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Medicação Intracanal Medicação intracanal ou curativo de demora - medicação tópica entre sessões - fase da desinfecção ou antissepsia - antissepsia medicamentosa - descontaminação Finalidades gerais do curativo de demora | impedir a proliferação e/ou promover a eliminação de bactérias que sobreviveram ao preparo biomecânico | atuar como barreira físico-química contra a infecção e reinfecção por bactérias da saliva | reduzir a inflamação periapical | solubilizar matéria orgânica | neutralizar produtos tóxicos | controlar a exsudação persistente | controlar reabsorção dentária externa inflamatória | estimular a reparação por tecido mineralizado Curativo de demora para dentes com vitalidade pulpar (biopulpectomia) | depois de realizada a abertura coronária e remoção da polpa possivelmente infectada, a penetração é asséptica, pois os canais radiculares são estéreis | os curativos de demora são usados em situações específicas para os casos de biopulpectomia - falta de habilidade pra terminar o tratamento em uma única sessão - sobre instrumentação (agressão aos tecidos periapicais) - uso de soluções irrigadoras irritantes - comportamento do próprio paciente - contaminação do campo operatório - reabsorções internas - urgências | as substâncias mais utilizadas são pastas de hidróxido de cálcio e medicamentos com associação de corticosteroide e antibiótico - otosporim: hidrocortisona; sulfato de neomicina; sulfato de polimixina b - maxitrol: dexametasona; sulfato de neomicina; sulfato de polimixina b - rifocort: acetato de predinisolona; rifamicina; | o curativo de demora age sobre o coto pulpar nos casos de biopulpectomia Como agem os corticosteroides: | inibindo o fosfolipase A2, portanto haverá menor liberação de mediadores inflamatórios como leucotrienos (aumentam permeabilidade; quimiotaxia), prostaglandinas (vasodilatação; potencializa edema; dor; febre), tromboxano (vasoconstricção; agregação plaquetária), prostaciclinas (vasodilatação; potencializa edema; diminui agregação plaquetária) Mecanismos de ação do Ca(OH)2: Atividades biológicas | ação anti-inflamatória (bio) - ação higroscópica (hipotônico: absorve fluidos -> reduz pressão hidrostática tecidual) - formação de pontes de proteinato de cálcio - inibição da fosfolipase | atividade antibacteriana (necro) a) bacteriostática: absorção de dióxido de carbono b) bactericida: atividade antibacteriana 1. perda da integridade da membrana citoplasmática bacteriana: - barreira osmótica - contém citocromos e outras enzimas da cadeia respiratória - envolvida na excreção de exoenzimas - biossíntese da parede celular 2. inativação enzimática 3. dano ao DNA 4. neutralização de endotoxinas | indução da mineralização (bio e necro) a) ativação de enzimas envolvidas no processo de reparo 1. fosfatase alcalina: ativada em pH alcalino 2. Ca+2ATPase (ativação cálcio-dependente) 3. pirofosfatase (cálcio-dependente) b) trauma químico (devido ao pH alcalino, zona de desnaturação proteica superficial; necrose de coagulação; reparo) Atividades químicas | solvente de matéria orgânica (bio e necro) - pH altamente alcalino: promove quebra das ligações iônicas de proteínas, desnaturando-as e tornando-as mais suscetíveis à solubilização por NaOCl | ação alcalinizante (bio e necro) - difusão de íons hidroxila através dos túbulos dentinários - promove elevação do pH do meio, neutraliza ácidos - inibe a atividade enzimática relacionada à reabsorção - ativação da fosfatase alcalina | propriedade anti-hemorrágica (bio) - cauterização química do tecido caracterizada por necrose de coagulação Atividade física | barreira física e química (bio e necro) - material selador temporário que não veda adequadamente - perda ou fratura do material selador e/ou estrutura dentária Veículos para serem utilizados para preparar a pasta de Ca(OH)2 | os diferentes veículos determinam: - velocidade de dissociação do Ca(OH)2 em íons Ca2+ e OH- - capacidade de solubilização e reabsorção da pasta nos tecidos apicais - velocidade de liberação iônica - difusão nos tecidos Tipos de veículos | veículo aquoso: água destilada; soro fisiológico; soluções anestésicas; solução de metil celulose; solução de ringer; detergente aniônico - dissociação iônica rápida; maior difusão; maior contato dos íons cálcio e hidroxila com os tecidos e microrganismos; menor tempo de ação; trocas frequentes; alta solubilidade em contato com os tecidos apicais e fluidos teciduais. - indicações do veículo aquoso: necessidade de mudanças rápidas no pH; traumatismos (primeiros atendimentos); urgências | veículo viscoso: glicerina; polietilenoglicol; propilenoglicol; hidroxietilcelulose (natrosol) - dissociação mais lenta dos íons Ca2+ e OH-; atividade mais duradoura; necessidade de menor número de trocas - indicações