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> ) ) ) ) ) ) ) y ' ) PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio Lula da Silva MINISTRO DA CULTURA Gilberto Gil Moreira UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO/UFRJ Reitor Aloisio Teixeira . Vice-Reitora Sylvia Vargas Coo!denador do Forum de Ciência e Cultura Carlos Antonio Kali! Ta nnus E OI TORA UFRJ Diretor Carlos Nelson Coutinho Editora Executiva Cecilia Moreira Coordenadora de Edição de Texto Lisa Stuart Coordenadora de Produção J anise Duarte Conselho Editorial Carlos Nelson Coutinho (presidente), Charles Pessanha, Diana Ma ui de Carvalho, José Luís Fiori, José Paulo Netto, Leandro Konder, Virgínia Fontes INSTITUTO 00 PATRIMÔNIO HISTÔRICO E ART ISTICO NAClONAUIPHAN Presidente Antonio Augusto Arantes Neto Chefe de Gabinete . Marcelo Brito Procuradora-Chefe Sista Souza dos Santos Coordenadora-Geral de Pesquisa, Documentação e Referência Lia Moita Coordenadora-Geral de Promoção do Património Cultural Grace Elizabeth Diretora de Patrimônio Imaterial Mareia Sant'Anna Diretora de Património Material Sonia Rabello de Castro Diretor de Museus e Centros Culturais José do Nascimento Junior Diretor de Planejamento e Administração Sergio Abrahão Gerência de Editoração Ana Carmen Amorim Jara Casco 1 l l 1 1 ~ ·, O PATRl/r\ÔNJO EM PROCE~SO rRAJETÓRIA DA POLÍTICA fEOfRAl Df PRHERVACÃO NO 8RA51l /1\ ARIA CEC ÍLI A l ONDRf S fON H CA 2• fD I ( i D ED 11aR A UFRJ/ M1H(- ! , m 20 05 > ) ) ) ) ) ) ) y ' ) PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio Lula da Silva MINISTRO DA CULTURA Gilberto Gil Moreira UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO/UFRJ Reitor Aloisio Teixeira . Vice-Reitora Sylvia Vargas Coo!denador do Forum de Ciência e Cultura Carlos Antonio Kali! Ta nnus E OI TORA UFRJ Diretor Carlos Nelson Coutinho Editora Executiva Cecilia Moreira Coordenadora de Edição de Texto Lisa Stuart Coordenadora de Produção J anise Duarte Conselho Editorial Carlos Nelson Coutinho (presidente), Charles Pessanha, Diana Ma ui de Carvalho, José Luís Fiori, José Paulo Netto, Leandro Konder, Virgínia Fontes INSTITUTO 00 PATRIMÔNIO HISTÔRICO E ART ISTICO NAClONAUIPHAN Presidente Antonio Augusto Arantes Neto Chefe de Gabinete . Marcelo Brito Procuradora-Chefe Sista Souza dos Santos Coordenadora-Geral de Pesquisa, Documentação e Referência Lia Moita Coordenadora-Geral de Promoção do Património Cultural Grace Elizabeth Diretora de Patrimônio Imaterial Mareia Sant'Anna Diretora de Património Material Sonia Rabello de Castro Diretor de Museus e Centros Culturais José do Nascimento Junior Diretor de Planejamento e Administração Sergio Abrahão Gerência de Editoração Ana Carmen Amorim Jara Casco 1 l l 1 1 ~ ·, O PATRl/r\ÔNJO EM PROCE~SO rRAJETÓRIA DA POLÍTICA fEOfRAl Df PRHERVACÃO NO 8RA51l /1\ ARIA CEC ÍLI A l ONDRf S fON H CA 2• fD I ( i D ED 11aR A UFRJ/ M1H(- ! , m 20 05 Copyrighl © 1997 by Maria Ceci!i1 Londres Fonseca Ficha Cataiogràfica elaborada peia Divisão de Processamento Técnico - SIBIIUFRJ F676p Fonseca, Maria Cecília Londres O ?atrímór,io em proce:;so: trajetória da política federal de preservação no Brasil I Maria Cecília Londres Fonseca. 2. ed. rev. arnpl. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; Mine . lphan. 2005. 296 p.; 16 x 23 cm. 1. Patrimônio cultural - Brasil. 2. Pa!rirnónio Cultural • História. 1. Unive;sidade Federal do Rio de Janeiro. li Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Brasil). Ili. Titulo ISBN 85-7108-149-2 (Editora UFRJ) ISBN 85·7334-006·1 (lphan) 1• edição - 1997 Edição de Texto Núbia Mel hem dos Santos (lpha n} e CDD 363.690981 Estante 344.09400981 / F676p / 2.ed. Obra 77385 C. Sociais Registro 117011 1 ~}\\\ ~l(\ I\}\\ \ll\\11\\\MII J\I\ \11\ ~osé Antônio Nonalo (lph.an) (1' ediç.v1 • _ AI varo Mendes (\phan) (2' edição} D ATA t1 ~ f _C§__} _ Z,ÇCB Revisão Álvaro Mendes (1 phan) e Sylvio Clemente da Motta (2 ' edição) Capa UNI DESIGN Projeto Gráfico Janise Duarte Editoração Eie!rõnii;a Marisa Araujo Universidade Fe~eral do Rio de Janeiro Forum de Ciência e Cultura Editora UFRJ Av. Pasteur. 250/sala 107 Praia Vermelha • Rio de Ja~eiro CEP: 22290-902 Tel /Fax: [21) 2542-7646 e 2295-0346 (21) 2295-1595 r. 124 a 127 htlp:liwww.edilora.ufrj.br Apoio ,tr F.; nd.iç ãe_ ~n.lvers(d.rla UI Josíi 80111he Lo LIVRARIA 2'..A-tn.~,-.E, RS 23 4?.> Instituto do Palrimónio Histórico e Artístico Nacional - lphan SBN Quadra 2, Bloco F Edificio Central Brasília CEP 70040·904 Brasília · DF Te:.: (61) 414-6176, 414-6186, 414-6199 Fax: (21) 414-6126, 414-5198 http: //www.iphan.gov. br web ma ste r@iph an. g ov.br ·i, : ~ '"! Para João Luís e José Pedro Em memória de Stel/a Londres ) ) ' ) ' ) \ ) ) ) ) ! ) ) 1 ) J 1 / ( 1 ! ( / ( ) ) ) ) ) ) [ F-r::·· :- ~~-- içqr,:1 '.. . .; !1 f; ~ • ,- :--:: i/,S ~:e<; AlS -, - ... .. ---·--···--~-........,. ·---·-·--·-~ j . Copyrighl © 1997 by Maria Ceci!i1 Londres Fonseca Ficha Cataiogràfica elaborada peia Divisão de Processamento Técnico - SIBIIUFRJ F676p Fonseca, Maria Cecília Londres O ?atrímór,io em proce:;so: trajetória da política federal de preservação no Brasil I Maria Cecília Londres Fonseca. 2. ed. rev. arnpl. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; Mine . lphan. 2005. 296 p.; 16 x 23 cm. 1. Patrimônio cultural - Brasil. 2. Pa!rirnónio Cultural • História. 1. Unive;sidade Federal do Rio de Janeiro. li Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Brasil). Ili. Titulo ISBN 85-7108-149-2 (Editora UFRJ) ISBN 85·7334-006·1 (lphan) 1• edição - 1997 Edição de Texto Núbia Mel hem dos Santos (lpha n} e CDD 363.690981 Estante 344.09400981 / F676p / 2.ed. Obra 77385 C. Sociais Registro 117011 1 ~}\\\ ~l(\ I\}\\ \ll\\11\\\MII J\I\ \11\ ~osé Antônio Nonalo (lph.an) (1' ediç.v1 • _ AI varo Mendes (\phan) (2' edição} D ATA t1 ~ f _C§__} _ Z,ÇCB Revisão Álvaro Mendes (1 phan) e Sylvio Clemente da Motta (2 ' edição) Capa UNI DESIGN Projeto Gráfico Janise Duarte Editoração Eie!rõnii;a Marisa Araujo Universidade Fe~eral do Rio de Janeiro Forum de Ciência e Cultura Editora UFRJ Av. Pasteur. 250/sala 107 Praia Vermelha • Rio de Ja~eiro CEP: 22290-902 Tel /Fax: [21) 2542-7646 e 2295-0346 (21) 2295-1595 r. 124 a 127 htlp:liwww.edilora.ufrj.br Apoio ,tr F.; nd.iç ãe_ ~n.lvers(d.rla UI Josíi 80111he Lo LIVRARIA 2'..A-tn.~,-.E, RS 23 4?.> Instituto do Palrimónio Histórico e Artístico Nacional - lphan SBN Quadra 2, Bloco F Edificio Central Brasília CEP 70040·904 Brasília · DF Te:.: (61) 414-6176, 414-6186, 414-6199 Fax: (21) 414-6126, 414-5198 http: //www.iphan.gov. br web ma ste r@iph an. g ov.br ·i, : ~ '"! Para João Luís e José Pedro Em memória de Stel/a Londres ) ) ' ) ' ) \ ) ) ) ) ! ) ) 1 ) J 1 / ( 1 ! ( / ( ) ) ) ) ) ) [ F-r::·· :- ~~-- içqr,:1 '.. . .; !1 f; ~ • ,- :--:: i/,S ~:e<; AlS -, - ... .. ---·--···--~-........,. ·---·-·--·-~ j . r L-1, ) . / . vvv,;) J,,) ~l (..,ü,.J Cf. 1_,, ,:', ) .c u I ··1 ;; "· I I._: •. ) ( · ·-.,,·--:. , •.. -' J ,: · .I ( c)O ) { / 'v· , ! ,\ e t.: l \ r· · · ·{ ~;;. ,.. •• ,,. \., .,.J . ·-~ ..... ) / .. ,, ( .~) -coo~ ) . ; ( t ,\<1' 1\) , .} . '· l \ .... " <:~::/-~ . ;'). ( ! • • \ C· .., . AG RADH IMEN fOS ) ) j / J) ./ . ' { .,; ".. .. <.{' { ~\ /_/ , /.<}. a' /~:\,.l- ) ' Â,·o"'l(o ; j ,i;\ _l _; ( ! 1 ' )'1 ·, . ·.(. f \. \)1 " / ,/.(. !·: .... ) ·>~:--~}'-- ' I 11 .. '1 1 , L 1 : ··. ·, ' ' . , \ . I ,rv'-'' ,·0, ., <. i •: ) j. ,, ' ' . I _... >. lf tf ' ,-' / ;'" , ;l ") /"'l.f',./&., .. , I · .. , ! / ,f ,1 l~- P7 I (( ' " //J1 /u z { <.; . ~~ • . - . ' • / , .. ... -~ /-' .> •· l' ·..,... ~-/' / .·\. J / ~ ... . .... -"" • .. 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Em Angélica Madeira encontrei a orientadora de todos os momentos e a dispo- nibilidade para acompanhar, mesmo quando distante, todos os passos do meu traba lho. A Clara de Andrade Alvim devo, entre muitas outras coisas, a sugAstão de estudar os processos de tombamento. Foi com ela que descobri os ricos pontos de contato entre o mundo das palavras e o mundo dos objetos. De dona Graciema, esposa de Rodrigo Melo Franco de Andrade, obtive informações que jamais encon- :· traria em qualquer documento, Dos professores do Departamento de Sociologia da UnB sempre recebi estí - 'mulo e apoio. Devo a Vilma Figueiredo a sugestão para procurar na sociologia o caminho para elaborar as questões suscitadas por minha experiência profissio- nal na área da cultura. Maria Stella G. Porto me orientou com sensibilidade no difí cil • -·· ~- ,,1 r L-1, ) . / . vvv,;) J,,) ~l (..,ü,.J Cf. 1_,, ,:', ) .c u I ··1 ;; "· I I._: •. ) ( · ·-.,,·--:. , •.. -' J ,: · .I ( c)O ) { / 'v· , ! ,\ e t.: l \ r· · · ·{ ~;;. ,.. •• ,,. \., .,.J . ·-~ ..... ) / .. ,, ( .~) -coo~ ) . ; ( t ,\<1' 1\) , .} . '· l \ .... " <:~::/-~ . ;'). ( ! • • \ C· .., . AG RADH IMEN fOS ) ) j / J) ./ . ' { .,; ".. .. <.{' { ~\ /_/ , /.<}. a' /~:\,.l- ) ' Â,·o"'l(o ; j ,i;\ _l _; ( ! 1 ' )'1 ·, . ·.(. f \. \)1 " / ,/.(. !·: .... ) ·>~:--~}'-- ' I 11 .. '1 1 , L 1 : ··. ·, ' ' . , \ . I ,rv'-'' ,·0, ., <. i •: ) j. ,, ' ' . I _... >. lf tf ' ,-' / ;'" , ;l ") /"'l.f',./&., .. , I · .. , ! / ,f ,1 l~- P7 I (( ' " //J1 /u z { <.; . ~~ • . - . ' • / , .. ... -~ /-' .