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CAPÍTULO 1 Acne A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender a etiopatogenia da acne e seu impacto na pele. � Conhecer os diversos fatores que podem potencializar a formação e desenvolvimento da acne, bem como, suas manifestações e complicações clínicas. � Identificar as manifestações clínicas da acne e relacionar com os tratamentos específicos. 10 Estética Avançada Facial 11 Acne Capítulo 1 Contextualização A pele, juntamente com os cabelos, pelos, unhas, glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas compõem o nosso sistema tegumentar. A função mais importante da pele é formar uma barreira protetora entre o nosso corpo e o meio externo a ele, mas ela também tem uma participação muito importante na nossa autoestima, principalmente quando se trata de rosto. O mercado de tratamentos estéticos, seja para envelhecimento, flacidez, cicatrizes, patologias dermatológicas, entre outros, cresce exponencialmente. Um reflexo é que o mercado estético brasileiro é o terceiro maior do mundo. Dentre as patologias que afetam a pele, a acne, um tipo de dermatose crônica que afeta o folículo pilossebáceo, ganha destaque. Ela é considerada uma das doenças de pele mais prevalentes no mundo. Não se trata de uma doença contagiosa, mas como em boa parte dos casos, as lesões são bastante inestéticas e acabam por ter um forte impacto psicossocial. Assim, este capítulo estará focado em descrever as causas da acne, o seu desenvolvimento, o agravamento ou regressão das lesões, bem como as cicatrizes que podem surgir, além de conhecermos os métodos de profilaxia e tratamento. O Que é a Acne? A acne é um tipo de dermatose crônica que afeta o folículo pilossebáceo, composto por pelos e suas bainhas, pelo músculo eretor do pelo e pela glândula sebácea. Trata-se de uma patologia não contagiosa, que acomete principalmente as áreas da pele com grandes concentrações de folículos pilossebáceos como a face, tórax anterior e dorso. Para entendermos como a acne acomete os folículos pilossebáceos, é importante relembrarmos a organização da pele. Ela é constituída pela epiderme, derme e hipoderme, que é uma camada de tecido conjuntivo frouxo, também chamada de camada subcutânea. A camada mais externa, a epiderme, é constituída por epitélio estratificado escamoso e é composta majoritariamente por queratinócitos, que apresentam um processo de maturação bastante complexo, influenciado por fatores genéticos, sistêmicos e ambientais (SAMPAIO; RIVITTI, 2008). 12 Estética Avançada Facial Na camada mais profunda da epiderme (camada germinativa ou basal), encontramos células basais e melanócitos que produzem a melanina. A melanina pode ser do tipo eumelanina (pigmento negro ou castanho) ou feomelanina (pigmento amarelo-avermelhado). São encontrados os dois tipos de melanina dentro de um mesmo melanócito, porém ocorre uma variação individual nas suas proporções. A epiderme possui importante função germinativa, originando as demais camadas da epiderme através da progressiva diferenciação celular. A derme apresenta uma constituição totalmente diferente da epiderme, sendo composta por fibras elásticas, vasos sanguíneos, folículos capilares, poros, glândulas sebáceas e sudoríparas. Na camada subcutânea está a base dos folículos capilares, além do tecido adiposo. As glândulas sebáceas estão localizadas na derme e são distribuídas por todo o corpo, com exceção das regiões palmares e plantares. Elas estão conectadas ao canal folicular principal, por meio de ductos sebáceos curtos e seu tamanho varia de forma inversa às dimensões do pelo, presente no folículo. As glândulas são responsáveis pela produção de sebo, constituído por triglicerídeos, ácidos graxos livres, produtos de degradação, colesterol com seus ésteres e o esqualeno (antioxidante), apresentando um aspecto viscoso e de cor amarelo claro (MAKRANTONAKI; GANCEVICIENE; ZOUBOULIS, 2011). Os pacientes com acne apresentam um acúmulo anormal de queratina no infundíbulo folicular, que promove a obstrução do folículo e a formação de um microcomedão. Como veremos mais adiante, a formação do microcomedão sinaliza o início do processo de desenvolvimento da acne. É constituído por células queratinizadas que vão se sobrepondo, aumentando de volume e, então, formam o chamado comedo. Pode ser do tipo fechado, também chamado de cravo branco, ou do tipo aberto, chamado de cravo preto. O sebo de indivíduos com acne apresenta diferença na composição quando comparado ao de indivíduos não acometidos pela acne. Nos indivíduos com acne são observadas concentrações menores de triglicerídeos e de ácido linoleico (ácido graxo insaturado ômega-6 – ácido graxo essencial na dieta humana), e concentrações maiores de ésteres de cera (POWELL; BEVERIDGE, 1970). As variações na composição do sebo contribuem para a etiopatogênese da acne, pois ocorrendo aumento da secreção sebácea, há redução da concentração de ácido linoleico, acarretando deficiência de ácidos graxos essenciais, prejudiciais para as células do epitélio folicular. 