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Saúde Mental - Neurologia Vertigem - A tontura está entre as queixas mais comuns na medicina, afetando cerca de 20 a 30% das pessoas na população em geral. - Tontura é um termo geral para sensação de desequilíbrio. - A vertigem é um subtipo de tontura, definida como uma ilusão de movimento causada pelo envolvimento assimétrico do sistema vestibular. - Os outros tipos de tontura são desequilíbrio sem vertigem, pré-sincope e tontura psicofisiológica, que costuma ser associada a ansiedade, depressão e transtorno de pânico. - Vertigem, essa ilusão de movimento é de origem interna – uma incompatibilidade entre as entradas sensoriais, ou pode estar ligada ao deslizamento retiniano durante a fase lenta do nistagmo, ou seja, a imagem de move pela retina; em cada caso, o ambiente ou a cabeça parecem se mover. - Qualquer disfunção vestibular pode estar acompanhada por : vertigem (desequilíbrio rotatório, oscilante, basculante ou postural), embaçamento da visão ou deslizamento do campo visual com movimento da cabeça e sintomas autonômicos (náuseas, vômitos, sudorese, angustia e ansiedade). Divididas entre periférica (até tronco encefálico) e central (do tronco encefálico até o córtex). · EPIDEMIOLOGIA: - Uma pesquisa no Reino Unido mostrou que 1 em cada 4 adultos teve tontura significativa. - Causa substancial de morbidade, absenteísmo, repetidos atendimentos médicos e investigação dispendiosa. - Em média, mais de quatro médicos foram visitados antes do diagnóstico preciso de um problema vestibular. - A tontura é motivo frequente de consulta por parte dos maiores de 65 anos. - Estudos epidemiológicos indicam que as causas centrais são responsáveis por quase de um quarto da experiencia de tontura pelos pacientes. · ESTRUTURA: - Labirinto: nervo craniano VIII. - Tronco encefálico: colículo inferior e conexão com nervo craniano III, IV e VI. - Córtex: auditivo e somatossensorial. · ANATOMIA DO TRONCO ENCEFÁLICO: - Relação com o cerebelo. - Pares cranianos (10 pares). - Mesencéfalo – 02 (III e IV). - Ponte – 04 (V, VI, VII, VIII). - Bulbo – 04 (IX, X, XI, XII). - Núcleos. - Vias – descendentes e ascendentes. - Circuitaria (cerebelar). · TOPOGRAFIA: - Lesões vestibulares centrais: Vias cerebelares. Lesão cortical. Ponte. Medula oblonga/bulbo. Cerebelo. Lesões vasculares (circulação posterior). · O SISTEMA VESTIBULAR TÊM 3 FUNÇÕES PRIMÁRIAS: - Outros eferentes passam pelo pescoço, músculos do tronco e dos membros, parte dos tratos vestibuloespinhais, que modulam os arcos reflexos espinhais. Os eferentes também se projetam para o córtex vestibular a partir do tronco encefálico. - O sistema vestibular tem três funções primárias: 1. Para estabilizar o olhar no espaço durante o movimento da cabeça, por exemplo ler um sinal enquanto caminha (imagem na retina). 2. Para controlar a postura quando a cabeça e o corpo estão estáticos, por exemplo, em pé durante o automovimento e durante o movimento passivo. 3. Para facilitar a percepção de orientação e movimento. · FUNÇÃO DO SISTEMA VESTIBULAR: - Equilíbrio (visão/controle motor/propriocepção). Controle do equilíbrio: trato vestíbulo espinhal lateral e medial. - Estabilizar a imagem. - Percepção de movimento – posição da cabeça (visão/propriocepção). - Integrar as informações com outros sistemas sensoriais. EQUILÍBRIO: - A informação sensorial de orientação é derivada dos labirintos vestibulares pareados, entrada visual e aferentes somatossensoriais (sensação de posição articular, tendíneas e muscular e sensação