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CAPACIDADE DINÂMICA DE ARMAZENGEM DE GRÃOS A GRANEL NA MESORREGIÃO 
DE ITAPETININGA-SP 
 
 
WANDERLEY DE OLIVEIRA¹; ALINE REGINA PIEDADE2, RICARDO SERRA BORSATTO2; EVA 
FAGUNDES WEBER2 
 
¹ Tecnólogo em Agronegócio. E-mail: olliveiraw@yahoo.com.br 
² Professores do Curso de Tecnologia em Agronegócio da FATEC – Itapetininga. E-mail: alinepiedade.ufscar@gmail.com; 
rsborsat@ig.com.br; njweber@uol.com.br 
 
 
RESUMO 
 
 
Com o contínuo aumento da produção de grãos no Brasil, a estrutura de armazenamento tornou-se 
estratégica no escoamento da produção e nos custos dos produtores, bem como na escolha do melhor 
momento para comercializar a produção. Assim, são necessários estudos sobre a capacidade de 
armazenagem nos locais próximos à produção de grãos. Com base neste enfoque, objetivou-se, no 
trabalho ora apresentado, analisar a capacidade de armazenagem dinâmica da mesorregião de 
Itapetininga-SP. Utilizaram-se dados do IBGE sobre capacidade estática e sobre a produção das três 
culturas de grãos mais representativas da mesorregião, entre os anos de 1998 e 2007. A partir dos dados 
obtidos da capacidade estática, foi calculada a capacidade dinâmica da mesorregião. O trabalho procurou 
verificar se a mesorregião teria capacidade para estocar a produção dessas culturas de grãos e identificar 
as microrregiões mais problemáticas que a compõe. Pelos resultados, identificou-se que a mesorregião de 
Itapetininga possui um déficit de armazenagem dinâmica a granel da ordem de 63,16%, em relação à 
produção de grãos. Das quatro microrregiões que compõem a mesorregião de Itapetininga, apenas a 
microrregião de Tatuí apresentou superávit de capacidade de armazenamento. 
 
 
PALAVRAS CHAVE: armazenagem de grãos. capacidade dinâmica. capacidade estática. 
 
 
 1. INTRODUÇÃO 
 
 
A tecnologia e o desenvolvimento de novos cultivares trouxe para a agricultura, no Brasil, um 
desempenho excelente em relação à produção e à qualidade. 
Com isso, a armazenagem de grãos vem ganhando destaque como fator estratégico na 
infraestrutura do agronegócio, com influência no escoamento da produção, o que também influi nos 
custos dos fretes e na capacidade de barganha dos produtores quanto à escolha da melhor época para a 
venda da sua produção. 
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2009), não tendo 
acompanhado o ritmo de crescimento da produção, a capacidade instalada dos armazéns brasileiros 
encontra-se estagnada. Essa situação é agravada pelos problemas históricos de localização e adequação 
das unidades armazenadoras. 
Os analistas setoriais quase sempre confrontam os dados da produção agrícola com a capacidade 
estática de armazenagem. Ocorre que, na prática, as safras não são colhidas ao mesmo tempo e, nem toda 
quantidade colhida é guardada, pois substancial parcela é exportada ou tem consumo imediato 
(NOGUEIRA JUNIOR, 2008). 
Fica evidente a necessidade de estudos regionais que se aproximem mais da real capacidade de 
armazenamento, utilizando para tanto, o conceito de capacidade dinâmica dos armazéns e levando em 
consideração o destino da produção de grãos da região analisada. 
 Petti e Coelho (2008) constataram que no estado de São Paulo apenas as mesorregiões de 
Itapetininga e Metropolitana de São Paulo tiveram elevação de áreas cultivadas com grãos entre 2000 e 
2007. Fato que aumenta a relevância deste estudo sobre a capacidade de armazenagem da mesorregião 
de Itapetininga. 
 
