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M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 - M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 P R É - V E S T I B U L A R 1º SIMULADO ON-LINE 2021 PRÉ-ENEM EXTENSIVO � SIMULADO PRÉ-ENEM EXTENSIVO L E I A C O M A T E N Ç Ã O A S I N S T R U Ç Õ E S A S E G U I R 1. O simulado estará disponível para resolução de sexta-feira, dia 16/04/2021, a partir das 14:30, até domingo, dia 18/04/2021, às 23:59. 2. O conteúdo da prova está disponível na aba "Materiais". 3. A aba “Simulados” será utilizada somente para marcação do gabarito. 4. Este simulado contém 90 questões numeradas de 1 a 90, dispostas da seguinte maneira: a) questões de número 1 a 45, relativas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; b) questões de número 46 a 90, relativas à área de Ciências Humanas e suas Tecnologias. ATENÇÃO: as questões de 01 a 05 são relativas à língua estrangeira. Você deverá responder apenas às questões relativas à língua estrangeira (Inglês ou Espanhol) escolhida no ato de sua inscrição. 5. Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções. Apenas uma responde correta- mente à questão. 6. Leia atentamente cada questão e assinale, no gabarito on-line, disponibilizado no sistema, uma única alternativa. 7. Você pode deixar questões em branco. Não é obrigatória a marcação total do gabarito. 8. O tempo sugerido para estas provas é de cinco horas e trinta minutos. 9. Ao terminar de marcar o gabarito, clique em "salvar e finalizar". Atenção: esta ação não poderá ser desfeita. 10. Caso ocorra algum erro, o aluno poderá solicitar uma nova chance, durante o período em que o simulado estiver disponível para a realização, por meio de um requerimento que será analisado pela coordenação. 11. Você poderá rever sua nota e questões marcadas na aba "Simulados" F "Realizadas". I N S T R U Ç Õ E S P A R A E N V I O D A R E D A Ç Ã O 1. A redação deve ser escrita de acordo com as instruções presentes na proposta, devendo ser enviada a partir da atividade específica aberta no Classroom da turma Pré-Enem Extensivo de redação. 2. Todos os tópicos presentes na atividade devem ser seguidos, como o preenchimento do cabeçalho da folha de redação e a nomeação do arquivo em PDF. 3. Caso você não esteja no Classroom, o acesso para os alunos matriculados no curso Pré-Enem Exten- sivo 2021 se dá pelo link https://classroom.google.com/c/Mjg2MTA2NjY5NDEx?cjc=jylkwlc Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 2 M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 - M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 3 LINGUAGENS, CÓDIGOS, E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 1 a 45 Questões de 1 a 5 (opção inglês) As a person of color, I can describe the emotions that take over me when I hear the words "I'm not racist but...". Nothing good can ever come out of this phrase. If you ever feel yourself about to utter these words in a sentence, stop. You know why? Because whatever you are about to say is absolutely, positively racist. No matter how much you convince yourself you treat people of color equally, or you respect people of color if you have said the phrase "I'm not racist but..." you don't, and you are. <theodysseyonline.com/not-racist-but> (adapted) QUESTÃO 1 Analisando o texto acima, as inferências sobre sua autoria e os aspectos de linguagem que reproduzem pensamentos sociais historicamente condensados, é possível afirmar que a conjunção adversativa “but”, objeto de destaque no texto, introduz A um discurso reiterado contra o racismo. B a falsa noção de que há intencionalidade no discurso racista. C uma tentativa de justificar as razões pelas quais não se deve ser racista. D uma justificativa utilizada por pessoas racistas para suavizar seu discurso. E uma oposição ao fato de que todos os “brancos” sejam, de fato, racistas. QUESTÃO 2 A Ao longo da história de luta ideológica dos diversos movimentos qualificados como “movimentos negros” ao redor do mundo, a participação dos “brancos” sempre foi minoritária. Inicialmente, nos primórdios da escravidão, por falta de interesse e conscientização destes em relação àqueles. Posteriormente, por recusa dos próprios componentes dos movimentos negros, no sentido de não “embranquecer” uma luta que precisa ser vencida pelos que sofrem, de fato, com o preconceito. Na foto acima, temos uma exceção a isso, uma vez que dois homens com cores de pele diferentes, com base na diferença entre “less” e “more”, em seus cartazes: A possuem reivindicações diferentes em uma mesma manifestação. B reproduzem o pensamento social de que determinadas vidas são mais importantes. C disputam a atenção dos manifestantes, defendendo cada um a sua bandeira e seu ponto de vista. D questionam o padrão socialmente estabelecido de que “vidas negras” sejam menos importantes. E criticam o sistema de justiça, em que negros são mais comumente condenados sem o devido processo legal. Don't write in English, they said, English is not your mother tongue. The language I speak Becomes mine, its distortions, its queerness All mine, mine alone, it is half English, half Indian, funny perhaps, but it is honest, It is as human as I am human. It voices my joys, my longings, My hopes... <Kamala Das, 1965:10 (Eds.). The Handbook of World English. Singapore: Blackwell, 2006 > QUESTÃO 3 A poetisa Kamala Das, como muitos escritores indianos. escreve suas obras em inglês, apesar de essa não ser sua primeira língua. Nesses versos, ela A usa a língua inglesa como efeito humorístico. B demonstra consciência de sua identidade linguística C adverte sobre o uso distorcido da língua inglesa. D recorre a vozes de vários escritores ingleses. E reconhece a incompreensão na sua maneira de falar inglês. Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 4 QUESTÃO 4 O objetivo do cartaz, extraído de uma campanha nas redes sociais sobre a tolerância racial e o respeito à diversidade de raça, credo, cor e etnia, é reafirmado pela expressão “show the red card” que significa, nesse contexto: A ausentar. B reiterar. C substituir. D diminuir. E eliminar. Typical illegal immigrants come to America primarily for better jobs and, in the process, they pose a threat to the U.S. economy. However, they also take away value by weakening the legal and national security environment, which is even more complicated. When three out of every 100 people in America are undocumented (or, rather, documented with forged and faked papers), there is a profound security problem. Even though they pose no direct security threat, the presence of millions of undocumented migrants distorts the law, distracts resources, and effectively creates a cover for terrorists and criminals. <heritage.org> (adapted) QUESTÃO 5 Analisando o texto acima, as inferências sobre sua autoria e os aspectos de linguagem que reproduzem pensamentos historicamente transmitidos como corretos para determinada nação, é possível inferir da fala do autor que, para ele, A uma lei que vete o fluxo migratório em sua totalidade deve ser aprovada. B não há diferença entre os danos econômicos e de segurança causados pela imigração ilegal. C o número de imigrantes sem documentação legal para viver nos Estados Unidos é alarmante. D o problema da segurança nacional, apesar de importante, não é tão complexo quanto a ameaça à economia local. E o maior problema causado pela imigração ilegal seria referente à segurança, não à suposta ameaça econômica. M AY RA L UÍ ZA DE PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 - M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 5 Questões de 1 a 5 (opção espanhol) QUESTÃO 1 La fritura arrastra el prejuicio de que es una técnica de cocina que engorda. Sin embargo, la investigadora del Instituto de la Grasa del Consejo Superior de Investigaciones Científicas (IG-CSIC) María Victoria Ruiz Méndez recuerda que ya hay estudios que demuestran que freír no es solo una forma popular de cocinar, sino también “eficiente”. Un nuevo trabajo sobre los efectos de distintos aceites en la fritura de los alimentos ha confirmado que, además de mejorar la apariencia y palatividad (cualidad de un producto alimenticio de ser grato al paladar), aumenta los compuestos de interés nutricional por sus efectos hipotensores, antidiabéticos, antiinflamatorios y en la inhibición de la absorción del colesterol. De todos los aceites vegetales estudiados, el de orujo (extraído de la segunda prensada de la oliva), es el que mejor comportamiento físico y químico ha demostrado. La incorporación de la grasa vegetal a los alimentos se produce por absorción de la misma por parte de la comida durante la preparación. “A mayor superficie y porosidad, mayor será”, afirma Ruiz Méndez. De esta forma, según explica, un producto empanado o rebozado absorberá más, al igual que lo harán 100 gramos de patatas finas que la misma cantidad cortada en gajos más grande. Pero este efecto se compensa con el aporte nutricional que genera el aceite y, en especial, el de orujo, que ha