Buscar

Neurologia Motricidade e Saúde Mental

Prévia do material em texto

Saúde Mental - Neurologia
Motricidade
- O estudo multidisciplinar da motricidade humana e do comportamento, inclui a integração integrada de todos os sistemas (sensoriais – cognitivos – emocionais e bio comportamental) nas diferentes etapas do desenvolvimento (infância-adolescência –adulto- terceira idade).
- Alterações neurológicas da motricidade, podem vir isoladas, ou associadas a transtornos emocionais, cognitivos, comportamentais e psiquiátricos.
- Avaliar um Paciente com sintomas neurológicos motores inclui uma anamnese integrada e dirigida.
- 1/5 dos casos procura o médico - fraqueza ou cansaço.
- Causas mais frequentes:
Metabólica.
Cardiovascular ou pulmonar.
Outras que não de origem neurológica.
- Fraqueza: diminuição da potência muscular em relação ao padrão normal da pessoa, podendo ser focal ou generalizada.
Causas metabólicas e infecciosas podem causar sintomas neurológicos.
A mielinização ocorre de forma ascendente. 
· DESENVOLVIMENTO DO CÉREBRO DE UMA CRIANÇA:
· ORGANIZAÇÃO GERAL DO SISTEMA MOTOR:
· ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MOTRICIDADE:
- Movimentação somática, depende:
Inervação pelo neurônio motor (motoneurônio).
Neurônio motor + músculo por ele inervado = unidade motora.
· NO TRAJETO:
- Axônio do neurônio motor inferior se unem.
- Formam as raízes nervosas, que se unem.
- Formam os plexos e nervos.
- Responsável pela inervação das fibras musculares.
- Fibras de ambos os tratos terminam em motoneurônios modulares.
- Motoneurônios medulares – 2 tipos:
Alfa - inervação das fibras musculares.
Gama - inervação dos fusos neuromusculares.
- Interneurônio modula para mais ou para menos.
· CONTRAÇÃO MUSCULAR:
- Voluntária (ordem do córtex).
- Automática (impulsos do sistema vestibular ou reflexo).
- Unidade motora – via final comum (Sherington).
A unidade motora faz conexão do SNC com o músculo e permite a contração. 
Interneurônio faz o reflexo.
· CÓRTEX MOTOR PRIMÁRIO - WALTER PENFIELD:
- Localizado no giro pré-central, o CMP recebe informações de várias áreas que auxiliam no planejamento do movimento, e sua produção principal estimula os neurônios da medula espinhal a estimular a contração do músculo esquelético.
- O córtex motor primário é organizado de forma semelhante ao córtex somatossensorial primário, em que tem um mapa topográfico do corpo criando um homúnculo motor.
- O espaço relativo alocado para as diferentes regiões é exagerado nos músculos que tem maior inervação. A maior quantidade e espaço cortical é dada aos músculos que executam finos e ágeis, como os músculos dos dedos e da parte inferior da face.
- Os “músculos de força” que executam os movimentos mais grosseiros, ocupam muito menos espaço no córtex motor.
· CÓRTICES MOTOR SECUNDÁRIO:
- Nas respostas motoras, as funções executivas do córtex pré-frontal precisarão iniciar movimentos reais.
- Uma forma de definir a área pré-frontal é qualquer região do lobo frontal que não produza movimento quando estimulada eletricamente. Eles estão principalmente na parte anterior do lobo frontal.
- As áreas pré-frontais projetam-se no córtex motor secundário, que inclui o córtex pré-motor e a área motora suplementar. Duas regiões importantes que auxiliam no planejamento e coordenação de movimentos estão localizadas adjacentes ao córtex motor primário. O córtex pré-motor é mais lateral, enquanto a área motora suplementar é mais medial e superior.
- A área pré-motora auxilia no controle dos movimentos dos músculos centrais para manter a postura durante o movimento, enquanto a área motora suplementar é considerada responsável pelo planejamento e coordenação do movimento.
- A área motora suplementar também gerencia movimentos sequenciais baseados na experiência anterior (ou seja, movimentos aprendidos). Os neurônios nessas áreas são mais ativos, levando ao início do movimento.
- Adjacente a essas duas regiões estão dois centros especializados de planejamento motor. Campos frontais dos olhos são responsáveis por mover os olhos em resposta a estímulos visuais.