superficial). - Essas informações convergem para os núcleos vestibulares do tronco encefálico para serem integradas com influências moduladoras e do sistema ativador reticular e centros superiores: córtex, cerebelo e sistema extrapiramidal. - As vias efetoras dos núcleos vestibulares projetam-se para os núcleos oculomotores (movimento dos olhos), ou seja, o ramo eferente do reflexo vestíbulo-ocular, um arco reflexo de três neurônios. CONTROLE POSTURAL: - Sensorial: posição do corpo e ambiente. - Visual, somatossensorial, vestibular. - Motor: contração muscular e movimento. INPUTS SENSORIAIS: · FISIOLOGIA: - Orientação espacial: vertigem. - Estabilização da imagem: nistagmo. - Equilíbrio: ataxia. · CONTROLE POSTURAL: - Trato vestíbulo medial: canal semicircular superior. - Reflexo vestíbulo-cólico: estabiliza a cabeça no espaço. - Trato vestíbulo espinhal lateral: canal semicircular superior. - Reflexo otolítico-tônico: estimula os motoneurônios gama cervical. Os canais semicirculares devem estar na mesma posição, se não a percepção se altera. · REFLEXO VESTÍBULO-OCULAR: - Mantém a imagem estável na retina durante movimentos rápidos da cabeça. - Movimento dos olhos na direção oposta da cabeça. - Movimento rápido na mesma velocidade da cabeça. - Supressão do cerebelo. - Pode ser: horizontal, vertical e rotacional. - A perda do reflexo leva a oscilopsia ao caminhar. O labirinto trabalha com acelerações angulares e lineares. · CAUSAS PERIFÉRICAS: · CAUSAS DE VERTIGEM PERIFÉRICA: - Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB). A endolinfa e os cílios não se movimentam corretamente devido aos otólitos, eles se movimentam em origens opostas e isso causa a vertigem. Os otólitos devem sempre ficar presos, e quando se movimentam podem causar a vertigem. - Vertigem postural fóbica. - Doença de Menieriè. - Vertigem medicamentosa. - Labirintite bacteriana. - Falência vestibular súbita. - Vertigem pós-traumática – TCE. - Nuerinoma do acústico. · EXAME FÍSICO: - Equilíbrio e marcha. - Nistagmo: espontâneo, evocado, provocado e posicional. - Reflexo vestíbulo ocular. · NISTAGMO: - Espontâneo: importante. - Avaliar na posição primária - Pode ser inibido pela fixação. “Olha aqui na caneta” – pode usar óculos de Frenzel para amplificar a visão do nistagmo. Se quando fixa o olhar ele some, maior chance de ser periférico. - Palpar o olho – para sentir o nistagmo, porém dessa forma não é possível identificar a direção. - Conclusão: desbalanço do tônus vestibular (bate sempre para o lado com maior tônus). Fase lenta para o lado da lesão do labirinto e fase rápida para o lado normal. AVALIAÇÃO DO MOVIMENTO OCULAR EXTERNO: - Posição do olhar: direita, esquerda, cima e baixo. - Existe nistagmo evocado. Quando se pede ao paciente para mexer a cabeça para um lado ou para o outro, o nistagmo aparece, porém é de um lado só. - Desvio Skew. Quando os olhos não estão na mesma posição, um mais para cima ou para baixo que o outro. - Fase inicial muito nistagmo, demais pode haver nistagmo menos intenso. NISTAGMO DE POSIÇÃO: - Quando se deita pode surgir o nistagmo. - Manobra de posicionamento lateral – vira a cabeça e coloca o canal no plano que será estimulado. - Manobra de Dix-Hallpike: o paciente é deitado e coloca a cabeça de modo que se estimula o canal ao máximo (vira para o lado que se vai examinar e se deita). NISTAGMO DE PROVOCAÇÃO: - Balançar a cabeça de olhos fechados. - Depois pede o paciente para abrir o olho e pode ser identificado o nistagmo. - Pode bater para ambos os lados. - Dinâmico. · REFLEXO VESTÍBULO-OCULAR (RVO OU VOR): - Viramos a cabeça para esquerda e direita – rápido. - Vira para a direita e os olhos se movem de forma única para a esquerda. - Lesão: o reflexo encurta e lentifica (do lado da lesão). · SEGUIMENTOS E SACADAS: - Alteração difusa – intoxicação exógena. - Deficiência visual. - Sacadas – não depende do estímulo visual pode ser feito com estímulos sonoros (movimentos rápidos) - lento ou rápidos. - Latência aumentada em Huntington. - Fixação do reflexo vestíbulo ocular. · EQUILÍBRIO: - Base estreita/alargada. - Sinal de Romberg – vestibular, queda para o lado da lesão (fase aguda). Se o paciente fechar os olhos e cair para o lado da lesão, ela é periférica. - Romberg sensibilizado – ficar em pé de cima de espuma. Ignora o sistema proprioceptivo e testa apenas o vestibular. - Olho aberto e fechado em superfície estável e na espuma. - Marcha. · CAUSAS DE VERTIGEM CENTRAIS: - Distúrbios cerebrovasculares relacionados à circulação vertebrobasilar – isquemia do tronco encefálico. - Enxaqueca. - Esclerose múltipla. - Tumores da fossa posterior – tumores do ângulo ponto cerebelar. - Distúrbios neurodegenerativos – degeneração espino cerebelar. - Medicamentos. - Distúrbios psiquiátricos. Uma das causas mais comins é o AVE de fossa posterior. Trombose de a. basilar – síndrome do cativeiro. Paciente não tem ação nenhuma mas tem consciência. · CAUSAS SISTÊMICAS DE VERTIGEM E TONTURA: 1. Medicamentos – hidroclorotiazida. 2. Hipotensão. 3. Doenças infecciosas – sífilis, COVID. 4. Doenças endócrinas – hipotireoidismo de Hashimoto. 5. Vasculites. 6. Outras condições (distúrbios hematológicos, sarcoidose, doenças granulomatosas, toxinas). Se o paciente apresenta vertigem pós-cirúrgica é provável que seja periférica; se o paciente apresentar nistagmo, desvio Skew, alteração motora/sensorial deve pensar em lesão central e pedir exame de imagem. · SINAIS E SINTOMAS DA VERTIGEM CENTRAL: - Vertigem rotatória. - Náusea. - Vômito. - Ataxia moderada a grave. - Nistagmo multidirecional que não é suprimido pela fixação óptica. - Taquicardia. - Sudorese. - Outros sinais neurológicos. · AVALIAÇÃO DO PACIENTE: - História do paciente. - Exame clínico geral. - Exame neurológico: Foco no exame dos pares cranianos. Exame motor ocular. Exame sistema motor. Exame sistema sensitivo. Cerebelo. · ANAMNESE: - Importante formular um diagnóstico. - VPPB. - Vertigem postural. - Neurite vestibular. - Migrânea vestibular. - Vertigem central. - Caracterização da vertigem: Fatores desencadeantes. Sintomas associados – vertigem x tontura. · INVESTIGAÇÃO: - Testes gerais (screening). - Hemograma, VHS , glicemia, FAN, Fator reumatoide, eletrólitos, função tireoidiana, ureia , creatinina, DLP, ECG, Eco, Holter 24h, doppler de carótidas, audiometria. - Avaliação da função vestibular. - Testes otoneurológicos, Potencial evocado auditivo, eletronistagmografia, testes motores oculares específicos. - Eletroencefalograma. - Testes de imagem – Ct scan e RNM. O critério de internação é clínico. Paciente chega no PS com queixa de vertigem e tem histórico de dor no pescoço = internação, angioRNM e neuro + tratamento. Deve investigar dissecção de artéria vertebral. · TRATAMENTO FASE AGUDA: ANTIEMÉTICOS: - Hioscina. - Metoclopramida. - Prometazina - Dimenidrinato. - Ondasetrona. SEDATIVOS VESTIBULARES: - Anti colinérgicos: Metoclopramida. Prometazina. - Bloqueadores do canal de cálcio: Flunarizina. Cinarizina. - Benzodiazepínicos. - Esteroides. MIGRÂNEA – VERTIGEM MIGRANOSA: - Dieta. - Mudança no estilo de vida. - Controle do