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Gabriella Comerlatto – T3 Comando da contração do músculo cardíaco • O coração pode funcionar sem qualquer estímulo direto do sistema nervoso porque tem um sistema intrínseco de regulação, o sistema condutor • Ainda, o coração é inervado pelo sistema nervoso autônomo (SNA), que aumenta ou diminui a frequência de batimentos, mas não inicia a contração • Adrenalina e noradrenalina são as moléculas reguladoras que influem na quantidade de Ca2+ disponível para a contração do músculo cardíaco Sistema condutor do coração • Constituído por células do miocárdio , denominadas células auto rítmicas (ou células do marcapasso), especializadas em gerar potenciais de ação espontaneamente • Essas células são capazes de originar impulsos eléctricos que se espalham pelo músculo cardíaco, determinando o ritmo das suas contrações 1. Nódulo (Nodo) sinusal ou sinoatrial (SA) • Grupo de células auto-rítmicas situado no átrio direito, junto à entrada da veia cava • É denominado “marca passo” ou “pace-maker”, pois estabelece o ritmo básico das pulsações cardíacas → controla a ritmicidade do coração porque sua frequência de despolarização é mais alta do que a do nó AV e do que as fibras de purkinge • As células do nódulo sinoatrial (células marcapasso) disparam espontaneamente em torno de 80 potenciais de ação por minuto, que se espalham pelos miócitos contráteis dos átrios, determinando a sua contração • A condução do potencial de ação do marcapasso se espalha rapidamente para as células adjacentes através de junções comunicantes (gap). Isso permite o acoplamento elétrico de células vizinhas Porque o nódulo SA gera potencias de ação espontaneamente? • Porque ele tem um potencial deMúsculo cardíaco parte II membrana instável, que se inicia em -60 mV e lentamente ascende em direção ao limiar • Este potencial de membrana instável é chamado de potencial marca-passo, uma vez que ele nunca permanece em um valor constante, ou seja, as células marcapasso NÃO tem um potencial de repouso VERDADEIRO (seria um valor constante/ estável) • Sempre que o potencial marca-passo depolariza até o limiar, as células auto-excitaveis disparam um potencial de ação • O potencial de membrana se eleva vagarosamente (a partir de -60m) até alcançar o limiar de -40mV, pela abertura de canais de Na denominados If • Quando o potencial de membrana da célula é -60 mV, os canais If se abrem e então temos a entrada de Na+ e saída de K -> despolariza • Conforme o potencial de membrana se torna mais positivo (entrada de Na), os canais If se fecham gradualmente e então os canais de Ca-Na se abrem, íons de Ca fluem para dentro da célula, despolarizando mais ainda a membrana. Isso resulta na fase ascendente • No seu pico, canais de potássio se abrem, os íons de potássio deixam a célula e a voltagem retorna para -60mV. Essa é a fase descendente de potenciais de ação * Despolarizacao rápida – cálcio entra * Fase ascendente – entrada de Calcio * Fase descendente – K sai, voltagem volta -60 As vias internodais: conduzem o impulso do nodo sinusal para o nodo A-V 2. Nodo Atrioventricular (AV): localizado na parede septal do átrio direito, atrás da válvula tricúspide 3. Feixe atrioventricular (de Hiss) é um feixe de fibras condutoras que levam o potencial de ação até ao vértice do coração • O feixe se divide em dois ramos: direito e esquerdo • No ápice essas fibras se dividem nas fibras de Purkinge 4. Fibras de Purkinge: conduzem os potencias de ação para os ventrículos com velocidade 150 vezes maior que algumas fibras do nodo A-V Dispersão do impulso cardíaco ao longo do coração Modulação da contração cardíaca • Apesar da sua autonomia, o coração também sofre influência do sistema nervoso → isto permite que o organismo se adapte às diversas alterações do ambiente e do seu próprio metabolismo Ex: Após intenso exercício físico ou emoção forte, o nosso coração bate mais rapidamente e com mais força Inervação simpática e parassimpática do coração • As fibras deixam a medula espinhal cervical baixa e torácica alta, como fibras pré-ganglionares colinérgicas nicotínicas que vão formar sinapses nos gânglios estrelados e em outros gânglios cérvico-torácicos • Destes gânglios emergem fibras pós-ganglionares noradrenérgicas que se distribuem difusamente nas diversas estruturas cardíacas Efeitos do sistema nervoso autônomo 1. Estimulação simpática – noradrenalina aumenta a permeabilidade da fibra ao sódio e ao cálcio no nó A-V e feixes A-V (torna-se mais fácil para excitar as porções sucessivas do sistema condutor) • Nodo sinusal (aumenta a elevação do potencial de membrana durante a diástole em direção ao nível de limiar de auto excitação: aumenta a frequência cardíaca • Fibras adrenérgicas • Parcialmente responsável pelo aumento da força de contração do miocárdio 2. Estimulação parassimpática (vagal) – libera acetilcolina aumentando a permeabilidade das membranas das fibras cardíacas ao potássio, diminuindo todo o impulso elétrico • Fibras colinérgicas Eletrocardiograma • No tipo de ECG mais comum, é necessário utilizar 9 eletrodos: 3 eletrodos periféricos são fixados nos braços e tornozelo do paciente, enquanto outros seis (denominados precordiais) são posicionados no tórax • Ainda, tem um 10° eletrodo usado como ”terra” • As várias posições dos eletrodos são usadas para captar diferentes ângulos (derivações) do coração • Cada derivação é uma "imagem" diferente da atividade eléctrica do coração Os 9 eletrodos registram 12 derivações Derivações periféricas • Estas derivações fornecem dados eletrocardiográficos do plano frontal (não proporcionam dados sobre potenciais dirigidos para a frente ou para trás) • Existem dois tipos de derivações periféricas: 1. As derivações bipolares, ou de Einthoven: D1, D2, D3 2. As derivações unipolares amplificadas: aVR, aVL e aVF Derivações periféricas bipolares • São as derivações clássicas do eletrocardiograma, descritas por Einthoven: D1, D2 e D3 • O coração é considerado no centro de um triângulo equilátero (triângulo de Einthoven), cujos vértices representem o ombro direito, o ombro esquerdo e a perna esquerda. Um eletrodo positivo e um eletrodo negativo são colocados nesses locais, a uma mesma distância do coração (do ponto de vista elétrico) • Essas derivações bipolares captam a diferença de potencial entre esses dois pontos Derivações periféricas unipolares • As derivações periféricas aVR, aVL, e aVF são unipolares • As derivações periféricas unipolares, registram a diferença de potencial entre um ponto teórico no centro do triângulo de Einthoven (com um valor de 0) e os eletrodos em cada extremidade As seis derivações periféricas quando sobrepostas, constituem um sistema de eixos hexaxial de Bayley ECG NORMAL – 12 DERIVAÇÕES • As anormalidades do músculo cardíaco podem ser diagnosticada pela análise dos contornos das diversas ondas, nas diferentes derivações eletrocardiográficas Como interpretar • Cada um das derivações "observa" os potencial elétricos de uma maneira diferente → ou seja, esse impulso elétrico será captado ao mesmo tempo, em todas as 12 derivações Como isto é registrado: • Quando o potencial se afasta da derivação, ele produz um desvio negativo • Se o potencial se aproxima à derivação, produz um desvio positivo • Se o potencial é perpendicular, à derivação será bifásica. Exemplo - diferença no aspecto do QRS entre as derivações precordiais Derivações direitas V1-V2: ventrículo direito e septo interventricular Derivações anteriores V3-V4: parede anterior do ventrículo esquerdo Derivações laterais baixas V5-V6: parede lateral baixa Derivações laterais altas D1 e aVL: parede lateral alta Derivações inferiores D3, D2 e aVF: parede inferior • A parede inferior do ventrículo pode ser avaliada pelas derivações D2, D3 e aVF • Portanto, uma alteração da condução elétrica que se repete nas derivações D2, D3 e aVF, por exemplo, indica algum problema na região inferior do ventrículo Onda p • Contração (despolarização) dos átrios • 0,8 – 0,11 seg Complexo QRS • Contração dos ventrículos • Até 0,12 seg Onda T • Corresponde a repolarização dos ventrículos Ponto J • Marca o final do complexo QRS e o começo do segmento ST • O ponto J corresponde à fase 1 e o começo da fase 2 do potencial de ação nas células miocárdicas ventriculares Fase 01: Ponto J Fase 02: Segmento ST (normalmente é isoelétrico) Fase 3: Onda T Fase 4: corresponde ao potencial de repouso • O intervalo Q-T mede a quantidade de tempo requerida para a despolarização e repolarização ventricular • Este intervalo começa do início da onda Q (ou da onda R, quando a onda Q está ausente) e vai até o final da onda T, e dura, aproximadamente 0,35 segundos Resumo das fases do potencial de ação e a sua relação com o ECG 1. Potencial de ação monofásico de uma fibra do músculo ventricular 2. Registro eletrocardiográfico feito simultaneamente Alterações na concentração do potássio • O potássio (K+) é o principal cátion intracelular do organismo • O estoque total de potássio num adulto é de aproximadamente 3.000 a 4.000 mEq, sendo 98% do total localizado no espaço intracelular, cerca de 140 mEq/L • No plasma, a concentração deste íon geralmente varia entre 4 a 5 mEq/L • A regulação da distribuição interna do K deve ser extremamente eficiente, uma vez que pequenas mudanças no equilíbrio entre o potássio intra e extracelular podem resultar em alterações