- Existem conexões diretas entre os campos oculares frontais e o colículo superior. Além disso, anterior ao córtex pré-motor e ao córtex motor primário está a área de Broca. Está área é responsável por controlar os movimentos das estruturas de produção de fala.
- Córtex motor: região relacionada às funções executivas está associada a processos cognitivos, como uso da memória, tomada de decisão, planejamento a seleção de objetivos ou resolução de problemas e outros. Os neurônios na área pré-motora transmitem impulsos em antecipação dos movimentos e pode desempenhar um papel de liderança em uma capacidade humana tão importante quanto a empatia.
· DISTÚRBIOS RELACIONADOS A LESÃO NA ÁREA PRÉ-MOTORA:
- Deficiência nos movimentos orientados visualmente e são incapazes de combinar estímulos visuais com movimentos previamente aprendidos.
- Outra consequência é a alteração na orientação sensorial do movimento e controle muscular, que pode causar apraxia cinética (perda dos componentes cinéticos dos movimentos) e outros sintomas como déficit de controle dos movimentos finos do lado contralateral e as dificuldades em usar o feedback sensorial para o controle e a execução de tarefas motoras.
- A síndrome do córtex pré-motor, caracterizada pela presença do refluxo da pressão, espasticidade, aumento de reflexos tendinosos e alterações vasomotoras no membro superior, contralateral à lesão. Essa sintomatologia variada também foi definida como um déficit intelectual, porque os pacientes parecem esquecer como realizar certos movimentos aprendidos.
· MOTRICIDADE:
Trato corticoespinal: se divide em lateral e anterior na decussação das pirâmides. 
O TCL cruza na decida e o TCA cruza a linha média no nível que irá inervar. 
Piramidal: voluntário.
Extrapiramidal: “involuntário” - Parkinson, Huntington (alterações não controláveis).
· VIAS DESCENDENTES – A SAÍDA MOTORA:
- A saída motora do córtex - tronco cerebral – medula espinal para controlar a musculatura por meio dos neurônios motores.
- Neurônios localizados no córtex motor primário (células de Betz), fazem sinapses com neurônios motores inferiores na medula espinal ou tronco cerebral.
- As duas vias descendentes percorridas pelos axônios das células de Betz são o trato corticoespinhal e trato corticobulbar.
- Essas duas vias descendentes são responsáveis pelos movimentos conscientes ou voluntários dos músculos esqueléticos.
- Comando motor do córtex motor primário é enviado aos axônios das células Betz para ativar os neurônios motores superiores nos núcleos motores cranianos ou no corno ventral da medula espinhal.
- Os axônios do trato corticobulbar são ipsilaterais, o que significa que se projetam do córtex paa o núcleo motor do mesmo lado do sistema nervoso.
· TRATO CORTICOESPINHAL:
- Por outro lado, os axônios do trato corticospinal são amplamente contralaterais. O trato corticoespinhal desce do córtex através da substância branca profunda do cérebro. Em seguida, ele passa entre o núcleo caudado e o putâmen dos núcleos basais como um feixe chamado de cápsula interna. O trato então passa pelo mesencéfalo como pedúnculos cerebrais, depois disso, ele penetra na ponte. Ao entrar na medula, os tratos constituem o grande trato de matéria branca conhecido como pirâmide. O marco definidor da borda medular-espinhal é a decussação piramidal, que é onde a maioria das fibras do trato corticoespinhal passa para o lado oposto do cérebro. Nesse ponto, o trato se divide em duas partes, que têm controle sobre os diferentes domínios da musculatura.
· CONTROLE APENDICULAR NOS MMSS:
- O trato corticalespinolateral – cruzam a linha média na decussação piramidal. Os axônios passam da posição anterior das pirâmides na medula para a coluna lateral da medula espinal. Esses axônios são responsáveis pelo controle dos músculos apendiculares.
- Significa que o trato corticoespinhal lateral é responsável por mover os músculos dos braços e das pernas.
- O corno ventral na medula espinal cervical inferior e na medula espinhal lombar têm os cornos ventrais mais largos,representando o maior número de músculos controlados por esses neurônios motores.
- O alargamento cervical é particularmente grande porque há maior controle sobre a musculatura fina dos membros superiores, principalmente nos dedos.
- O alargamento lombar não é tão significativo na aparência porque há menos controle fino dos membros inferiores.