> •· l' ·..,... ~-/' / .·\. J / ~ ... . .... -"" • .. (? ·, ,<" < J ·t~'·., 1,./ -~ .• _., 1 1 J r (>L,c-ír --vJ . ' ' ( )v, ··1 1 V . ft · 1 , '~-\..; ·. ~.{au ./>,< ./ I · )>.,,,) r e •.. , ( ;) . l·'\ ./ . '1' , .. C.'l:._) .. 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A Clara de Andrade Alvim devo, entre muitas outras coisas, a sugAstão de estudar os processos de tombamento. Foi com ela que descobri os ricos pontos de contato entre o mundo das palavras e o mundo dos objetos. De dona Graciema, esposa de Rodrigo Melo Franco de Andrade, obtive informações que jamais encon- :· traria em qualquer documento, Dos professores do Departamento de Sociologia da UnB sempre recebi estí - 'mulo e apoio. Devo a Vilma Figueiredo a sugestão para procurar na sociologia o caminho para elaborar as questões suscitadas por minha experiência profissio- nal na área da cultura. Maria Stella G. Porto me orientou com sensibilidade no difí cil • -·· ~- ,,1 momento de elaboraçào do projeto. De Christianne e Brasilmar F. Nunes recebi sugestões muito oportunas. que corrigiram rumos e apontaram trilhas ainda não exploradas. Mariza Veloso, minha parceira no estudo do patrimônio, trouxe con tri- buições valiosas em função do conhecimento que acumulou sobre o assunto. Contei sempre com a colaboração de meus colegas da entào Fundação Nacio- nal pró-Memória. Xavier Maureau é sempre um interlocutor estimulante, em busca de novas formas de abordar a questào do patrimônio. Antônio Herculano Lopes e Antônio Luís Dias de Andrade também me ajudaram, de diferentes maneiras. Maria Alice de Castro me deu acesso à sua pesquisa sobre os Livros do Tombo. Dora e Pedro Alcântara me repassaram sua riquíssima experiência na área da pedra e cal. dr. Lúcio Costa, dona Judith Martins e dona Ugia Martins Costa, heróis de um Patrimônio que não conheci. me possibílitaram conhecer e entender melhor o entusiasmo e mesmo a devoção despertados pelo Sphan naqueles que tiveram a opor- tunidade de dele participar. José Silva Quintas, Luís Felipe P. Serpa, Ana Gita de Oliveira, Helena Mussi, Ann-Maj Meirelles, companheiros da referência. me forne- ceram informações que, de outro modo, não poderia obter. Aos funcionários do Arquivo Central do lphan agradeço a atenção com que sempre atenderam a minhas solicitações. Ao então Instituto Brasileiro do PatrimônioCultural devo a dispensa de meus encargos funcionais durante o período de elaboração da tese. Da Capes e do CNPq recebi apoio financeiro em diferentes momentos de meu curso de doutorado. Ge!son participou desde o início, e suas sugestões foram fundamentais para que eu pudesse me distanciar de um ponto de vista predominantemente funcional e alcançasse um nível de análise política. A Vladimir Murtinho, Paulo Sérgio Pinheiro, Celso Lafer. Joaquim Falcão, João Geraldo Piquet Carneiro, Marisa Peirano e Lu is Antônio de Castro Santos agra- deço as contribuições e sugestões feitas. De Célia 8. Nogueira e Eduardo Slerca recebi uma assessoria jurídica de inestimável valor para a linha de investigação que desenvolvi. E não poderia esquecer daqueles que, embora ausentes, deixaram sua marca na minha vida pessoal e profissional, e também neste trabalho. A Aloisio Magalhães, com quem tive o privilégio e o prazer de conviver desde os primeiros tempos do CNRC, e a Fausto Alvim Júnior, personalidade instigante e criativa, devo, entre mui- tas outras coisas, o exemplo da busca constante e entusiasmada do novo, mesmo 'i. nos c:::ninhos estreitos da burocracia. .. . -, ·~ '.« . ,, rnft\ÁRIO Lista de siglas Prefácio à segunda edição Introdução Parte 1 - A noção de patrimônio: características e história Capítulo 1 - O patrimônio: uma questão de va lor 1.1 A noção de património como categoria jurídica 1.2 O patrimônio como forma de comunicação social 1.3 O patrimônio como objeto de uma política pública -~ lv 17 21 33 35 37 41 45 Capítulo 2 - A construção do patrimônio: perspecti va histórica 51 2.1 Os primórdios da preservação de monumentos e autonomização das noções de história e de arte 54 2.2 A leg itimação do patrimônio pelo valor de nacionalidade 2.3 A teoria dos va lores de Alo'is Riegl 2.4 A ampliação da noção de patrimônio e a legitimação via direitos culturais Parte 2 - O patrimônio no Brasil Capitu lo 3 - A fase heróica 3.1 O contexto cultural 3.2 O movimento modernista e o património 3.2. 1 O sentido de ruptura no modernismo brasi,eiro 3.2.2 Os modernistas e Minas Gerais 57 65 70 79 81 82 88 88 92 >i ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) . ) momento de elaboraçào do projeto. De Christianne e Brasilmar F. Nunes recebi sugestões muito oportunas. que corrigiram rumos e apontaram trilhas ainda não exploradas. Mariza Veloso, minha parceira no estudo do patrimônio, trouxe con tri- buições valiosas em função do conhecimento que acumulou sobre o assunto. Contei sempre com a colaboração de meus colegas da entào Fundação Nacio- nal pró-Memória. Xavier Maureau é sempre um interlocutor estimulante, em busca de novas formas de abordar a questào do patrimônio. Antônio Herculano Lopes e Antônio Luís Dias de Andrade também me ajudaram, de diferentes maneiras. Maria Alice de Castro me deu acesso à sua pesquisa sobre os Livros do Tombo. Dora e Pedro Alcântara me repassaram sua riquíssima experiência na área da pedra e cal. dr. Lúcio Costa, dona Judith Martins e dona Ugia Martins Costa, heróis de um Patrimônio que não conheci. me possibílitaram conhecer e entender melhor o entusiasmo e mesmo a devoção despertados pelo Sphan naqueles que tiveram a opor- tunidade de dele participar. José Silva Quintas, Luís Felipe P. Serpa, Ana Gita de Oliveira, Helena Mussi, Ann-Maj Meirelles, companheiros da referência. me forne- ceram informações que, de outro modo, não poderia obter. Aos funcionários do Arquivo Central do lphan agradeço a atenção com que sempre atenderam a minhas solicitações. Ao então Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural devo a dispensa de meus encargos funcionais durante o período de elaboração da tese. Da Capes e do CNPq recebi apoio financeiro em diferentes momentos de meu curso de doutorado. Ge!son participou desde o início, e suas sugestões foram fundamentais para que eu pudesse me distanciar de um ponto de vista predominantemente funcional e alcançasse um nível de análise política. A Vladimir Murtinho, Paulo Sérgio Pinheiro, Celso Lafer. Joaquim Falcão, João Geraldo Piquet Carneiro, Marisa Peirano e Lu is Antônio de Castro Santos agra- deço as contribuições e sugestões feitas. De Célia 8. Nogueira e Eduardo Slerca recebi uma assessoria jurídica de inestimável valor para a linha de investigação que desenvolvi. E não poderia esquecer daqueles que, embora ausentes, deixaram sua marca na minha vida pessoal e profissional, e também neste trabalho. A Aloisio Magalhães, com quem tive o privilégio e o prazer de conviver desde os primeiros tempos do CNRC, e a Fausto Alvim Júnior, personalidade instigante e criativa, devo, entre mui- tas outras coisas, o exemplo da busca constante e entusiasmada do novo, mesmo 'i. nos c:::ninhos estreitos da burocracia. .. . -, ·~ '.« . ,, rnft\ÁRIO Lista de siglas Prefácio à segunda edição Introdução Parte 1 - A noção de patrimônio: características e história Capítulo 1 - O patrimônio: uma questão de va lor 1.1 A noção de património como categoria jurídica 1.2 O patrimônio como forma de comunicação social 1.3 O patrimônio como objeto de uma política pública -~ lv 17 21 33 35 37 41 45 Capítulo 2 - A construção do patrimônio: perspecti va histórica 51 2.1 Os primórdios da preservação de monumentos e autonomização das noções de história e de arte 54 2.2 A leg itimação do patrimônio pelo valor de nacionalidade 2.3 A teoria dos va lores de Alo'is Riegl 2.4 A ampliação da noção de patrimônio e a legitimação via direitos culturais Parte 2 - O patrimônio no Brasil Capitu lo 3 - A fase heróica 3.1 O contexto cultural 3.2 O movimento modernista e o património 3.2. 1 O sentido de ruptura no modernismo brasi,eiro 3.2.2 Os modernistas e Minas Gerais 57 65 70 79 81 82 88 88 92 >i ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) . ) 1 ) ) ) ) } l ) 1 ) t ) ) ) } ) t ) ' ) 1 f ) ) ) • . ) ' ) . ) ' ' ) . ) • • . ) . ) , ) ' ) ') - ~) \i 3.3 A criação do Sphan 3.3.1 As iniciativas precursoras 3.3.2 A institucionalização da proteção do patrimônio 3.3.3 O anteprojeto de Mário de Andrade e o decreto-lei 112 25 3.4 O programa de trabalho do Sphan 3.4.1 As prioridades e os limites 3.4.2 A construção de um saber verdadeiro 3.4.3 Um retrato em pedra e cal 3.5 Os colaboradores e os adversários 3.5.1 O papel da equipe e do Conselho Consultivo 3.5.2 As vozes discordantes \ 3.6 Uma autonomia fraca Capitulo 4 • A fase moderna 4.1 O contexto cultural 4.2 O Sphan pós-Estado Novo 4.3 As alternativas do ( e ao) lphan 4.3.1 Os caminhos da descentralização e a busca de novos sentidos para a preservação 4.4 O Centro Nacional de Referência Cultural 4.5 A unificação da política federal de preservação: a fusão lphan/PCH/CNRC 4.6 Uma proposta de democratização da política cultural: a criação da Secretaria da Cultura do ME C 4.7 O alcance e os limites da política federal de preservação nos anos 70-80: um balanço Capítulo 5 - A prâtica de tombamento: 1970-1990 5.1 A sistemática dos processos de tombarnen:o 5.1.1 A origem dos pedidos 5.1.2 Juslificativas, pareceres e impugnações 5.2 Os principais problemas 94 5.2.1 As concepções de valor histórico e de valor artístico 188 94 5.2.2 As concepções de valor excepcional e de valor nacional 195 96 ~ 5.2.3 Os conceitos de centro hi stórico e de entorno 198 98 5.2.4 Sobre a legitimidade do processo de atribuição 106 de valor nos tombamentos 200 106 5.3 A atuação do Conselho Consultivo 205 110 5.4 Observações finai~ 20~ 1: 112 Conclusão 213 116 Referências bibliográficas · 225 116 118 Anexos 120 Anexo I Cronologia da política de preservação no Brasil 239 131 Anexo ll Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937245 131 Anexo li! Parecer de Carlos Drummond de Andrade 253 139 Anexo IV O compromisso cultural da Nova Republica 255 Anexo V Processos de tombamento abertos de 1.1.1970 141 a 14.3.1990 259 t 141 Anexo VI Processos de tombamento abertos de 1990 a 2004 279 143 Anexo VII Decreto nº 3. 