demostrado no solo una mayor resistencia en el proceso de fritura, sino también una menor alteración frente al de girasol alto oleico, girasol alto oleico con antiespumante y aceite de semillas. “Por efecto de dilución, se disminuye el contenido en ácidos grasos saturados y el nivel de colesterol mientras que se incrementa el contenido en fitoesteroles (compuestos cuyo consumo reduce la absorción de lipoproteínas en el intestino)”, explica la investigadora. https://elpais.com/ciencia/2021-03-24/una-investigacion-desvela-los-efectos- saludables-de-la-fritura.html (adaptado) O consumo de alimentos fritos normalmente é condenado por ser muito calórico e por engordar. O estudo apresentado no texto afirma que a ingestão desses alimentos A pode ser prejudicial dependendo da forma em que são preparados. B não chegou a conclusões significativas para incentivar o uso do óleo de oliva. C pode aumentar, em alguns casos, o valor nutricional dos alimentos. D é, na verdade, benéfica para a saúde das pessoas. E ainda está em fase de testes, pois existem preconceitos quanto ao consumo de frituras. QUESTÃO 2 Entre os óleos apresentados no texto, observa-se que há alguns melhores que outros quanto a qualidade, o valor nutricional e a resistência quando aquecidos. Nesse sentido, pode-se afirmar que A o óleo de girassol é o mais prejudicial para a saúde. B o óleo de girassol se destaca em relação ao de oliva. C os óleos extra virgens são bons para a fritura dos alimentos. D o óleo de orujo é realmente o melhor para frituras. E o óleo de orujo possui alto nível de colesterol. El español o castellano del 2019 es una lengua fuerte y sana –digna y suficiente, firme y saludable, lozana y adecuada– como decía Camilo José Cela en 1997. Y así sigue hoy: 577 millones de personas hablan español, esto quiere decir que el 7,6 % de la población mundial es hispanohablante. De estos, 480 tienen el español como lengua materna. El español es el segundo idioma del mundo, tras el chino mandarín, por su número de hablantes de lengua materna. Casi 22 millones de personas estudian español en 107 países diferentes. En los países de habla inglesa es el idioma más estudiado, en Estados Unidos hay español en todos los niveles de enseñanza, desde la escuela primaria hasta los cursos superiores. Para los ingleses el español es la lengua con más futuro, por esta razón han aumentado el número de cursos. El 8,1 % de los internautas se comunica en castellano. Es el tercer idioma de la red. La lengua más usada es el inglés, con diferencia, después el chino y el español. Como sabemos, a los hispanohablantes nos gusta mucho comunicarnos, y las redes sociales son una manera de hacerlo. México, por ejemplo, se encuentra entre los diez países con más usuarios de internet del mundo. El español es el segundo idioma en Twitter, en Facebook y en la Wikipedia. Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 6 El español todavía tiene que desarrollarse en algunos ámbitos, por ejemplo, en el científico, pues la gran mayoría de la comunidad científica de habla hispana publica en inglés, y en el lenguaje diplomático y de poder –aquí el español ocupa el cuarto lugar, por detrás del francés. https://www.ecos-online.de/spanisch-lesen/el-espanol-en-el- siglo-xxi (adaptado) QUESTÃO 3 O idioma possui um lugar importante quanto seu número de falantes no mundo. De acordo com o texto, a língua espanhola A é uma das mais faladas em todos os continentes. B é ofertada no sistema educacional norte-americano de forma expressiva. C é mais estudada em países europeus, como Inglaterra e México. D ocupa o terceiro lugar de importância nas redes sociais e em número de falantes nativos. E pode ocupar lugares não explorados ainda, como são as redes sociais. QUESTÃO 4 No terceiro quadrinho do diálogo entre Felipe e Mafalda, observa-se a palavra “todavía”. Em relação a esse termo, é possível afirmar que Felipe A já fez os deveres, mas acredita que não estão corretos. B quer fazer os deveres, mas tem muita dificuldade de entendê-los. C gasta seu tempo lendo gibis e fazendo seus deveres. D contradiz o que foi dito por Mafalda no primeiro quadrinho. E ainda não fez os deveres que precisava. QUESTÃO 5 Na tira acima, Mafalda e Susanita conversam sobre seus desejos para o futuro. Contudo, percebe-se no último quadro que Mafalda A está triste com a atitude grosseira de Susanita. B prefere conversar com outros amigos sobre o futuro. C quer pegar algo para Susanita. D não compreende porque Susanita está chorando. E teve uma atitude violenta com Susanita. M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 - M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 7 LINGUAGENS, CÓDIGOS, E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 6 a 45 QUESTÃO 6 Para Carr, internet atua no comércio da distração Autor de “A Geração Superficial” analisa a influênciada tecnologia na mente O jornalista americano Nicholas Carr acredita que a internet não estimula a inteligência de ninguém. O autor explica descobertas científicas sobre o funcionamento do cérebro humano e teoriza sobre a influência da internet em nossa forma de pensar. Para ele, a rede torna o raciocínio de quem navega mais raso, além de fragmentar a atenção de seus usuários. Mais: Carr afirma que há empresas obtendo lucro com a recente fragilidade de nossa atenção. “Quanto mais tempo passamos on-line e quanto mais rápido passamos de uma informação para a outra, mais dinheiro as empresas de internet fazem”, avalia. “Essas empresas estão no comércio da distração e são experts em nos manter cada vez mais famintos por informação fragmentada em partes pequenas. É claro que elas têm interesse em nos estimular e tirar vantagem da nossa compulsão por tecnologia.” ROXO, E. Folha de S. Paulo. 18 fev. 2012 (adaptado) A crítica do jornalista norte-americano que justifica o título do texto é a de que a internet A mantém os usuários cada vez menospreocupados com a qualidade da informação. B torna o raciocínio de quem navega mais raso, além de fragmentar a atenção de seus usuários. C desestimula a inteligência, de acordo com descobertas científicas sobre o cérebro. D influencia nossa forma de pensar com a superficialidade dos meios eletrônicos. E garante a empresas a obtenção de mais lucro com a recente fragilidade de nossa atenção. QUESTÃO 7 [...] e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem. ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Martin Claret, 2010, p. 78. No trecho acima, está em evidência a função A apelativa, já que instrui o leitor sobre o conceito de “ébrio”. B referencial, pois está centrada naquilo que se quer informar. C poética, pela preocupação na escolha das palavras utilizadas. D emotiva, por ser um compartilhamento de emoções em 1ª pessoa. E metalinguística, por fazer um esclarecimento a respeito do código empregado. QUESTÃO 8 Leia os trechos a seguir. Procura um apoio, mas não encontra. A tontura é demais. Cai no chão, sobre a calçada […] […] “Que tombo, gurizinho. Não chora, não chora, deixa eu ver.” […] “Deixa a vó ver. Não é nada.” [...] “Porque tem o sangue bom e o sangue ruim, sabia? O sangue ruim é esse sangue escuro que tá saindo aí, é sangue sujo, ele corre por fora, assim, perto da pele, entendeu?” […] “O sangue bom é diferente, é bem clarinho, quase rosa, e ele passa nas veias bem grossas, no fundo, por dentro da carne da gente, assim.” […] Quanto mais pensa nisso, menos intenso é seu mal-estar diante dos machucados. Em sua imaginação há uma imagem elaborada de todas as veias e artérias percorrendo seu interior como uma rede de encanamento […]. Passa o dedo no sangue da perna e depois une as pontas do indicador e do polegar, sentindo como colam uma na outra. GALERA, Daniel. Mãos de Cavalo. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 17; 18-19. Mãos de Cavalo, de Daniel Galera, narra várias situações de queda, estabelecendo uma relação entre dor física e sofrimento psicológico. Nos trechos transcritos, essa relação ocorre em diálogo com um conhecimento biológico, a qual evidencia a associação entre A a tontura sentida pela personagem, em decorrência da perda de sangue na queda, e a experimentação do prazer de não se abalar diante das situações difíceis impostas pela vida. Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 8 B o calibre da veia do garoto e a superação dos seus problemas físicos; o calibre da artéria, com maior pressão sanguínea, e os impasses psicológicos da personagem. C o sangue pobre em HbO2 e sua capacidade de coagulação, indicada por sua viscosidade, e a absorção das experiências positivas e negativas relacionadas às quedas vividas pela personagem. D o sangue pobre em HbO2 e o sofrimento físico que precisa ser superado; o sangue rico em HbO2, que circula pelas artérias, e o necessário aprendizado psicológico. E a intensidade da perda de sangue pobre em HbO2 e a alteração do fluxo sanguíneo, decorrente da intensa atividade física, e a aprendizagem do prazer causado pela superação de um problema. QUESTÃO 9 Leia o texto para responder à questão. A RAZÃO DOMINADA PELA FORMOSURA Importuna Razão, não me persigas; Cesse a ríspida voz que em vão murmura; Se a lei de Amor, se a força da ternura Nem domas, nem contrastas, nem mitigas: Se acusas os mortais, e os não abrigas, Se (conhecendo o mal) não dás a cura, Deixa-me apreciar minha loucura, Importuna Razão, não me persigas. É teu fim, teu projeto encher de pejo Esta alma, frágil vítima daquela Que, injusta e vária, noutros laços vejo: Queres que fuja de Marília bela, Que a maldiga, a desdenhe; e o meu desejo É carpir, delirar, morrer por ela. BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. Sonetos. Rio de Janeiro/Belo Horizonte: Garnier, 1994, p. 31. Um dos mais importantes poetas do Arcadismo português, Bocage é, no entanto, considerado um autor pré-romântico. No poema, uma característica que explica por que ele é visto como um precursor do Romantismo é a A entrega do eu-lírico à paixão amorosa, que o leva a questionar o domínio da Razão. B opção pela forma clássica do soneto, que atesta a busca do eu-lírico por objetividade e contenção. C citação do nome da amada, que explicita a homenagem do eu-lírico a mulher idealizada. D confissão do eu-lírico diretamente dirigida a uma figura mitológica, que ilustra sua adesão a valores clássicos. E racionalidade do eu-lírico, que se nega a ceder aos impulsos amorosos e recorre à reflexão. QUESTÃO 10 O corpo reage O corpo reage aos caminhos escolhidos pelo nosso pensamento. Quando temos pensamentos agressivos, o corpo se prepara para uma luta: as mandíbulas se travam, as mãos se fecham, os dentes rangem. O pensamento tem o poder de nos causar uma raiva repentina, sentida pelos órgãos e membros. Quando pensamos na possibilidade de uma ameaça (física ou mental), o corpo se contrai, um mecanismo de defesa é prontamente ativado, o autoisolamento passa a ser uma opção de proteção. Essa perversa ideologia de preservação nos afasta de atividades sociais extremamente importantes para a nossa cabeça. Pensamentos geram emoções, emoções causam reações bioquímicas em nosso corpo – e até doenças. Ele tem de fato o poder. Enquanto deixarmos, ele será O CARA! E quando formos senhores dos nossos pensamentos, a vida seguirá o rumo certo para ser maravilhosa. Como fazer para se tornar um senhor do próprio pensamento? Confesso não saber. Decidi sê-lo agora! E só de haver uma consciência de uma decisão dessas, a respiração já se faz por vias menos obstruídas. Para o autor A O fato de ele sempre ter sido controlador dos seus próprios pensamentos determinou a sua qualidade de vida. B As reações bioquímicas do nosso corpo são afetadas pela qualidade dos nossos pensamentos. C A vida só será maravilhosa quando ignorarmos os pensamentos ruins. D A doença é sempre oriunda de maus pensamentos. E Nosso corpo é feito para a guerra, por isso as mandíbulas se travam em situações de ameaça. M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 - M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 9 QUESTÃO 11 A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou na crença de que os conflitos e problemas humanos – econômicos, políticos, ou sociais – são solucionáveis pela educação, isto é, pela cooperação voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em termos que os tornem acessíveis a todos. (Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.) No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo “chamadas” indica que o autor A vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise crítica da sociedade. B considera utópicos os objetivos dessas ciências. C prefere a denominação “teoria social” à denominação “ciências sociais”. D discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências. E utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”. QUESTÃO 12 Das irmãs os meus irmãos sujando-se na lama e eis-me aqui cercada de alvura e enxovais eles se provocando e provando do fogo e eu aqui fechada provendo a comida eles se lambuzandoe arrotando na mesa e eu a temperada servindo, contida os meus irmãos jogando-se na cama e eis-me afiançada por dote e marido QUEIROZ, S. O sacro ofício. Belo Horizonte: Comunicação, 1980. O poema de Sonia Queiroz apresenta uma voz lírica feminina que contrapõe o estilo de vida do homem ao modelo reservado à mulher. Nessa contraposição, ela conclui que A a mulher deve conservar uma assepsia que a distingue de homens, que podem se jogar na lama B a palavra “fogo” é uma metáfora que remete ao ato de cozinhar, tarefa destinada às mulheres. C a luta pela igualdade entre os gêneros depende da ascensão financeira e social das mulheres. D a cama, como sua “alvura e enxovais”, é um símbolo da fragilidade feminina no espaço doméstico. E os papéis sociais destinados aos gêneros produzem efeitos e graus de autorrealização desiguais. QUESTÃO 13 O rolezinho da juventude nas ruas do consumo e do protesto por Renato Souza de Almeida Os jovens têm criado formas cada vez mais interessantes de manifestação. Desde as jornadas de junho de 2013 – que levou às ruas milhares de brasileiros – até os chamados “rolezinhos”– que também vêm colocando centenas em circulação – se instalou uma crise na análise daqueles que insistiam em afirmar uma possível apatia dessa geração juvenil. “Sair de rolê...” significa dar uma circulada despretensiosa pela vila ou pela cidade. É possível dar um rolê de trem, de ônibus ou a pé. Geralmente, o rolê está ligado ao lazer ou a alguma prática cultural. Sai de rolê o pichador, o skatista, o caminhante... O que vem chamando a atenção de muita gente é como um simples gesto de sair e circular de forma livre tem ocupado um papel central nas principais mobilizações juvenis na cidade de São Paulo nos últimos tempos. [...] Quem não é mais jovem e sempre morou nas periferias de São Paulo, com raras exceções, vai se recordar que a rua era o espaço por excelência da sociabilidade, do lazer e da convivência. Com a chegada do asfalto, vieram também muitos carros e se instituiu como verdade o discurso de que a rua é lugar perigoso e violento. Para muitos adultos, as políticas culturais só se justificam se for para “tirar os jovens das ruas”. Para os jovens, ao contrário, suas ações culturais só têm força e sentido quando acontecem na rua, no espaço público. Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 10 A condenação da rua como espaço da violência veio acompanhada da chegada dos shopping centers também às periferias. Muita gente vai ao shopping tentar encontrar um vazio deixado pelo “fim” das ruas. Para além do consumo, busca-se num shopping um passeio mais livre, solto, e a possibilidade de encontro com pessoas de fora do círculo mais próximo, familiar. No entanto, esse encontro não acontece. Tampouco a livre circulação. As pessoas só encontram uma multidão “sem rosto e coração”– nos dizeres dos Racionais MC’s –, e a circulação no interior do shopping não pode ocorrer de forma livre e espontânea. Ela tem regras claras e rígidas: os pobres podem circular pelo shopping, contanto que finjam pertencer a outra classe social. Mesmo que circulem no shopping sem recursos para consumir, eles devem desejar consumir. Da mesma forma, os negros podem circular pelo shopping tranquilamente, desde que finjam ser brancos nas vestimentas, nos cabelos, no comportamento etc. Os rolezinhos em shoppings – da periferia ou das áreas abastadas –, que se tornaram um fenômeno neste verão, têm características muito semelhantes com os pancadões de rua realizados de forma espontânea e congregam um número significativo de jovens que se reúnem, sobretudo, em torno da expressão cultural do funk. O polêmico e famigerado funk é um dos principais mobilizadores dos jovens na metrópole paulistana. E um dos segredos da sua força não está necessariamente no apelo sexual de algumas músicas ou na sua batida envolvente, mas na forma como ressignificou as ruas para esses jovens. “No dia em que tem pancadão, a rua é nossa!” E se a rua é“nossa”, pode-se fazer qualquer coisa, inclusive não fazer nada... E, se o “som é de preto, de favelado e, quando toca, ninguém fica parado”, não há necessidade de fingir ser outra coisa, como exigem os shoppingscenters. Ao contrário, é um momento de afirmação dessa mesma identidade periférica. Nesse sentido, estar no shopping – no local que a sociedade estabeleceu para substituir a rua –é bastante provocador. Os rolezinhos levaram para dentro do paraíso do consumo a afirmação daquilo que esse mesmo espaço lhes nega: sua identidade periférica. Se quando o jovem vai ao shopping namorar ou consumir com alguns amigos ele deve fingir algo que não é, com os rolezinhos ele afirma aquilo que é! E quando faz essa afirmação ele revela a contradição na lógica dos shopping centers. Ou seja, os rolezinhos põem por terra a aparente circulação livre e o espaço aberto que os shoppings dizem proporcionar. Quando o jovem afirma, por meio do rolezinho, sua identidade de negro e pobre, a contradição se evidencia e a polícia é acionada, e tão logo o paraíso do consumo e do prazer se revela como