13 Acne Capítulo 1 Assim, devido à deficiência de ácidos graxos essenciais, ocorre hiperqueratinização na região do infundíbulo glandular que, por sua vez, torna a barreira epidérmica menos eficiente, permitindo o crescimento bacteriano e uma liberação aumentada de ácidos graxos livres (DOWNING et al., 1986). É importante ressaltar que quanto menor é a concentração de ácido linoleico no sebo, mais grave é a acne. Na puberdade, a taxa de ácido linoleico diminui na proporção inversa do número de lesões de acne. Assim, a redução na concentração do ácido linoleico é considerada um dos principais fatores etiopatogênicos da acne. O aparecimento da acne está fortemente relacionado com as influências androgênicas, pois os hormônios são responsáveis pela ativação das glândulas sebáceas. A produção de hormônios andrógenos ocorre nas gônadas, glândulas adrenais e, também, no folículo pilossebáceo. No folículo são encontradas enzimas, que metabolizam os andrógenos circulantes, androstenediona e de hidroepiandrosterona (DHEA), em testosterona e di-hidrotestosterona. Os hormônios são ligados aos seus receptores, tanto no interior das glândulas sebáceas, como na bainha externa do folículo piloso, estimulando a produção de sebo (DOWNING et al., 1986). Ao final da primeira infância, quando inicia a produção de hormônios adrenais, ocorre um aumento na secreção sebácea em ambos os sexos, sendo mais pronunciada nos meninos. É neste período, em torno dos 11 anos nas meninas, e dos 12 anos nos meninos, que surge a forma mais comum de acne, a Acne Vulgar ou Juvenil. Felizmente, na maioria dos casos, a patologia se resolve espontaneamente no final da segunda década de vida, mas em muitos casos, deixa cicatrizes que podem levar ao acometimento da saúde emocional. No recém-nascido, as glândulas são moderadamente desenvolvidas, pois ele estava sob ação dos andrógenos maternos. Contudo, após o nascimento, as glândulas sebáceas entram em regressão e só serão desenvolvidas novamente na puberdade, por ação dos andrógenos (SAMPAIO; RIVITTI, 2008). Relação da dieta com a acne. Você encontrará uma revisão científica atualizada sobre o tema. Disponível em: <http://sban. cloudpainel.com.br/files/revistas_publicacoes/454.pdf>. Acesso em: 21 maio 2018. 14 Estética Avançada Facial Além da adolescência, a acne também pode ocorrer em outras fases da vida. Na vida adulta, a maior incidência é sobre mulheres e, o ciclo menstrual associado à variação hormonal, pode associar-se com hiperandrogenismo (alta concentração de hormônios androgênicos). É bastante comum ocorrer o agravamento pré-menstrual da acne, que pode ser parcialmente explicado pela diminuição do diâmetro deabertura do folículo dois dias antes do início da menstruação, levando à obstrução e ao desenvolvimento de acne. Etiopatogenia A acne apresenta uma etiopatogenia multifatorial, porém, entre os diversos fatores, ganham destaque: • Hiperprodução sebácea. • Hiperqueratinização folicular. • Colonização bacteriana do folículo. • Liberação de mediadores da inflamação no folículo e derme adjacente. a) Hipersecreção sebácea Como mencionado anteriormente, as glândulas sebáceas produzem o sebo, que desempenha um papel muito importante na proteção da pele, pois juntamente com os lipídios da queratinização, formam um filme lipídico na superfície cutânea. O recente estudo de revisão A global perspective on the epidemiology of acne relata uma prevalência de acne em 9.4% da população mundial, classificando-a como a oitava doença mais prevalente em todo o mundo. Além disso, o estudo relata que a acne é mais prevalente em meninas, em faixas etárias mais jovens, com aumento da prevalência em meninos, na medida que atingem a puberdade. Já os homens são mais propensos a ter acne do tipo mais grave (TAN; BHATE, 2015). 15 Acne Capítulo 1 Em média, o sebo é constituído por aproximadamente 57,5% de triglicerídeos e ácidos graxos livres, 26% de ésteres de cera, 12% de escaleno, 3% de ésteres de colesterol e 1,5% de colesterol (MAGIN et al., 2005). Uma grande taxa de secreção sebácea leva ao decréscimo na concentração do ácido linoleico, acarretando deficiência de ácidos graxos essenciais nas células do epitélio folicular. Provoca a redução da proteção da parede epitelial glandular, que pode ser agredida mais facilmente por ácidos graxos livres (AGL). Os AGLs são oriundos da hidrólise dos triglicerídeos pelas lipases do microrganismo Propionibacterium acnes (P. acnes), uma bactéria que coloniza o folículo pilossebáceo, levando à hiperqueratinização (hiperproliferação dos ceratinócitos e/ou separação inadequada dos corneócitos ductais), diminuindo a eficiência da barreira epidérmica e, portanto, facilitando o crescimento bacteriano e inflamação dérmica (COSTA; ALCHORNE; GOLDSCHMIDT, 2008). Existem diferenças genéticas individuais na composição dos ácidos graxos livres (AGLs), que são originados da hidrólise dos triglicerídeos. Quanto maior for o tempo de exposição cutânea ao sebo, maior será a hidrólise dos triglicerídeos e, assim, ocorre aumento nos níveis de AGLs. O ácido linoleico é precursor do ácido araquidônico, que é essencial para produção de uma série de mediadores lipídicos, sendo fundamental para a manutenção da função da barreira epidérmica. Assim, reduções nas concentrações ocasionam descamação celular no folículo pilossebáceo, ou seja, o “rompimento” da barreira de proteção epidérmica, levando à liberação de interleucina-1alfa (IL-1alfa). A interleucina pró-inflamatória é conhecida por estar presente nas fases iniciais do processo de instalação da acne. Portanto, o prejuízo na integridade da barreira epidérmica, facilitará o acesso de