551, de 4 de agosto de 2000 289 Anexo VIII Processos de registro abertos de 2000 a 2004 293 154 Anexo IX Bens culturais e naturais do Brasil inscritos na lista do patrimônio cultural mundial da Unesco 295 158 160 179 180 183 186 188 1 ) ) ) ) } l ) 1 ) t ) ) ) } ) t ) ' ) 1 f ) ) ) • . ) ' ) . ) ' ' ) . ) • • . ) . ) , ) ' ) ') - ~) \i 3.3 A criação do Sphan 3.3.1 As iniciativas precursoras 3.3.2 A institucionalização da proteção do patrimônio 3.3.3 O anteprojeto de Mário de Andrade e o decreto-lei 112 25 3.4 O programa de trabalho do Sphan 3.4.1 As prioridades e os limites 3.4.2 A construção de um saber verdadeiro 3.4.3 Um retrato em pedra e cal 3.5 Os colaboradores e os adversários 3.5.1 O papel da equipe e do Conselho Consultivo 3.5.2 As vozes discordantes \ 3.6 Uma autonomia fraca Capitulo 4 • A fase moderna 4.1 O contexto cultural 4.2 O Sphan pós-Estado Novo 4.3 As alternativas do ( e ao) lphan 4.3.1 Os caminhos da descentralização e a busca de novos sentidos para a preservação 4.4 O Centro Nacional de Referência Cultural 4.5 A unificação da política federal de preservação: a fusão lphan/PCH/CNRC 4.6 Uma proposta de democratização da política cultural: a criação da Secretaria da Cultura do ME C 4.7 O alcance e os limites da política federal de preservação nos anos 70-80: um balanço Capítulo 5 - A prâtica de tombamento: 1970-1990 5.1 A sistemática dos processos de tombarnen:o 5.1.1 A origem dos pedidos 5.1.2 Juslificativas, pareceres e impugnações 5.2 Os principais problemas 94 5.2.1 As concepções de valor histórico e de valor artístico 188 94 5.2.2 As concepções de valor excepcional e de valor nacional 195 96 ~ 5.2.3 Os conceitos de centro hi stórico e de entorno 198 98 5.2.4 Sobre a legitimidade do processo de atribuição 106 de valor nos tombamentos 200 106 5.3 A atuação do Conselho Consultivo 205 110 5.4 Observações finai~ 20~ 1: 112 Conclusão 213 116 Referências bibliográficas · 225 116 118 Anexos 120 Anexo I Cronologia da política de preservação no Brasil 239 131 Anexo ll Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937 245 131 Anexo li! Parecer de Carlos Drummond de Andrade 253 139 Anexo IV O compromisso cultural da Nova Republica 255 Anexo V Processos de tombamento abertos de 1.1.1970 141 a 14.3.1990 259 t 141 Anexo VI Processos de tombamento abertos de 1990 a 2004 279 143 Anexo VII Decreto nº 3. 551, de 4 de agosto de 2000 289 Anexo VIII Processos de registro abertos de 2000 a 2004 293 154 Anexo IX Bens culturais e naturais do Brasil inscritos na lista do patrimônio cultural mundial da Unesco 295 158 160 179 180 183 186 188 llSTh DE SIGLhS ABA Associação Brasileira de Antropologia ABC Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano A B I Associação Brasileira de Imprensa A B L Academia Brasileira de Letras AIS Ação Integralista Brasileira ALN Aliança Libertadora Nacional C C Conselho Consultivo do S pha n Cebrap Centro Brasileiro de Aná lise e Planejamento C N R C Centro Nacional de Referência Cultural Condephaat Conselho do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Tecnológico Corephaae Comission Régionale du Patrimoine Historíque, Artistique, Archéologique et Ethnographique CP C Centro Popular de Cultura DAC Departamento de Assuntos Culturais D as p Departamento Administrativo do Serviço Público D C Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo D e R Divisão de Conservação e Restauração OET Divisão de Estudos e Tombamento DtP Departamento de Imprensa e Propaganda 1 ) ) ) ) ) 1 ) \ ) ) ) ) ) ) i ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ' ) ) 1 ) ) ) ) ) i ) ! ) llSTh DE SIGLhS ABA Associação Brasileira de Antropologia ABC Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano A B I Associação Brasileira de Imprensa A B L Academia Brasileira de Letras AIS Ação Integralista Brasileira ALN Aliança Libertadora Nacional C C Conselho Consultivo do S pha n Cebrap Centro Brasileiro de Aná lise e Planejamento C N R C Centro Nacional de Referência Cultural Condephaat Conselho do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Tecnológico Corephaae Comission Régionale du Patrimoine Historíque, Artistique, Archéologique et Ethnographique CP C Centro Popular de Cultura DAC Departamento de Assuntos Culturais D as p Departamento Administrativo do Serviço Público D C Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo D e R Divisão de Conservação e Restauração OET Divisão de Estudos e Tombamento DtP Departamento de Imprensa e Propaganda 1 ) ) ) ) ) 1 ) \ ) ) ) ) ) ) i ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ' ) ) 1 ) ) ) ) ) i ) ! ) .> Dphan DR OTC Embratur Esaf FNpM Funai Funarte IAB lbama lBPC !cornos ldesp IHGB INF lphan lseb LAA Laep LBA Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Diretoria Regia nal Diretoria de Tombamento e Conservação Empresa Brasileira de Turismo Escola Superior de Administração Fazendária Fundação Nacional pró-Memória Fundação Nacional do [ndio Fundação Nacional de Arte Instituto dos Arquitetos do Brasil Instituto Brasileiro do Meio Ambiente Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural lntemational Couhcil of Monuments and Sites Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo Instituto Histór'1co e Geográfico Brasileiro Instituto Nacional do Folclore Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Instituto Superior de Estudos Brasileiros Livro de Artes Aplicadas Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico Livro de Belas Artes L H Livro Histórico M D B Movimento Democrático Brasileiro ME C Ministério da Educação e Cultura MES Ministério da Educação e Saúde MinC Ministério da Cultura OAB ONU PC PCH PD PMDB Ordem c:is Advogados do Brasil Organize.ção das Nações Unidas Partido C8munista Prograrr:a de Reconstrução das Cidades Históricas Partidc Democrático Partido do Movirnen1o Democrático Brasileiro PN DA PP PSD PSDB PT PTB Sear Seac Senalba Seplan Span Sphan Sphan Sphan Suden e UDN UNE Une se o Programa Nacional de Desenvolvimento do Artesanato Partido Progressista Partido Social Democrata Partido da Social Democracia Brasileira Partido dvs Trabalhadores Partido Trabalhista Brasileiro Secretaria de Assuntos Culturais do MEC ::.ubsecretaria de Assuntos Culturais do MEC Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas. de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional, de Brasil ia Secretaria de Planejamento da Presidência da República Serviço do Património A, ,í stico Nacional Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Subsecretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste União Democrática Nacional União Nacional dos Estudantes United Nations Educalional, Scientific and Cultural Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) .> Dphan DR OTC Embratur Esaf FNpM Funai Funarte IAB lbama lBPC !cornos ldesp IHGB INF lphan lseb LAA Laep LBA Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Diretoria Regia nal Diretoria de Tombamento e Conservação Empresa Brasileira de Turismo Escola Superior de Administração Fazendária Fundação Nacional pró-Memória Fundação Nacional do [ndioFundação Nacional de Arte Instituto dos Arquitetos do Brasil Instituto Brasileiro do Meio Ambiente Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural lntemational Couhcil of Monuments and Sites Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo Instituto Histór'1co e Geográfico Brasileiro Instituto Nacional do Folclore Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Instituto Superior de Estudos Brasileiros Livro de Artes Aplicadas Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico Livro de Belas Artes L H Livro Histórico M D B Movimento Democrático Brasileiro ME C Ministério da Educação e Cultura MES Ministério da Educação e Saúde MinC Ministério da Cultura OAB ONU PC PCH PD PMDB Ordem c:is Advogados do Brasil Organize.