o inferno do preconceito racial e da violência. Esses jovens que hoje mobilizam os rolezinhos são intitulados “geração shopping center”, consumista, por parte dos mais velhos. Porém a prática dos rolezinhos nos shoppings está revelando a contradição mais aguda desse espaço que tentou tomar o locus simbólico da rua. Nos rolezinhos, os jovens não são consumidores, mas produtores. Produzem um novo jeito de circular pelo shopping. Produzem uma prática cultural que se contradiz com esse lugar. Produzem contradição e desordem no sistema. E produzem uma nova gramática política ao afirmar sua classe num espaço que existe para negá-la. [...] Disponível em: < http://www.diplomatique.org.br>. Acesso em: 29 ago. 2014 - Artigo publicado em 03 fev. 2014 (fragmento de texto) Considere a charge a seguir. Essa charge estabelece uma correspondência de sentido com a passagem transcrita em: A “’Sair de rolê...’ significa dar uma circulada despretensiosa pelavila ou pela cidade.” B “Muita gente vai ao shopping tentar encontrar um vazio deixado pelo “fim” das ruas.” C “(...) a circulação no interior do shopping não pode ocorrer de forma livre e espontânea.” D “(...) os pobres podem circular pelo shopping, contanto que finjam pertencer a outra classe social.” E “Esses jovens que hoje mobilizam os rolezinhos são intitulados “geração shopping center”, consumista, por parte dos mais velhos.” M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 - M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 11 QUESTÃO 14 Analise o texto Nas suas andanças Danças, danças, danças, danças, danças Na multidão Veja se de vez em quando encontra Contra, contra, contra Os pedaços do meu coração Tira essa máscara Cara a cara, cara a cara, cara a cara Quero ver você No trio elétrico rico Rico, rico, rico, rico, rico de se endoidecer De alegria, ria, ria, ria, ria Que a luz se irradia dia, dia, dia, dia Dia de sol na Bahia VELOSO, Caetano. Cara a Cara. In: Muitos Carnavais. Depreende-se que A o recurso verbo-sonoro expresso pelo compositor/poeta encontra paralelo em algumas composições cultistas barrocas, que prezavam o “jogo de palavras”. B ao exigir que o “outro” tire a máscara, alude-se à exposição realista do indivíduo. C as expressões “encontra” e “contra” contradizem-se – o que invoca o elemento antítese, muito comum na modernidade, já que a representação do homem dividido é bastante difundida. D o poema/canção reflete a visão lúdica própria do brasileiro, que encaraa realidade sempre de forma irreverente e bem-humorada. E todo o poema é construído de modo a estabelecer parentesco com o Simbolismo, pela musicalidade e pela “dança”. QUESTÃO 15 Fiz plástica! Durante anos meu rosto foi redondo como o de um porquinho. Quando emagreci, a pele da papada caiu. Fiquei semelhante a um pelicano. – A única solução é plástica – sugeriu um amigo. Reagi. Sempre fui contra. Muita gente exagera nas intervenções e fica com cara de pequinês. E mais: plástica exige anestesia, cuidados médicos, repouso. Fazê-la não pode ser uma decisão frívola. Mas, cada vez que eu via minha pele dependurada, me irritava. Procurei um amigo de vinte anos, Rogério, cuja biografia conheço bem. Não é um cirurgião da moda – possui um trabalho sério na reconstituição de queimados. Fiz a consulta. – Quero dar uma melhorada – confessei. – Mas sem repuxar a ponto de me transformar em chinês. Ele me acalmou. – Tiro o papo e dou uma leve esticada na parte de baixo do rosto. Com anestesia local. Dez dias depois retirei os pontos. Faz pouco mais de um mês e ninguém diz que fiz plástica! Só as orelhas continuam meio adormecidas por causa da anestesia. Garante o médico que daqui a semanas voltam ao normal. Não me tornei um jovenzinho, mas estou me sentindo melhor! Mais... apresentável! Uma amiga aconselhou: – Não conte que fez plástica. Por que não? Sou de um tempo em que homem não podia ter vaidade. Procurar o cirurgião, nem pensar! Mas o mundo mudou. Ainda bem. Envelhecer com dignidade não é necessariamente despencar! Afinal de contas, cuidar da própria aparência é um dos poucos gestos de liberdade que ainda restam a cadaser humano. (Walcyr Carrasco. Veja SP, 28.01.2009. Adaptado.) Para contestar o conselho dado pela amiga, o narrador argumenta que A desejava mudar a situação, pois se ressentia dos comentários pejorativos que os conhecidos faziam sobre sua aparência. B chegou à conclusão de que é necessário acompanhar a moda para sentir-se aceito e fazer parte da sociedade. C confiava plenamente nas habilidades médicas e no bom senso de seu amigo cirurgião, por isso se submeteu à cirurgia. D resolveu assumir a própria vaidade, já que atualmente são raras as oportunidades que os indivíduos têm de exercer sua liberdade. E ponderou que fazer plástica implica riscos, por isso tentou primeiramente fazer uma dieta radical e que demandasse pouco tempo. Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 12 QUESTÃO 16 (Adão Iturrusgarai. Folha de S.Paulo, 12.07.2013.) Os quadrinhos que compõem a tirinha são A dissertativos, pois o leitor recebe informações precisas sobre a velocidade dos seres apresentados. B descritivos, visto que há uma sequência de ações que leva as personagens a uma interação mútua. C descritivos, pois aos elementos comparados são atribuídas características que os especificam. D narrativos, visto que a linguagem verbal complementa a linguagem não verbal, dando sentido ao texto. E narrativos, porque o intuito da tirinha é provocar o riso, conduzindo o leitor ao anticlímax. QUESTÃO 17 Leia o texto a seguir: Ardor em firme coração nascido; pranto por belos olhos derramado; incêndio em mares de água disfarçado; rio de neve em fogo convertido: tu, que em um peito abrasas escondido; tu, que em um rosto corres desatado; quando fogo, em cristais aprisionado; quando crista, em chamas derretido. Se és fogo, como passas brandamente, se és fogo, como queimas com porfia? Mas ai, que andou Amor em ti prudente! Pois para temperar a tirania, como quis que aqui fosse a neve ardente, permitiu parecesse a chama fria. MATOS, Gregório de. Poemas selecionados de Gregório de Matos. São Paulo: companhia das letras, 2011. O texto, pertencente a escritor do Barroco brasileiro, apresenta todas seguintes características A Trocadilhos, predomínio de metonímias, a dualidade temática da sensualidade e do refreamento, antíteses claras dispostas em ordem direta. B Sintaxe segundo a ordem lógica do Classicismo, a qual o autor buscava imitar, predomínio das metáforas e das antíteses, temática da fugacidade do tempo e da vida. C Dualidade temática da entrega e do refreamento, predomínio figurativo das metáforas e pares antitéticos que tendem para o paradoxo. D Temática naturalista, assimetria total de construção, ordem direta predominando sobre a ordem inversa, imagens que prenunciam o Romantismo. E Verificação clássica, temática neoclássica, sintaxe preciosista evidente no uso das síntese, dos anacolutos e das alegorias, construção assimétrica. QUESTÃO 18 O Governo pretende, com a campanha acima, A criticar as pessoas que dirigem embriagadas. B fazer propaganda das medidas socioeducativas criadas pelo governo. C conclamar o povo brasileiro contra as pessoas que dirigem mal. D expor aos leitores sobre as penalidades decorrentes de se dirigir inadequadamente. E convencer os leitores a se envolverem em uma campanha a favor da vida. M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 - M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 13 QUESTÃO 19 “Exortação” [Trecho] Ribeiro Couto e Manuel Bandeira, poetas do Brasil, do Brasil, nosso irmão, disseram: “–É preciso criar a poesia brasileira, de versos quentes, fortes, como o Brasil, sem macaquear a literatura lusíada”. Angola grita pela minha voz, Pedindo a seus filhos nova poesia! [...] Angola, grande promessa do futuro, forte realidade do presente, inspira novos ideais encerra ricos motivos É preciso inventar a poesia de Angola! (GOMES, Maurício. In: MACÊDO, Tania; CHAVES, Rita. Literaturas de língua portuguesa: marcos e marcas. Angola, 2007, p. 61.) No poema, a literatura brasileira é vista como uma referência para a literatura angolana. Segundo o texto, isso ocorre devido A à autonomia da poesia brasileira em relação à poesia de Portugal. B à indicação de semelhanças culturais e históricas entre os dois países. C ao caráter político da literatura de resistência produzida no Brasil. D à capacidade de constante reinvenção dos poetas brasileiros. E à reinvenção completa da língua portuguesa original.” QUESTÃO 20 Comemoramos em 2013 os cem anos de nascimento de Luiz Gonzaga, Rei do Baião, cantor do sertão nordestino. Em suas composições, ele enaltece o sertão, apresentando seus tipos humanos, seus problemas, principalmente a seca e as consequências dela advindas. Considerando o texto abaixo, analise as alternativas que a ele se referem. Asa Branca Quando oiei a terra ardendo Qual fogueira de São João Eu preguntei a Deus do céu, uai Por que tamanha judiação Que braseiro, que fornaia Nem um pé de prantação Por