norma ISO 15189 contribui para os processos de auditoria, resultando em alta produtividade e consequentemente lucro ao laboratório. De acordo com Moraes (2019), um artigo que discute sobre acreditação em laboratório a um hospital privado, após ser acreditado pela ONA, teve considerável redução do índice de infecção hospitalar, de 7% para 1%, em um período menor do que dois anos. FINALIZANDO O laboratório clínico desde sempre tem buscado inovações, representadas por equipamentos robotizados que aumentam a produtividade e diminuem erros de análises, pelo uso da tecnologia da informação que possibilita o envio de resultados para interface de forma rápida e confiável. Um dos assuntos mais atuais relativos à inovação é a tendência do uso de Teste Laboratorial Remoto, equipamento que realiza exames fora do espaço físico laboratorial. Como foi demonstrado ao longo desse módulo, há o compromisso dos laboratórios clínicos em aplicarem qualidade, refletindo diretamente na prestação de serviço à população. Porém, cabe aos profissionais envolvidos e à sociedade científica ter um mindset de multidisciplinaridade da ciência, o laboratório deve contribuir para melhoria global do atendimento à saúde e gerar conhecimento. 18 REFERÊNCIAS ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. AMN ISO/TS 22367:2009. Laboratório clínico — Redução do erro através da gestão de riscos e melhoria contínua. ABNT, 2009. ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14785:2001. Laboratório clínico - Requisitos de segurança. ABNT, 2001. BRASIL. Resolução RDC n. 306, de 7 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 7 dez. 2004. BRASIL. Resolução-RDC n. 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 21 fev. 2002. CRBM. Conselho Federal de Biomedicina. Resolução n. 184, de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre as atribuições do profissional Biomédico no exercício de auditorias e dá outras providências. JULIÃO, G. G. et al. Gestão de serviços de saúde. Porto Alegre: Sagah, 2020. MEIRA, C. Qualidade em laboratório clínico. São Paulo: Sarvier, 2012. MORAES, M. V. G. D. Sistema de Gestão: princípios e ferramentas. São Paulo: Saraiva, 2019. OLIVEIRA, S. A.; MELO, N. S. Eficácia e impactoda auditoria interna na certificação de laboratórios clínicos: uma revisão integrativa. Revista eletrônica Evidência e Enfermagem, 6(1), p. 27-39, 2020. SHEIDE, J. C. Os objetivos de endomarketing e a ISO 15189 na gestão de laboratórios clínicos. Dissertação de mestrado- Programa de Pós- Graduação em Engenharia de Produção. Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia. Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2013. SISTEMA NACIONAL DE ACREDITAÇÃO DICQ. Manual para acreditação do sistema de gestão da qualidade de laboratórios clínicos. 7. e. 2018. Disponível em: <https://acreditacao.org.br/wp-content/uploads/2021/04/manual- dicq-7aedicao2.pdf>. Acesso em: 26 out. 2021. 19 SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA. Programa de Acreditação de laboratórios clínicos. Norma, 2021. SOUSA, P.; MENDES, W. Segurança do paciente: conhecendo os riscos nas organizações de saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2019. SOUZA, M. C. et al. Normas para a gestão da qualidade em laboratórios de análises clínicas. Revista Espacios, v. 37, n. 6, 2016. TAJRA, S. F. Gestão em Saúde: noções básicas, práticas de atendimento, serviços e programas de qualidade. São Paulo: Saraiva, 2015. XAVIER, R. M. et al. Laboratório na prática clínica: consulta rápida. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. AUDITORIA E CONTROLE DE QUALIDADE AULA 3 Profª Marcelle de Lima Chiesa 2 CONVERSA INICIAL O cerne da auditoria e controle de qualidade está nas regulamentações dos órgãos fiscalizatórios. Essas áreas são direcionadas e regulamentadas pelas Resoluções desses órgãos. Inicialmente, é preciso entender quais são esses órgãos, quais seus objetivos e claro, quais são essas regulamentações. Nesta aula, iremos abordar esses tópicos, porém, é preciso entender que quando se trata de regulamentações, é difícil abordá-las de forma muito aprofundada. Algumas áreas, especificamente, precisam de um grande entendimento dessas regulamentações, como