fisiológicas importantes Distúrbios do metabolismo do potássio • O principal regulador do potássio na célula é a bomba de Na K ATPase, localizada na membrana celular que, às custas da energia obtida pela hidrólise do ATP, libera 3 íons Na+ para o extracelular e captura 2 íons K+ para o intracelular. Essa bomba é modulada por diferentes fatores, incluindo hormônio tireoidiano, catecolaminas, insulina e drogas como os digitálicos • A excreção do potássio se dá basicamente pelo rim (90%), sendo pequena a quantidade eliminada pelas fezes (5 a 10 mEq/dia) e pelo suor (0 a 10 mEq/dia) • Apenas nos casos em que a taxa de filtração glomerular (TFG) está substancialmente comprometida (menor que 30%), a eliminação fecal ganha maior importância Principais fatores moduladores da distribuição do potássio corpóreo • A concentração e distribuição de K+ pelas diversas partes do corpo dependem de uma complexa interrelação de múltiplos fatores incluindo a função renal, gastrointestinal, dieta, medicações, suplementos, estado neuro-hormonal e equilíbrio ácido-base • Dentre os fatores que afetam a concentração e distribuição de K estão: 1. Insulina: promove a entrada de K para o meio intracelular (bomba de Na-K) 2. Adrenalina: promovem a entrada de K para o meio intracelular (bomba NaK) 3. Aldosterona: promovem a excreção de K na urina e a captação celular de K 4. Exercício: durante o exercício prolongado, o K é liberado pela musculatura para o liquido extracelular 5. Dieta 6. pH extracelular * * A redução do pH sanguíneo leva à hipercalemia. A acidose extracelular leva à perda de K intracelular, por diminuir a ligação do K a ânions intracelulares não difusíveis, deixando o K livre para sair da célula * Da mesma forma, por aumentar o influxo celular de K, a alcalose sanguínea leva à hipocalemia Hipocalemia (Hipopotassemia) • Consiste na concentração plasmática de potássio < 3,5 mEq/L (< 3,5 mmol/L), provocada por uma deficiência nos depósitos corporais totais de potássio ou movimentação anormal de potássio para dentro das células • Os Distúrbios cardíacos decorrentes da hipocalemia são as arritmias cardíacas • A fase de repolarização cardíaca prolongada é responsável pelos achados no ECG: ondas T largas e achatadas • A hipocalemia pode causar extrassístoles atriais e ventriculares, taquiarritmias atriais e ventriculares, bem como bloqueios atrioventriculares de 2º e 3º graus • Essas arritmias tornam-se mais graves com o aumento da intensidade da hipopotassemia • Eventualmente, pode ocorrer fibrilação ventricular Alterações no ECG • Achatamento da onda T • Depressão do segmento ST • Presença de ondas U proeminentes • Outros achados incluem intervalo QT prolongado, ectopias ventriculares, taquicardia ventricular e fibrilação ventricular • Clássico: presença de ondas T de baixa amplitude e aplanadas, seguidas de ondas U proeminentes • Acredita-se que a presença uma onda U proeminente decorra do aumento da duração da repolarização ventricular, permitindo que a repolarização das fibras de Purkinje (responsável pela gênese da onda U) se manifeste com maior nitidez • Ondas U proeminentes e positivas são encontradas nas bradicardias, na hipopotassemia, na ação medicamentosa (quinidina e outras drogas do grupo IA), nas manifestações cerebrovasculares, na hipertrofia ventricular esquerda no hipertireoidismo * Ondas U negativas podem ser vistas na isquemia miocárdica, nas sobrecargas de ambas as câmaras ventriculares e como manifestação da síndrome do QT longo. -> Na hipocalemia importante, a onda T torna-se progressivamente menor e a onda U, cada vez maior Hipercalemia (hiperpotassemia ) • Hipercalemia é a concentração de Potássio sérico maior que 5.5 mmol/L (mEq/L). Uma concentração acima de 6.5 mmol/L (mEq/L) é considerada crítica A hipercalemia pode levar a: 1. Alta concentração de K nos líquidos extracelulares diminuem o potencial de repouso (membrana) das fibras miocárdicas. A medida que o potencial de membrana diminui, a intensidade do potencial de ação também diminui, o que faz as contração do coração serem progressivamente mais fracas 2. O excesso de K nos líquidos extracelulares provoca alteração da atividade despolarizante muscular, podendo diminuir a frequência dos batimentos e levando às arritmias cardíacas 3. Ainda, grandes quantidades de K podem bloquear a condução do impulso elétrico dos átrios para os ventrículos pelo feixe A-V Principais causas Hipercalemia alterações no ECG • Ondas T em tendas estão associados à rápida despolarização • O bloqueio cardíaco e perdas de ondas P, e os intervalos QRS prolongados são visíveis na hipercalemia grave, podendo ocorrer parada cardíaca abrupta Hipercalemia –alterações no ECG 2023.01