farta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Inté mesmo a asa branca Bateu asas do sertão "Intonce" eu disse adeus Rosinha. Guarda contigo meu coração Hoje longe muitas léguas Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Para eu voltar pro meu sertão Quando o verde dos teus oio Se espalhar na prantação Eu te asseguro não chore não, viu? Que eu voltarei, viu? Meu coração GONZAGA, luiz. Compositores: Luiz Gonzaga / Cavalcanti Teixeira Humberto / Luiz Gonzaga / Cavalcanti Teixeira Humberto Marque a alternativa correta. A A tristeza e o constrangimento do sertanejo por ter que abandonar sua terra e deixar para trás as pessoas que ama, são os temas de Asa Branca, que ganhou popularidade, por expressar sentimentalmente a realidade do retirante nordestino. B O poema foi construído com a linguagem própria da oralidade do sertanejo de uma dadaépoca e oferece imagens devastadoras das intempéries da natureza que provocam o êxodo rural. C Na primeira estrofe, o autor evoca a imagem da fogueira de São João, a fim de realçar a cultura do sertanejo, que se sobrepõe às condições penosas e destruidoras da seca do Nordeste. D O título da composição do autor pernambucano traz a designação de uma ave, cuja partida denuncia a proximidade da seca que se alastra na região. Tal como a asa branca, o homem se distancia de seu espaço, mas perde a expectativa do retorno. E A última estrofe associa a cor dos olhos de Rosinha ao cenário futuro, admissível com o fim da seca. O eu poético entende que, nesse momento, idealizar a amada seria esquecer as adversidades. Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 14 QUESTÃO 21 (http://3.bp.blogspot.com/_Kmgdy92yn2M/S- WOrzAYkhI/AAAAAAAAAXg/riNr-nlU-XQ/s1600/Michelangelo+- +A+cria%C3%A7%C3%A3o+de+Ad%C3%A3o.+Capela+Sistina.jpg) (http://revistacult.uol.com.br/home/2012/08/medialidade-imperio-e-religiao- dos-meios/) A recriação do afresco de Michelangelo sugere A a retomada do princípio clássico da mimese, conceito artístico que valorizava a capacidade de imitação de um artista. B a tentativa de desconstruir conceitos da arte renascentista, por meio da ridicularização de um paradigma do Classicismo. C o tom de humor garantido na paródia pela atualização de alguns elementos da obra clássica, preservando ainda traços que permitam o reconhecimento da obra original. D a crítica à postura conservadora que o ser humano preserva ao longo dos séculos diante de situações cotidianas. E a condenação da presunção do ser humano que sempre se julgou capaz de criar grandes obras. QUESTÃO 22 Estudar é também uma arte e, como tal, depende muito da motivação. Estudioso é quem tem motivação própria para estudar. O que seria – como é para a grande maioria das pessoas – chato passa a ter sentido e preencher o sentido da vida. Motivação não implica necessariamente prazer, em especial prazer físico imediato. Não se estuda apenas o que dá prazer. É inevitável estudar também o que não nos dá prazer, se isto for importante. Estudo é também trabalho, dedicação, esforço, renúncia. Tudo o que se faz com prazer é mais fácil. Mas a vida não se reduz a prazer. Seria fútil. Não segue que o estudo mais proveitoso seja o mais estafante. Segue apenas que estudar pode acarretar sacrifício. E isto faz parte da vida também. (Texto adaptado de DEMO, Pedro. Metodologia para quem quer aprender. São Paulo: Atlas, 2008, p.9.) A partir da leitura do texto é correto inferir que A as pessoas estudiosas não precisam de motivação para estudar. B a motivação está diretamente associada ao prazer físico. C o estudo para ser funcional necessita de sacrifícios, de dedicação. D o estudo para ser proveitoso deve ser exaustivo. E a relevância do objeto estudado pode ser o elemento motivador. QUESTÃO 23 Leia o seguinte texto sobre a ópera O Guarani, de Carlos Gomes: Desde a chegada à Europa, Carlos Gomes idealizava o projeto de uma obra de maior vulto1, que precisaria ser enviada ao Brasil como contrapartida pela bolsa recebida do governo. A essa altura, seus biógrafos relatam2 que, com saudades do Brasil, Gomes passeava sozinho pela Piazza del Duomo, quando ouviu o anúncio de um vendedor ambulante: “Il Guarany, Storia del Selvaggi del Brasile”. Tomado de susto pela coincidência, conta-se que comprou ali mesmo a tradução do livro de Alencar, certo de que aquele era um sinal: sua nova obra deveria se voltar às origens. A narrativa serve bem à construção dos mitos em torno do compositor, mas o fato é que não há registro oficial algum3 do episódio, pelo contrário: cartas e documentos mostram que, ao partir para a Itália, Carlos Gomes já pensava em “O Guarani” como tema para uma nova obra. Se ele comprou uma versão italiana do romance foi apenas para facilitar o trabalho do libretista Antonio Scalvini. O romance de José de Alencar tinha todos os ingredientes de um bom libreto: o triângulo amoroso, a luta entre o bem e o mal e cenas dramáticas e visualmente fortes. No dia 2 de dezembro de 1870, o escritor José de Alencar caminhou pelas ruas do Rio de Janeiro até o Teatro Lírico a fim de acompanhar a estreia brasileira da ópera baseada em seu romance mais famoso, publicado em 1857. M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 - M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 15 Ao fim do espetáculo, a intensa ovação não foi suficiente para fazer o escritor esquecer algumas restrições com relação à adaptação. Anos depois, em suas memórias, ele se resignaria: “Desculpo-lhe, porém, por tudo, porque daqui a tempos4, talvez por causa das suas espontâneas e inspiradas melodias, não poucos hão de ler esse livro5, senão relê-lo – e maior favor não pode merecer um autor”. Alencar não estava errado. A ópera não apenas ajudou a manter viva a fama do romance como se tornou símbolo máximo da obra de seu compositor. Coleção Folha Grandes Óperas. São Paulo: Moderna, 2011. Adaptado. Voltar “às origens”, sublinhado no texto, tendo como base o romance O Guarani, de José de Alencar, significa, para Carlos Gomes, retomar A o livro que dá início à história do romance brasileiro, inaugurando a prosa de ficção em nossas Letras. B a figuração de uma gênese do Brasil, que conjuga elementos históricos, ficcionais e mitológicos. C o texto inaugural do Indianismo, estética fundadora de uma sensibilidade autenticamente nacional. D as matrizes da arte operística, constituídas elas próprias de materiais épicos, líricos e dramáticos. E a tradição operística brasileira, que já durante o Arcadismo mineiro produzira óperas de enredo indianistas. QUESTÃO 24 Leia o texto a seguir. Mesmo que seja eu Seja eu! Seja eu! Deixa que eu seja eu E aceita O que seja seu Então deita e aceita eu... Molha eu! Seca eu! Deixa que eu seja o céu E receba O que seja seu Anoiteça e amanheça eu... Beija eu! Beija eu! Beija eu, me beija Deixa O que seja ser... Então beba e receba Meu corpo no seu Corpo eu, no meu corpo Deixa! Eu me deixo Anoiteça e amanheça... Seja eu! Seja eu! Deixa que eu seja eu E aceita O que seja seu Então deita e aceita eu... Molha eu! Seca eu! Deixa que eu seja o céu E receba O que seja seu Anoiteça e amanheça eu... LIMA, Marina. Compositores: Erasmo Esteves / Roberto Carlos Braga. Álbum: Fullgás Pode-se afirmar que o texto A apresenta a linguagem na norma culta, usada nos variados gêneros, inclusive na poesia do sentimento amoroso. B descreve uma personagem feminina a partir de seus sentimentos e não pelos atributos físicos. C conta uma história de amor não correspondido depois de longos anos de espera. D traz poesia e linguagem subjetiva, sem a preocupação com a norma culta, seguindo os padrões poéticos modernos. E apresenta ao leitor uma opinião sobre determinado assunto – no caso, o amor-paixão. QUESTÃO 25 TEXTO Para alguém conhecido, no início da carreira, como “o peru que fala”, graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, “soltinho” aos 81 anos. (Marco Aurélio Canônico. O rei está nu. Folha de S.Paulo, 19.08.2012.) Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno1 – VERDE – Página 16 Cada civilização é, de certa forma, filha de privilégios imediatos, logo aproveitados pelos homens. Assim, na origem dos tempos, as civilizações fluviais do Velho Mundo floresceram ao longo do rio Amarelo (civilização chinesa); do Indu (civilização pré-indu); do Eufrates e do Tigre (Suméria, Babilônia, Assíria); do Nilo (civilização egípcia). Da mesma forma, floresceram civilizações talassocráticas, filhas do mar: a Fenícia, a Grécia, Roma. (Fernand Braudel. Gramática das civilizações, 1987. Adaptado.) Os “privilégios imediatos”, aos quais o autor se refere, favoreceram, nessas civilizações citadas, o desenvolvimento A de organizações políticas democráticas, cuja função limitava-se em distribuir os bens econômicos vindos da agricultura e do comércio. B da arquitetura, da pintura e da escultura, considerando que as divindades associadas às águas deveriam ser adoradas nos templos adornados por imagens. C de sociedades pacíficas, abastecidas por produções agrícolas elevadas, que estabeleceram relações de concórdia entre si. D de artes menores, caracterizadas pelo trabalho em materiais preciosos como ouro e marfim, resultado de períodos de inatividade dos homens durante as cheias dos rios. E da agricultura, devido à fertilização natural das margens dos rios, e das atividades comerciais. QUESTÃO 26 Examinando-se a reprodução do quadro de Daumier, pintor francês do século XIX, conclui-se que ele reproduz o ideário da época, visto que A a pintura procurava, tal como a literatura, defender a soberania e os valores das elites sociais. B a pintura e a literatura tinham função combativa e levavam à reflexão sobre as condições sociais. C os tipos retratados tanto na pintura como na literatura mostram indivíduos voltados a sentimentos de caráter intimista. D a ênfase a problemas místicos, distantes da realidade objetiva, era o foco dos pintores e dos escritores. E a descrição das personagens retratadas revela uma preocupação metafísica e transcendental de pintores e escritores. QUESTÃO 27 Leia o cartaz a seguir. Disponível em:<www.bc.ufg.br>. Acesso em: 21 set. 2011. Uma das estratégias para o convencimento do leitor do cartaz está baseada na A oposição entre genialidade e vandalismo. B relação entre alegria e serenidade. C combinação entre otimismo e pessimismo. D distinção entre livro e pintura. E separação entre ocupação e ócio. M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 - M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 17 QUESTÃO 28 Leia a passagem da obra “Os Lusíadas” de Camões. Texto I “Ó que famintos beijos na floresta, E que mimoso choro que soava! Que afagos tão suaves, que ira honesta, Que em risinhos alegres se tornava! O que mais passam na manhã, e na sesta, Que Vénus com prazeres inflamava, Melhor é experimentá-lo que julgá-lo, Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.” Camões. Canto IX. Os Lusíadas. São Paulo: Pé da letra, 2018. Texto II Não vou Chorar Por que será que tem que ser assim A gente gosta, a gente ama, a gente muda E o tempo faz verdades nos teus olhos, deixa ver Solidão abusa Foi tão bonito, tão intenso, tão maravilhoso Cada segundo E a vida nos revela cada dia uma nova cena Um outro mundo Se chega, me beija Me olha nos olhos E me diz então Valeu! Foi bom, adeus! Não vou chorar Nem vou me arrepender Foi eterno enquanto durou Foi sincero nosso amor Mas chegou ao fim Não vou chorar Nem vou me arrepender Foi eterno enquanto durou Foi sincero nosso amor Mas chegou ao fim. Chiclete com banana. Compositores: Alexandre Lima Alexandre Peixe / Filho Roberto Maltez Garrido. Álbum Sou Chicletero. A passagem do texto I descreve a Ilha dos Amores, episódio da obra “Os Lusíadas” de Camões, recompensa de Vênus aos nautas portugueses por tão grandiosa viagem pelos oceanos. Ao compararmos este trecho com a música do texto II, composição contemporânea e largamente divulgada em processos audiofônicos, é possível identificar que A Ambos exploram a intensidade afetiva e dos desejos amorosos. B Ambos apresentam um amor que perpetua e não de distância do ser. C Os indivíduos raramente vivem o prazer, por isso vivem intensamente. D Os eu – líricos são seres que não vivem os desejos, apenas os descrevem. E O amor é algo que faz sofrer e o prazer não ocorre verdadeiramente, apenas é ilusão. QUESTÃO 29 Conforme o autor, A a gramática e a lógica reconheciam outrora a análise das partículas de realce. B a gramática e a lógica analisavam apenas os termos sobejantes da oração. C a linguagem era iluminada outrora apenas pela análise dos termos de realce. D as palavras excedentes encaixadas na oração, classificadas como termos de realce, constituíam, até então, os limites da análise. E as palavras expletivas e ilógicas sobravam nas orações de realce, desde que reconhecidas como fenômenos da linguagem. QUESTÃO 30 Texto 1 Canção do exílio Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosas mas custam cem mil réis a dúzia. Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade! MENDES, Murilo. Melhores poemas. Global. Rio de Janeiro, 2014. Texto 2 Sabiá Vou voltar, sei que ainda vou voltar Para o meu lugar, foi lá e é ainda lá Que eu hei de ouvir cantar, uma sabiá Uma sabiá Vou voltar, sei que ainda vou voltar Vou deitar à sombra de uma palmeira que já não há Colher a flor, que já não dá E algum amor talvez possa espantar as noites Que eu não queria e anunciar o dia Vou voltar, sei que ainda vou voltar Não vai ser em vão Que fiz tantos planos de me enganar Como fiz enganos de me encontrar Como fiz estradas de me perder Fiz de tudo e nada de te esquecer BUARQUE, Chico. Compositores: Antonio Carlos Jobim / Chico Buarque. Álbum: Stone Flower. Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 18 O poema e a canção retomam e atualizam a Canção do Exílio (de Gonçalves Dias, autor do Romantismo brasileiro) ao A tematizar a saudade da terra natal e enaltecer os costumes de suas culturas locais. B louvar os elementos da natureza e as ações de preservação que os mantêm acessíveis. C retomar a sensação de estar no exílio e idealizar positivamente elementos da terra distante. D expressar relações com elementos da terra distante e a percepção de que esses sofreram mudanças. E manifestar o desprezo pelos elementos da terra ausente e a satisfação com a vida no exílio. QUESTÃO 31 Obras de Monteiro Lobato entram para domínio público Saiba o que muda e quais repercussões isso poderá ter na relação dos leitores com as obras do escritor 1 Ele dá nome a ruas, escolas e bibliotecas por 2 todo o Brasil. O Dia Nacional do Livro Infantil, 3 comemorado em 18 de abril, homenageia a 4 data de nascimento desse escritor, autor de 5 mais de 50 livros que mexeram, como 6 ninguém, com o imaginário de crianças e 7 jovens de todo o Brasil. A personalidade em 8 destaque é Monteiro Lobato, cujas obras 9 ingressaram em domínio público em 1º de 10 janeiro deste ano. 11“Quando a obra ingressa no domínio público, 12 qualquer pessoa pode utilizá-la, fazer 13 adaptações, traduzir, veicular, imprimir, ou 14 seja, fazer qualquer tipo de uso econômico 15 sem ter de pedir autorização prévia para o 16 autor ou titular de direitos”, explica a diretora 17 da Secretaria de Direitos Autorais e 18 Propriedade Intelectual da Secretaria Especial 19 da Cultura do Ministério da Cidadania, Carolina 20 Panzolini. [...] A legislação brasileira estipula o 21prazo de 70 anos a partir de 1º de janeiro ao 22 ano subsequente à morte do autor para que as 23 obras dele entrem em domínio público. 24 Especialista na obra de Monteiro Lobato, a 25 professora de Literatura Brasileira Milena 26 Ribeiro Martins, da Universidade Federal do 27 Paraná, acredita que o ingresso da obra do 28 escritor paulista em domínio público vai 29 aumentar a atenção do público e reaquecer o 30 interesse pela obra de Lobato. [...] “O número 31 de leitores de Lobato tende a aumentar 32 porque, comercialmente, vai haver novas 33 edições e o número de criações com base na 34 obra de Lobato deve aumentar”, avalia. 35 Milena defende que, apesar de alguns terem 36 quase 100 anos, os livros de Lobato, em 37 especial os voltados ao público infantil, podem 38 ser muito atraentes para os jovens leitores 39 que vivem cercados de experiências 40 multimídias. “Há um misto de fantasia, de 41 ciência, de imaginação e de criatividade na 42 obra do Lobato, que ainda é atraente para as 43 crianças”, argumenta. [...] 44 Uma das ousadias de Lobato foi, em uma 45época em que o conservadorismo era grande, 46 dar voz às crianças, que não costumavam ter 47 espaço na maioria das famílias para expor 48 seus pensamentos. “Ele não vai pensar numa 49 criança simplesmente obediente, mas ele vai 50 pensar numa criança reflexiva, criativa, 51 produzindo novos significados para o seu 52 momento histórico. E, nesse sentido, ele muda 53 muito a literatura nacional e discute produção 54 literária estrangeira dentro da sua obra”, 55 destaca a especialista. CAMPANERUT, Camila. Obras de Monteiro Lobato entram para domínio público. Brasília: Ministério da Cidadania, 2019. Disponível em: http://cultura.gov.br/obras-de-monteiro-lobato-entram-para- dominio-publico/. Acesso em: 30/08/2019. Desde 1º de janeiro de 2019, não há mais necessidade de pedir autorização para utilizar as obras de Monteiro Lobato, porque A os leitores estão cercados de experiências multimidiáticas. B os livros desse autor são atraentes para crianças e jovens. C a data do nascimento do autor é marcada como o Dia Nacional do Livro Infantil. D o ano anterior a esta data indica que decorreram 70 anos da morte do autor. E os livros discutem a realidade nacional e sua formação. M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 - M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 19 QUESTÃO 32 Analise o texto a seguir: 01 Baseado no best-seller homônimo de 02 R.J. Palacio, Extraordinário intima às 03 lágrimas. Dito assim, pode parecer que o 04 filme dirigido por Stephen Chbosky é um 05 drama apelativo. Não deixa de ser (...), 06 pois estamos falando da história de um 07 menino que sofre da Síndrome de Treacher 08 Collins, responsável por causar deformação 09 facial. É naturalmente tocante a sua 10 jornada inicial, e aparentemente simples, 11 de sair de casa para o primeiro dia de aula, 12 quando instado a tirar o capacete de 13 astronauta que o esconde. Auggie (Jacob 14 Tremblay) desenvolveu uma série de 15 técnicas para não se embaraçar com o 16 espanto alheio, sendo a mais eficiente delas 17 olhar para baixo e ler as pessoas a partir 18 dos seus calçados. 