· CONTROLE AXIAL:
- O trato corticoespinhal anterior é responsável por controlar os músculos do tronco do corpo.
- Em vez disso, eles permanecem em uma posição anterior à medida que descem o tronco encefálico e entram na medula espinhal. Esses axônios então viajam para o nível da medula espinhal, onde fazem sinapse com um neurônio motor inferior.
- Ao atingir o nível apropriado, os axônios decussam, entrando no corno ventral no lado oposto da medula espinhal.
- No corno ventral, esses axônios fazem sinapses com seus neurônios motores inferiores correspondentes. Os neurônios motores inferiores estão localizados nas regiões mediais do corno central, pois controlam os músculos axiais do tronco.
- Como os movimentos do tronco corporal envolvem ambos os lados do corpo, o trato corticoespinhal anterior não é inteiramente contralateral.
- Alguns ramos colaterais do trato se projetarão no corno ventral ipsilateral para controlar os músculos sinérgicos daquele lado do corpo ou para inibir os músculos antagonistas por meio de interneurônios dentro do corno ventral.
- Por meio da influência de ambos os lados do corpo, o trato corticoespinhal anterior pode coordenar os músculos posturais em movimentos amplos do corpo. Esses axônios coordenadores no trato corticoespinhal anterior são frequentemente considerados bilaterais, pois são ipsilaterais e contralaterais.
- Fibras que não cruzam - trato corticoespinal anterior (funículo anterior).
- Terminam em motoneurônios da região medial do corno anterior da medula.
- Corno anterior da medula (cruzam o plano mediano – comissura branca da medula).
- São responsáveis pelo movimento do grupamento musculares axiais e proximais dos membros.
Lesão anterior na medula: pode ser isquemia da artéria espinal anterior. 
· CONTROLES EXTRAPIRAMIDAIS:
- Outras conexões descendentes entre o cérebro e a medula espinhal são chamadas de sistema extrapiramidal.
- O nome vem do fato de que esse sistema está fora da via coticoespinhal, que inclui as pirâmides da medula. Algumas vias originadas do tronco cerebral contribuem para esse sistema.
- O trato tetoespinhal projeta-se do mesencéfalo para a medula espinhal e é importante para os movimentos posturais.
- O trato reticuloespinhal conecta o sistema reticular, uma região difusa de substância cinzenta no tronco encefálico, com a medula espinhal. Este trato influencia os músculos do tronco e dos membros proximais relacionados à postura e locomoção. O trato reticuloespinal também contribui para o tônus muscular e influencia as funções autonômicas.
- As vias do sistema extrapiramidal são influenciadas por estruturas subcorticais. Por exemplo, as conexões entre os córtices motores secundários e o sistema extrapiramidal modulam os movimentos da coluna e do crânio.
- Os núcleos basais, importantes para regular o movimento iniciado pelo SNC, influenciam o sistema extrapiramidal e também seu feedback talâmico para o córtex motor. O movimento consciente de nossos músculos é mais complicado do que simplesmente enviar um único comando no giro pré-central para os neurônios motores adequados. Durante o movimento de qualquer parte do corpo, nossos músculos retransmitem informações para o cérebro, e o cérebro está constantemente enviando instruções “revisadas” de volta aos músculos.
- Outras vias relacionadas como controle motor:
Trato rubroespinhal - movimentação automática.
Trato tetoespinhal - involuntária.
Trato vestibuloespinhal e reticuloespinhal – Ajustes e correções dos movimentos voluntários.
· O CEREBELO:
- Importante na contribuição para o sistema motor – compara os comandos cerebrais com o feedback proprioceptivo.
- As fibras corticospinais que se projetam para o corno ventral da medula espinhal têm ramos que também fazem sinapses na ponte, que se projetam para o cerebelo Além disso, as sensações proprioceptivas do sistema da coluna dorsal têm uma projeção colateral para a medula que se projeta para o cerebelo Esses dois fluxos de informação são comparados no córtex cerebelar Os conflitos entre os comandos motores enviados pelo cérebro e as informações sobre a posição do corpo fornecidas pelos proprioceptores fazem com que o cerebelo estimule as fibras corticospinais que se projetam para o corno ventral da medula espinhal Além disso, as sensações proprioceptivas do sistema da coluna dorsal têm uma projeção colateral para a medula que se projeta para o cerebelo.