microrganismos, principalmente bactérias, ao interior do folículo pilossebáceo, culminando com a instalação do processo inflamatório e/ou infeccioso (HORROBIN, 1989). Como já mencionado, é na puberdade que inicia o desenvolvimento das glândulas sebáceas estimuladas pelos hormônios androgênicos, porém não significa que a presença de uma hipersecreção sebácea e a eclosão da acne sejam exclusivamente por causa das alterações androgênicas. Existem outros fatores importantes na etiopatogenia da acne (SAMPAIO; RIVITTI, 2008). Quando ocorrem elevações nas concentrações dos andrógenos circulantes, como na Síndrome de Cushing, ou na Síndrome dos Ovários Policísticos, nos Uma grande taxa de secreção sebácea leva ao decréscimo na concentração do ácido linoleico, acarretando deficiência de ácidos graxos essenciais nas células do epitélio folicular. Provoca a redução da proteção da parede epitelial glandular, que pode ser agredida mais facilmente por ácidos graxos livres (AGL). 16 Estética Avançada Facial tumores produtores de andrógenos, na hiperplasia adrenal congênita ou na administração exógena de esteroides anabolizantes androgênicos, ocorrerá aumento na conversão local de testosterona em di-hidrotestosterona (realizada pela enzima 5-alfa-redutase). O metabólito formado é ainda mais potente que a testosterona e, entre suas inúmeras ações, promove o aumento da produção de sebo, podendo ocasionar a hipersecreção sebácea e o surgimento da acne (SAMPAIO; RIVITTI, 2008). A enzima 5-alfa-redutase apresenta maior atividade nos queratinócitos infra- infundibulares de indivíduos com acne, o que sugere uma maior capacidade das células em produzirem andrógenos ativos como a di-hidrotestosterona (LOURENÇO, 2011). É importante ressaltar que a conversão ocorre em meninos e meninas, porém com mais intensidade nos meninos. Outra questão importante, em relação à etiopatogenia da acne, é a influência exercida pelo consumo de alguns alimentos. Um estudo realizado por Cordain et al. (2002) demostrou que, em indivíduos submetidos a dietas com baixo índice glicêmico, não se verificava a presença de acne vulgar. Já um outro estudo realizado por Kwon et al. (2012) mostrou que o consumo de uma dieta rica em alimentos com alto índice glicêmico está diretamente relacionado à patogênese da acne. Curiosamente, a ingestão de leite e derivados, principalmente desnatados, também pode estar envolvida na patogênese da acne, pois levaria ao aumento dos níveis de fator de crescimento semelhantes à insulina -1 (IGF-1) e ao aparecimento da acne (ADEBAMOWO et al., 2006). Ainda, o hormônio de crescimento (GH), que apresenta os maiores níveis durante a puberdade/adolescência, age sobre o fígado, estimulando a produção de IGF-1, que estimula a produção de andrógenos pelas glândulas adrenais. Promove o aumento da proliferação, mas não da diferenciação dos queratinócitos e ativa a síntese de ácidos graxos, contribuindo para a hipersecreção sebácea (HARVEY; HUYNH, 2014). As evidências podem sugerir que altos níveis de insulina, associados ao IGF-1, poderiam estimular a síntese de andrógenos por vários tecidos do corpo que, por sua vez, estimulariam a hiperprodução sebácea e, provavelmente, o surgimento de acne (COSTA et al., 2008). Nos últimos anos, o uso de suplementos ricos em aminoácidos de cadeia ramificada, por pessoas com o objetivo de aumentar a massa muscular, tem sido associado ao desenvolvimento de acne (PONTES et al., 2013). Tais suplementos 17 Acne Capítulo 1 são ricos em arginina, isoleucina, lisina e caseína, ou seja, aminoácidos capazes de estimular a produção de sebo. Em um estudo realizado por Chiu et al. (2003), sugere que o estresse também poderia estar envolvido com a patogênese da acne, uma vez que encontraram uma correlação positiva entre altos níveis de estresse e o agravamento da acne durante o período dos exames escolares. b) Hiperqueratinização folicular Nos folículos, há constantemente a descamação de queratinócitos que são carreados pelo sebo até a superfície da pele. A produção excessiva de células mortas contendo queratina é chamada de hiperqueratinização, decorrente da hiperproliferação e adesão dos queratinócitos, que ocorrem na porção proximal do infundíbulo do folículo. A hiperqueratinização folicular é um dos fatores mais importantes para o surgimento da acne, pois leva ao bloqueio do ducto folicular, criando um tampão de queratina, que causa retenção do conteúdo sebáceo no interior da glândula. O processo leva à formação do microcomedão, que evolui ao comedo devido ao acúmulo de lipídios, bactérias, fragmentos celulares, entre outros. A redução nos níveis de ácido linoleico no sebo, que ocorre devido à hipersecreção sebácea, é outro fator importante na formação dos comedões. Como citado anteriormente, a redução naconcentração de tal ácido graxo essencial torna mais fácil a penetração de microrganismos e de ácidos graxos pró-inflamatórios e, assim, favorecendo a inflamação (HARVEY; HUYNH, 2014). Indivíduos com acne apresentam um sétimo da quantidade de ácido linoleico e, acredita-se que o déficit na barreira de proteção ocorra pela má-formação da ceramida 1 (principal ceramida córnea), ocasionando aumento da queratinização da parede ductal, levando à formação das lesões (microcomedões e/ou comedões) (WERTZ et al., 1985). c) Colonização bacteriana do folículo A porção profunda do folículo sebáceo é colonizada pela bactéria Propionibacterium acnes (P. acnes), uma bactéria anaeróbica Gram-positiva do gênero Coryneobacterium, que utiliza a secreção das glândulas sebáceas como fonte de energia (NAKATSUJI et al., 2009). A hiperqueratinização folicular é um dos fatores mais importantes para o surgimento da acne, pois leva ao bloqueio do ducto folicular, criando um tampão de queratina, que causa retenção do conteúdo sebáceo no interior da glândula. 