ção das Nações Unidas Partido C8munista Prograrr:a de Reconstrução das Cidades Históricas Partidc Democrático Partido do Movirnen1o Democrático Brasileiro PN DA PP PSD PSDB PT PTB Sear Seac Senalba Seplan Span Sphan Sphan Sphan Suden e UDN UNE Une se o Programa Nacional de Desenvolvimento do Artesanato Partido Progressista Partido Social Democrata Partido da Social Democracia Brasileira Partido dvs Trabalhadores Partido Trabalhista Brasileiro Secretaria de Assuntos Culturais do MEC ::.ubsecretaria de Assuntos Culturais do MEC Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas. de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional, de Brasil ia Secretaria de Planejamento da Presidência da República Serviço do Património A, ,í stico Nacional Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Subsecretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste União Democrática Nacional União Nacional dos Estudantes United Nations Educalional, Scientific and Cultural Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) PREf ÁC IO À SfGUND EDIC ÃO /1\ ARI A [ Hí ll t LONDRES ÍONl!CA A reedição de um livro o transforma, de algum modo, em uma nova obra. A receptividade que obteve, a distância na avaliação de seu conteúdo, as reações dos leitores são elementos que contribuem para aprimorar a primeira versi.io, ade- quando-a às necessidades do momento atual. As intervenções feitas nesta segunda edição têm como objetivo contribuir para \. ) ' ) ) ) i ) i ) ) ' ) 1 / ) que este livro cumpra sua priricipa l fina lidade: servir de subsidio tanto para os 1 ) que estudam a temática do patrimônio cullural brasileiro, nas universidades e em outros centros de ensino e pesquisa, quanto para os que, no setor público e tam- bém nas várias instâncias da sociedade civil, trabalham na formulação e imple- mentação de políticas de patrimônio. Nesse sentido, além de uma revisão criteriosa do texto, foram acrescentados anexos para facilitar o acesso a dados e documentos referidos nos vários capitu- las. E, embora a pesquisa mantenha, como não poderia deixar de ser, o seu cará- ter datado - uma vez que foi concluída em 1994 -, é importante assinalar ~ue os rumos tomados pela questão do patrimônio, nas esferas nacional e internacional, constituíram, em grande parte, desdobramentos de tendências que já se esboça- vam no período focado na pesquisa. Nos limites deste prefácio, procurarei resumir os fatos que me parecem mais significativos. ( ) 1 ) ) i ) PREf ÁC IO À SfGUND EDIC ÃO /1\ ARI A [ Hí ll t LONDRES ÍONl!CA A reedição de um livro o transforma, de algum modo, em uma nova obra. A receptividade que obteve, a distância na avaliação de seu conteúdo, as reações dos leitores são elementos que contribuem para aprimorar a primeira versi.io, ade- quando-a às necessidades do momento atual. As intervenções feitas nesta segunda edição têm como objetivo contribuir para \. ) ' ) ) ) i ) i ) ) ' ) 1 / ) que este livro cumpra sua priricipa l fina lidade: servir de subsidio tanto para os 1 ) que estudam a temática do patrimônio cullural brasileiro, nas universidades e em outros centros de ensino e pesquisa, quanto para os que, no setor público e tam- bém nas várias instâncias da sociedade civil, trabalham na formulação e imple- mentação de políticas de patrimônio. Nesse sentido, além de uma revisão criteriosa do texto, foram acrescentados anexos para facilitar o acesso a dados e documentos referidos nos vários capitu- las. E, embora a pesquisa mantenha, como não poderia deixar de ser, o seu cará- ter datado - uma vez que foi concluída em 1994 -, é importante assinalar ~ue os rumos tomados pela questão do patrimônio, nas esferas nacional e internacional, constituíram, em grande parte, desdobramentos de tendências que já se esboça- vam no período focado na pesquisa. Nos limites deste prefácio, procurarei resumir os fatos que me parecem mais significativos. ( ) 1 ) ) i ) ~ ) ) ) ) ) ) ) ) No cenário internacional, a Unesco tem desenvolvido uma série de iniciativas que visam à ampliação da noção de patrimônio cultural e, mais especificamente, ao reconhecimento, à valorização e à salvaguarda do patrimônio cultural imaterial. Os programas Tesouros Humanos Vivos e Prodamação das Obras-Primas do Patrimô- nio Oral e Imaterial da Humanidade, e a Convenção para a Salvaguarda do Patri- mônio Cultural Imaterial, aprovada em 2003, resultam de uma avaliação crítica da aplicação da Convenção sobre a Salvaguarda do Patrimônio Mundial, Cultural e Na- tural, de 1972, q~e, devido aos critérios adotados, tem privilegiado as expressões monumentais e as tradições de origem européia e cristã. Outra tendência recente é a valorização do patrimônio natural e a elaboração de figuras inovadoras, como a de "paisagem cultural". No diálogo dos países com a Unesco, o Brasil tem tido par- ticipação ativa, apresentando candidaturas e contribuindo com suas experiências. As idéias, propostas e projetos desenvolvidos nos anos 70 e 80, em grande parte por inspiração de Aloisio Magalhães - e que são objeto de análise nos capí- tulos 4 e 5 -, foram retomados no final dos anos 90, sobretudo a partir do seminá- rio internacional realizado pelo lphan em Fortaleza, denominadó Patr.imõnio Imate- rial: estratégias e formas de proteção. Na Carta de Fortaleza, recomendava-se o "aprofundamento da discussão sobre o conceito de patrimônio imaterial e o desen- volvimento de estudos para a criação de instrumento legal instituindo o 'registro' como seu principal modo de preservação".1 Depois de mais de dois anos de trabalho, em 4 de agosto de 2000 foi editado o decreto-lei n2 3.551, que "institui o Registro dos Bens Culturais de Natureza Ima- terial e cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial". E, como ocorreu com o decreto-lei 112 25, de 30 de novembro de 1937, o instrumento legal elaborado pelo Brasil para a preservação de um campo tão significativo de seu patrimônio a.Jltural - o dos bens culturais de caráter processual e dinâmico - caracterizou-se pela abran- gência de seu alcance e por buscar adequar-se à especificidade do patrimônio em questão, sobretudo no que diz respeito às ações de salvaguarda. Mas, como também foi o caso com a legislação que regulamenta o tombamento, a legitimidade desse instrumento legal ainda está por ser conquistada, o que dependerá, fundamen- talmente, das políticas desenvolvidas a partir de sua aplicação e, principalmente, de sua apropriação pela sociedade brasileira. A seu favor, o decreto-lei n2 3.551 tem a experiência de quase setenta anos de vigência do decreto-lei 112 25/1937, e, sobretudo, a consolidação, não apenas em nível federal, como em estados e municípios, de políticas de patrimônio cultu- OI] O PA!RIMÔHI O E~ PRO( OSO ), ral, no desejável sentido da descentralização. Como desafios, encontra a dificu l- dade de se aproximar e de definirseu objeto - amplo e fluido por natureza - , de inclu ir na sua aplicação os sujeitos sem cuja participação esse objeto não poderá ser preservado - criadores, produtores, usuários e parceiros - , de definir critérios para a outorga do registro, de elaborar formas diversificadas e adequadas de sal- vaguarda. De todo modo, o decreto-lei n2 3.551/2000 é, sem dúvida, um marco na trajetória das políticas de patrimônio, não apenas no Brasil, mas também no con- texto internacional. Em outros dois campos - o da preservação de centros históricos e o dos do- cumentos - ocorreram fatos significativos em termos de políticas de patrimônio em âmbito federa l. O Programa Monumenta, desenvolvido com recursos do Banco lnteramericano de Desenvolvimento (810), poderá beneficiar mais de vinte cidades brasileiras. Nesse mesmo sentido, a elaboração do Termo Geral de Referência do Plano de Preservação de Sítio Urbano Histórico veio contribuir para que a con- servação e a gestão dessas áreas protegidas seja compartilhada com outras ins- tâncias do poder público e com a sociedade. O Projeto Resgate veio viabil izar o amplo acesso a fontes documentais da história brasileira no periodo colonial sob a nuarda de instituições estrangeiras. Já a preservação de sítios e remanescentes arqueológicos, por exemplo, ainda carece de atenção à altura de suas necessida- des. Mas trabalhos rotineiros e pouco visíveis em andamento no lphan, desenvol- vidos em parceria com en tidades públicas e privadas, contribuem para pavimentar uma base sólida para o desenvolvimento de políticas de patrimônlo. São exemplos o cadastro dos sítios arqueológicos e o dos bens culturais procurados, assim co- mo os diferentes inventários de bens culturais em curso.2 A questão do patrimônio cultural tem se beneficiado, no Brasil e no contexto internacional, da difusão da ncçáo de diversidade cultural, que será objeto de cnnvenção a ser elaborada no âmbito da Unesco. Essa discussão chega à área da cultura mais de dez anos após a Convenção da Diversidade Biológica (CDB), e num momento em que jà se alcançou uma razoável pP.rcepção dos prejuizos - materiais e simbólicos - que podem decorrer do desgaste dos recu rsos naturais e da extinção de espécies vegetais e animais. Entretanto, como jà havia obser- vado. a acelerada perda de expressces culturais e artísticas. de linguas e tradi- ções orais, de conhecimentos tradicionais, ainda não chega a provocar o mesmo impacto que a degradação ambienta l, e é até considerada uma conseqüê ncia inevitável do desenvolvimento Essas questões têm levantado novos e instigantes lliJ PRHÁC IO À SEG UNDA EOl(dO i:·-- .. . ,. \ -,:·:::, :;;~;t, SETORIAL { l . : ,: : ' - p '. :::u ·., l , .. .'J, ' ... ,... 