- Os conflitos entre os comandos motores enviados pelo cérebro e as informações sobre a posição do corpo fornecidas pelos proprioceptores fazem com que o cerebelo estimule o as fibras corticospinais que se projetam para o corno ventral da medula espinhal têm ramos que também fazem sinapses na ponte, que se projetam para o cerebelo.
- Além disso, as sensações proprioceptivas do sistema da coluna dorsal têm uma projeção colateral para a medula que se projeta para o cerebelo.
- Esses dois fluxos de informação são comparados no córtex cerebelar, fazem com que o cerebelo estimule o núcleo vermelho do mesencéfalo O núcleo vermelho então envia comandos corretivos para a medula espinhal ao longo do trato rubrospinal.
- A modulação do comando básico para andar também depende dos reflexos espinhais, mas o cerebelo é responsável por calcular a resposta apropriada Quando o cerebelo não funciona adequadamente, a coordenação e o equilíbrio são gravemente afetados.
Síndrome de Brown-Sequard: alteração motora ipsilateral, alteração de dor e temperatura contralateral e propriocepção ipsilateral de 2 a 3 níveis acima. 
Arreflexia: 1° neurônio.
Hiperreflexia: 2° neurônio. 
Isquemia das lentículas estriadas: lesão da cápsula interna. 
· EXAME NEUROLÓGICO – ANAMNESE:
- Ouvir atentamente ao paciente e suas queixas.
- Identificação, idade, sexo, raça, ascendências, profissão, contatos ambientais, procedência.
- Época que iniciaram os sintomas – 1 semana, 6 meses, 2 anos.
· MODO DE INICIO E EVOLUÇÃO CRONOLÓGICA:
- Agudo (minutos, horas, “de um dia para o outro”) – doença vascular, casas infecciosas (meningite bacteriana, encefalite).
- Subagudo (dias ou 1 semana) – doença inflamatória ou tóxica.
- Impreciso (de evolução gradual e progressiva).
- Simétrica: doença degenerativa assimétrica – doença expansiva, em surtos, com período de melhora e piora (esclerose múltipla).
- Acessos paroxísticos: de curta duração, com intervalos longos de normalidade e que se repetem periodicamente (epilepsia).
- Relação causa-efeito: traumas raquimedulares e cranioencefálicos.
- “Considerando seu estado atual e considerando a data de inicio da doença, você está piorando, melhorando ou continua igual?” – função cortical superior (função cognitiva).
1. Nível de consciência: alerta, confuso, sonolento, torporoso, comatoso.
2. Orientação pessoal: tempo e espaço, atenção e concentração.
3. Estado de espírito e afeto: julgamento – memória.
4. Linguagem e fala: afasia, disartria.
5. Agnosia: perda da capacidade de reconhecimento (Grego – Gnosis = conhecimento) – agnosia visual: “enxerga, mas não vê”.
- Apraxia: perda da atividade gestual consciente e intencional, falta de codificação da sequência de movimento, na ausência de qualquer alteração de força e sensibilidade.
· EXAME DA MARCHA – SEMIOLOGIA PROPEDÊUTICA:
1. Marcha espástica: hipertonia da musculatura extensora e as pernas se cruzam uma na frente da outra, os pés se arrastam – lesão piramidal, pode ser uni ou bilateral.
2. Marcha escarvante: paralisia da musculatura dorsiflexora dos artelhos e pé, inervada pelo fibular, pode ser uni ou bilateral.
3. Marcha Atáxica cerebelar (“marcha ebriosa”’): lembra indivíduo em estado de embriaguez alcoólica – distúrbio cerebelar. A região cerebelar ligada ao equilíbrio dinâmico (é o córtex dovérmis, e também regiões paleocerebelares correspondentes aos MMII do homúnculo paleocerebelar.
4. Marcha atáxica sensitiva: lesões no sistema leminiscal, sendo as frequentes aquelas afecções que se localizam nos funículos posteriores da medula (Mielinólise Funicular). Semelhante à marcha cerebelar (insegura e titubeante), entretanto, esta é rigorosamente fiscalizada pelo olhar.
5. Marcha petit pas: idosos portadores de arteriosclerose cerebral generalizada, paralisia pseudobulbar, atrofia cortical da senilidade. Caracterizada pelo paciente dar passos muito curtos e arrastar os pés como se estivesse dançando “marchinha”.