auditores biomédicos, fiscal do Conselho Regional, fiscal da Vigilância Sanitária (VISA), profissionais que prestam consultoria para estabelecimentos de saúde, entre outros. Atualmente, essas áreas estão com escassez de profissionais e com grande procura no mercado de trabalho, tornando-se áreas interessantes para atuação profissional. Assim, é muito importante, caso você goste e tenha interesse em trabalhar em estabelecimentos de saúde, que entenda melhor essas regulamentações e as leia na íntegra, como estará disponível nos links das referências. TEMA 1 – ÓRGÃOS FISCALIZADORES E SUAS REGULAMENTAÇÕES Vamos falar neste Tema dos órgãos fiscalizadores e as principais regulamentações que regem a auditoria e o controle de qualidade em estabelecimentos de saúde, com foco nos laboratórios. Como órgãos fiscalizadores, temos a Vigilância Sanitária e o Conselho de Biomedicina, no caso dos Biomédicos, os quais são responsáveis por regulamentar os estabelecimentos e orientar essas fiscalizações. Em relação à VISA, as normas que regulamentam a maioria dos estabelecimentos de saúde são as Resoluções de Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC), sendo as principais as RDC 11/12, RDC 302/05, RDC 50/02 e RDC 222/18. Além destas, existem algumas normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e ISO (International Organization for Standardization) que também devem ser referência, no que diz respeito, especificamente, aos laboratórios de análises clínicas, que são elas: ABNT NBR 14.500 – Gestão da Qualidade de Laboratórios Clínicos e ISO 15.189 – Medical laboratories – Particular requirements for quality and competence); ABNT NBR 14785 – 3 Laboratório Clínico – Requisitos de Segurança; ABNT NBR 14501 – Glossário de Termos para Uso no Laboratório Clínico e no Diagnóstico In Vitro. Para as pessoas que trabalham nos laboratórios, essas normas precisam ser lidas e entendidas na íntegra, para que não incorram em infração e sejam penalizadas por isso. Nesta aula, vamos discutir sobre algumas delas. Já do Conselho de Biomedicina, as principais regulamentações acerca da auditoria e do controle de qualidade são as Resoluções n. 78/02, 124/06 e 184/10. Além destas, de forma geral, o código de ética também faz menções de qualidade, contudo, voltada à postura do profissional, o que não será nosso foco nesta aula. 1.1 Órgãos Fiscalizadores A Vigilância Sanitária é o principal órgão fiscalizador em estabelecimentos de saúde. No Brasil, há esferas municipal, estadual e federal deste órgão, as quais compõem o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), sendo a esfera Federal, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a responsável pela coordenação deste órgão. Para entender essas esferas, é preciso entender quais as funções e prerrogativas de cada uma (Figura 1). A Vigilância na esfera Federal, também chamada de Anvisa, é uma autarquia federal criada pela Lei n. 9.782, de 26 de janeiro 1999, a qual “Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências”. Em resumo, essa autarquia promove o controle sanitário e fiscalização de produtos e serviços (produção e consumo) submetidos à vigilância sanitária. Na Administração Pública, a Anvisa integra o Ministério da Saúde e está vinculada ao SUS (Sistema Único de Saúde). Essa esfera tem como finalidade promover a proteção da saúde da população e criar normas para regulamentação das atividades da área no Brasil. Para entendermos um pouco mais sobre as prorrogativas dessa esfera, vamos verificar o que cita nos primeiros artigos da lei de criação: Art. 1º O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária compreende o conjunto de ações definido pelo § 1º do art. 6º e pelos arts. 15 a 18 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, executado por instituições da Administração Pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que exerçam atividades de regulação, normatização, controle e fiscalização na área de vigilância sanitária. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm#art6%C2%A71 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm#art15 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm#art15 4 Art. 2º Compete à União no âmbito do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária: I - definir a política nacional de vigilância sanitária; II - definir o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária; III - normatizar, controlar e fiscalizar produtos, substâncias e serviços de interesse para a saúde; IV - exercer a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, podendo essa atribuição ser supletivamente exercida pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios; V - acompanhar e coordenar as ações estaduais, distrital e municipais de vigilância sanitária; VI - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; VII - atuar em circunstâncias especiais de risco à saúde; e VIII - manter sistema de informações em vigilância sanitária, em cooperação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. § 1º A competência da União será exercida: I - pelo Ministério da Saúde, no que se refere à formulação, ao acompanhamento e à avaliação da política nacional de vigilância sanitária e das diretrizes gerais do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária; II - pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVS, em conformidade com as atribuições que lhe são conferidas por esta Lei; e III - pelos demais órgãos e entidades do Poder Executivo Federal, cujas áreas de atuação se relacionem com o sistema. § 2º O Poder Executivo Federal definirá a alocação, entre os seus órgãos e entidades, das demais atribuições e atividades executadas pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, não abrangidas poresta Lei. § 3º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios fornecerão, mediante convênio, as informações solicitadas pela coordenação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. A VISA Estadual é responsável pelas ações de fiscalização do sistema nacional e atua em cooperação técnica com a VISA Municipal, a qual é encarregada pela coordenação, regulamentação e execução de fiscalização local nos municípios. Em municípios maiores, há subdivisões da VISA municipal por regiões/bairros, para uma melhor organização das demandas sanitárias locais. 5 Figura 1 – Anvisa Outros órgãos fiscalizadores importantes são os Conselhos de Classe, os quais também são divididos: esferas federal e regional. O Conselho de Biomedicina, especificamente, tem como esfera federal o Conselho Federal de Biomedicina e regional os Conselhos Regionais de Biomedicina. O Conselho Federal de Biomedicina tem como função, basicamente, fiscalizar os Conselhos Regionais e criar as normativas e resoluções para a regulamentação da profissão Biomédica. Enquanto os Conselhos Regionais têm como função principal a fiscalização com o objetivo de verificar o cumprimento das resoluções emitidas pelo Conselho Federal pelos profissionais Biomédicos registrados. Vamos estudar, mais adiante, algumas regulamentações a respeito desses órgãos fiscalizadores e, posteriormente, abordaremos como ocorre a fiscalização nos estabelecimentos. 1.2 Principais Regulamentações no Controle de Qualidade A RDC 11/12 tem como parâmetro dispor sobre o funcionamento de laboratórios analíticos que realizam análises em produtos sujeitos à Vigilância Sanitária. Essa RDC é muito semelhante à RDC 302/05, pois fazem regulamentação dos mesmos temas em sua maioria. A RDC 302/05 dispõe sobre Regulamento Técnico para funcionamento de laboratórios clínicos. Essa resolução tem como objetivo definir os requisitos para o funcionamento dos SNVS Esfera Federal Esfera Municipal Esfera Federal Secretarias Estaduais de Saúde Secretarias Municipais de Saúde ANVISA 6 laboratórios clínicos e postos de coleta laboratorial, tendo como abrangência laboratórios públicos ou privados que realizam atividades na área de análises clínicas, patologia clínica e citologia. Essas RDCs serão bastante mencionadas nos próximos temas, pois os conceitos de todos os processos ou práticas nos laboratórios são definidos ou descritos nessas regulamentações. Dessa forma, essas resoluções são leitura obrigatória para todas as pessoas que trabalham ou desejam trabalhar em laboratórios. Já a RDC 50/02 dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Essa RDC é voltada para a parte estrutural dos laboratórios, sendo mais importante para