do veículo viscoso: necessidade de liberação lenta; trocas periódicas (<n°); grandes lesões; apicificação, traumatismos (acompanhamento) | veículo oleoso: ácido oléico; ácido linoléico; ácido isosteárico; óleo de oliva; óleo de papoula-lipiodol; silicone - insolúvel em água; pouca solubilidade e pequena difusão nos tecidos Substâncias adicionais à pasta de Ca(OH)2: - carbonato de bismuto: pó branco-amarelo; inodoro; insípido; insolúvel na água; ótima radiopacidade; boa fluidez; não altera o pH; não altera a cor branca do Ca(OH)2 - sulfato de bário: pó branco, fino e pesado; inodoro, insípido; insolúvel na água e solventes orgânicos; favorece o escoamento da pasta; agente radiopaco - iodofórmio: pó fino com cristais brilhantes; cor amarelo-limão; odor penetrante e persistente; pouco solúvel em água; moderadamente solúvel no álcool, no éter e no óleo de oliva; se decompõe liberando iodo no estado nascente; radiopaco; reabsorvido rapidamente na região periapical e lentamente no interior do canal radicular; bem tolerado - óxido de zinco: pó branco ou branco amarelado; inodoro; amorfo; insolúvel na água e no álcool; radiopaco; ligeiramente anti-séptico - colofônia ou breu: resina sólida (origem vegetal); sólido amorfo; cor âmbar; insolúvel na água e fracamente solúvel no álcool e clorofórmio * colofônia ou breu - vantagens que confere a pasta: escoamento; adesividade; corpo; endurecimento; diminui a permeabilidade em contato com os líquidos teciduais Biopulpectomia: por quanto tempo usar o curativo? a) corticosteroide/antibiótico: mínimo: 48 horas; máximo 7 dias b) hidróxido de cálcio: de 48h até 60 dias (não utilizar quando não foi realizada a remoção total da polpa) Curativo de demora para dentes sem vitalidade pulpar (necropulpectomia) | a medicação intracanal tem objetivo de tornar o sistema de canais radiculares um meio impróprio para o desenvolvimento bacteriano | ramificações laterais, túbulos dentinários, delta apicais, erosões cementarias apicais e istmos -> locais de acúmulo de MO após o PBM necropulpectomia sem lesão: predomínio de aeróbios e MO facultativos; proliferação bacteriana restrita à luz do canal radicular necropulpectomia com lesão: anaeróbios facultativos diminuem e aumentam os anaeróbios estritos; predomínio de anaeróbios gram negativos: endotoxinas (LPS); indução de lesão periapical Quando usar o curativo? | sempre; especialmente nos casos de lesão periapical O que usar como curativo? | hidróxido de cálcio Ca(OH)2 | clorexidina (CLX) | hidróxido de cálcio + CLX - Ca(OH)2 - limitações: tempo mínimo de atuação; não inibe alguns microrganismos, especialmente aqueles aptos a desenvolver-se em pH básico (ex: Enterococcus faecalis). - clorexidina (CLX): atividade sobre bactérias g+ e g-; aeróbios e anaeróbios facultativos; atividade contra leveduras e vírus; capacidade de adsorção aos tecidos dentais e superfícies mucosas; substantividade; biocompatibilidade moderada; não age sobre produtos dos microrganismos | vantagem da associação do Ca(OH)2 + clorexidina: maior espectro antimicrobiano; atuação sobre anaeróbios g- e LPS; ação sobre leveduras e E. faecalis, ação no LTA bacteriano * preparo da pasta: Ca(OH)2 + clorexidina (clorexidina 2% em gelde natrosol 0,8%) Por quanto tempo? por no mínimo 14 dias Cuidados antes da medicação: 1) remoção da camada residual - melhor atividade do Ca(OH)2 - EDTA por 3 min antes do curativo de demora - repetir NaOCl (5 ml) - irrigação final com soro fisiológico (10ml) - certificar-se da total remoção do NaOCl agitando bem o soro no canal Técnicas de colocação da medicação intracanal Corticosteroide/antibiótico 1. selecionar cone de papel absorvente (estéril) que chegue até o CT, 2. levar o cone de papel no canal (até o CT), 3. levar o medicamento (inundar o canal com o cone em posição) 4. rolha de Ca(OH)2 (se conseguir, colocar coltosol) 5. selamento coronário Hidróxido de cálcio 1. preparo da pasta 2. levar a pasta dentro da seringa (se for ultracal, a pasta já está pronta, na seringa, para uso) 3. levar no canal com agulha acoplada na seringa; realizar movimentos de “vai e vem” até completo preenchimento 4. completar o preenchimento com a ajuda de limas endodônticas até o CT 5. rolha de Ca(OH)2 6. selamento coronário Curativos indicados pela endo ICT-UNESP: biopulpectomia 1. corticosteróide/antibiótico (sempre que possível) 2. pasta de Ca(OH)2 com: soro ou propilenoglicol (quando paciente não pode retornar em até 7 dias; cuidado: remover toda a polpa antes) necropulpectomia 1. Ca(OH)2 + CLX gel 2%: preparo biomecânico pronto, sem intercorrências 2. Ca(OH)2 + propileno/Ca(OH)2+ soro/ultracal: quando não foi realizada a completa neutralização do conteúdo do canal radicular; quando foi realizada somente abertura coronária 3. Ca(OH)2 + soro: urgências; casos de infecções persistentes