6. Marcha parkinsoniana: a marcha vagarosa do paciente parkinsoniano, o doente anda como um bloco, enrijecido, sem movimento automático dos braços. A cabeça inclinada para frente e os passos miúdos e rápidos, dando a impressão de que o doente vai cair para frente.
7. Marcha helicópode ceifante ou hemiplégica: ao andar, o paciente mantém o MS fletido
em 90°no cotovelo e em adução e a mão fechada em leve pronação. O MI do mesmo lado é espástico, e o joelho não flexiona, por isso, a perna se arrasta descrevendo um semicírculo quando o paciente troca o passo. Ocorre na hemiplegia (doença vascular encefálica). 
8. Marcha anserina: acentuação da lordose lombar e inclinação do tronco ora para direita ora para esquerda , alternadamente. Encontrada em doença musculares e traduz diminuição da força dos músculos pélvicos e das coxas.
9. Marcha Tabética: para se locomover, o paciente mantém o olhar fixo no chão, os MMII são levantados abrupta e explosivamente e, ao serem recolocados no chão, os calcanhares tocam o solo pesadamente. Com olhos fechados, a marcha piora acentuadamente ou é impossível. Indica a perda da sensibilidade proprioceptiva por lesão do cordão posterior da medula (tabes dorsalis neurolues).
10. Marcha vestibular: lateropulsão quando anda. Indica lesão no labirinto.
11. Marcha claudicante: o paciente manca para um dos lados. Ocorre na insuficiência arterial periférica e em lesões do aparelho locomotor.
· EQUILÍBRIO – SEMIOLOGIA E PROPEDÊUTICA:
- Solicitar ao paciente para assumir a posição ereta, com os pés juntos e olhos abertos. O examinador deverá estar ao lado do paciente. Pequenas oscilações podem surgir e frequentemente não são patológicas. Verificar se o paciente está utilizando o controle visual, se “precisa enxergar o piso para se manter de pé. Em sequência solicitar ao paciente que feche os olhos. As alterações do equilíbrio podem ser sugeridas pelo exame da marcha.
- Síndrome cerebelar ataxial: alterações no equilíbrio ocorrem mesmo com controle visual, e para manter-se de pé o paciente alarga sua base de sustentação (MMII afastados) e exibe oscilações do tronco. Em muitos casos, o paciente possui incapacidade de marcha (abasia), o mesmo ocorrendo com equilíbrio (atasasia).
- Mielinólise funicular: lesões dos funículos posteriores da medula. Alterações já na marcha. Embora demonstre instabilidade, é capaz de ficar em pé desde que haja controle visual. Logo após fechar os olhos, as oscilações aumentam e a queda é inevitável (Sinal de Romberg).
- Lesão labiríntica: lesão do nervo vestibular. Tanto a marcha como o equilibro apresentam desvios sempre para um lado.
· MOTRICIDADE VOLUNTÁRIA:
1. Flexão e extensão dos artelhos, pés e pernas.
2. Flexão e extensão dos dedos, mãos e braços.
- Inspecionar energia, velocidade e simetria. Observar maior ou menos grau de dificuldade respiratória, denunciando déficit no diafragma e/ou dos músculos respiratórios.
3. Movimentos finos: abotoar roupa.
· FORÇA MUSCULAR:
- Repetir os movimentos anteriores, porém com oposição do examinador.
0 – sem movimentos.
1 – movimento, quase imperceptível.
2 – movimento somente com a força da gravidade eliminada.
3 – movimento somente contra a força da gravidade.
4 – movimento contra gravidade e resistencia, mas subnormal.
5 – força normal.
- Padrão de fraqueza: nervo periférico único, raiz nervosa única, difuso, simétrica, proximal ou distal, piramidal (extensores > flexores nos braços ou flexores > extensores nas pernas).
Mingazzini
· COORDENAÇÃO MOTORA:
- Quando examinamos a marcha, o equilíbrio e a motricidade voluntária, já é possível detectar distúrbios de coordenação (ataxias).