Diante disso, objetivou-se, neste trabalho, avaliar a capacidade dinâmica da armazenagem de grãos 
na Mesorregião de Itapetininga, comparando-a com a produção, visando realizar um diagnóstico que sirva 
de referência para tomadas de decisão. 
 
 
2. CONCEITO DE UNIDADES ARMAZENADORAS 
 
 
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2009), unidades 
armazenadoras são os prédios ou instalações construídas ou adaptadas para a armazenagem de produtos. 
No Brasil, os chamados armazéns convencionais são instalações de piso plano de compartimento 
único que se destinam à armazenagem de produtos acondicionados em embalagens, como, por exemplo, 
sacaria (NEVES, 2007). 
Geralmente, são construídos em alvenaria, estruturas metálicas ou mistas, com ventilação, 
impermeabilização do piso, iluminação, pé-direito adequado e cobertura, características técnicas essas, 
necessárias à boa armazenagem (DEVILLA, 2009). 
Armazém graneleiro e armazém granelizado são unidades armazenadoras destinadas à guarda de 
grãos a granel. São construídos com características simples, instalados em nível do solo ou 
semienterradas, são construções horizontais com grande capacidade formadas por vários septos, 
apresentando predominância do comprimento sobre a largura e, na maioria dos casos, representam menor 
investimento que o silo, para a mesma capacidade de estocagem. (DEVILLA, 2009). 
Silo é uma unidade armazenadora de grãos com estrutura metálica ou em concreto, caracterizada 
por um ou mais compartimentos estanques denominados células. Podendo ou não ser equipadas com 
sistema de aeração, geralmente possuem forma cilíndrica, apresentando condições para a preservação da 
qualidade do produto, durante longos períodos de armazenagem. 
Dependendo da relação que apresentam entre a altura e o diâmetro, os silos podem ser classificados 
em horizontais e verticais. Se forem cilíndricos, os verticais podem, para facilitar a descarga, possuir o 
fundo em forma de cone. Os silos horizontais apresentam dimensões da base maior que a altura e, 
comparados com os verticais, exigem menor investimento por tonelada armazenada. E classificam-se em 
elevados ou semi-enterrados de acordo com a sua posição em relação ao solo (DEVILLA, 2009). 
 
 
3. METODOLOGIA 
 
 
Em 1968, o IBGE publicou o estudo Divisão do Brasil em Microrregiões Homogêneas e em 1990, 
Divisão do Brasil em Meso e Microrregiões. 
 As divisões nessas dimensões possibilitam que o espaço delimitado como mesorregião tenha uma 
identidade regional. 
As microrregiões resultam da subdivisão das mesorregiões em espaços que apresentam 
especificidades, basicamente relacionadas à produção. Englobam a produção, distribuição, troca e 
consumo, incluindo atividades urbanas e rurais. Pode-se observar a posição geográfica da mesorregião de 
Itapetininga no estado de São Paulo. (Fig.1) 
Para a consecução dos objetivos desse trabalho, foram utilizados dados secundários extraídos da 
base de dados do IBGE (2009), e também, pesquisas bibliográficas com o intuito de contextualizar o 
papel da armazenagem na logística de escoamento das safras e conceituar o setor. 
Avaliaram-se a capacidade de armazenamento estática e dinâmica, e a produção de soja, milho e 
trigo, da mesorregião de Itapetininga. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Mesorregião de Itapetininga 
 
 
 Fonte: adaptado do IBGE. 
 