18 Estética Avançada Facial P. acnes possui enzimas esterases, que hidrolisam os triglicerídeos do sebo, liberando ácidos graxos que terão um papel irritante na parede do folículo e induzirão a queratinização da parede folicular tendo, portanto, um papel essencial no desenvolvimento da acne. O microrganismo é indutor de reação inflamatória, pois as proteínas de superfície do P. acnes estimulam as reações imunes que levam aos danos teciduais. A bactéria produz enzimas que facilitam a ruptura folicular (COSTA; ALCHORNE; GOLDSCHMIDT, 2008). Também é comum ocorrer a produção de citocinas, como a interleucina-1 alfa (IL- 1alfa), interleucina-8 (IL-8), beta defensina-2 (βD-2), pelos queratinócitos presentes nos ductos. As interleucinas promoverão a quimiotaxia de leucócitos, infiltração de neutrófilos para os locais de infecção pelo P. acnes (NAGY et al., 2006). São encontrados nos comedões, anticorpos específicos contra o P. acnes. Tais anticorpos acarretam a liberação de proteases hidrolíticas, que agem na parede folicular, fazendo com que ocorra a saída das substâncias irritantes para a derme, o que potencializa o processo. Acredita-se que o aumento da colonização de P. acnes na superfície cutânea possa estar correlacionado com a hiperprodução de triglicerídeos ou de colesterol. A hipótese está embasada no fato de haver maior população de P. acnes na face e no tronco, que são locais onde há grande concentração de lipídeos nas glândulas sebáceas. Liberação de Mediadores da Inflamação no Folículo e Derme Adjacente Hoje, reconhece-se o processo inflamatório como “personagem principal” na patogênese da acne, desde a formação até as cicatrizes deixadas por ela. Ainda não estão totalmente desvendados todos os fatores envolvidos na gênese do processo inflamatório. Como mencionado, os indivíduos com acne apresentam maior secreção de sebo, que causa um aumento cumulativo dos ácidos graxos irritantes na pele. P. acnes possui enzimas esterases, que hidrolisam os triglicerídeos do sebo, liberando ácidos graxos que terão um papel irritante na parede do folículo e induzirão a queratinização da parede folicular tendo, portanto, um papel essencial no desenvolvimento da acne. 19 Acne Capítulo 1 Ainda, as substâncias que compõem os comedões, são quimiotáticas para leucócitos mononucleares (linfócitos e monócitos). Também, espécies reativas de oxigênio (EROs), que são geradas a níveis baixos e lentos no metabolismo aeróbico normal pela redução do oxigênio, apresentam papel importante no processo inflamatório em pacientes acneicos. As EROs podem induzir respostas imunológicas, pela ativação do factor nuclear kappa B (NF-kB) e da proteína ativadora-1 (AP-1), que são fatores de transcrição envolvidos na resposta celular a estímulos como o estresse, citocinas, radicais livres, infecções por bactérias e também por vírus (GILMORE, 1999; HESS; ANGEL; SCHORPP-KISTNER, 2004). Entretanto, a pele é equipada com enzimas antioxidantes como a glutationa peroxidase e moléculas não enzimáticas (vitaminas E, betacaroteno, ubiquinona e glutationa). Quando o estresse oxidativo supera a ação antioxidante dos compostos da pele, ocorre alteração da homeostase celular e pode originar processos degenerativos. Na verdade, os EROs induzem para a peroxidação lipídica, ou seja, para a degeneração oxidativa de ácidos graxos poli-insaturados, levando à formação de aldeídos altamente reativos que ocasionam danos às proteínas, apoptose ou liberação de mediadores indutores de inflamação (KURUTAS; ARICAN; SASMAZ, 2005). Já foi sugerido que níveis reduzidos das enzimas antioxidantes, associados a níveis aumentados de EROs, estão relacionados com a acne vulgar (AL- SHOBAILI, 2014). Sabe-se que a peroxidação lipídica de ácidos graxos como, por exemplo, do esqualeno, leva à formação de EROs, tanto intracelulares, como extracelulares. Assim, o P. acnes tem uma participação bastante expressiva, pois quando os queratinócitos são expostos ao microrganismo, ocorre a produção de EROs pelas proteínas de superfície. Acredita-se que o P. acnes seja um dos principais indutores do processo inflamatório, uma vez que produz enzimas que estão envolvidas no processo de ruptura folicular e difusão de mediadores celulares a partir do folículo sebáceo. Soma-se o fato do P. acnes estimular os monócitos, aumentando a secreção de citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina 1-beta (IL1-beta) e a expressão dos genes caspase 1. 20 Estética Avançada Facial Todavia, mais recentemente, foi sugerido que o processo inflamatório estaria presente mesmo antes da formação do comedão. A sugestão pode ser sustentada pela existência de linfócitos T CD4+, macrófagos e níveis aumentados de IL-1 nos folículos pilossebáceos (TANGHETTI, 2013). Em 2017, foi publicado um artigo de revisão que traz, de forma resumida, mas muito atualizada, os fatores envolvidos na patogênese da acne. Acesse: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/ PMC5749694/pdf/jcad_10_10_18.pdf>. Acesso em: 21 maio 2018. Atividade de Estudos: 1) Explique o que é a acne. Por que ela apresenta maior incidência em adolescentes? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Por que o P. acnes tem uma grande participação na patogênese da acne? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 21 Acne Capítulo 1 Manifestações Clínicas As principais manifestações clínicas observadas na acne podem variar muito de um indivíduo para o outro e ocorrem devido à diversidade de fatores causadores da patologia. Como já estudadas, variações nas concentrações de andrógenos, na composição do sebo, o consumo de alguns alimentos, fatores genéticos, dentre outros, podem originar acne, e dependendo da intensidade das alterações, bem como da associação desses fatores, são observadas diferentes manifestações clínicas. De acordo com Figueiredo et al. (2014), as principais manifestações clínicas da acne são: • Comedão – surge em consequência do aumento da espessura da camada córnea da epiderme, obstruindo o folículo piloso, sendo considerado a lesão inicial da acne. Os comedões podem ser fechados, conhecidoscomo pontos brancos, ou abertos, conhecidos como pontos negros. • Pápula – elevação sólida, geralmente de coloração avermelhada, que possui tamanho inferior a 1 cm e surge como área de edema ao redor do comedão. • Pústula – derivada da pápula, mais profunda, com um ponto purulento central, pode desaparecer em alguns dias, mas há a possibilidade de deixar cicatrizes. • Nódulo – lesões inflamatórias profundas e dolorosas com estrutura idêntica à pápula, mas com dimensões maiores, podendo atingir 2 cm. • Cicatriz – alteração causada pela presença de pele atrófica, que resulta da destruição do folículo pilossebáceo ocasionado pelo processo inflamatório. Basicamente, a acne pode ser classificada como acne não-inflamatória, quando apresenta somente comedões, não apresentando sinais inflamatórios, e acne inflamatória, quando há a instalação de um processo inflamatório que, segundo o número, a intensidade e as características das lesões, será classificada em formas clínicas de graus diferentes (II, III, IV e V). Você teve ou tem acne? Tente lembrar como era sua pele e de seus colegas no início da puberdade. Você sentiu ou sente algum tipo de alteração no seu comportamento psicossocial devido à acne? Você fez ou faz tratamento para acne? Como já estudadas, variações nas concentrações de andrógenos, na composição do sebo, o consumo de alguns alimentos, fatores genéticos, dentre outros, podem originar acne, e dependendo da intensidade das alterações, bem como da associação desses fatores, são observadas diferentes manifestações clínicas. 22 Estética Avançada Facial Acne Não-Inflamatória a) Acne comedônica ou Acne de grau I É o tipo de acne mais simples, apresentando a presença de comedões. Em alguns casos, podem estar presentes pápulas e, mais raramente, em pústulas foliculares. Segundo Sampaio e Rivitti (2008), os tipos de comedões mais comumente encontrados são: • microcomedões: formados pelo acúmulo de corneócitos no infundíbulo do folículo pilossebáceo, produzindo uma dilatação visível somente ao microscópio; • comedões fechados (cravo branco): o acúmulo de corneócitos na parte acroinfundibular leva para a forma esférica, com cor esbranquiçada, sendo identificados quando a pele é distendida; • comedões abertos (cravo preto): ocorre devido ao acúmulo de corneócitos, sebo e colonização pelo P. acnes, apresentando cor escura na extremidade devido à presença de melanina. Figura 1 – Fotografia da testa de paciente com acne comedônica Fonte: Disponível em: <http://www.dermis.net/dermisroot/ en/36338/image.htm>. Acesso em: 18 maio 2018. Acne Inflamatória A acne inflamatória, como o nome já diz, é caracterizada pela presença de processo inflamatório no folículo polissebáceo, apresentando um grande infiltrado de citocinas inflamatórias, neutrófilos, monócitos, dentre outras substancias que participam do processo. Segundo Sampaio e Rivitti (2008), a acne inflamatória pode ser classificada da seguinte forma: 23 Acne Capítulo 1 a) Acne pápulo-pustulosa ou Acne de grau II Este tipo de acne é caracterizado pela presença de: - Comedões abertos. - Algumas pápulas. - Eritrema inflamatório em alguns pacientes. - Seborreia na maioria dos pacientes. - Processo inflamatório intenso. Figura 2 – Foto do rosto do paciente com acne pápulo-pustulosa Fonte: Disponível em: <http://www.dermis.net/dermisroot/ en/36371/image.htm>. Acesso em: 18 maio 2018. b) Acne nódulo-abscedante ou Acne grau III Também pode ser conhecida como Acne nódulo-cística. É caracterizada pela presença de: - Comedões abertos. - Pápulas. - Pústulas. - Seborreia. - Em boa parte dos casos aparecem também nódulos furunculoides, que eliminam pus. 24 Estética Avançada Facial Figura 3 – Fotografia do rosto de paciente com acne nódulo-abscedante Fonte: Disponível em: <http://www.dermis.net/dermisroot/ en/36443/image.htm>. Acesso em: 11 jun. 2018. c) Acne conglobata ou Acne grau IV É considerado o tipo mais grave de acne. É mais comum entre os homens, incidindo principalmente na face e pescoço. Caracteriza-se pela presença de: - Nódulos purulentos. - Abscessos grandes e numerosos. - E, na grande maioria dos casos, ocorre a formação de fístulas que drenam pus. Figura 4 – Rosto de paciente com acne conglobata Fonte: Disponível em: <http://www.dermis.net/dermisroot/ en/36714/image.htm>. Acesso em: 18 maio 2018. 