pessoas que desejam trabalhar com assessoria desses estabelecimentos. Por esse motivo, não vamos focar nessa RDC na aula. Ainda, a RDC 222/18 regulamenta as boas práticas de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), sendo uma norma essencial para todos os estabelecimentos de saúde que irão gerar algum tipo de resíduo. A resolução traz pontos importantes sobre classificação desses resíduos, como é o transporte e o fim destes. Em conteúdo posterior, iremos levantar os pontos que são cruciais aos profissionais que trabalham em estabelecimentos submetidos a essa norma. Como dito anteriormente, os Conselhos de Classe também são órgãos fiscalizadores dos estabelecimentos e, principalmente, dos profissionais que ali trabalham. Dessa forma, essas autarquias também possuem algumas resoluções que devem ser cumpridas por seus profissionais e respectivos estabelecimentos inscritos no Conselho. Especificamente, o Conselho Federal de Biomedicina tem as seguintes resoluções a esse respeito: Res. nº 78/02, 124/06 e 184/10. Vamos debater os principais tópicos dessas regulamentações nos temas a seguir! TEMA 2 – O QUE É CONTROLE DE QUALIDADE? O termo qualidade é definido pela RDC n. 11/2012 como o "grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisito”. Segundo a RDC 302/05, os laboratórios devem assegurar a confiabilidade dos serviços laboratoriais prestados, e para isso é necessário um controle de qualidade nesses locais, o qual é definido pela RDC como "técnicas e atividades 7 operacionais utilizadas para monitorar o cumprimento dos requisitos da qualidade especificados". A RDC 302/05 também faz a definição do das divisões do controle de qualidade em: • Controle de qualidade interno (CIQ): “Procedimentos conduzidos em associação com o exame de amostras de pacientes para avaliar se o sistema analítico está operando dentro dos limites de tolerância pré- definidos”; • Controle de qualidade externo (CEQ): “Atividade de avaliação do desempenho de sistemas analíticos através de ensaios de proficiência, análise de padrões certificados e comparações interlaboratoriais, também chamada Avaliação Externa da Qualidade”. 2.1 Controle de Qualidade Externo No CEQ, são realizadas as avaliações de desempenho interlaboratorial, os chamados testes ou ensaios de proficiência. Ou seja, são encaminhadas amostras distribuídas por um provedor do programa com resultados já sabidos aos laboratórios participantes para uma comparação de resultados. Segundo a RDC, o ensaio de proficiência deve ser realizado para todos os exames realizados no laboratório, e caso haja exames não contemplados por esses programas, o laboratório clínico deve adotar formas alternativas de Controle Externo da Qualidade descritas em literatura científica. 2.2 Controle de Qualidade Interno Temos várias formas de controle interno no laboratório, uma delas é a amostra controle. Nesse caso, são utilizadas amostras as quais possuem concentrações conhecidas de seus analitos. Essas amostras controle devem ser analisadas sempre antes de iniciar a rotina de exames e da mesma forma que são analisadas as amostras de pacientes, com o objetivo de verificar se os aparelhos estão realizando leituras corretas, dentro das variações aceitáveis pré- definidas. Como conceito, a RDC 302/05 nos traz que uma amostra controle é um "material usado com a finalidade principal de monitorar a estabilidade e a 8 reprodutibilidade de um sistema analítico nas condições de uso na rotina" e também devem ser amostras comerciais regularizadas pela Anvisa/MS. Também faz parte do controle de qualidade do laboratório a calibração dos equipamentos e instrumentos utilizados para realizar medições, o qual é definido pela RDC 11/12 como "operação que estabelece uma relação entre os valores de grandezas, indicados por um instrumento ou sistema de medição, e os correspondentes valores, fornecidos por padrões e materiais de referência, todos com as suas incertezas de medição”. Já a norma n. 302/2005, traz que a calibração é “conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a correspondência entre valores indicados por um instrumento, sistema de medição ou material de referência, e os valores correspondentes estabelecidos por padrões” e