 
Cabe aqui uma explicação sobre a diferença entre capacidade estática e dinâmica de 
armazenamento. A capacidade estática é a quantidade de produto que pode ser armazenado na estrutura 
física do armazém ou silo enquanto a armazenagem dinâmica é a rotatividade do produto expressando 
assim, a capacidade de armazenagem em um determinado período de tempo. 
Analisou-se a produção de soja, milho e trigo da mesorregião de Itapetininga, no período de 10 
anos, entre 1998 a 2007, separando a quantidade produzida por microrregião. 
Em seguida, organizou-se uma listagem onde constam os armazéns convencionais, armazéns 
graneleiros e silos da mesorregião por microrregião, fazendo assim, o levantamento da capacidade de 
armazenagem estática, segundo estimativas do IBGE até o primeiro semestre de 2008. 
Com os dados disponíveis, estudou-se a quantidade de grãos produzidos e a capacidade estática dos 
armazéns localizados na mesorregião de Itapetininga, a fim de descobrir se havia déficit ou superávit de 
armazenagem no período de 1998 a 2007, identificando as microrregiões mais problemáticas. 
Primeiramente, foram tabuladosos dados referentes à capacidade estática a granel. Em um segundo 
momento, foi calculada a capacidade dinâmica de armazenagem a granel, tendo como base os dados da 
capacidade estática e utilizando o índice de rotatividade de 1,5 para o cálculo. 
Foram comparados os dados das três culturas mensuradas com os dados da capacidade de 
armazenagem a granel. 
Para a capacidade de armazéns convencionais, o IBGE utiliza a medida m³ em seus dados. No 
presente trabalho, esses dados foram convertidos em toneladas. O resultado deste cálculo foi somado à 
capacidade de armazenagem a granel e comparada com a produção das três culturas de grãos, procurando, 
com isso mensurar, a capacidade total de armazenamento dinâmica da mesorregião de Itapetininga. 
Os dados foram tabulados e armazenados em planilha do programa computacional Microsoft Excel 
2003, a apresentação dos resultados se deu mediante tabelas e figuras, na intenção de melhorar a 
demonstração dos dados coletados, facilitando assim, a compreensão. 
Ainda foram feitas entrevistas exploratórias informais com gerentes e supervisores de empresas do 
setor de armazenamento de grãos, com o objetivo de agregar novos pontos a serem considerados no 
problema analisado. 
 
 
 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
4.1 Capacidade Estática a Granel 
 
 
A escolha das culturas de milho, soja e trigo se deu pelo fato de que as mesmas representam 
89,14% da produção de grãos da mesorregião em estudo. No entanto, o milho é a mais expressiva, 
representando 82,08% da produção das três culturas somadas, como pode ser observado na Figura 2. 
 
Figura 2. Produção das culturas de milho, soja e trigo em 2007 
 
 
 Fonte: IBGE, 2009 
 
 
Utilizando os dados referentes a essas três culturas, observou-se que a capacidade estática de 
armazenagem a granel em 1998 era de 191.481 toneladas para uma produção de 477.016 toneladas, 
mostrando uma deficiência de armazenagem de 285.535 toneladas, ou 59,85%. 
No primeiro semestre de 2008, a deficiência na capacidade de armazenagem aumentou para 
1.001.223 toneladas, para uma produção (em 2007) de 1.327.163 toneladas, representando uma 
deficiência da capacidade de armazenagem em relação à produção de 75,44%. 
Como pode ser observado (Tabela 1) no período de 10 anos, a produção teve um aumento de 64%, 
enquanto que a capacidade estática de armazenagem a granel aumentou apenas 37,92%. A deficiência na 
capacidade de armazenagem estática a granel no período analisado aumentou 71,97%. 
 
Tabela 1. Comparação da Produção x Capacidade de armazenagem da mesorregião de 
Itapetininga nos anos de 1998 e 2007 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: adaptado de IBGE (2009). 
 
 
Para uma maior aproximação com a real capacidade de armazenagem da mesorregião, deve-se 
calcular a capacidade dinâmica dos armazéns a granel. 
PRODUÇÃO DE GRÃOS EM 2007
DA MESORREGIÃO DE ITAPETININGA
5%
13%
82%
milho em grãos
soja em grãos
trigo em grãos
 
1998 
(t) 
2007 
(t) 
Aumento no 
período 
(%) 
Produção de grãos 477.016 1.327.163 64,05 
Capacidade de armazenagem 191.481 308.480 37,92 
Deficiência na armazenagem 285.535 1.018.683 71,97 
 
Na Tabela 2, pode ser observada a capacidade de armazenagem estática, em toneladas, da 
mesorregião de Itapetininga e das microrregiões que a compõem, por tipos de armazéns no ano de 1998 e 
na Tabela 3, tem-se os mesmos dados referentes ao primeiro semestre de ano 2008. 
 