25 Acne Capítulo 1 d) Acne fulminante ou Acne grau V É um tipo raro de acne e caracteriza-se pela presença de: - Acne nódulo-abscedente ou conglobata. - Febre. - Leucocitose. - Eritrema Inflamatório. - Hemorragia nas lesões. Figura 5 – Fotografia do ombro de paciente com acne fulminante Fonte: Disponível em: <http://www.dermis.net/dermisroot/ en/36734/image.htm>. Acesso em: 18 maio 2018. Além dos principais tipos de acne citados, classificados conforme suas características clínicas, também podemos encontrar outros tipos de acne classificados conforme os fatores que a originam: • Acne Vulgar ou Juvenil - Forma mais comum. - Relacionada com o aumento na produção de andrógenos no início da puberdade. - Grande prevalência na adolescência (85%). - Acomete ambos os sexos. - Geralmente regride de forma espontânea após os 20 anos. • Hiperandrogênica - Ocorre em 40% das mulheres portadoras da Síndrome do Ovário policístico. - Está relacionada com variações hormonais. - Apresenta difícil tratamento. 26 Estética Avançada Facial • Acne Neonatal, Infantil ou Pustulose Cefálica Neonatal - Originada nas primeiras semanas de vida. - Incide principalmente no nariz, fronte e bochechas. - As lesões desaparecem em algumas semanas, quando não existirem mais andrógenos de origem materna. • Pré-menstrual - Tipo de acne bastante comum entre as mulheres. - Provocada por variações nas concentrações hormonais durante o período pré- menstrual. - Lesões tendem a desaparecer após o período. • Ocupacional - É decorrente do contato com substâncias químicas durante o expediente de trabalho. - Leva à formação de comedões fechados e cistos inflamatórios. - Em alguns casos, ocorre a formação de lesões nas áreas onde ocorreu o contato. • Solar ou Estival - É decorrente de queimadura solar, que leva à formação de edema óstio folicular. - O quadro pode ser agravado pela oleosidade de cosméticos/protetores solares. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, uma má higienização da pele, não obrigatoriamente, causa acne, pelo contrário, uma higienização excessiva e mais agressiva pode causar traumas que deixariam a pele mais exposta à contaminação bacteriana. Ainda, não há comprovação científica sobre a melhora da acne após exposição ao sol (MAGIN et al., 2005). 27 Acne Capítulo 1 Tipos de Cicatrizes As cicatrizes deixadas pela acne estão relacionadas principalmente com a gravidade da acne, pois elas são consequência da intensidade do dano causado pelo processo inflamatório no folículo polissebáceo. Quanto mais profunda for a lesão, maior será a chance do paciente apresentar cicatrizes. As cicatrizes de acne podem ser classificadas em: a) Atróficas Acredita-se que o tipo de cicatriz seja consequência da degradação enzimática das fibras de colágeno e gordura, porém, apesar dos inúmeros estudos, sua patogênese ainda não está completamente clara, pois alguns pacientes apresentam cicatrizes e outros não. A perda local da integridade tecidual está diretamente relacionada com o grau de profundidade e com a duração do processo inflamatório. Portanto, a realização de tratamento precoce da acne pode ser eficaz em prevenir o aparecimento de cicatrizes, principalmente quando se tratar de acne do tipo inflamatória. Segundo Jacob et al. (2001 apud NEGRÃO, 2017), este tipo de cicatriz pode ser subdividido em 3 tipos, conforme Quadro 1. As cicatrizes deixadas pela acne estão relacionadasprincipalmente com a gravidade da acne, pois elas são consequência da intensidade do dano causado pelo processo inflamatório no folículo polissebáceo. Quadro 1 – Subtipos de cicatrizes atróficas e suas características Subtipo de cicatriz atrófica Características Ice Pick - Depressões cilíndricas em forma de “V”. - Estreitas e profundas. - Estendem-se para o interior da derme. - Podem atingir o tecido subcutâneo. - São mais resistentes ao tratamento. - Apresentam difícil identificação. - Pacientes costumam chamar de “furo”. Box Scar - Arredondadas com depressões ovais – formato de “U”. - Bordas nítidas. - Geralmente, decorrem de lesões superficiais. - Assemelham-se a cicatrizes de varicela. - Podem ser classificadas em rasas ou profundas, dependendo da lesão. ROLLING - Grandes depressões superficiais. - Apresentam pouca demarcação. - Extensão vertical é limitada pela profundidade da espessura da epiderme. Fonte: Extraído e adaptado de Jacob et al., 2001 (apud Negrão, 2017, p. 58). 28 Estética Avançada Facial b) Elevadas São elevações que aparecem no local onde havia lesão de acne. Podem ser divididas em papulosas, hipertróficas e queloideanas. As duas últimas são consequência de respostas anormais/exageradas, geralmente em relação à fibrótica, a lesões profundas que atingem a derme. O tipo de cicatriz tem um impacto psicológico importante, pois apresenta um aspecto pouco estético. Felizmente, são menos frequentes. No Quadro 2, estão relacionados os subtipos das cicatrizes elevadas e suas características. Quadro 2 – Subtipos de cicatrizes elevadas e suas características Subtipo de cicatriz elevada Características Hipertrófica - Aparece em algumas semanas após a lesão. - Caracterizada por placas espessas e salientes na área onde havia a lesão. - Apresenta a mesma coloração da