Buscar

Prévia do material em texto

Sociologia crítica
Sociologia na sociedade pós-
industrial
Stefany Ferreira Feniman
Unidade de Ensino: 04
Competência da Unidade: Compreender as contribuições
da Sociologia na sociedade pós-industrial e assimilar os
debates teóricos, metodológicos e conceituais desenvolvidos
a partir da segunda metade do século XX.
Resumo: Analisar as considerações de Alan Touraine sobre
a proposta de uma sociedade programada à pós-industrial;
conhecer a definição de novos sujeitos sociais e a
problematização sobre a centralidade do trabalho.
Palavras-chave: Sociologia, sociedade pós-industrial,
novos sujeitos sociais, trabalho
Título da Teleaula: Sociologia na sociedade pós-industrial
Teleaula nº: 04
Perspectivas 
epistemológicas
Conjuntura em formação
 A chamada sociedade pós-industrial é entendida a
partir das novas configurações apresentadas pelas
transformações do processo produtivo, visto que a
indústria estaria perdendo força para “a expansão dos
setores de serviço e declínio do operário fabril” (BELL,
1974, p. 146-149).
A lógica capitalista
 Tanto a sociedade industrial, quanto a pós-industrial
são organizadas pela lógica capitalista de exploração,
das classes dominadas e dominantes.
 Contudo, as transformações do sistema capitalista
apontaram para uma nova configuração histórica, cujo
capital não oferece o instrumento do trabalho, mas
depende da apropriação do conhecimento.
https://maestrovirtuale.com/wp-
content/uploads/2019/10/sociedad-
postindustrial.jpg
Industrial
 Trabalho: eixo identitário
 Classes sociais
 Poder: proprietários dos 
meios de produção de 
bens materiais
 Avanço tecnológico e 
organizacional: poder 
disciplinar.
 Padronização, razão, 
objetividade, 
especialização.
Pós-industrial
 Poder com os proprietários 
dos meios de produção de 
bens imateriais, sem 
dispensar os bens 
materiais.
 Poder pelo controle, sem 
perder o poder disciplinar.
 Tecnologia e máquinas 
mais inteligentes, 
substituindo o trabalhador.
Alan Touraine e a 
perspectiva 
sociológica
As inquietações epistemológicas
 As novas configurações sociais, após a 2ª GM,
apresentaram problemas sociais que levaram Alan
Touraine (1925) a problematizar as lutas históricas,
a formação de novos sujeitos sociais das décadas
de 1960 até as manifestações e os movimentos da
atualidade.
 As definições de “sociedade tecnocrata, programada e
pós-industrial”, variam de acordo com as
determinações históricas da própria realidade social.
As definições de sociedade e a historicidade
 Sociedade tecnocrata: maior racionalização do
sistema capitalista. O gerenciamento está nas mãos
dos técnicos/burocratas e não mais, somente, do
capitalista.
 Sociedade programada: mediatizada pelo mercado.
As necessidades humanas em sintonia com as
necessidades do mercado e a produção cada vez mais
racionalizada.
As determinações históricas
 O conceito de historicidade é considerado um pano
de fundo das discussões de Touraine, uma vez que é
capacidade que as sociedades possuem de agir sobre
si mesmas redefinindo um projeto societal. A
historicidade, é portanto, o campo de reconstrução
permanente da realidade.
 A historicidade é um campo de reconstrução
permanente da realidade social, é o campo da ruptura
com a alienação.
As lutas sociais
A alienação
 “A alienação deve ser definida em termos de relações
sociais (...) O homem alienado é aquele que não tem
outra relação face às orientações sociais e culturais de
sua sociedade que aquela que lhe é reconhecida pela
classe dirigente como sendo compatível com a
manutenção de sua dominação. (...) alienação é,
consequentemente, a redução do conflito social por
meio de uma participação dependente”. (TOURAINE,
1969, p. 14-15).
A construção do sujeito e do campo
 Que sentidos Touraine atribui aos conflitos
gerados pelas novas formas de sociabilidade?
 Touraine analisou as lutas sociais partindo das
experiências do movimento de estudantes
universitários, o “Maio de 1968”.