Tabela 2. Capacidade de armazenagem estática na mesorregião de Itapetininga e suas 
microrregiões no ano de 1998 
 
Mesorregião e 
Microrregiões 
 
Armazéns graneleiros e granelizados Silos 
Capacidade útil 
(t) 
Capacidade útil 
(t) 
Itapetininga 91 946 96 975 
Capão Bonito 990 1 230 
Itapetininga - 4 805 
Itapeva 6 156 40 740 
Tatuí 84 800 50 200 
Fonte: adaptado de IBGE (2009). 
 
 
Tabela 3. Capacidade de armazenagem estática na mesorregião de Itapetininga e suas 
microrregiões no primeiro semestre de 2008. 
 
Mesorregião e 
Microrregiões 
 
Armazéns graneleiros e granelizados Silos 
Capacidade útil 
(t) 
Capacidade útil 
(t) 
Itapetininga 117 666 208 274 
Capão Bonito 550 1 203 
Itapetininga - 46 890 
Itapeva 27 156 82 734 
Tatuí 89 960 77 420 
Fonte: adaptado do IBGE (2009). 
 
 
Na Tabela 4, encontram-se os dados sobre as safras de 1998 e 2007 de milho, soja e trigo, em 
toneladas, na mesorregião de Itapetininga. Verifica-se que, para todas as culturas, suas quantidades 
aumentam. Porém, este aumento foi mais expressivo para as culturas de trigo e soja. 
 
 Tabela 4. Quantidade de grãos produzida, em toneladas, na mesorregião de Itapetininga nos 
anos de 1998 e 2007. 
 
Mesorregião Lavoura temporária 
1998 
(t) 
2007 
(t) 
Itapetininga - SP 
Milho (em grão) 439.102 1.089.441 
Soja (em grão) 30.014 169.580 
Trigo (em grão) 7.900 68.142 
 Fonte: elaborado pelo autor com dados do IBGE (2009). 
 
 
 
 
4.2 Capacidade Dinâmica a Granel 
 
 
 
Para calcular a capacidade dinâmica a granel da mesorregião de Itapetininga, no primeiro semestre 
de 2008, foi utilizado o fator de rotatividade de 1,5 de plena aceitação universal, para cálculo da 
capacidade dinâmica. De acordo com Nogueira Junior (2008, p.3), 
 
[...] esse fator tem plena aceitação/uso universal, pois dentro de uma nação as colheitas não são 
coincidentes; grande parte delas tem pronto consumo interno ou seguem rapidamente para o 
exterior, encurtando assim o canal de comercialização. 
 
Segundo os dados do IBGE (2009), a capacidade estática dos armazéns graneleiros e silos da 
mesorregião de Itapetininga, no primeiro semestre de 2008, era de 325.940 toneladas. 
Aplicando-se o fator de rotatividade de 1,5 sobre esses dados, chegou-se ao resultado que a 
mesorregião de Itapetininga, no primeiro semestre de 2008, possuía uma capacidade dinâmica de 488.910 
toneladas. Mostrando que é o suficiente para armazenar a produção de soja e trigo de 2007 com folga, 
porém não é suficiente para armazenar a produção de milho, como observado na Figura 3. A defasagem 
da capacidade dinâmica em relação à produção foi de 63,16%. 
 
Figura 3. Produção de grãos e capacidade dinâmica de armazenagem a granel, 
em toneladas 
 
 Fonte: elaborado pelo autor com dados do IBGE (2009). 
 
 
4.3 Soma da Capacidade Convencional com a Granel 
 
 
A capacidade de armazenagem convencional da mesorregião de Itapetininga no primeiro semestre 
de 2008 foi, segundo dados do IBGE (2009), de 163.205 m³. Na Tabela 5, estão dispostos os dados por 
microrregião que compõe a mesorregião de Itapetininga. Convertendo essa capacidade para outra 
unidade, há 130.564 toneladas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRODUÇÃO X CAPACIDADE DINÂMICA DE 
ARMAZENAGEM A GRANEL
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1
PRODUÇÃO E ARMAZENAGEM
T
O
N
E
L
A
D
A
S
MILHO
SOJA
TRIGO
CAPACIDADE DE
ARMAZENAGEM
 
Tabela 5. Capacidade estática de armazenagem convencional, em m3, da 
mesorregião de Itapetininga e das microrregiões que a compõe. 
 
Mesorregião e Microrregiões 
Armazéns convencionais 
Capacidade útil 
(m³) 
 
Itapetininga 163 205 
Capão Bonito 1 128 
Itapetininga 30 640 
Itapeva 68 001 
Tatuí 63 436 
 Fonte: adaptado do IBGE (2009). 
 
Sendo o milho a cultura de grãos predominante da mesorregião, usou-se para a conversão da 
capacidade de armazenagem convencional de m³ para tonelada, como padrão uma densidade de 800g por 
litro, baseado no trabalho de LUNA e KLEIN (2001) que citam que um litro de milho pesa entre 780 e 
800 gramas. 
A capacidade convencional calculada em toneladas representa 29% da capacidade total de 
armazenagem da mesorregião como pode ser observado na Figura 4. 
 
 
Figura 4. Distribuição da capacidade convencional e a granel da mesorregião de Itapetininga 
no primeiro semestre de 2008. 
 
 Fonte: elaborado pelo autor com dados do IBGE (2009) 
 
 
Mesmo somando-se a capacidade de armazenagem a granel com a capacidade de armazenagemconvencional e, mesmo considerando as capacidades dinâmicas das mesmas, no primeiro semestre de 
2008, a mesorregião tem um déficit de armazenagem de 642.407 toneladas em relação à produção de 
1.327.163 toneladas de grãos de 2007. Em porcentagem, essa deficiência foi de 48,40%. 
Na Tabela 6, pode ser observado o total das capacidades estática e dinâmica, tanto em armazéns 
convencionais como armazéns a granel da mesorregião em estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Distribuição da capacidade convencional e a granel da 
mesorregião de Itapetininga no primeiro semestre de 2008
29%
71%
convencionas
granel
 
 
Tabela 6. Capacidade estática e dinâmica, convencional e a granel, em toneladas, de 
armazenagem de grãos, da mesorregião de Itapetininga. 
 
 
Capacidade estática 
 (t) 
Capacidade dinâmica 
 (t) 
Capacidade convencional 130.564 195.846 
Capacidade a granel 325.940 488.910 
Capacidade total 456.504 684.756 
Fonte: elaborado pelo autor com dados do IBGE (2009) 
 
Como pode ser observado, na Figura 5, mesmo que se somem a capacidade dinâmica convencional 
com a capacidade dinâmica a granel, ainda assim, a mesorregião não tem capacidade para armazenar toda 
a produção de milho. 
Ficando dessa forma, o seguinte questionamento: “Para que local segue o excedente da produção 
de grãos, já que a mesorregião de Itapetininga não possui capacidade de armazenagem suficiente?”. 
Algumas hipóteses para essa questão: (i) esse excedente é consumido em grande parte pelas granjas 
localizadas na mesorregião; (ii) outra parte é utilizada na própria propriedade onde são colhidos, para 
fazer silagem. 
 
Figura 5. Produção de grãos x capacidade dinâmica de armazenagem a granel 
somada a capacidade dinâmica de armazenagem convencional, em toneladas. 
 
 Fonte: elaborado pelo autor com dados do IBGE. 
 