1 " 1 i , • ··- . . ',., 1 A~ ( • i'\, \à "°' ~ ) ) ) ) ) ) ) ) No cenário internacional, a Unesco tem desenvolvido uma série de iniciativas que visam à ampliação da noção de patrimônio cultural e, mais especificamente, ao reconhecimento, à valorização e à salvaguarda do patrimônio cultural imaterial. Os programas Tesouros Humanos Vivos e Prodamação das Obras-Primas do Patrimô- nio Oral e Imaterial da Humanidade, e a Convenção para a Salvaguarda do Patri- mônio Cultural Imaterial, aprovada em 2003, resultam de uma avaliação crítica da aplicação da Convenção sobre a Salvaguarda do Patrimônio Mundial, Cultural e Na- tural, de 1972, q~e, devido aos critérios adotados, tem privilegiado as expressões monumentais e as tradições de origem européia e cristã. Outra tendência recente é a valorização do patrimônio natural e a elaboração de figuras inovadoras, como a de "paisagem cultural". No diálogo dos países com a Unesco, o Brasil tem tido par- ticipação ativa, apresentando candidaturas e contribuindo com suas experiências. As idéias, propostas e projetos desenvolvidos nos anos 70 e 80, em grande parte por inspiração de Aloisio Magalhães - e que são objeto de análise nos capí- tulos 4 e 5 -, foram retomados no final dos anos 90, sobretudo a partir do seminá- rio internacional realizado pelo lphan em Fortaleza, denominadó Patr.imõnio Imate- rial: estratégias e formas de proteção. Na Carta de Fortaleza, recomendava-se o "aprofundamento da discussão sobre o conceito de patrimônio imaterial e o desen- volvimento de estudos para a criação de instrumento legal instituindo o 'registro' como seu principal modo de preservação".1 Depois de mais de dois anos de trabalho, em 4 de agosto de 2000 foi editado o decreto-lei n2 3.551, que "institui o Registro dos Bens Culturais de Natureza Ima- terial e cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial". E, como ocorreu com o decreto-lei 112 25, de 30 de novembro de 1937, o instrumento legal elaborado pelo Brasil para a preservação de um campo tão significativo de seu patrimônio a.Jltural - o dos bens culturais de caráter processual e dinâmico - caracterizou-se pela abran- gência de seu alcance e por buscar adequar-se à especificidade do patrimônio em questão, sobretudo no que diz respeito às ações de salvaguarda. Mas, como também foi o caso com a legislação que regulamenta o tombamento, a legitimidade desse instrumento legal ainda está por ser conquistada, o que dependerá, fundamen- talmente, das políticas desenvolvidas a partir de sua aplicação e, principalmente, de sua apropriação pela sociedade brasileira. A seu favor, o decreto-lei n2 3.551 tem a experiência de quase setenta anos de vigência do decreto-lei 112 25/1937, e, sobretudo, a consolidação, não apenas em nível federal, como em estados e municípios, de políticas de patrimônio cultu- OI] O PA!RIMÔHI O E~ PRO( OSO ), ral, no desejável sentido da descentralização. Como desafios, encontra a dificu l- dade de se aproximar e de definir seu objeto - amplo e fluido por natureza - , de inclu ir na sua aplicação os sujeitos sem cuja participação esse objeto não poderá ser preservado - criadores, produtores, usuários e parceiros - , de definir critérios para a outorga do registro, de elaborar formas diversificadas e adequadas de sal- vaguarda. De todo modo, o decreto-lei n2 3.551/2000 é, sem dúvida, um marco na trajetória das políticas de patrimônio, não apenas no Brasil, mas também no con- texto internacional. Em outros dois campos - o da preservação de centros históricos e o dos do- cumentos - ocorreram fatos significativos em termos de políticas de patrimônio em âmbito federa l. O Programa Monumenta, desenvolvido com recursos do Banco lnteramericano de Desenvolvimento (810), poderá beneficiar mais de vinte cidades brasileiras. Nesse mesmo sentido, a elaboração do Termo Geral de Referência do Plano de Preservação de Sítio Urbano Histórico veio contribuir para que a con- servação e a gestão dessas áreas protegidas seja compartilhada com outras ins- tâncias do poder público e com a sociedade. O Projeto Resgate veio viabil izar o amplo acesso a fontes documentais da história brasileira no periodo colonial sob a nuarda de instituições estrangeiras. Já a preservação de sítios e remanescentes arqueológicos, por exemplo, ainda carece de atenção à altura de suas necessida- des. Mas trabalhos rotineiros e pouco visíveis em andamento no lphan, desenvol- vidos em parceria com en tidades públicas e privadas, contribuem para pavimentar uma base sólida para o desenvolvimento de políticas de patrimônlo. São exemplos o cadastro dos sítios arqueológicos e o dos bens culturais procurados, assim co- mo os diferentes inventários de bens culturais em curso.2 A questão do patrimônio cultural tem se beneficiado, no Brasil e no contexto internacional, da difusão da ncçáo de diversidade cultural, que será objeto de cnnvenção a ser elaborada no âmbito da Unesco. Essa discussão chega à área da cultura mais de dez anos após a Convenção da Diversidade Biológica (CDB), e num momento em que jà se alcançou uma razoável pP.rcepção dos prejuizos - materiais e simbólicos - que podem decorrer do desgastedos recu rsos naturais e da extinção de espécies vegetais e animais. Entretanto, como jà havia obser- vado. a acelerada perda de expressces culturais e artísticas. de linguas e tradi- ções orais, de conhecimentos tradicionais, ainda não chega a provocar o mesmo impacto que a degradação ambienta l, e é até considerada uma conseqüê ncia inevitável do desenvolvimento Essas questões têm levantado novos e instigantes lliJ PRHÁC IO À SEG UNDA EOl(dO i:·-- .. . ,. \ -,:·:::, :;;~;t, SETORIAL { l . : ,: : ' - p '. :::u ·., l , .. .'J, ' ... ,... 1 " 1 i , • ··- . . ',., 1 A~ ( • i'\, \à "°' problemas que - pela multiplicidade e variedade de atores envolvidos - eviden- ciam a complexidade de que se reveste hoje a questão do patrimônio cultural. Aos agradecimentos expressos na primeira edição, quero acrescentar minha gratidão aos colegas do Ministério da Cultura e das entidades a ele vinculadas com quem tive a oportunidade de partilhar reflexões e projetos nesses últimos anos. Como assessora do ministro Francisco Weffort, e depois como coordenado- ra do Secretário Octávio Elísio Alves de Brito, encontrei condições excepcionais para ampliar e enriquecer minha experiência com as questões da cultura e, parti- cularmente, do patrimônio cultural. Por outro lado, é com pesar que constato a perda de vários companheiros de percurso: Antônio luís Dias de Andrade, Pedro Alcântara, Luís Felipe Perret Serpa, e essa pessoa visionária e generosa que foi o embaixador Vladimir Murtinho. Devo a possibilidade de._ compartilhar esta experiência com um público mais amplo a Glauco Campello e Antônio Augusto Arantes, que, como presidentes do lphan, viabilizaram as duas edições deste livro; à Editora UFRJ, que agora reitera o seu apoio; a Ana Carmen Jara Casco, por sua perseverança e paciência com meus prazos; e a Álvaro Mendes, por seu rigor e cuidado na revisão do texto. Novos e bons amigos vieram ampliar o círculo de parceiros dessa minha traje- tória profissional e pessoal, e contribuíram, das mais diferentes formas, para o tra- balho que desenvolvo. Destaco Mequita e Quentin, companheiros fraternos de to- das as horas; Elisa Leonel, sempre presente desde o nosso reencontro; Márcio Carvalho, apoio constante em tantas travessias; e Rogério, cujo entusiasmo, com- panheirismo e carinho trouxeram mais luz e cor à minha vida. A meus filhos, com quem compartilho afeto. experiências e valores, e a minha mãe, que, entre tantos legados, nos ensinou a envelhecer, dedico este livro. Brasília, agosto de 2004. Nom Patrimônio imaterial: o registro do patrimônio ílnaterial. Dossiê final das atividades da Co- missão e do Grupo de Trabalho P3trir..6nio lma!enal. 2. ed. Brasília: Ministério da Cultura - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2003. LONDRES, Cecília. Os inventários nas políticas de patrimônio imaterial. Celebrações e sabe- res da cultura popular. pesquisa, inventário, critica. perspectivas. Rio de Janeiro: Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/Funarte-lnstituto do Patrimônio Histórico e Artí stico Nacional , 2004. O]] O PA!i l /1\ÓHIO E/li PROCEIIO INTROD U(ÀO Se o zelador do Museu de Kolmar quiser mostrar ao visitante qual, entre os seus tesouros, mais preza, leva-o' para longe do altar de Grünewald, para uma sala cheia de tricolores, pompier e outros elmos e lembranças de natureza aparentemente insignificante; são de uma época que, para ele, é a idade heróica. Max Weber, Ensaios de sociologia. ~--~?nstituição de patrimônios históricos e artísticos nacionais é uma prática característica dos Estados modernos que, através de determinados agentes, re- :: ; " crutados entre os intelectuais, e com base em instrumentos jurídicos específicos. delimitam um conjunto de bens no espaço público. Pelo valor que lhes é atribuído, .enquanto manifestações culturais e enquanto simbo\os da nação, esses bens pas- sam a ser merecedores de proteção, visando à sua