 Reivindicação estudantil: sistema burocrático aos
padrões comportamentais, do modo de vida tradicional
francês à forma de ensino adotada pelas
universidades. O movimento chegou à classe
trabalhadora e influenciou outras partes do mundo.
Maio de 68
 Segundo Touraine, o Maio de 68 é considerado “rico”
da experiência de busca pelas liberdades individuais
reduzidas na direção da chamada contracultura, muito
em voga na década de 1960, mas sem qualquer
pretensão em criticar os problemas enraizados pela
dinâmica do capitalismo internacional. (PROTO,
2012,p. 34).
https://tribunademinas.com.br/wp-
content/uploads/2018/05/Maio-de-68.jpg
O quarto poder
Apresentando a SP
 A mídia tem desempenhado um papel de destaque na
política brasileira, influenciando as ações do governo e
o comportamento da sociedade. Passou-se a utilizar,
informalmente, a expressão “quarto poder”, em alusão
aos três poderes do Estado democrático.
 Imagem: Disponível em:
<https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-
noticias/2019/09/30/whatsapp-fake-news-robos-envio-
em-massa-eleicoes-2018-contas-
banidas.htm?cmpid=copiaecola> Acesso: 08 set 2021
Problematizando a SP
 Atualmente, as disputas políticas são ininteligíveis se
não considerarmos a influência da mídia, que, com
frequência, atua para construir ou destruir a
credibilidade de políticos, de acordo com os interesses
dos grupos que a controlam.
 Embora seja proibido, muitos dados apontam para um
estreito vínculo entre a mídia e os políticos.
Resolvendo a SP
 A atuação desse “quarto poder” muitas vezes se
sobrepõe aos princípios estabelecidos pela Constituição
e interfere de maneira não regulada nas esferas de
atuação política. Dessa forma, a discussão sobre
política, acesso à informação e mídia tornou-se
urgente e fundamental para a garantia da democracia.
O campo das lutas 
sociais na 
contemporaneidade
INTERAÇÃO
 Na 1ª etapa do pensamento sociológico, os problemas
relacionados à sociedade industrial nortearam as
preocupações teóricas e metodológicas.
 Com as transformações após a segunda metade do
século XX, emergem outras preocupações teóricas.
 Comente esta afirmativa e apresente exemplos.
Contrapartida da 
alienação
As contradições e as mudanças sociais
 A historicidade que promove a capacidade de as
sociedades agirem sobre si mesmas, e assim
redefinirem os projetos societais; é o modo como as
sociedades atuam para a mudança.
 Nos processo de mudanças existem conflitos, e no
cenário de contradições que o mundo ocidental
desenvolveu, as lutas sociais deixaram de acreditar na
ruptura de um modelo e passaram a defender o
fortalecimento de pequenas mudanças a partir de
reformas.
A luta
 A luta não centra mais no movimento operário; não há
mais luta entre o capital e o trabalho característico das
sociedades industriais.
 Diferente da teoria clássica de Karl Marx (1818-1883),
que entendia que o trabalhador seria o agente da
revolução, a a classe operária seria a força para
romper com a estrutura capitalista.
 A luta deixa de ser classe contra a exploração do
trabalho, para pensar nas lutas pelos direitos das
identidades, nas singularidades culturais.
https://www.projetodraft.com/wp-
content/uploads/2020/09/race_exhibit_fac
e-1.jpg
Condições concretas
 “Não há mais o proletário como única classe
verdadeiramente revolucionário; há um proletariado
minoritário na sociedade, que não se opõe como classe
revolucionária e nem mesmo mais como classe e cuja
luta contra do sistema instituído não é,
qualitativamente ou quantitativamente” (TOURAINE,
1984, p. 15).
Os novos sujeitos
Sujeito
 “O ‘sujeito’ é como uma categoria fundamental, que
constitui e posiciona indivíduos na história dos
processos sociais, culturais e políticos de uma
sociedade. Ela confere protagonismo e ativismo aos
indivíduos e grupos sociais, transforma-os de atores
sociais, políticos e culturais, em agentes de seu
tempo, de sua história, de sua identidade, de seu
papel como ser humano, político, social (...)” (GOHN,
2006, p. 5).Os questionamentos
 Touraine não desconsidera, por exemplo, o conceito de
classes sociais. No limite, as classes sociais
representam uma unidade de interesses.