ainda que a verificação da calibração é o “ato de demonstrar que um equipamento de medição apresenta desempenho dentro dos limites de aceitabilidade, em situação de uso”. Mas atenção! Não vamos confundir calibração com validação. Chamamos de validação, segundo as RDCs 11/12 e 302/05, como uma comprovação, através de evidências, de que o sistema apresenta desempenho dentro das especificações da qualidade, a fim de fornecer resultados válidos. Ou seja, a validação nada mais é que demonstrar que o método analítico é adequado para o seu propósito. Outra prática que também pode ser considerada como CIQ é a rastreabilidade, que a RDC n. 302/2005 define como a "capacidade derecuperação do histórico, da aplicação ou da localização daquilo que está sendo considerado, por meio de identificações registradas". Seguindo a mesma linha, os procedimentos operacionais padrão (POP) ou instruções de trabalho (IT) são documentos que registram todas as atividades realizadas no contexto de um laboratório clínico, disponíveis para toda a equipe e também garantem o controle interno de qualidade de um laboratório. TEMA 3 – ACREDITAÇÃO E CERTIFICAÇÃO LABORATORIAL A acreditação e certificação dos estabelecimentos é outro tema que está muito relacionado com o controle de qualidade. Primeiramente, é importante ressaltar que nenhum desses processos é obrigatório, bem como não tem caráter fiscalizatório. Dessa forma, ambos têm como objetivo atestar a qualidade de produtos ou serviços oferecidos. 9 3.1 Certificação A certificação é um selo emitido por um órgão imparcial após um processo de avaliação com o objetivo de assegurar que um determinado serviço ou produto atende aos requisitos estabelecidos. As certificações são aplicáveis a todas as instituições, pois são mais genéricas em comparação à acreditação. Uma das mais conhecidas certificações é a ISO 9001, que está relacionada à qualidade do sistema de gestão, o qual pode ser aplicado a qualquer estabelecimento que esteja de acordo com os critérios definidos por esta norma. 3.2 Acreditação A acreditação avalia quesitos mais técnicos de um estabelecimento. Assim como a certificação, está relacionada ao cumprimento de requisitos preestabelecidos, mas é mais específica e um pouco mais criteriosa do que a certificação. É definida de acordo com ABNT NBR ISO/IEC 17011:2019, documento que especifica os requisitos para essa competência, operação consistente e imparcialidade dos organismos de acreditação que avaliam e acreditam os organismos de avaliação da conformidade. Segundo esse documento, acreditação é a "atestação de terceira-parte relacionada a um organismo de avaliação da conformidade, comunicando a demonstração formal da sua competência para realizar tarefas específicas de avaliação de conformidade". Em outras palavras, a acreditação laboratorial atesta a confiabilidade do estabelecimento por meio de uma certificação concedida por um órgão devidamente autorizado. A Organização Nacional de Acreditação (ONA), atualmente, é o programa de acreditação mais utilizado para hospitais no Brasil. Segundo esse órgão, a acreditação: É um método de avaliação e certificação que busca, por meio de padrões e requisitos previamente definidos, promover a qualidade e a segurança da assistência no setor de saúde. Para ser acreditada, a organização precisa comprovadamente atender aos padrões definidos pela ONA, reconhecidos internacionalmente. Já em laboratórios, um dos programas de acreditação mais reconhecidos nacional e internacionalmente é o Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC). Há também a acreditação pelo INMETRO, a qual da mesma 10 forma é válida internacionalmente e é concedida com base nas normas da ABNT NBR ISO 15189. TEMA 4 – AUDITORIA Ao contrário da acreditação e certificação, a auditoria é uma forma de controle de qualidade obrigatório aos estabelecimentos regidos pelas RDC 11/12 e 302/05. A auditoria consiste na avaliação de um estabelecimento a fim de verificar falhas técnicas da área de atuação desse estabelecimento. Esse processo de auditoria permite que haja melhorias constantes no processo e gerenciamento das atividades oferecidas. Segundo a RDC 11/12, esse processo de auditoria é definido como “processo sistemático, independente e documentado para avaliar a extensão do atendimento a requisitos especificados”. O processo de auditoria pode ser interno ou externo. No processo interno, profissionais que compõem o estabelecimento verificam se todos os procedimentos ali realizados estão seguindo as normas previstas. Já no processo de auditoria externo, uma empresa é contratada para prestar esse tipo de serviço. Essa empresa irá, da mesma forma, verificar se os procedimentos realizados no estabelecimento estão de acordo com as regulamentações. Nesse processo, as empresas verificam, inclusive, se o profissional está registrado em seu Conselho de Classe e se está regular, auxiliando no processo fiscalizatório de seu respectivo Conselho. Além disso, segundo a RDC 11/12, o laboratório precisa ser auditado internamente todo ano, bem como registrado para controle da vigilância, conforme dispõe o seguinte artigo: Art. 24. O laboratório deve realizar, com periodicidade mínima de doze meses, auditorias internas das suas atividades que contemplem os requisitos desta Resolução. Parágrafo único. Devem ser mantidos registros das constatações da auditoria e ações corretivas delas decorrentes. TEMA 5 – REGULAMENTAÇÃO BIOMÉDICA NA AUDITORIA E CONTROLE DE QUALIDADE Como dito anteriormente, as principais resoluções do CFBM a respeito do tema desta aula são as resoluções n. 78/02, 124/06 e 184/10. Essas resoluções são a base para o fiscal do Conselho Regional de Biomedicina fazer a 11 fiscalização dos estabelecimentos registrados no Conselho, bem como a fiscalização dos profissionais que exercem o cargo de Biomédico. É importante também o entendimento que, caso algum profissional esteja atuando em contrariedade a estas ou qualquer outras resoluções do CFBM, a fiscalização do Conselho pode autuar o profissional, o qual deverá responder ao Conselho a respeito da infração cometida. Essa autuação poderá acarretar desde uma advertência até a suspenção ou cancelamento do registro profissional. Por isso, todos os profissionais que exercem a função de Biomédico devem ter ciência e seguir essas regulamentações. 5.1 Resolução 78/02 A Resolução 78/02 traz os requisitos para o profissional Biomédico trabalhar no laboratório de análises clínicas. Segundo essa Resolução, o profissional deve ter habilitação para assumir tal função, a qual poderá ser adquirida por meio de 500 horas de estágio obrigatório no último período para obter a habilitação. A norma traz também as atividades permitidas com essa habilitação, observe: Art. 2º - No exercício de suas atividades, legalmente habilitados na forma da legislação específica, o Biomédico poderá atuar: § 1º - Análises Clínicas e Banco de Sangue. I - O profissional biomédico com habilitação em Análises Clínicas e Banco de Sangue tem competência legal para assumir e executar o processamento de sangue, suas sorologias e exames pré- tranfussionais e é capacitado legalmente para assumir chefias técnicas, assessorias e direção destas atividades; II - O Biomédico tem competência legal para assumir o assessoramento e executar atividades relacionadas ao processamento semi-industrial e industrial do sangue, hemoderivados e correlatos, estando capacitado para assumir chefias técnicas e assessorias destas atividades. Essa Resolução também dispõe acerca do responsável técnico biomédico, que necessita de habilitação e inscrição no Conselho de sua jurisdição, tendo como limite a responsabilidade técnica de, no máximo, dois estabelecimentos (conforme determina a RDC 302/05, já mencionada). Assim, o profissional, com todos os pré-requisitos estabelecidos por essa Resolução, poderá fazer a requisição da responsabilidade técnica por meio de formulário ao CRBM. 12 5.2 Resolução 184/10 A Resolução 184/10 traz especificamente a respeito dos profissionais Biomédicos auditores, pois ela regulariza a habilitação nesta área na Biomedicina, bem como faz alusões a outras regulamentações que o profissional deve seguir. Já no primeiro e segundo artigos, a resolução nos traz a respeito da habilitação, na qual o Biomédico pode atuar tanto individualmente como em grupo, e sobre as áreas de atuação desse profissional: Art.1º - Habilitar o profissional Biomédico como