transmissão para as gerações futuras. Nesse sentido, iJS políticas de preservação se propõem a atuar, basica- m~nte, n9 nível simbólico, tendo como objetivo reforçar uma identidade coletiva, a educação e a formação de cidadãos. Esse é, pelo menos, o discurso que cos- tuma justificar a constituição desses patrimônios e o desenvolvimento de políticas públicas de preservação. Aparentemente, essas políticas alcançam um alto grau de eficácia simbólica: é muito raro ocorrerem contestações quanto ao valor dos monumentos que são objeto de proteção. No Brasil, por exemplo, não ocorreria a ninguém atualmente duvidar da pertinência do tombamento das grandes obras do Barroco - igrejas, palácios, chafarizes, conjuntos urbanos etc. - realizado, principalmente, nas dé- cadas de 1930 e 1940. Nesse sentido, o trabalho feito pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional teria sido muito bem sucedido, pelo reconhecimento que alcançou no país e no exterior. i ) ' ) ) ) ) ! ) ) I l 1 ) 1 ) 1 ) ) ( ) ( } ) ( ) \ ) í ) problemas que - pela multiplicidade e variedade de atores envolvidos - eviden- ciam a complexidade de que se reveste hoje a questão do patrimônio cultural. Aos agradecimentos expressos na primeira edição, quero acrescentar minha gratidão aos colegas do Ministério da Cultura e das entidades a ele vinculadas com quem tive a oportunidade de partilhar reflexões e projetos nesses últimos anos. Como assessora do ministro Francisco Weffort, e depois como coordenado- ra do Secretário Octávio Elísio Alves de Brito, encontrei condições excepcionais para ampliar e enriquecer minha experiência com as questões da cultura e, parti- cularmente, do patrimônio cultural. Por outro lado, é com pesar que constato a perda de vários companheiros de percurso: Antônio luís Dias de Andrade, Pedro Alcântara, Luís Felipe Perret Serpa, e essa pessoa visionária e generosa que foi o embaixador Vladimir Murtinho. Devo a possibilidade de._ compartilhar esta experiência com um público mais amplo a Glauco Campello e Antônio Augusto Arantes, que, como presidentes do lphan, viabilizaram as duas edições deste livro; à Editora UFRJ, que agora reitera o seu apoio; a Ana Carmen Jara Casco, por sua perseverança e paciência com meus prazos; e a Álvaro Mendes, por seu rigor e cuidado na revisão do texto. Novos e bons amigos vieram ampliar o círculo de parceiros dessa minha traje- tória profissional e pessoal, e contribuíram, das mais diferentes formas, para o tra- balho que desenvolvo. Destaco Mequita e Quentin, companheiros fraternos de to- das as horas; Elisa Leonel, sempre presente desde o nosso reencontro; Márcio Carvalho, apoio constante em tantas travessias; e Rogério, cujo entusiasmo, com- panheirismo e carinho trouxeram mais luz e cor à minha vida. A meus filhos, com quem compartilho afeto. experiências e valores, e a minha mãe, que, entre tantos legados, nos ensinou a envelhecer, dedico este livro. Brasília, agosto de 2004. Nom Patrimônio imaterial: o registro do patrimônio ílnaterial. Dossiê final das atividades da Co- missão e do Grupo de Trabalho P3trir..6nio lma!enal. 2. ed. Brasília: Ministério da Cultura - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2003. LONDRES, Cecília. Os inventários nas políticas de patrimônio imaterial. Celebrações e sabe- res da cultura popular. pesquisa, inventário, critica. perspectivas. Rio de Janeiro: Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/Funarte-lnstituto do Patrimônio Histórico e Artí stico Nacional , 2004. O]] O PA!i l /1\ÓHIO E/li PROCEIIO INTROD U(ÀO Se o zelador do Museu de Kolmar quiser mostrar ao visitante qual, entre os seus tesouros, mais preza, leva-o' para longe do altar de Grünewald, para uma sala cheia de tricolores, pompier e outros elmos e lembranças de natureza aparentemente insignificante; são de uma época que, para ele, é a idade heróica. Max Weber, Ensaios de sociologia. ~--~?nstituição de patrimônios históricos e artísticosnacionais é uma prática característica dos Estados modernos que, através de determinados agentes, re- :: ; " crutados entre os intelectuais, e com base em instrumentos jurídicos específicos. delimitam um conjunto de bens no espaço público. Pelo valor que lhes é atribuído, .enquanto manifestações culturais e enquanto simbo\os da nação, esses bens pas- sam a ser merecedores de proteção, visando à sua transmissão para as gerações futuras. Nesse sentido, iJS políticas de preservação se propõem a atuar, basica- m~nte, n9 nível simbólico, tendo como objetivo reforçar uma identidade coletiva, a educação e a formação de cidadãos. Esse é, pelo menos, o discurso que cos- tuma justificar a constituição desses patrimônios e o desenvolvimento de políticas públicas de preservação. Aparentemente, essas políticas alcançam um alto grau de eficácia simbólica: é muito raro ocorrerem contestações quanto ao valor dos monumentos que são objeto de proteção. No Brasil, por exemplo, não ocorreria a ninguém atualmente duvidar da pertinência do tombamento das grandes obras do Barroco - igrejas, palácios, chafarizes, conjuntos urbanos etc. - realizado, principalmente, nas dé- cadas de 1930 e 1940. Nesse sentido, o trabalho feito pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional teria sido muito bem sucedido, pelo reconhecimento que alcançou no país e no exterior. i ) ' ) ) ) ) ! ) ) I l 1 ) 1 ) 1 ) ) ( ) ( } ) ( ) \ ) í ) ) ) ) ) ) ) ) , ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) Na verdade, porém, esse "poder simbólico"1 dos patrimônios nacionais é rela· tiva e tem um alcance limitado. Pois se o objetivo dessa política estatal é amplo, na medida em que não se dirige a setores, grupos ou atividades pertlculares, mas diz respeito a toda a sociedade nacional, de fatu o campo de sua produção é bas- tante restrito:_ tr.ata-se de urna política conduzida por Intelectuais, que requer um grau de especialização em determinadas éreas do saber (arte, história, arquitetura, arqueologia e, mais recentemente, etnologia e antropologia} e, por parte dos usuá- rios, algum domínio desses códigos. A leglllmldade --~.? C()!}_Stjt_yí~~~urny~Jri-'\ mônio assenta, para seus mentores, nao apenas no seu valqr como símbolo da { ,1 nacionalidade, mas também em valores culturais atribuídos a partir de critérios ) formulados por aquelas di~c!JJlinas. A produção de um universo simbólico é, nesse caso, o objeto mesmo da ação polltica, dai a importância do ~apel que exercem os intelectuais na construção dos patrimônios culturais. Nesse sentido, são dois os desafios com que se defrontam: o primeiro é o de, através da seleção de bens "móveis e imóveis" (conforme o preceito legal vigente na maioria dos países), construir uma representação da oação qu_e, levando em conta a pluralidade cultural, funcione como propiciadora de um se~tlmento comum de pertencimento, como reforço de uma identidade na- cional; o segundo é o de fazer com que seja aceito como consensual, não-arbi- trário, o que é resultado de uma seleção - de determinados bens - e de uma convenção - a atribuição, a esses bens, de determinados valores. Ou seja, de, ao mesmo tempo, buscar o consenso e incorporar a diversidade. · Os intelectuais que estão direta ou indiretamente envolvidos em uma política de preservação nacional fazem o papel de mediadores simbólicos, já que atuam no sentido de fazer ver como universais, em termos estéticos, e nacionais, em termos políticos, valores relativos. atribuídos a partir de uma perspectiva e de um lugar no espaço social. E são também os intelectuais que, ao apontarem, no exer- cício de sua função crítica, o caráter arbitrário da representação vigente de patri- mônio, atuam no sentido de sua transformação.' Os processos de seleção e proteção do patrimônio cultural nacional são regu- lados por leis, procedimA11tos e rituais bastante específicos, e costumam ser con- duzidos por agentes com um perfil intelectual definido (Bourdieu, 1980, p. 69).3 No contexto brasileiro, é preciso levar em conta o papel político que, desde o período colonial, têm aqui exercido os homens de cultura: o de atuarem como porta-vozes das massas desprovidas de recursos para se organizarem política- LflJ O PAlW!