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Visão histórica e antropológica Ao longo dos tempos as populações humanas distinguem-se entre si, desde épocas remotas, por uma série de traços – morfológicos, funcionais e/ou psicológicos –, que, embora variados, se distribuem com uma tendência central – a média – e frequências menores que se afastam da primeira. Foi assim que nossa espécie – Homo sapiens sapiens – foi dividida e subdividida em subespécies ou raças, sempre com a finalidade de sistematizar os dados de que se dispunha, com o escopo de conseguir facilitar o seu estudo. Todavia, os limites de todas essas classificações são ambíguos e, frequentemente, alicerçam-se em pressupostos inexatos que, como é curial, apenas podem induzir a erros e, o que é pior, o mais das vezes encontra-se envolvidos em brumosos sentimentos e/ou em duvidosas posições morais e econômicas, totalmente afastadas dos mais comezinhos princípios científicos. Os pesquisadores, cada vez mais – notadamente no século XX, como enfatiza Le Gros Clark (1976) –,2 preocuparam-se em caracterizar e fixar os principais traços que constituem o padrão morfológico integral de uma população. Por outras palavras, determinar o conjunto de traços morfológicos que permitirão identificar seus membros. Nessa linha de raciocínio, vários elementos são considerados, em face de sua função adaptativa, como: •As características morfológicas diagnóstico-diferenciadoras •A distribuição geográfica compacta, isto é, com elevada densidade populacional em uma determinada área territorial •A profundidade temporal, isto é, até onde podem se fazer retroagir os registros pré- históricos (que na prática remontam ao Período Paleolítico Superior, em torno de 35.000 anos atrás). Antropologia Forense Esses são, pois, os elementos que constituem traços seguros e consistentes para se poder diferenciar os chamados troncos raciais: caucasoide, mongoloide e negroide. Principais traços raciais diferenciadores são as medições craniométricas e faciais de projeção, cujos valores podem ser obtidos de uma maneira bastante fácil com o auxílio do compasso de abertura (compasso de coordenação ou simômetro) e o goniômetro. Os resultados dessas medidas permitem quantificar o tipo do crânio, bem como o grau de saliência ou projeção do esqueleto facial, dos ossos nasais, dos malares, do maciço alveolar superior ou maxilar e do complexo mandibular, como se verá no capítulo seguinte. Esses parâmetros mencionados podem ser utilizados, com facilidade, para delimitar os grandes grupos geográfico-raciais. Inobstante, esse procedimento pode ver-se dificultado em um país como o Brasil, onde o processo de miscigenação dos conquistadores europeus, notadamente portugueses, mas, ao depois, espanhóis, holandeses e outros, com os indígenas e com os negros africanos trazidos como escravos entre os séculos XVII e XIX acabou por produzir um país com uma alta taxa de mestiçagem. conjuntos de problemas diferentes, a saber: •Biológicos •Sociais •Epistemológicos. Biologicamente verificamos pelo menos dois fatos interessantes: •A definição fenotípica de raça, que antecede a noção genômica ( estudos genômicos) •A dificuldade para encontrar “marcas” genômicas no pacote fenotípico que define uma raça. H Identidade Identidade é o conjunto de caracteres físicos, funcionais e psíquicos, natos ou adquiridos, porém permanentes, que tornam uma pessoa diferente das demais e idêntica a si mesma. O art. 307 do Estatuto Penal vigente define assim a identidade: “O conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa. Tipos: física e jurídica IDENTIFICAÇÃO Identificação já é o processo que compara esses caracteres, procurando as coincidências entre os dados previamente registrados e os obtidos no presente. Por outras palavras, identificação é um conjunto de procedimentos diversos para individualizar uma pessoa ou objeto. Obs: Dever e obrigação do estado identificar todo e qualquer ser humano Em virtude da infinidade de arranjos genéticos possíveis, cada indivíduo tem os seus caracteres próprios, desde a concepção até muito depois de seu decesso. Requisitos biológicos Para que um processo de identificação seja aplicável, é necessário que preencha cinco requisitos técnicos elementares, a saber: •Unicidade ou individualidade: é a condição de não ver repetido em outro indivíduo o conjunto dos caracteres pessoais, isto é, apenas um único indivíduo pode tê-los •Imutabilidade: é a condição de inalterabilidade, por toda a existência, dos caracteres; por outras palavras, são caracteres que não mudam com o passar do tempo. O peso do corpo é um dos caracteres mais mutáveis da pessoa, sua altura, ainda que bem menos mutável, varia etc. •Perenidade: é a capacidade de certos elementos de resistirem à ação do tempo (requisito biológico) Requisitos técnicos •Praticabilidade: é a condição que torna o processo aplicável na rotina pericial. É, enfim, a qualidade que permite que certos caracteres sejam utilizados, como: custo, facilidade de obtenção, facilidade de registro etc. Métodos há que podem ser de excelente qualidade em termos de Identidade e Identificação identificação (p. ex., perfil de DNA); todavia, seu elevado custo, bem como a dificuldade material de aplicação, dificulta sua utilização rotineira •Classificabilidade: é a condição que torna possível guardar e achar, quando preciso, os conjuntos de caracteres que são próprios e identificadores das pessoas. Isto é, a possibilidade de classificação para facilitar o arquivamento e a rapidez de localização em arquivos. Método Comparativo O procedimento de identificação deve ser sempre feito em, pelo menos, 3 etapas 1. Primeira identificação- Analisar o que eu recebo, a arcada. É feita a colheita de caracterizadores do indivíduo 2. Segunda identificação- Analisar os registros, prontuários e exames anteriores da pessoa 3. Comparação- Buscar informações que coincidam entre os registros Poderá ao fim a comparação ser considerada: Probabilidade positiva Certeza negativa Processo pelo qual eu chego na identidade, sendo o processo que soma informações coincidentes e compara com as vistas até se chegar na identidade de um indivíduo É um procedimento que visa individualizar uma pessoa, podendo a identificação ser feita por métodos - comparativos - reconstrutivos - estudos antropológicos Importância da odontologia legal Situações em que há uma grande destruição traumática dos corpos com perda de características superficiais identificadoras. Odontologia legal na história Bazar de La Charité - 1897 Alta nobreza Parisiense, no local h aviam várias cortinas, e um incêndio se iniciou. As pessoas não conseguiram sair, totalizando-se 126 carbonizados. Sugeriu- se então a análise do dos prontuários odontológicos e as arcadas. Foram recebidos 11 prontuários e 8 pessoas foram identificadas. Com base neste incidente Oscar Amoedo,um dentista Cubano realizou um trabalho e foi nomeado Pai da odontologia legal. No Titanic a odontologia também foi acionada para identificação dos corpos.