1. Manobra calcanhar-joelho: paciente em decúbito dorsal com ambos os membros inferiores estendidos, pede-se para o paciente tocar o joelho com a ponta do calcanhar do lado oposto. A prova deve ser repetida diversas vezes, com olhos abertos e fechados. Pode-se sensibilizar a prova pedindo para o paciente deslizar o calcanhar ao longo da crista da tíbia após tocar o joelho. Assim, constataremos se a ataxia é cerebelar ou sensitiva (neste último, ocorre acentuamento pronunciado dos erros ao abolir o controle visual. Pode ser uni ou bilateral, simétrica ou assimétrica.
2. Manobra indez-nariz: pede-se ao paciente para estender o braço e, em seguida, tocar a ponta do nariz com o dedo indicador. Inicialmente o paciente deve estar com os olhos abertos, e posteriormente fechados. Pacientes com distúrbios da sensibilidade profunda não conseguirão atingir o alvo, ou o fazem de modo imperfeito, com a particularidade de agravar a ataxia ao fecharem os olhos. Pode-se utilizar variantes da prova índex-nariz como: índex-lobo da orelha; índex-nariz do examinador. Disdiadococinesia: incapacidade de executar movimentos coordenados e alternados (pronação e supinação das mãos).
3. Manobra do rechaço (Stewart-Holmes): paciente sentado, pede-se para realizar flexão do antebraço contra resistência feita pelo examinador. O examinador bruscamente relaxa a resistência; em caso de distúrbio cerebelar o paciente terá assinergia muscular (não parando o movimento), de modo a continuar a flexão e bater o braço na região peitoral. O examinador deve estar atento ao realizar a prova, evitando que a continuidade do movimento machuque o paciente.
· TÔNUS MUSCULAR:
- Movimentação passiva realizada ao nível das articulações dos MMSS e MMII.
- Normal.
- Hipotonia – espasticidade (em “canivete”) – rigidez (com ou sem roda denteada em “cano de chumbo”).
- Paratonia.
· TROFISMO MUSCULAR E FASCICULAÇÕES:
- Atrofias musculares: percebidas já na inspeção geral, principalmente de membros por lesão no neurônio motor periférico. É o caso das polineuropatias periféricas, ELA (no qual também há fasciculações), Amiotrofia Espinhal Progressiva, Siringomielia em fases adiantadas; e também podem estar presentes nas miopatias e por falta de uso nas plegias.
- Hipercinesias: traduzem acometimento dos núcleos da base e/ou núcleos correlatos. Intensificam-se com a realização de movimentos voluntários. São eles: tremor, mioclono, asterixis, distonia, atetose, coreia, balismo, tiques. Verificar: caráter, localização, fatores precipitantes/agravantes. 
· REFLEXO DE ESTIRAMENTOS FÁSICOS:
- MMII:
	Reflexo patelar.
	Reflexo aquileu.
- MMSS:
	Normalmente hipoativos, hiperatividade é sempre patológica.
	Reflexo estilorradial.
	Reflexo tricipital.
- Gradação:
	0 – ausente apesar de facilitação , 1 – diminuído, 2 – normal, 3 – hiperativo, 4 – hiperativo com clônus. 
- Face:
	Constituído pelos nervos cranianos. Normalmente hipoativos ou ausentes.
	Exaltados nas lesões bilaterais da via cortico-nuclear (piramidal) e na doença de Parkinson.
	Reflexo masseterino/mentoniano: tanto a via aferente como a eferente são representadas pelo n trigêmeo. Entretanto, a aferente é veiculada por estímulo desencadeado em região cuja sensibilidade proprioceptiva pertence ao n facial.
· CASO 1: 
LOCAIS ACOMETIDOS: Fibras do trato corticoespinhal e corticobulbar abaixo do córtex e acima da medula coroa radiada, ramo posterior da cápsula interna, base pontis ou terço médio do pedúnculo cerebral.
LADO DA LESÃO: Contralateral à fraqueza (acima da decussação piramidal).
CAUSAS COMUNS: Infarto lacunar da cápsula interna (ramos lenticuloestriados da artéria cerebral média ou artéria coróide anterior ou da ponte (ramos perfurantes medianos da artéria basilar. O infarto do pedúnculo cerebral é menoscomum. Desmielinização tumor ou abscesso) nesses locais ou na corona radiata também pode causar hemiparesia motora pura.
CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS: Os sinais do neurônio motor superior geralmente estão presentes. A disartria é comum, dando origem ao nome disartria hemiparesia motora pura. A ataxia do lado afetado também pode ser vista ocasionalmente devido ao envolvimento das vias cerebelares (fibras corticopontinas dando origem ao nome de ataxia-hemiparesia). 