ÓHIO EM PROCf lSO ·-• mente, função que é legitimada por seu compro1uisso com a construção da nação e com a luta pela cidadania. Dado o caráter inescapave linenle ambiguo da posição desses intelectuais, sobretudo nos períodos autoritários, vou lentar apreender co- mo lidaram com os diferentes compromissos, os impasses e os limites com que se defrontaram. Pois, devido ao grau extremamente restrito, no Brasil, da partícipa- çao da sociedade nas pollticas culturais em geral, e particularmente nas políticas de prescrvaçao, as decisões desses intelectuais foram fatores cruciais na orien- tação dessas politicas. Em geral, as politicas de preservação são conduzidas por intelectuais de perfil tradicional (historiadores, artistas, arquitetos, escrilores etc.) que se propõem a atuar no Estado em nome do interesse público, na defesa da cultura, identificada com os valores das camadas cultas. Ao protegerem a cultura desses grupos, con- vertida em valor universal, não teriam dificuldade em conciliar, sem maiores con- flitos, sua identidade de intelectuais e de_ homens públicos. No caso do Brasil, essa foi a situação dos intelectuais modernistas que participaram do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan) desde 1937, e que instauraram uma política cultural cuja continuidade e prestígio se mantiveram durante mais de trinta anos. Entretanto, diferentemente do que ocorria então na Europa, esses intelec- tuais eram figuras que, nos seus respectivos campos de atuação. tinham posições de vanguarda, o que conferiu a sua atuação na área do patrimônio uma autoridade difa renciada. Mas, a partir da década de 1970, sobretudo quando o regime militar entrou em cri se , essa política começou a ser criticada. e seu caráter nacional contestado. por se referir apenas às produções das elites. Nesse momento, coube a intelec- tuais com um novo perfil (especialistas em ciências físico-matemâlicas e sociais, administradores, pessoas ligadas ao mundo industrial) defini r novos valores e no- vos interesses. Durante as duas décadas que se seguiram, essa mudança evoluiu de uma modernização da noção de patrimônio - o gue significou vincular a temá· !ic.a da preservação à questão do desenvolvimento - à politização da prática de p~eservação, na medida em que os agentes institucionais se propuseram a atuar como mediadores dos grupos sociais marginalizados junto ao Estado. Esses inte- lectuais viram na área da cultura, marginal no conjunto das políticas estatais, um espaço possível de resistência ao regime autoritário. Seu objetivo último era justa- mente o de ampliar o alcance da política federal de patrimônio, no sentido de de· mocratizá-la e colocá-'a a serviço da construção da cidadan ia_ ,.-~- .. ..--·:...:.1-';,. . ... - ---.... - ....... --- IH l ROD UCÃO t~ r ~~- :_f §;.Jo·rtC;\ st i c ;~:A~ .. 23 Dt. (;,;;:r.~C lAS soc;A;.3 ·.,:::.· .. ~.;,.;, .. ·....:.. -·· :-·"··-·~;:.;,;.~~·~· ) ) ) ) ) ) ) , ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) Na verdade, porém, esse "poder simbólico"1 dos patrimônios nacionais é rela· tiva e tem um alcance limitado. Pois se o objetivo dessa política estatal é amplo, na medida em que não se dirige a setores, grupos ou atividades pertlculares, mas diz respeito a toda a sociedade nacional, de fatu o campo de sua produção é bas- tante restrito:_ tr.ata-se de urna política conduzida por Intelectuais, que requer um grau de especialização em determinadas éreas do saber (arte, história, arquitetura, arqueologia e, mais recentemente, etnologia e antropologia} e, por parte dos usuá- rios, algum domínio desses códigos. A leglllmldade --~.?C()!}_Stjt_yí~~~urny~Jri-'\ mônio assenta, para seus mentores, nao apenas no seu valqr como símbolo da { ,1 nacionalidade, mas também em valores culturais atribuídos a partir de critérios ) formulados por aquelas di~c!JJlinas. A produção de um universo simbólico é, nesse caso, o objeto mesmo da ação polltica, dai a importância do ~apel que exercem os intelectuais na construção dos patrimônios culturais. Nesse sentido, são dois os desafios com que se defrontam: o primeiro é o de, através da seleção de bens "móveis e imóveis" (conforme o preceito legal vigente na maioria dos países), construir uma representação da oação qu_e, levando em conta a pluralidade cultural, funcione como propiciadora de um se~tlmento comum de pertencimento, como reforço de uma identidade na- cional; o segundo é o de fazer com que seja aceito como consensual, não-arbi- trário, o que é resultado de uma seleção - de determinados bens - e de uma convenção - a atribuição, a esses bens, de determinados valores. Ou seja, de, ao mesmo tempo, buscar o consenso e incorporar a diversidade. · Os intelectuais que estão direta ou indiretamente envolvidos em uma política de preservação nacional fazem o papel de mediadores simbólicos, já que atuam no sentido de fazer ver como universais, em termos estéticos, e nacionais, em termos políticos, valores relativos. atribuídos a partir de uma perspectiva e de um lugar no espaço social. E são também os intelectuais que, ao apontarem, no exer- cício de sua função crítica, o caráter arbitrário da representação vigente de patri- mônio, atuam no sentido de sua transformação.' Os processos de seleção e proteção do patrimônio cultural nacional são regu- lados por leis, procedimA11tos e rituais bastante específicos, e costumam ser con- duzidos por agentes com um perfil intelectual definido (Bourdieu, 1980, p. 69).3 No contexto brasileiro, é preciso levar em conta o papel político que, desde o período colonial, têm aqui exercido os homens de cultura: o de atuarem como porta-vozes das massas desprovidas de recursos para se organizarem política- LflJ O PAlW!ÓHIO EM PROCf lSO ·-• mente, função que é legitimada por seu compro1uisso com a construção da nação e com a luta pela cidadania. Dado o caráter inescapave linenle ambiguo da posição desses intelectuais, sobretudo nos períodos autoritários, vou lentar apreender co- mo lidaram com os diferentes compromissos, os impasses e os limites com que se defrontaram. Pois, devido ao grau extremamente restrito, no Brasil, da partícipa- çao da sociedade nas pollticas culturais em geral, e particularmente nas políticas de prescrvaçao, as decisões desses intelectuais foram fatores cruciais na orien- tação dessas politicas. Em geral, as politicas de preservação são conduzidas por intelectuais de perfil tradicional (historiadores, artistas, arquitetos, escrilores etc.) que se propõem a atuar no Estado em nome do interesse público, na defesa da cultura, identificada com os valores das camadas cultas. Ao protegerem a cultura desses grupos, con- vertida em valor universal, não teriam dificuldade em conciliar, sem maiores con- flitos, sua identidade de intelectuais e de_ homens públicos. No caso do Brasil, essa foi a situação dos intelectuais modernistas que participaram do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan) desde 1937, e que instauraram uma política cultural cuja continuidade e prestígio se mantiveram durante mais de trinta anos. Entretanto, diferentemente do que ocorria então na Europa, esses intelec- tuais eram figuras que, nos seus respectivos campos de atuação. tinham posições de vanguarda, o que conferiu a sua atuação na área do patrimônio uma autoridade difa renciada. Mas, a partir da década de 1970, sobretudo quando o regime militar entrou em cri se , essa política começou a ser criticada. e seu caráter nacional contestado. por se referir apenas às produções das elites. Nesse momento, coube a intelec- tuais com um novo perfil (especialistas em ciências físico-matemâlicas e sociais, administradores, pessoas ligadas ao mundo industrial) defini r novos valores e no- vos interesses. Durante as duas décadas que se seguiram, essa mudança evoluiu de uma modernização da noção de patrimônio - o gue significou vincular a temá· !ic.a da preservação à questão do desenvolvimento - à politização da prática de p~eservação, na medida em que os agentes institucionais se propuseram a atuar como mediadores dos grupos sociais marginalizados junto ao Estado. Esses inte- lectuais viram na área da cultura, marginal no conjunto das políticas estatais, um espaço possível de resistência ao regime autoritário. Seu objetivo último era justa- mente o de ampliar o alcance da política federal de patrimônio, no sentido de de· mocratizá-la e colocá-'a a serviço da construção da cidadan ia_ ,.-~- .. ..--·:...:.1-';,. . ... - ---.... - ....... --- IH l ROD UCÃO t~ r ~~- :_f §;.Jo·rtC;\ st i c ;~:A~ .. 23 Dt. (;,;;:r.~C lAS soc;A;.3 ·.,:::.· .. ~.;,.;, .. ·....:.. -·· :-·"··-·~;:.;,;.~~·~· O problema é que, como observa Bourdíeu, qualquer luta no interior de um campo "pressupõe um acordo entre os antagonistas sobre o que merece ser objeto de luta" (1980, p. 115), ou seja, no caso, sobre o que seria o objetivo especifico da preservação. Esse. como veremos, foi um dos impasse~ que,.caracterizou a política federal de patrimônio desenvolvida no Brasil nos an~70-80/ Nesse perío~ do, coexistiram duas linhas de atuação paralelas num mesmo campo, - a da pedra \ 'f e cal, continuidade do antigo Sphan, e a da referência, oriunda do Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC), criado em 1975 - que não conseguiram convir em um mínimo de definições comuns. A hegemonia do grupo de referência, na verda- de, se limitou ao plano discursivo; na prática, foi através dos tombamentos efetua· dos pela Sphan que continuou a ser construido o patrimônio histórico e artístico nacional. Oufro problema das políticas de preservação em geral é o fato de que as even- tuais demandas da sociedade em relação â cultura são extremamente difusas. Se entre os produtores culturais - cineastas, atores, músicos, escritores etc. - essas demandas são mais definidas e, freqüentemente, veiculadas por meio de organiza- ções corporativas (associações, sindicatos etc.), falar de uma demanda social em termos da constituição de um patrimônio cultural da nação é bastante problemático, sobretudo em uma sociedade como a brasileira, na qual, ao lado da pluralidade dos contextos culturais, existem profundas desigualdades econômico-sociais, e a autonon1ia de uma esfera cultural sequer faz sentido para alguns grupos da socie- dade nacional. Nesses casos, fica mais complexo o papel político dos intelectuais que atuam, dentro do Estado, como organizadores de uma demanda cultural ainda não explicitada, no sentido de defender os interesses de grupos carentes de orga- nização própria. Foi com base nessa realidade que se formularam, nos anos 70- 80, vários projetos do CNRC, posteriormente integrado à Fundação Nacional pró- Memória.' - Em resumo, em ambos os momentos decisivos - o momento fundador, no final da década de 1930, e o momento renovad~r. na segc:nda metade da década de 1970 \:; início da de 1980 - a posição dos intelectuais que conduziram a política federal de preservação foi marcada por algum grau de ambigüidade, se bem que com resu ltados diferentes. Durante o Estado Novo, os modernistas gozavam de franca hegemonia no meio intelectual e conseguiram resolver razoavelmente bem. naquele momento, a dicotomia entre o que consideravam seu papel de homens de cultura a serviço do interc:se público e sua inserção na administração de um DTI O ?A!W\ÓNIO !