Tendo em vista que para a CONAB (2006), o patamar ideal para a capacidade estática brasileira é 
de 20% superior à produção do país, a mesorregião de Itapetininga fica bem aquém de tal índice, visto 
que a capacidade estática da mesorregião é 33% inferior à produção somada das três culturas de grãos 
mensuradas nesse trabalho. 
Ao somar-se a capacidade convencional com a capacidade a granel, é ainda preciso levar em 
consideração outras culturas de grãos da mesorregião que tradicionalmente são armazenadas de forma 
convencional, como exemplo a cultura do feijão, que na mesorregião de Itapetininga em 2007 teve 
produção de 93.305 toneladas, representando 71,46% da capacidade e armazenagem convencional 
estática da mesorregião (IBGE, 2009). 
A armazenagem é fundamental para a manutenção da competitividade agrícola brasileira. A 
presença de unidades armazenadoras próximas dos locais de produção tem influência decisiva no 
escoamento e comercialização das safras. 
Com a aplicação de novas tecnologias, a produção agrícola aumenta cada vez mais em quantidade e 
qualidade, o que faz urgente o investimento na melhoria e ampliação da capacidade de armazenamento. 
Tendo em vista esse panorama, foi feito um levantamento da capacidade de armazenagem por 
PRODUÇÃO X CAPACIDADE DINÂMICA DE 
ARMAZENAGEM A GRANEL E CONVENCIONAL
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1
PRODUÇÃO E ARMAZENAGEM
TO
N
E
LA
D
A
S
MILHO
SOJA
TRIGO
CAPACIDADE DE
ARMAZENAGEM
 
microrregião, buscando analisar individualmente as microrregiões que compõe a mesorregião de 
Itapetininga. 
Na Figura 6, estão os dados da produção de grãos no ano 2007 e capacidade de armazenagem 
estática no primeiro semestre do ano de 2008, por microrregiões que compõe a mesorregião de 
Itapetininga. 
 
Figura 6. Capacidade de armazenagem estática a granel x produção de grãos 
das microrregiões que compõe a mesorregião de Itapetininga. 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor com dados do IBGE (2009). 
 
Pode-se observar (Figura 6), que a microrregião de Itapeva teve em 2007 uma produção de grãos 
de 994.494 toneladas, o que representa 74,93% da produção de grãos da mesorregião. A capacidade de 
armazenagem estática a granel no primeiro semestre de 2008 representava 33,71% da capacidade de 
armazenagem estática da mesorregião, e seu déficit de armazenagem era de 88,95%. 
A microrregião de Capão Bonito, com uma produção de 131.725 toneladas, representa 9,92% da 
produção da mesorregião, no entanto a sua capacidade de armazenagem é insignificante, representando 
0,54% do total da capacidade de armazenagem estática da mesorregião e seu déficit de armazenagem é de 
98,64%. 
A microrregião de Itapetininga, com a produção de 141.952 toneladas de grãos, representa 10,69% 
do total produzido na mesorregião. Sua capacidade de armazenagem estática é de 46.890 toneladas, 
representando 14,38% da capacidade de armazenagem estática a granel da mesorregião, com déficit de 
armazenagem de 66,96%. 
A microrregião de Tatuí é a única da mesorregião que apresenta superávit de capacidade de 
armazenagem, com a maior capacidade de armazenagem estática da mesorregião: 167.380 toneladas e a 
menor produção de grãos 58.992 toneladas, apresentando um superávit de 64,75%. A sua produção 
representa 4,44% da produção da mesorregião e sua capacidade de armazenamento representa 51,35% do 
total da capacidade de armazenagem da mesorregião de Itapetininga. 
 