· CASO 2:
LOCAIS ACOMETIDOS: todo o córtex motor primário, incluindo representações da face, braço e perna do giro pré central, ou fibras do trato corticoespinhal e corticobulbar acima da medula. A lesão geralmente pode ser mais localizada com base em outros déficits associados.
LADO DA LESÃO: Contralateral à fraqueza (acima da decussação piramidal).
CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS QUE PERMITEM LOCALIZAÇÃO ADICIONAL: Além de déficits somatossensoriais oculomotores visuais ou corticais superiores, como afasia ou negligência, pode haver disartria ou ataxia. Os sinais do neurônio motor superior geralmente também estão presentes.
CAUSAS COMUNS: Numerosas, incluindo infarto, hemorragia, tumor, trauma, hérnia, estado pós ictal e assim por diante.
· CASO 3:
OUTROS NOMES: Diplegia braquial.
LOCAIS EXCLUÍDOS: É improvável que estejam nos tratos corticoespinhais porque nesse caso a face e/ou as pernas também estariam envolvidas.
LOCAIS REGULADOS: Fibras mediais de ambos os tratos corticospinais laterais células do corno ventral da coluna cervical bilateral nervos periféricos ou distúrbios musculares que afetam ambos os braços.
CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS QUE PERMITEM LOCALIZAÇÃO ADICIONAL: Uma síndrome medular central ou síndrome medular anterior pode estar presente.
CAUSAS COMUNS: Síndrome da medula central siringomielia, tumor intrínseco da medula espinhal, mielite. Síndrome da medula anterior: infarto da artéria espinhal anterior, trauma, mielite. Nervo periférico: síndrome do túnel do carpo bilateral ou hérnia de disco.
· CASO 4:
OUTROS NOMES: Paraparesia ou paraplegia.
LOCAIS REGULADOS: Áreas bilaterais das pernas do córtex motor primário ao longo da superfície medial dos lobos frontais tratos corticospinais laterais abaixo de T1 na medula espinhal; síndrome da cauda equina ou outros distúrbios nervosos ou musculares periféricos que afetam ambas as pernas.
RECURSOS ASSOCIADOS QUE PERMITEM LOCALIZAÇÃO ADICIONAL:
Lesões frontais mediais bilaterais: Sinais do neurônio motor superior podem estar presentes Também pode haver disfunção do lobo frontal, incluindo confusão, apatia, reflexos de preensão e incontinência. 
Lesões da medula espinhal: Sinais do neurônio motor superior, disfunção esfincteriana e disfunção autonômica podem estar presentes. Um nível sensorial ou perda de reflexos específicos pode ajudar a determinar o nível segmentar da lesão.
Distúrbios bilaterais de nervos ou músculos periféricos: A síndrome da cauda equina está associada a disfunção erétil e esfincteriana, perda sensorial nos dermátomo lombares ou sacrais e sinais do neurônio motor inferior. As polineuropatias distais simétricas tendem a afetar preferencialmente os músculos distais e podem ter perda sensorial distal em “meia de luva” associada e sinais do neurônio motor inferior. Distúrbios neuromusculares e miopatias frequentemente (mas nem sempre) afetam mais os músculos proximais do que os distais.
CAUSAS COMUNS: 
Observe que as lesões da medula espinhal são uma causa comum e grave de fraqueza bilateral nas pernas. 
Lesões frontais mediais bilaterais: meningioma parassagital, infartos bilaterais da artéria cerebral anterior, paralisia cerebral (leucomalácia periventricular bilateral).
Lesões da medula espinhal: Numerosas, incluindo tumor, trauma, mielite, abscesso epidural.
Distúrbios bilaterais dos nervos ou músculos periféricos: Síndrome da cauda equina tumor, trauma, hérnia de disco. Outros distúrbios nervosos ou musculares periféricos.
As extremidades inferiores são frequentemente afetadas clinicamente antes dos braços na síndrome de Guillain Barré, síndrome de Lambert Eaton, vários distúrbios musculares e polineuropatias simétricas distais (causadas por diabetes e outras doenças tóxicas, metabólicas, congênitas, e condições inflamatórias).

Mais conteúdos dessa disciplina