/Is PRO( flS O ~ governo autoritârio, mantendo junto ao MEC e ºº governo federal um invejâvel grau de autonomia. Jâ nos anos 70 e 80, na fase de abertura do regime militar. de crise da modernidade e diantede uma comunidade científica mais independente, estruturada e diversificada (cf. Pécaut, 1990, p. 257-308), os intelectuais que se propuseram a reorientar a políti ca federal de preservação - em um sentido que implicava, ao contrário do que havia ocorrido no Sphan, uma articu lação com outras áreas do governo e com os movimentos sociais, tendo em vista uma idéia de democracia participativa - viram, muitas vezes, seu trabalho e sua atuação jun- to a um governo autoritário serem postos sob suspeita por outros intelectuais de renome. De um lado, porque se estariam deixando cooptar pela ditadura militar, já em crise de legitimidade; de outro, por se arvorarem em porta-vozes dos inte- resses populares (cf. Mice!i, 1985, p. 127) no momento em que a sociedade civil se rees:ruturava, tanto por meio dos mecanismos de representação política ·quanto por meio de novas formas de organização não-governamentais. Essa trajetória que acabei de esboçar muito rapidamente, e que será apre- sentada nos capítulos 3 e 4, indica, a meu ver, que o grande desafio, ainda hoje, de uma política federal de preservação no Brasil é desenvolver. numa sociedade como a brasileira, uma políflca de patrimônio que seja, efetivamente, uma política pública. Em que medida essa politica não tem funcionado antes como uma ativi- dade implantada e conduzida pelo Estado, com a parti cipação de determinados intelectuais, como mais um recurso ideológico para obter consenso, para legitimar um projeto nacional do próprio Estado ou, simplesmente, para inserir o pais no concerto das nações civilizadas? No entanto, nas décadas de 1970 e 1980, a orientação da política cultu ral de- senvolvida no nível federal foi no sentido de ampliar a noção de patrimônio e de . estimular a participação social, propondo uma relação de colaboração entre Esta- do e sociedade. Não teriam esse período e essa nova orientação deixado marcas no sentido de propiciar uma democratização da política federal de patrimônio? Ou tratou-se apenas da afirmação de uma boa intenção de agentes institucionais, carente, no entanto, de condições sociais e poiíticas para ser implementada? Pro- curar elementos para responder a essas indagações é um dos objetivos deste tra- balho. O panorama atua!, relativamente às políticas culturais no Brasil, parece indicar que nada mudou nesse campo periférico das po\i ticas estatais: 2 questão cu ltural raramente aparece na agenda dos partidos políticos ou nos discursos de eventuais IH!ROD U( ÂO DIJ 1 ) ( ) 1 1 r ! ) I i ) ( ) } 1 I i ) CAMILA FIGUEIREDO Highlight O problema é que, como observa Bourdíeu, qualquer luta no interior de um campo "pressupõe um acordo entre os antagonistas sobre o que merece ser objeto de luta" (1980, p. 115), ou seja, no caso, sobre o que seria o objetivo especifico da preservação. Esse. como veremos, foi um dos impasse~ que,.caracterizou a política federal de patrimônio desenvolvida no Brasil nos an~70-80/ Nesse perío~ do, coexistiram duas linhas de atuação paralelas num mesmo campo, - a da pedra \ 'f e cal, continuidade do antigo Sphan, e a da referência, oriunda do Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC), criado em 1975 - que não conseguiram convir em um mínimo de definições comuns. A hegemonia do grupo de referência, na verda- de, se limitou ao plano discursivo; na prática, foi através dos tombamentos efetua· dos pela Sphan que continuou a ser construido o patrimônio histórico e artístico nacional. Oufro problema das políticas de preservação em geral é o fato de que as even- tuais demandas da sociedade em relação â cultura são extremamente difusas. Se entre os produtores culturais - cineastas, atores, músicos, escritores etc. - essas demandas são mais definidas e, freqüentemente, veiculadas por meio de organiza- ções corporativas (associações, sindicatos etc.), falar de uma demanda social em termos da constituição de um patrimônio cultural da nação é bastante problemático, sobretudo em uma sociedade como a brasileira, na qual, ao lado da pluralidade dos contextos culturais, existem profundas desigualdades econômico-sociais, e a autonon1ia de uma esfera cultural sequer faz sentido para alguns grupos da socie- dade nacional. Nesses casos, fica mais complexo o papel político dos intelectuais que atuam, dentro do Estado, como organizadores de uma demanda cultural ainda não explicitada, no sentido de defender os interesses de grupos carentes de orga- nização própria. Foi com base nessa realidade que se formularam, nos anos 70- 80, vários projetos do CNRC, posteriormente integrado à Fundação Nacional pró- Memória.' - Em resumo, em ambos os momentos decisivos - o momento fundador, no final da década de 1930, e o momento renovad~r. na segc:nda metade da década de 1970 \:; início da de 1980 - a posição dos intelectuais que conduziram a política federal de preservação foi marcada por algum grau de ambigüidade, se bem que com resu ltados diferentes. Durante o Estado Novo, os modernistas gozavam de franca hegemonia no meio intelectual e conseguiram resolver razoavelmente bem. naquele momento, a dicotomia entre o que consideravam seu papel de homens de cultura a serviço do interc:se público e sua inserção na administração de um DTI O ?A!W\ÓNIO !/Is PRO( flS O ~ governo autoritârio, mantendo junto ao MEC e ºº governo federal um invejâvel grau de autonomia. Jâ nos anos 70 e 80, na fase de abertura do regime militar. de crise da modernidade e diante de uma comunidade científica mais independente, estruturada e diversificada (cf. Pécaut, 1990, p. 257-308), os intelectuais que se propuseram a reorientar a políti ca federal de preservação - em um sentido que implicava, ao contrário do que havia ocorrido no Sphan, uma articu lação com outras áreas do governo e com os movimentos sociais, tendo em vista uma idéia de democracia participativa - viram, muitas vezes, seu trabalho e sua atuação jun- to a um governo autoritário serem postos sob suspeita por outros intelectuais de renome. De um lado, porque se estariam deixando cooptar pela ditadura militar, já em crise de legitimidade; de outro, por se arvorarem em porta-vozes dos inte- resses populares (cf. Mice!i, 1985, p. 127) no momento em que a sociedade civil se rees:ruturava, tanto por meio dos mecanismos de representação política ·quanto por meio de novas formas de organização não-governamentais. Essa trajetória que acabei de esboçar muito rapidamente, e que será apre- sentada nos capítulos 3 e 4, indica, a meu ver, que o grande desafio, ainda hoje, de uma política federal de preservação no Brasil é desenvolver. numa sociedade como a brasileira, uma políflca de patrimônio que seja, efetivamente, uma política pública. Em que medida essa politica não tem funcionado antes como uma ativi- dade implantada e conduzida pelo Estado, com a parti cipação de determinados intelectuais, como mais um recurso ideológico para obter consenso, para legitimar um projeto nacional do próprio Estado ou, simplesmente, para inserir o pais no concerto das nações civilizadas? No entanto, nas décadas de 1970 e 1980, a orientação da política cultu ral de- senvolvida no nível federal foi no sentido de ampliar a noção de patrimônio e de . estimular a participação social, propondo uma relação de colaboração entre Esta- do e sociedade. Não teriam esse período e essa nova orientação deixado marcas no sentido de propiciar uma democratização da política federal de patrimônio? Ou tratou-se apenas da afirmação de uma boa intenção de agentes institucionais, carente, no entanto, de condições sociais e poiíticas para ser implementada? Pro- curar elementos para responder a essas indagações é um dos objetivos deste tra- balho. O panorama atua!, relativamente às políticas culturais no Brasil, parece indicar que nada mudou nesse campo periférico das po\i ticas estatais: 2 questão cu ltural raramente aparece na agenda dos partidos