19 Mesmo dentro de uma estrutura 20 bastante estanque, os relacionamentos são 21 encarados com candura em Extraordinário, 22 a começar pela estrutura familiar. Auggie é23 educado e amparado sempre de perto pela 24 mãe, Isabel (Julia Roberts), encontra 25 momentos de leveza ao lado do paizão, 26 Nate (Owen Wilson), e tem o total apoio da 27 irmã mais velha, Via (Izabela Vidovic). Esse 28 acolhimento doméstico serve para 29 contrabalancear os episódios difíceis na 30 escola, a despeito de todo o cuidado que a 31 direção e a docência têm com sua 32 integração. 33 Stephen Chbosky costura as diversas 34 facetas narrativas com habilidade. Saindo 35 ligeiramente do habitual, Extraordinário 36 tenta expandir a mirada aos personagens 37 periféricos, às testemunhas da trajetória de 38 Auggie. Isso ocorre de maneira explícita, 39 com a divisão do filme, literalmente, em 40 capítulos, estes nominados de acordo com o 41 coadjuvante ocasionalmente promovido ao 42 centro, com direito a narração em off. (...) 43 O intuito por trás desse fracionamento é44 mostrar um pouco das dificuldades de cada 45 um. Ainda que rapidamente o foco sempre 46 volte ao menino com problemas de 47 adaptação social, esses respiros são 48 bem-vindos para alargar a nossa compreensão 49 acerca de um painel mais amplo. 50 O percurso construído é singelo e terno. 51 Extraordinário não se propõe a fazer 52 uma investigação profunda das questões 53 concernentes à história de Auggie. Todavia, 54 Stephen Chbosky garante, ao menos, a 55 prevalência dos olhares afetuosos. A 56 dinâmica entre as pessoas em cena, com 57 quem estabelecemos rapidamente empatia, 58 funciona adequadamente dentro da 59 proposta adotada. Em tempos intolerantes 60 como o nosso, é auspicioso assistir a uma 61 realização que, não obstante a restrição por 62 conta do molde pré-definido, neste caso o 63 livro, consegue mirar em um público amplo, 64 sem esquecer-se de propagar ideias de 65 tolerância, afrontando, por exemplo, a 66 conduta reprovável dos bullys. MÜLLER, M. Crítica. Disponível em: https://www.papodecinema.com.br/filmes/extraordinario/Acesso em: 24 de outubro de 2019. O assunto do texto é o filme Extraordinário. Para abordá-lo, o autor optou por escrever A uma sinopse, porque descreveu, em poucas palavras, as partes do filme. B um resumo, pois desenvolveu a obra sem contar o que acontece no final. C uma síntese, pois fez um resumo, informando somente o essencial da obra. D uma resenha, porque resumiu a película e deu sua opinião sobre a obra. E uma crítica, posto o intuito do texto de apontas os defeitos do filme. QUESTÃO 33 Texto I Mais tempo que os feitos vive a Palavra, o que quer que seja que a língua, pelo favor das Graças, retira da profundeza da mente. PÍNDARO. 'Nemea', IV, 6-8. Acesso em: https://greciantiga.org/arquivo.asp?num=1081 Texto II Cara minha inimiga, em cuja mão Pôs meus contentamentos a ventura (destino) Faltou-te a ti na terra sepultura, Porque me falte a mim consolação. Eternamente as águas lograrão (possuirão) A tua peregrina formosura, Mas enquanto me a mim a vida dura Sempre viva em minh'alma te acharão. E se os meus rudos versos podem tanto (rudes) Que possam prometer-te longa história Daquele amor tão puro e verdadeiro, Celebrada serás sempre em meu canto, Porque enquanto no mundo houver memória Será minha escritura teu letreiro. (epitáfio, inscrição que que se faz em túmulos) CAMÕES, Luís Vaz de. Sonetos selecionados de Camões. Ateliê editorial. São Paulo, 2018. Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 20 Como se relaciona o tema do soneto de Camões com o pensamento de Píndaro? A O eu-lírico confia na imortalidade de seus versos, que guardarão para sempre a memória da amada. B As águas possuirão eternamente a beleza da musa inspiradora morta. C A mulher a quem o poeta ama viverá em sua alma enquanto ele viver. D O destino pôs os contentamentos do eu-lírico nas mãos de uma inimiga. E A ausência de sepultura para aquela a quem o texto se refere é a causa do desconsolo do poeta. QUESTÃO 34 O texto a seguir constitui um trecho do Sermão de Quarta- Feira de Cinzas, escrito por padre Antônio Vieira, e proferido em Roma no ano de 1672. Duas coisas prega hoje a Igreja a todos os mortais: ambas grandes, ambas tristes, ambas temerosas, ambas certas. Mas uma de tal maneira certa, e evidente, que não é necessário entendimento para crer; outrade tal maneira certa, e dificultosa, que nenhum entendimento basta para a alcançar. Uma é presente, outra futura: mas a futura veem- na os olhos, a presente não a alcança o entendimento. E que duas coisas enigmáticas são estas? Pulvis es, et in pulverem reverteris. Sois pó, e em pó vos haveis de converter. Sois pó, é a presente; em pó vos haveis de converter, é a futura. O pó futuro; o pó em que nos havemos de converter, veem-no os olhos; o pó presente, o pó que somos, nem os olhos o veem, nem o entendimento o alcança. De vinte e quatro horas que tem o dia, por que se não dará uma hora à triste alma? Esta é a melhor devoção e a mais agradável a Deus que podeis fazer nesta Quaresma. Tomar uma hora cada dia, em que só por só com Deus e conosco, cuidemos na nossa morte e na nossa vida. E porque espero da vossa piedade e do vosso juízo que aceitareis este bom conselho, quero acabar, deixando-vos quatro pontos de consideração: Primeiro, quanto tenho vivido? Segundo, como vivi? Terceiro, quanto posso viver? Quarto, como é bem que viva? (MENDES, João S. J. Padre Antônio Vieira. Editorial Verbo, 1972. Adaptado) De acordo com o conteúdo do texto, conclui-se corretamente que Vieira A critica alguns dogmas defendidos pela Igreja, como a crença na imortalidade da alma. B reverencia a si mesmo como o exemplo de retidão a ser seguido pelos ouvintes. C considera que os indivíduos são incapazes de vislumbrar o que lhes aguarda no futuro. D evidencia a necessidade de as pessoas refletirem sobre a brevidade de nossa existência terrena. E determina que as igrejas são os únicos locais onde os fiéis devem prestar devoção a Deus. QUESTÃO 35 Álbum de colégio 1 Um antigo colega criou e organizou um site sobre 2 nossos anos de colégio, que já vão longe. Visitei ontem 3 as páginas virtuais de uma experiência real, vivida 4 longamente numa velha escola, sólida tanto na construção 5 como no ensino. A pesquisa do meu colega é6 bastante rica: documenta com detalhes pessoas e espaços 7 que nos foram muito familiares. Detive-me logo 8 na sequência dos professores, como se de novo estivesse 9 a ouvir suas vozes e a ver seus gestos, projetados 10 do tablado em que ficava a mesa, junto ao 11 quadro-negro. 12 Dona Alzira, de matemática. Óculos grossos, de 13 aro escuro, contrastando com a pele clara. Paciente, 14 repetia o que fosse necessário de uma lição de álgebra 15 ou geometria. Eu me divertia com as palavras novas, 16 que logo transformava em apelidos dos colegas: 17 Maria Clara ficou sendo a Hipotenusa, por ser comprida 18 e magra, e o Zé Roberto passou a ser Cateto, por 19 conta do nariz comprido. As palavras prestam-se a associações 20 estranhas, talvez arbitrárias. O frequente 21 vestido de folhas vermelhas de Dona Alzira me parecia 22 bandeira vistosa das minhas dificuldades com as 23 equações e os teoremas. 