estresse. - Bloqueadores. - Bloqueadores dos canais de cálcio. - Antagonistas da serotonina. · TRATAMENTOS ESPECÍFICOS: - Doença de Menière. - Betaestina. - Hidroclorotiazida. - Clortalidona. - Labirintectomia química. - Labirintectomia cirúrgica. - Neurectomia vestibular. · EMERGÊNCIA: - Doença grave. - Cuidado – o paciente pode sair sem diagnóstico do PS. - Síndromes vestibulares agudas. - Pode ser AVC e não ser AVC de cerebelo. - Cuidado com a TC – ruim para fossa posterior. - 30% em média o diagnóstico não é feito. · TRATAMENTO DAS VERTIGENS CRÔNICAS: - Reabilitação vestibular. - Não usar sedativos ou antieméticos cronicamente. · CAUSAS CLÍNICAS: - Hipotensão. - Arritmias. - Anemia. - Hipoglicemia. - ICC. - Sepses. · VERTIGEM NO PS: - Causas clínicas. - Episódio único/prolongado. Vertigem prolongada – investigar AVE de tronco: internação, tomografia e exame de neuroimagem. - Recorrente. - Posicional. · BANDEIRAS VERMELHAS EM VERTIGEM: - Nistagmo vertical é sempre de origem central. - Febre. - Rigidez na nuca/desconforto. - Alteração da sensibilidade em hemicorpo. - Diplopia. - Provavelmente, a única lesão central que pode mascarar-se como uma lesão vestibular periférica é o infarto cerebelar, porque vertigem e desequilíbrio grave podem ser a únicas características presentes. - A duração dos ataques é mais útil para distinguir entre as causas centrais e periféricas. - A vertigem associada à insuficiência vertebro-basilar geralmente dura minutos, enquanto as causas do ouvido interno periférico de vertigem recorrente geralmente duram horas. · A VERTIGEM VEIO E FICOU? - Surto de esclerose múltipla. - Neurite. - AVC. · VERTIGEM PERIFÉRICA X CENTRAL: PERIFÉRICA CENTRAL VOR alterado VOR normal Nistagmo sem mudar de direção Nistagmo que muda de direção Sem a presença de desvio Skew Desvio Skew Dificuldade de ficar em pé e desequilíbrio intenso · OBSERVAÇÕES: - A tontura é uma queixa comum entre os pacientes atendidos por médicos da atenção primária, neurologistas e otorrinolaringologistas. - As causas mais comuns de tontura são os distúrbios vestibulares periféricos, mas os distúrbios do SNC devem ser excluídos. - A história do paciente, o exame neurológico e os estudos de imagem são geralmente a chave para diferenciação das causas periféricas e centrais da vertigem. · CONCLUSÕES: - A história geralmente fornece as principais informações para distinguir entre as causas periféricas e centrais de vertigem. - Provavelmente, a única lesão central que pode mascarar-se como uma lesão vestibular periférica é o infarto cerebelar, porque vertigem e desequilíbrio grave podem ser as únicas características presentes. - Pacientes com ataques crônicos recorrentes de vertigem geralmente apresentam resultados de exames normais, incluindo função vestibular normal entre os ataques. - A duração dos ataques é mais útil para distinguir entre as causas centrais e periféricas; a vertigem associada à insuficiência vertebrobasilar geralmente dura minutos, enquanto as causas do ouvido interno periférico de vertigem recorrente geralmente duram horas. - A vertigem posicional quase sempre é uma condição benigna que pode ser facilmente curada à beira do leito, mas em casos raros pode ser um sintoma de uma lesão central, particularmente perto do quarto ventrículo - Os estudos de imagem são geralmente a chave para a diferenciação das causas periféricas e centrais da vertigem. - A ressonância magnética é indicada em qualquer paciente com vertigem aguda e desequilíbrio profundo suspeito de ser o resultado de infarto cerebelar ou hemorragia.