 
5. CONCLUSÕES 
 
 
A produção de grãos da mesorregião de Itapetininga, refletindo o que acontece em outras regiões 
do Brasil, aumenta em um ritmo bem maior que a capacidade de armazená-la, o que acarreta um grande 
déficit de armazenagem em relação à produção. 
Segundo Gonçales e Cleps Junior (2005), o Estado do Mato Grosso do Sul tem um déficit de 
capacidade de armazenagem estática de 20,7% em relação à produção de grãos; no Estado de Goiás o 
déficit é de 7,9%, no Mato Grosso 59,3% de defasagem e no Distrito Federal um déficit de 20%. 
Mesmo utilizando a capacidade de armazenagem dinâmica para mensurar o déficit da capacidade 
de armazenagem em relação à produção na mesorregião de Itapetininga, a defasagem ainda é grande, 
Capacidade de armazenagem estática a granel x Produção de grãos
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
T
0N
E
L
A
D
A
S
Capacidade de
armazenagem a granel
1.780 46.890 109.890 167.380
Produção de grãos 131.725 141.952 994.494 58.992
Capão Bonito Itapetininga Itapeva Tatui
 
como pode ser observado claramente, na Figura 7, onde estão dispostos os dados da capacidade de 
armazenagem dinâmica a granel e a soma da produção de milho, soja e trigo da mesorregião nos anos de 
1998 até 2007. 
 
Figura 7. Evolução da capacidade dinâmica a granel x a produção de milho, soja e trigo 
na mesorregião de Itapetininga. 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor com dados do IBGE (2009). 
 
Observa-se que a capacidade de armazenagem aumentou pouco nos 10 anos, enquanto a produção 
de 2001 deu um salto quantitativo e aumentou rapidamente até 2006. 
A capacidade de armazenagem é, sem dúvida, estratégica para a economia brasileira tendo-se em 
vista que as commodities agrícolas têm grande influência na balança comercial do Brasil. Além de ser 
estratégica para a economia nacional, a armazenagem pode ter grande influência no aumento da 
rentabilidade do produtor rural. Dados da CONAB (2006) estimam que, no Brasil, apenas 15% dos 
armazéns e silos encontram-se nas fazendas, enquanto nos Estados Unidos, Argentina e Europa esse 
número é de 65%, 40% e 50% respectivamente. 
Segundo Devilla (2004), é de suma importância a prática do armazenamento nas fazendas para 
minimizar perdas quantitativas e qualitativas que, dependendo da região, pode atingir 30% da safra, 
ocasionadas pelo ataque de pragas, devido à falta de conhecimento técnico e instalações armazenadoras 
inadequadas. 
Existe na mesorregião de Itapetininga um déficit de armazenagem que precisa ser suprido, como 
foi demonstrado nesse trabalho. No entanto, é preciso atentar para a realização de estudos que 
demonstrem a melhor localização para as unidades de armazenamento,visto que a localização tem 
influência tanto nos custos como na perda da quantidade e qualidade da produção de grãos. 
É preciso considerar ainda, o Protocolo de Cartagena sobre Organismos Vivos Modificados 
(OVMs), que traz impactos para a infraestrutura de armazenagem que precisa adequar-se para essa nova 
realidade do comércio internacional. 
Longe de esgotar o assunto, esse trabalho é apenas um esboço de uma pequena parte da complexa 
cadeia produtiva do agronegócio, a qual exige uma visão sistêmica para a tomada de decisões sobre 
investimentos na infraestrutura de armazenagem na mesorregião. Deve-se levar em consideração as 
especificidades do setor e os aspectos agronômicos, biotecnológicos, econômicos, ambientais e sociais. 
 
 
6. REFERÊNCIAS 
 
 
CONAB. Situação da Armazenagem no Brasil: 2006. Disponível em: 
<http://www.conab.gov.br/conabweb/download/nupin/armazenagem.pdf>. Acesso em: 01 mai. 2009 
Evolução da capacidade dinâmica a granel x Produção na 
mesorregião de Itapetininga
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1.400.000
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
ANOS
TO
N
E
L
A
D
A
S
Capacidade dinânmica de armazenagem a granel
Produção de milho, soja e trigo
 
DEVILLA, Ivano Alessandro. Projeto de Unidade Armazenadoras. Universidade Estadual de Goiás. 
Disponível em: <http://www.engenhariaagricola.ueg.br/arquivos_download/conteudo_disciplinas/ivano 
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