24 Dava-me melhor em Português. Não tanto com a 25 Gramática das regras severas e nomenclatura difícil, 26 mas com os textos bonitos que nos levavam para fora 27 da escola, na viagem da imaginação. Descobri com 28 seu Alex, professor grandalhão de voz grave e dicção 29 perfeita, o encantamento de versos ou frases em 30 prosa ditos com muita expressão, valorizados em cada 31 sílaba. E me iniciei em alguns autores que acabaram 32 ficando, como Fernando Pessoa. (Rinaldo Antero da Cruz, inédito) M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 - M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 21 A frase “As palavras prestam-se a associações estranhas, talvez arbitrárias” pode justificar a compreensão do autor que A é inadequado o nome Hipotenusa, dado à colega Maria Clara, porque ele próprio não consegue levantar nenhuma hipótese sugestiva dessa nomeação. B é injusto o apelido Cateto, porque para alguns não seria razoável falar de "nariz comprido" no caso do Zé Roberto, por essa se tratar de uma avaliação subjetiva. C é efetivamente pouco elegante se apropriar de palavras novas para apelidar colegas. D é razoável que, às vezes, certas formas de nomeação sejam difamatórias, principalmente no caso de apelidos, quando se dá uma designação estranha ou pouco comum a alguém que já tem nome próprio. E é possível o entendimento de que a relação vestido / bandeira seja produto somente da sua própria visão, admitindo-se como estranho ou inexistente qualquer vínculo lógico entre eles. QUESTÃO 36 A língua e o poeta Hoje eu peço vênia¹ para discrepar2 do grande Ferreira Gullar, que, no domingo, escreveu um artigo defendendo o "modo correto" de usar a língua portuguesa. Longe de mim propor que o poeta, eu e o leitor comecemos a dizer “nós vai” ou “debateu sobre as alternativas”, mas não dá para comparar violações à norma culta com um erro conceitual como afirmar que tuberculose não é doença, para ficar nos exemplos de Gullar. Fazê-lo é passar com um “bulldozer”³ sobre o último meio século de pesquisas, em especial os trabalhos de Noam Chomsky, que conseguiram elevar a linguística de uma disciplina entrincheirada nos departamentos de humanidades a uma ciência capaz de fazer previsões e articular-se com outras, como psicologia, biologia, computação. Chomsky mostra que a capacidade para a linguagem é inata. É só lançar uma criança no meio de uma comunidade que ela absorve o idioma local. O fenômeno das línguas crioulas revela que grupos expostos a «pidgins» (jargões comerciais que misturam vários idiomas, geralmente falados em portos) desenvolvem, no espaço de uma geração, uma gramática completa para essa nova linguagem. Mais do que de facilidade para o aprendizado, estamos falando aqui de uma gramática universal que vem como item de fábrica em cada ser humano. Foi a resposta que a evolução deu ao problema da comunicação entre caçadores-coletores. Nesse contexto, o único critério para decidir entre o linguisticamente certo e o errado é a compreensão da mensagem transmitida. Uma frase ambígua é mais "errada" do que uma que fira as caprichosas regras de colocação pronominal. Na verdade, as prescrições estilísticas que decoramos na escola e que nos habituamos a chamar de gramática são o que há de menos essencial e mais aborrecido no fenômeno da linguagem. Estão para a linguística assim como a pesquisa da etiqueta está para o estudo da história. (HÉLIO SCHWARTSMAN, Folha de S.Paulo, 27 de março de 2012) ¹vênia = licença, permissão ²discrepar = divergir de opinião, discordar ³bulldozer = (inglês) escavadeira O autor utiliza aspas nas expressões “modo correto” e “bulldozer” por tratar-se respectivamente de: A jargão utilizado na área linguística e palavra estrangeira. B expressão já empregada em ocasião anterior e metáfora C título de artigo e citação. D citação e expressão metafórica. E citação e palavra estrangeira. Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 22 QUESTÃO 37 Texto para a próxima questões. A Jesus Cristo, Nosso Senhor Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; (1) Porque, quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida e já cobrada (2) Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na sacra história, Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a; e não queirais, pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória. MATOS, Gregório de. Poemas selecionados de Gregório de Matos. São Paulo: companhia das letras, 2011. (1) me (hei) despido: me despojei, me privei (2) cobrada:recuperada De acordo com o texto, assinale a alternativa correta. A O poeta, ao dirigir o seu pedido de perdão a Jesus Cristo, tem a certeza de que será atendido, já que, em vida, portou-se como uma ovelha em busca da glória. B O texto apresenta uma visão fatalista do perdão divino: os atos praticados na Terra é que nos habilitam a ele, afastando-se qualquer possibilidade de argumentação na hora do nosso juízo final. C O perdão divino só é concedido se a medida do pecado e a do arrependimento forem proporcionais: quanto maior o pecado, maior deve ser o arrependimento. D Ao se comparar à ovelha desgarrada da sacra história, o poeta já antecipa o que ele espera de Nosso Senhor Jesus Cristo e não admite outra solução para o seu destino. E O pecador, ao se arrepender, deve apresentar um comportamento ainda mais irrepreensível que os demais homens, porque, senão, poderá perder definitivamente a glória divina. QUESTÃO 38 Leias os textos abaixo. Texto I Um Amor Puro O que há dentro do meu coração Eu tenho guardado pra te dar E todas as horas que o tempo Tem pra me conceder São tuas até morrer E a tua história, eu não sei Mas me diga só o que for bom Um amor tão puro que ainda nem sabe A força que tem É teu e de mais ninguém Te adoro em tudo, tudo, tudo Quero mais que tudo, tudo, tudo Te amar sem limites Viver uma grande história Aqui ou noutro lugar Que pode ser feio ou bonito Se nós estivermos juntos Haverá um céu azul Um amor puro Não sabe a força que tem Meu amor, eu juro Ser teu e de mais ninguém Um amor puro. DJAVAN. Compositores: Djavan Caetano. Álbum: Djavan ao vivo. Texto II Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor? CAMÕES, Luís Vaz de. Sonetos selecionados de Camões. Ateliê editorial. São Paulo, 2018. M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 - M AY RA L UÍ ZA D E PA UL A RO DR IG UE S - 0 28 98 06 61 50 Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 23 Após a leitura dos textos, de autores distantes temporalmente, mas tematicamente aproximados. A partir dessa noção, é possível identificar nos escritos A Um tema universal e um processo de escrita idêntico. B Temas expostos de modo distinto e uma escrita idêntica. C Um tema universal e escritas adaptadas a seus tempos. D Temas expostos de modo distintos e uma escrita universal. E Um tema universal e uma escrita com linguagens e metáforas idênticas. QUESTÃO 39 — Mas que Humanitas é esse? — Humanitas é o princípio. Há nas coisas todas certa substância recôndita e idêntica, um princípio único, universal, eterno, comum, indivisível e indestrutível, — ou, para usar a linguagem do grande Camões: Uma verdade que nas coisas anda, Que mora no visíbil e invisíbil. Pois essa sustância ou verdade, esse princípio indestrutível é que é Humanitas. Assim lhe chamo, porque resume o universo, e o universo é o homem. Vais entendendo? — Pouco; mas, ainda assim, como é que a morte de sua avó... — Não há morte. O encontro de ditas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas. (ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Quincas Borba. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p. 648-649.) As imagens abaixo fazem parte do game “Filosofighters”. Inspirado em jogos de lutas, ele propõe uma batalha verbal entre importantes filósofos. Nele os argumentos dos pensadores valem como golpes, conforme se verifica na ilustração abaixo. : (Adaptado: http://super.abril.com.br/blogs/newsgames/tag/filosofighters/) Relacione as teorias dos pensadores citados ao excerto de Machado de Assis. Por defender posição similar, infere-se que, no jogo, o “filósofo” Quincas Borba NÃO poderia ser adversário de A Aristóteles, pois ao definir a paz como “destruição” e a guerra como “conservação”, Quincas Borba recupera a ideia de que “o homem é livre só dentro de regras”. B Jean Paul-Sartre, pois, assim como o filósofo existencialista, o mentor do Humanitismo mostra que Simulado2021 LC/CH – 1º dia І Caderno 1 – VERDE – Página 24 a necessidade de alimentação determina a obediência ou a violação às regras. C Hobbes, pois a tese do Humanitismo reafirma a ideologia do autor de “Leviatã”, entendendo que o estado natural é o conflito. D Rousseau, pois defende os mesmos princípios do filósofo iluminista, mostrando que, embora pareça ser uma solução, a guerra traz grandes prejuízos à humanidade. E nenhum dos pensadores citados, pois Quincas Borba, ao contrário deles, prevê um destino promissor para a humanidade. QUESTÃO 40 Olá! Negro Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos e a quarta e a quinta gerações de teu sangue sofredor tentarão apagar a tua cor! E as gerações dessas gerações quando apagarem a tua tatuagem execranda, não apagarão de suas almas, a tua alma, negro! Pai-João, Mãe-negra, Fulô, Zumbi, negro-fujão, negro cativo, negro rebelde negro cabinda, negro congo, negro íoruba, negro que foste para o algodão de USA para os canaviais do Brasil, para o tronco, para o colar de ferro, para a canga de todos os senhores do mundo; eu melhor compreenda agora os teus blues nesta hora triste da raça branca, negro! Olá, Negro! Olá. Negro! A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro! LIMA. J, Obras completas Rio de Janeiro Aguilar, 1958 (fragmento). O conflito de gerações e de grupos étnicos reproduz, na visão do eu lírico, um contexto social assinalado por A modernização dos modos de produção e consequente enriquecimento dos brancos. B preservação da memória ancestral e resistência negra à apatia cultural dos brancos. C superação dos costumes antigos por meio da incorporação de valores dos colonizados. D nivelamento social de descendentes de escravos e de senhores pela condição de pobreza. E modernização e superação dos preconceitos no século XX, já que, na modernidade, há um modo de viver igualitário. QUESTÃO 41 Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis