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Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.3, p.82-88, 2007.
Padronização da metodologia do teste de tetrazólio para sementes de Jatropha
elliptica M. Arg. (Euphorbiaceae)
AÑEZ, L.M.M.
1
; COELHO, M.F.B.
2
; ALBUQUERQUE, M.C.F.
2*
; MENDONÇA, E.A.F.
2
; DOMBROSKI, J.L.D.
3
1
MSc. em Agricultura Tropical; 
2
Prof
a
 Dr
a
 Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade, FAMEV/UFMT, 78060-900-
Cuiabá- MT, mcfa@cpd.ufmt.br 
3
Dr. Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade, FAMEV/UFMT, 78060-900-
Cuiabá- MT.
RESUMO: Sementes de Jatropha elliptica M. Arg. são dormentes e necessitam de períodos de
tempo relativamente longos para a realização dos testes de germinação. O desenvolvimento de
métodos para avaliação rápida da qualidade fisiológica da semente pode auxiliar na tomada de
decisão quanto ao uso ou descarte de lotes destinados tanto para a conservação quanto para a
produção de mudas. Este trabalho teve como objetivo padronizar a metodologia do teste de
tetrazólio para sementes de J. elliptica, determinando as melhores condições de temperatura,
período de coloração e concentração da solução de tetrazólio. O pré-condicionamento consistiu
de embebição das sementes em duas folhas de papel para germinação, umedecidas com água
destilada e mantidas em câmara de germinação tipo BOD a 30ºC durante 16 horas, da retirada
da carúncula e do corte longitudinal das sementes, que, em seguida, foram imersas na solução
de tetrazólio, em copos plásticos de 50 mL, e acondicionadas na câmara, no escuro. Os
tratamentos consistiram de três concentrações de tetrazólio (0,1; 0,5 e 1,0%) e três temperaturas
de incubação (30; 35 e 40ºC), com duas repetições de 25 sementes para cada tratamento. A
cada 30 minutos foi avaliado o desenvolvimento da coloração. Os resultados obtidos pelo teste
de tetrazólio demonstraram que, independentemente da temperatura de incubação, as sementes
de J. elliptica imersas em solução de tetrazólio a 0,1%, adquiriram coloração adequada entre 3
e 5 horas de reação; em solução de tetrazólio a 0,5%, entre 1 hora e 30 minutos e 2 horas, e em
solução de tetrazólio a 1,0%, em 1 hora. A concentração da solução de tetrazólio a 0,5%, em
temperatura de incubação de 30ºC e período de desenvolvimento de coloração de 90 minutos é
indicada como alternativa prática e econômica para análise da viabilidade de sementes de J.
elliptica.
Palavras-chave : sementes, plantas medicinais, viabilidade.
ABSTRACT: Standardization of the tetrazolium test methodology for Jatropha elliptica M.
Arg (Euphorbiaceae) seeds. Jatropha elliptica M. Arg. seeds are dormant and need relatively
long periods of time for the accomplishment of the germination tests. The development of methods
for fast evaluation of seeds physiological quality can assist in the decision regarding the use or
discarding of sets destined to the conservation or seedling production. This work had the objective
of standardizing the tetrazolium test methodology for J. elliptica seeds, determining the best
conditions of temperature, coloration time, and tetrazolium solution concentration. The seeds
were collected in the Experimental Farm at the Universidade Federal de Mato Grosso, in Santo
Antonio de Leverger, Mato Grosso State, Brazil. The pre-conditioning consisted of seeds imbibition
in two sheets of paper for germination moistened with distilled water and kept in a B.O.D. chamber
type, set in 30ºC during 16 hours, having their caruncle removed, and a longitudinal cut made on
them; being the seeds immersed in the tetrazolium solution, into 50mL plastic cups, and conditioned
in the B.O.D., in the dark. The treatments consisted of three tetrazolium concentrations (0.1; 0.5
and 1.0%) and three incubation temperatures (30, 35, and 40ºC), with two repetitions of 25 seeds
for each treatment. Every 30 minutes, the coloring development was evaluated. The results
demonstrated that, independently of the temperature of incubation, the J. elliptica seeds immersed
in a 0.1% tetrazolium solution acquired a satisfactory coloration from three to five hours of reaction
time; from 90 to 120 minutes in a 0.5% tetrazolium solution, and in 60 minutes for the 1.0%.
Recebido para publicação em 06/12/2005
Aceito para publicação em 12/02/2007
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tetrazolium solution. The 0.5% tetrazolium solution concentration at 30°C during incubation
temperature in 90 minutes is indicated as practical and economic alternative for the viability
analysis of J. elliptica seeds.
Key words : seeds, medicinal plant, viability.
INTRODUÇÃO
Jatropha elliptica M. Arg. é uma espécie
medicinal que se encontra na lista de espécies
medicinais e aromáticas com prioridade para
conservação e coleção de germoplasma no Brasil
(Vieira et al., 2002), devido à exploração predatória
excessiva . Essa espécie pela importância medicinal
foi estudada fitoquimicamente, sendo a raiz dpurativa
e usada na medicina popular contra doenças
venéreas, coceiras e picada de cobra (Van den Berg
& Silva, 1988; Pott & Pott, 1994). As sementes
apresentam baixo índice de germinação (máximo de
6%) em condições naturais (Silva & Coelho, 1996)
devido impermeabilidade do tegumento e embrião
dormente e, para obter sucesso com a propagação
desta espécie, é fundamental a quebra de dormência
das sementes.
O desenvolvimento de métodos para a
avaliação rápida da qualidade fisiológica das
sementes pode auxiliar na tomada de decisão quanto
ao uso ou descarte de lotes destinados à conservação
e ou produção de mudas, principalmente para
espécies cujo período para germinação é
demasiadamente longo.
No sistema de controle de qualidade de
sementes, o teste de tetrazólio é bastante usado
para avaliação da qualidade fisiológica de sementes
agrícolas, tais como soja, trigo, milho, algodão, feijão
e forrageiras do gênero Brachiaria (Piña-Rodrigues &
Santos, 1988; França Neto, 1999), tendo assumido
uma posição de destaque para algumas culturas,
devido principalmente ao grande número de
informações fornecidas pelo teste (França Neto,
1999).
O teste de tetrazólio é também utilizado para
determinar rapidamente a viabilidade das sementes,
particularmente de espécies que germinam
lentamente em testes normais ou que não germinam
quando submetidas aos métodos comumente
usados, por se encontrarem dormentes (Brasil, 1992).
Esse teste pode ser usado como alternativa
ao teste de germinação na avaliação da viabilidade
de sementes de Bertholletia excelsa (Camargo et
al., 1997), Heteropteris aphrodisiaca (Arruda, 2001),
Cordia trichotoma (Mendonça et al., 2001), Astronium
graveolens, Jacaranda cuspidifolia e Parapiptadenia
rígida (Fogaça, 2003), entre outras espécies.
O teste fundamenta-se na avaliação da
viabilidade das sementes com base na alteração da
coloração dos tecidos em presença de solução de
sal de tetrazólio (2, 3, 5 – trifenil cloreto de tetrazólio,
ou TCT), o qual é reduzido pelas enzimas dos tecidos
vivos, resultando em um composto chamado
formazan, de coloração vermelha carmim (Vieira &
Von Pinho, 1999). Segundo Delouche et al. (1976), a
reação permite delineamento bastante nítido entre o
tecido que respira, que adquire cor vermelha, daquele
que está morto ou deteriorado, que mantém sua cor
original. O padrão de coloração dos tecidos pode ser
utilizado para identificar sementes viáveis e não-viáveis.
A reação do tetrazólio na semente é afetada
por diversos fatores como pré-condicionamento e corte
da semente, temperatura e tempo de incubação, pH
e concentração da solução, idade e deterioração da
semente (Marcos Filho et al., 1987; Piña-Rodrigues &
Santos, 1988). As sementes têm que ser submetidas
a preparo prévio como pré-condicionamento e corte ou
remoção dos tegumentos, que devem ser efetuados
com cuidado para não ocorrer interferências nos
resultados obtidos. Recomenda-se que a temperatura
para o desenvolvimento da coloração seja entre 35 a
40ºC, por ser mais rápido, entretanto o teste pode
ser realizado normalmente em temperaturas de 20 a
40ºC. O pH da solução deve ser neutro,em torno de
6,5 a 7,0, uma vez que soluções mais ácidas ou
básicas alteram a velocidade e intensidade da
coloração dos tecidos, dificultando a interpretação.
A idade e deterioração das sementes, de um
modo geral, afetam a reação do tetrazólio, pois o
aumento da permeabilidade das membranas favorece
a penetração da solução, provocando alterações na
intensidade normal da coloração. A concentração da
solução deve ser suficiente para obtenção da cor que
permita diferenciar, de maneira precisa, os tecidos
vivos, os deteriorados ou mortos e identificar a
natureza das injúrias. Concentrações mais elevadas
acarretam intensificação da coloração, dificultando o
reconhecimento das injúrias e aumentando os custos
do teste. Períodos curtos de contato sementes/
solução podem causar intensidade fraca de coloração
em tecidos sadios, dificultando a interpretação e, os
períodos excessivos permitem o aparecimento de
cores mais escuras, tanto em tecidos sadios como
naqueles em deterioração.
Desta forma, este trabalho teve como objetivo
padronizar a metodologia do teste de tetrazólio para
sementes de J. elliptica, em função da temperatura,
do tempo de desenvolvimento da coloração e da
concentração da solução de tetrazólio.
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MATERIAL E MÉTODO
As sementes foram coletadas na Fazenda
Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso
- UFMT, localizada no município de Santo Antônio de
Leverger – MT, com coordenadas de 15º 47’ S e 56º
04’ W e altitude de 140 metros acima do nível do
mar, numa área de dois hectares de solo com extensa
camada de cascalho (Silva et al., 1998) onde ocorre
uma população nativa. A exsicata do material vegetal
utilizado neste trabalho está depositada no Herbário
Central da Universidade Federal de Mato Grosso sob
no 25656.
Para a coleta das sementes foram utilizados
sacos de tule amarrados aos frutos, evitando a
dispersão das sementes durante a deiscência. As
sementes foram beneficiadas no Laboratório de
Análise de Sementes da Faculdade de Agronomia e
Medicina Veterinária (LAS-FAMEV/UFMT),
acondicionadas em saco de papel e armazenadas
em câmara refrigerada, com temperatura de 17,5ºC
e umidade relativa de 76,9%.
O pré-condicionamento consistiu na
embebição das sementes entre duas folhas de papel
para germinação previamente umedecidas com água
destilada, em quantidade equivalente a 2,5 vezes a
massa do papel seco, e mantidas em câmara de
germinação, tipo BOD, a 30ºC durante 16 horas.
Em seguida, a carúncula foi retirada e as
sementes cortadas longitudinalmente através do
tegumento e do endosperma, expondo o embrião e
evitando a separação total das partes. Após o pré-
condicionamento e preparo, as sementes foram
totalmente imersas na solução de tetrazólio, em
copos plásticos de 50 mL acondicionados em câmara
de germinação e mantidos no escuro. Os tratamentos
consistiram de três concentrações de tetrazólio (0,1;
0,5 e 1,0%) e três temperaturas de incubação (30;
35 e 40ºC), com duas repetições de 25 sementes
cada tratamento.
Para cada concentração da solução de
tetrazólio e temperatura de incubação foi avaliado o
período mais adequado para o desenvolvimento da
coloração. A cada 30 minutos, a solução de tetrazólio
era retirada, as sementes lavadas, avaliadas e
colocadas em nova solução, na mesma concentração
e temperatura. Este processo prosseguiu até que as
sementes tivessem excesso de cor.
Em cada um dos tratamentos, em função
do tempo de exposição à solução de tetrazólio, foi
avaliado o padrão de coloração apresentado pelas
FIGURA 1. Padronização da coloração de sementes de J. elliptica no teste de tetrazólio. A. Coloração fraca. B.
Coloração adequada. C. Excesso de coloração.
sementes (Mendonça, et al., 2001): sem cor, leve
coloração na extremidade da raiz (coloração inicial);
leve coloração rosa em toda a extensão da semente
(coloração fraca); boa tonalidade de rosa (coloração
adequada); coloração muito forte (excesso de cor).
Os padrões de coloração podem ser observados na
Figura 1.
Quando atingiam a coloração adequada, na
qual era possível diferenciar de maneira precisa os
tecidos vivos, os deteriorados ou mortos, as sementes
de cada tratamento eram classificadas em viáveis ou
não-viáveis de acordo com as Regras para Análise
de Sementes - RAS (Brasil, 1992). Para esta
avaliação, utilizou-se lupa de mesa com aumento de
seis vezes e iluminação fluorescente.
Para a realização do teste de germinação
foi retirada a carúncula e as sementes foram
escarificadas mecanicamente com lixa P 100, na
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Na Tabela 1 observa-se que independentemente
da temperatura de incubação, as sementes de J.
elliptica imersas em solução de tetrazólio a 0,1%,
adquiriram coloração adequada entre 3 e 5 horas de
reação; em solução de tetrazólio a 0,5%, o período
para o desenvolvimento da coloração diminuiu, e no
período entre 1 hora e 30 minutos e 2 horas obteve-
se um resultado satisfatório na coloração das
sementes. O menor período para o desenvolvimento
da coloração, 1 hora, foi encontrado quando a solução
de tetrazólio estava na concentração de 1,0%.
Marcos Filho et al. (1987) destacaram que,
em geral, a cada aumento de 5ºC na temperatura
ambiente duplica a velocidade de reação, até o limite
de 45ºC. Entretanto, este efeito não foi detectado nas
temperaturas testadas com as sementes de J.
elliptica.
O teste de tetrazólio foi padronizado para
outras espécies da família Euphorbiaceae. Para o
teste de tetrazólio em sementes de Hevea
brasilienses, a concentração adequada é de 0,1%
de solução de tetrazólio e período de coloração de 3
horas, em temperatura de 40ºC (Marcos Filho et al.,
1987). As Regras para Análise de Sementes sugerem
para sementes de Euphorbia sp uma concentração
de 0,5% a 0,1% de solução de tetrazólio e para
Ricinus sp, indicam 1,0%; para ambas espécies o
período para o desenvolvimento de coloração é de 6
a 24 horas em temperatura de 30ºC (Brasil, 1992).
Na avaliação da viabilidade das sementes de
J. elliptica, os padrões de coloração observados na
secção interna variaram de róseo, nas sementes
viáveis até branco, nas sementes mortas (Figura 2).
Além deste aspecto, também foi observada a textura
dos tecidos, constatando-se que áreas de coloração
branca apresentavam-se menos consistentes.
Camargo et al. (1997) encontraram o mesmo padrão
de coloração e consistência em sementes de
castanheira-do-brasil quando avaliadas pelo teste de
tetrazólio.
extremidade da semente oposta à radícula, e depois
imersas em Benomyl a 10% por 30 minutos. Após,
as sementes foram semeadas sobre substrato de
papel mata borrão, em caixas de plástico
transparentes, tipo gerbox, colocadas em câmara de
germinação, a 30ºC e fotoperíodo de 8 horas,
utilizando-se 4 repetições de 20 sementes. Para esse
teste, o papel foi umedecido com as soluções de
ácido giberélico (GA3) a 400 ppm até atingir o máximo
de saturação e em seguida escorreu-se o excesso.
Durante a primeira semana do experimento, o
reumedecimento do substrato foi realizado com as
concentrações originais de GA3, com exceção da
testemunha, e a partir daí, apenas com água destilada
Añez, 2003). As sementes de J. elliptica foram
submetidas aos seguintes tratamentos: tratamento 1
– testemunha (água destilada); tratamento 2 – 100
ppm de GA3; tratamento 3 – 200 ppm de GA3;
tratamento 4 – 300 ppm de GA3; tratamento 5 – 400
ppm de GA3; tratamento 6 – 500 ppm de GA3;
tratamento 7 – 600 ppm de GA3; tratamento 8 – 700
ppm de GA3; tratamento 9 – 800 ppm de GA3;
tratamento 10 – 900 ppm de GA3 e tratamento 11 –
1000 ppm de GA3.
As avaliações foram realizadas diariamente,
durante 40 dias, computando-se a porcentagem de
plântulas normais, ou seja, plântulas completas com
as folhas cotiledonares abertas.
O delineamento experimental foi inteiramente
casualizado e as médias foram comparadas pelo teste
de Scott Knott a 5% de probabilidade.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados referentes aos padrões de
coloração obtidos pelo teste de tetrazólio nas
diferentesconcentrações da solução e nos diferentes
períodos de reação demonstraram que quanto maior
a concentração da solução de tetrazólio, menor é o
período de incubação para atingir a coloração
adequada para avaliação das sementes.
FIGURA 2. Padrão para avaliação da viabilidade de sementes de J. elliptica pelo teste de tetrazólio. A. Sementes
mortas. B. Sementes viáveis.
8
6
R
ev. B
ras. P
l. M
ed., B
otucatu, v.9, n.3, p.82-88, 2007.
TABELA 1. Avaliação da coloração das sementes de J. elliptica para a padronização do teste de tetrazólio, em função da temperatura (Temp.), da concentração
da solução (Concent.) e do período para o desenvolvimento da cor.
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Foram consideradas sementes viáveis
aquelas que apresentavam embrião e endosperma
colorido, exceto para pequenas áreas brancas na
superfície, que não estavam em contato com a
cavidade do embrião. Estes padrões são indicados
pelas RAS (Brasil, 1992) para Ricinus sp, que são
espécies da família Euphorbiaceae.
Na Tabela 2, observa-se que as médias de
porcentagens de sementes viáveis não diferiram entre
si nos diversos tratamentos, indicando que,
independentemente da temperatura ou da
concentração da solução de tetrazólio adotada, o
teste apresenta a mesma eficiência durante a
avaliação, ficando a critério do analista definir, dentro
das possíveis combinações apresentadas, a melhor
concentração e temperatura, em função da
disponibilidade de tempo, praticidade operacional e
economia do processo. Com base nestas
considerações, a concentração de solução de tetrazólio
TABELA 2. Avaliação das sementes de J. elliptica pelo teste de tetrazólio
a 0,5%, em temperatura de incubação de 30ºC e tempo
de desenvolvimento de coloração de 90 minutos é
indicada como alternativa prática e econômica para
análise da viabilidade de sementes de J. elliptica.
Nos testes de germinação realizados com
diversas concentrações de ácido giberélico (Figura
3), a maior porcentagem de sementes germinadas,
17,7%, foi obtida na concentração de 400 ppm de
ácido giberélico. Segundo Piña-Rodrigues & Santos
(1988), os resultados obtidos no teste de tetrazólio
tendem a ser melhores que os obtidos no teste de
germinação em função de não se verificar a presença
de fungos e não se identificar a ocorrência de
sementes dormentes. No caso das sementes de J.
elliptica, é provável que, aumentando a eficiência dos
métodos para a superação de dormência e de
controle dos fungos endógenos, a discrepância entre
os testes de tetrazólio e de germinação diminua
consideravelmente.
*Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5%.
FIGURA 3. Porcentagem de germinação de J. elliptica submetidas a diferentes concentrações de ácido giberélico.
Temperatura (ºC)
30
35
40
Concentração (%)
0,1
0,5
1,0
0,1
0,5
1,0
0,1
0,5
1,0
Sementes viáveis (%)*
50 A
48 A
54 A
52 A
48 A
48 A
56 A
54 A
58 A
88
Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.3, p.82-88, 2007.
CONCLUSÃO
A intensidade da coloração é afetada pela
concentração da solução de tetrazólio e pelo período
para o desenvolvimento da coloração. Quanto maior
a concentração da solução, menor será o período
necessário para as sementes adquirirem a coloração
ideal.
A concentração da solução de tetrazólio a
0,5%, em temperatura de incubação de 30ºC e tempo
de desenvolvimento de coloração de 1 hora e 30
minutos é indicada como alternativa prática e
econômica para análise da viabilidade de sementes
de J. elliptica.
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