 Para o autor, elas não acabaram, contudo, não são
mais as classes que dominam o conflito no campo do
trabalho, por esse aspecto já foi superado e, é por isso
que o autor defende que a luta deve estar relacionada
à luta por direitos.
A cultura
 As lutas ficam mobilizam o plano da cultura; o
movimento de classe perde espaço para os
movimentos culturais que ‘brigam’ pelos direitos
culturais e liberdades, exemplo: os movimentos
negros, feministas, ecológicos/ambientalistas, dos
homossexuais, das religiões de matrizes africanas.
Trabalho, ainda há 
centralidade?
O Trabalho e a Teoria Sociológica Clássica
 Para Karl Marx, preocupado em compreender a
engrenagem do sistema capitalista, o Trabalho é
elemento central de dominação econômica e o modo
como os indivíduos se relacionam com a natureza para
satisfazer suas necessidades materiais e imateriais.
 Para Émile Durkheim o trabalho possui uma função
moral de coesão social nos diferentes modos de
organização social; a divisão social do trabalho
determina o tipo de solidariedade gerada, o modo
como as sociedades se mantém coesas.
O Trabalho e a Teoria Sociológica Clássica
 Para Max Weber a lógica do Trabalho na ordem
capitalista teve suas bases na ética religiosa
protestante, a partir do século XVII na Europa.
 Com a Reforma Protestante, o Trabalho perde seu
status de sacrifício para tornar-se um instrumento de
salvação. Reiterando que Weber analisa a ética
religiosa como mediadora do processo de formação do
sistema capitalista e não como causa única.
Touraine e o Trabalho
 Touraine desloca a centralidade do Trabalho das
relações sociais, do modo de organização social; não
possui capacidade de gerar um sujeito histórico e
político no processo das lutas sociais.
 Seus argumento e posicionamento coloca cada vez
mais os movimentos sociais como um caminho
profícuo para resolver os problemas sociais.
Indagações, 
mudanças e desafios
Apresentando a SP
 As formas de muda modificaram-se profundamente
nos últimos decênios. No começo do século XX, era
comum a existência de famílias numerosas: mais de
44% da economia doméstica era formada por cinco ou
mais pessoas.
 Hoje é pouco comum várias gerações de uma família
vivendo sob o mesmo teto: quase 67% de toda a
economia doméstica compõe-se atualmente de apenas
uma ou duas pessoas.
https://centrodepesquisaeforma
cao.sescsp.org.br/uploads/Ativid
adeTable/d7d90e1ed68143db9b
4c1193bbd6b6ac/1042/cheia.jpg
Problematizando a SP
 Qual será a base do consenso e da estabilidade na
sociedade contemporânea?
 Será necessário, para resolver nossos problemas
econômicos e sociais, retomar os valores tradicionais e
os modos mais antigos de organização?
 Será necessário e possível em algum momento
conciliar de alguma forma os diferentes e muitas vezes
conflitantes tipos de vidas que se estabelecem no
centro e nos bairros das grandes metrópoles e suas
periferias?
Resolvendo a SP
 A economia capitalista, dinâmica e tecnologicamente
inovadora, colabora para reforças a cultura do
individualismo e isolamento; favorece a formação de
uma sociedade com pessoas egocentradas, com frágil
conexão entre si e que buscam satisfazer apenas as
próprias vontades e necessidades. A satisfação
individualista fica acima de qualquer obrigação
comunitária.
O trabalho pode ser 
considerado uma 
categoria chave para 
a sociologia 
contemporânea?
Dica de leitura e aprofundamento
 OFFE, Clauss. “TRABALHO: a categoria-chave da sociologia?”. Disponível em:
<http://www.anpocs.com/images/stories/RBCS/10/rbcs10_01.pdf> Acesso:
06 set. 2021
Recapitulando
Recapitulando
 Os elementos que configuram uma sociedade
industrial e pós-industrial.
 As contribuições de Alan Touraine para pensar a
configuração da sociedade pós-industrial no bojo das
discussões sobre as lutas sociais e os novos sujeitos
históricos.
 O trabalho como categoria sociológica e a
problemática: há ou não centralidade?
Até a próxima!

Mais conteúdos dessa disciplina