pele, mas em alguns casos pode ter coloração rosa ou pruriginosa. - Apresenta regressão espontânea, em torno de 6 meses a 1 ano. Queloideanas - Aparecem após meses ou anos da lesão. - Suas bordas ultrapassam o limite da lesão. - Apresentam o aspecto de placas fibrosas duras. - Geralmente acabam por piorar com o passar do tempo. - Quando retiradas, podem apresentar recidivas. - Apresentam coloração rosada. - Pacientes, geralmente, sentem dor e coceira. - Ocorre redução de folículos pilosos e glândulas sebáceas na área da cicatriz. Papulosas - Elevações distensíveis. - Apresentam maior incidência na região mentoniana e tronco; - Com coloração avermelhada, arroxeada ou esbranquiçada. Fonte: Adaptado de Negrão (2017, p. 63-68). Além das cicatrizes atróficas e elevadas, também pode ser observado um quadro de hipercromia pós-inflamatória nos locais da lesão. Não é considerada uma cicatriz de acne, na verdade, são alterações na pigmentação da região da lesão devido ao aumento na produção de melanina. Determinado tipo de alteração também pode ocorrer em outras situações patológicas como: infecções cutâneas, reações alérgicas, traumas, reações fototóxicas, dentre outras (NEGRÃO, 2017, p. 68). 29 Acne Capítulo 1 Os indivíduos portadores da hiperpigmentação, geralmente, apresentam máculas de cor rosada ou marrom, conforme a profundidade da lesão e a coloração da pele do indivíduo. Segundo Ferreira e D’Assumpção (2006), as lesões são consequência da liberação de mediadores inflamatórios, que estimulam o melanócito a produzir melanina e, assim, a exposição solar piora o quadro. Geralmente, o quadro regride de 3 a 24 meses após o aparecimento. Tratamentos Na literatura, existem inúmeras técnicas e métodos que podem ser empregados no tratamento da acne, tanto em relação à melhora do aspecto da pele, como em relação à contenção do grau de comprometimento dela. Entretanto, de forma geral, no tratamento da acne, são empregadas substâncias tópicas, como peróxido de benzoíla, retinoides ou ácido azeláico, e medicamentos orais anti-inflamatórios, antibióticos e antiandrógenos. É importante lembrar que boa parte dos medicamentos empregados no tratamento da acne podem levar ao aparecimento de efeitos adversos, que Atividade de Estudos: 1) Como a acne apresenta diferentes tipos, é importante identificar as manifestações clínicas de cada um deles. Para ajudar você a conhecer melhor os diferentes tipos de acne, faça a atividade a seguir correlacionando as colunas: (a) Acne Comedônica (b) Acne Pápulo-pustulosa (c) Acne Nódulo-abscedante (d) Acne Conglobata ( ) Presença de abscessos que formam fístulas. ( ) Presença de comedões fechados e/ou abertos. ( ) Presença pápulas, pústulas e nódulos furunculoides. ( ) Presença de comedões abertos, pode conter pápulas. Fratamento da acne, são empregadas substâncias tópicas, como peróxido de benzoíla, retinoides ou ácido azeláico, e medicamentos orais anti-inflamatórios, antibióticos e antiandrógenos. 30 Estética Avançada Facial são pouco toleráveis pelo paciente, levando à falta de aderência/segmento do tratamento. Segundo Manfrinato (2009), o tratamento clínico da acne é, geralmente, baseado no tipo de acne e no seu grau de acometimento. Podendo então, o seu tratamento envolver: - Cuidados profiláticos (higiênicos e alimentares). - Uso de medicamentos orais e tópicos (anti-inflamatórios, antibióticos, cosméticos, dentre outros). - Uso de recursos terapêuticos (limpeza de pele, luz pulsada, microdermoabrasão, dentre outros). - Tratamento cirúrgico. - Tratamento alternativo (acupuntura, fitoterapia, dentre outros). Atualmente, já é um consenso que os tratamentos alternativos contribuem para a melhora dos diversos tipos de acne. A seguir, você conhecerá os principais tratamentos e em que situações eles são importantes. a) Limpeza de pele: é recomendada para remoção de comedões e, assim, impedir que os folículos pilossebáceos sejam infectados. b) Peelings: são utilizados para reduzir as manchas e cicatrizes mais superficiais da acne. c) Microdermoabrasão: é recomendado para promover a uniformização da pele. d) Despigmentantes: são recomendados para diminuir as manchas que surgem nos locais das lesões da acne. e) Crioterapia: recomendada para lesões localizadas e severas que não respondem ao tratamento tópico e/ou sistêmico. f) Geoterapia: recomendada para desintoxicação da pele devido a suas propriedades inflamatórias e bacterecida. g) Cataplasmas: devido às propriedades anti-inflamatória e bactericida da argila, são recomendados para atenuar principalmente o processo inflamatório. h) Laserterapia e Fototerapia: são recomendados pelas propriedades terapêuticas anti-inflamatória, bactericida e pela sua capacidade de reorganizar o colágeno da pele. Fonte: Extraído e adaptado de Pimentel (2008, p. 50-65) e Spethmann (2007, p. 45). 31 Acne Capítulo 1 A acne deve ser tratada o mais precoce possível, tanto por fatores estéticos, como também para preservar a saúde da pele e psíquica do portador da patologia. Ainda, já é de conhecimento popular que, a manipulação (“espremer”) das lesões de acne, pode agravar a inflamação/infecção e deixar cicatrizes na pele afetada. A escolha do tratamento irá variar conforme a gravidade e a localização das lesões, sendo importante a análise criteriosa. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (2018), nas formas brandas o tratamento, geralmente, é apenas local, havendo possibilidade do emprego de medicamentos individuais ou combinados. Os mais empregados são o ácido salicílico, peróxido de benzoíla, retinoides (tretinoína, adapaleno), antibióticos (clindamicina e eritromicina) e ácido azeláico. Nos casos em que não ocorre melhora apenas com o uso medicamentoso tópico, é associado o tratamento por via oral, utilizando outros antibióticos como, por exemplo, doxiciclina, tetraciclina, sulfametoxazol-trimetoprim. Caso ainda não ocorra melhora, é indicado o usode isotretinoína oral, mesmo em casos moderados, mas claro, se o paciente não possuir nenhuma contraindicação. A isotretíona é um fármaco retinoide que inibe a função das glândulas sebáceas e a queratinização, sendo amplamente empregada no tratamento da acne grave (UDA; WANCZINSKI, 2008), pois demonstra excelentes resultados. Entretanto, merece bastante atenção, existindo vários protocolos a serem seguidos antes da sua prescrição, bem como, uma série de exames para acompanhamento de parâmetros sanguíneos do usuário. A PORTARIA Nº. 1159, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2015 trata do Protocolo de uso da isotretinoína no tratamento da acne grave. É importante ressaltar que procedimentos complementares ao tratamento, como a extração de “cravos”, peelings químicos, microdermabrasão, infiltração com corticoides em lesões nodulares ou em cicatrizes elevadas, são bastante eficazes no controle da acne. O tratamento cirúrgico da acne é indicado somente quando existir a necessidade da extração de comedões. Também, podem ser realizadas injeções intralesionais de corticoides. A acne deve ser tratada o mais precoce possível, tanto por fatores estéticos, como também para preservar a saúde da pele e psíquica do portador da patologia. 32 Estética Avançada Facial Se você desejar conhecer mais sobre a acne, existem bons livros sobre o assunto: NEGRÃO, M. M. C. Cicatrizes de acne: da avaliação ao tratamento. 1. ed. São Paulo: CR8 Editora, 2017. SAMPAIO, S. A. P.; RIVITTI, E. A. Dermatologia. 3. ed. São Paulo: Artes Médicas, 2008. AZULAY, R. D.; AZULAY, D. R. Dermatologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 664p. Atividade de Estudos: Como a Isotretinoína é um fármaco amplamente empregado no tratamento da acne, é importante conhecer um pouco mais sobre esse fármaco. Disponível em: <http://conitec.gov.br/images/ Protocolos/ProtocoloUso_Isotretinoina_2015.pdf>. Acesso em: 18 maio 2018. Acesse e responda os questionamentos a seguir: 1) Por que o tratamento com isotretinoína oral para acne deve ser restrito aos casos mais graves e refratários da doença? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Em média, qual o tempo de tratamento com isotretinoína? Há a possibilidade do tempo ser estendido? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 33 Acne Capítulo 1 3) Por que os pacientes que fazem uso da isotretinoína precisam fazer monitorização do perfil lipídico? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 4) Por que após o término do tratamento com isotretinoína o paciente deve fazer acompanhamento médico? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 5) Quais são os efeitos adversos mais comuns observados nos pacientes em uso de isotretinoína? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Algumas Considerações Neste capítulo, você pôde conhecer a etiopatogênese da acne e compreender os diferentes tipos que podem acometer a pele. Ainda, o capítulo lhe mostrou a importância do tratamento, tanto para remissão da acne, como para as cicatrizes deixadas por ela. Por se tratar de uma dermatose crônica de grande incidência no Brasil e no mundo, a acne ganha destaque dentre as demais patologias dermatológicas. Assim, é muito importante que você compreenda como as lesões no folículo pilossebáceo acarretam as manifestações clínicas da acne. É importante que você consiga relacionar os tipos de acne com os tratamentos específicos. Devido ao impacto psicossocial, principalmente em adolescentes, é muito importante que o tratamento seja iniciado o quanto antes, pois já está bem 34 Estética Avançada Facial consolidado na literatura que a baixa estima e o isolamento social, muitas vezes como consequências do bullying sofrido, podem levar ao desenvolvimento de depressão. No próximo capítulo, abordaremos os processos do envelhecimento cutâneo, e iremos compreender os mecanismos fisiológicos envolvidos no processo de envelhecimento da pele e os diversos fatores envolvidos no processo. Referências ADEBAMOWO, C. A.; SPIEGELMAN, D.; BEREKEY, C. S.; DANBY, F.W.; ROCKETT, H. H.; COLDITZ, G. A., et al. Milk consumption and acne in adolescents girls. Dermatol Online J, n.12, v.4, p.1, 2006. AL-SHOBAILI, H. A. Oxidants and anti-oxidants status in acne vulgaris patients with varying severity. Annals of clinical & laboratory science, v. 44, n. 2, p. 202-207, 2014. ARAÚJO, A. P. S. de; DELGADO, D. C.; MARÇAL, R. Acne: diferentes tipologias e tratamento. VII Encontro Internacional de Produção Científica, 2011. CHIU, A.; CHON, S.Y.; KIMBALL, A. B. The response of skin disease to stress: changes in the severity of acne vulgaris as affected by examination stress. Arch Dermatol, n.139, v.7, p. 897-900, 2003. CORDAIN, L.; LINDEBERG, S.; HURTADO, M.; HILL, K.; EATON, S. 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