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Petição inicial (Revisional de Alimentos) - Guilherme Barbosa Lima

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
FACULDADE DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
DOUTO JUÍZO DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ITAPORÃ-MS
HERMETO VILLAS BOAS, brasileiro, menor impúbere, portador da cédula de identidade nº 3.476.542, inscrito no CPF nº 073.967.509-25, neste ato representado por sua genitora MARGANÉLIA VILLAS, brasileira, divorciada, portadora da cédula de identidade nº 6.521.153, incrita no CPF nº 489.657.356-65, do lar, sendo ambos residentes e domiciliados na Rua Eliê Vidal, nº 2113, Jardim Eldorado, Itaporã-MS, por intermédio de seu advogado que subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 319 e seguintes do Código de Processo Civil, ajuizar AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face de PETRÔNCIO BOAS, brasileiro, casado, portador de cédula de identidade nº 5.290.171, inscrito no CPF nº 155.157.171-17, eletricista, residente e domiciliado na Rua João Freire, nº 45, Centro, Maracaju-MS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados.
I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Inicialmente, faz-se necessário destacar que o requerente, ora representado por sua genitora, não possui condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo ao seu sustento e de sua família, conforme declaração de hipossuficiência em anexo. Por esta razão, requer os benefícios da justiça gratuita, na forma do artigo 98 e seguintes, do Código de Processo Civil, bem como do inciso LXXIV, do artigo 5º, da Constituição Federal.
II – DOS FATOS
No mês de janeiro de 2014, fora ajuizada ação de alimentos em face de Petrôncio Boas, ora requerido, sendo distribuída aos autos nº 0800659-2014.8.12.0045, tendo sido, à época, homologado acordo firmado entre as partes, fixando alimentos em favor de Hermeto Villas Boas, ora requerente, sob o valor de R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), referente a 50% do salário mínimo vigente, na data da sentença. 
Como consta, Hermeto Villas Boas, atualmente com 09 (nove) anos, reside com sua genitora e representante legal, a senhora Marganélia Villas, que recentemente viu-se desempregada em virtude da pandemia ocasionada pela Covid-19, vindo a prover seu sustento e de seu filho unica e exclusivamente com o auxílio emergencial concedido à mães chefes de família, pelo Governo Federal. 
Neste segmento, é válido ressaltar que o benefício supramencionado possue caráter temporário, tendo já sido reduzido pela metade e estando na iminência de ser encerrado, agravando ainda mais o cenário de vulnerabilidade do requerente. 
Não obstante, verifica-se que o requerido encontra-se em situação econômica confortável quando comparado à maioria dos trabalhadores de seu ramo profissional, ao passo que recentemente fora promovido a supervisor de instalações elétricas em construções civis, sendo lotado no município de Maracaju-MS e possuindo renda mensal de aproximadamente R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais), tendo, portanto, plena capacidade pecuniária de arcar com as obrigações inerentes à responsabilidade de genitor e alimentante, sem prejuízo de seu autossustento. 
Por fim, destaca-se o cenário de vulnerabilidade a qual o alimentando está inserido, sendo necessária, em caráter de urgência, a aplicação das medidas de direito cabíveis a fim de cessar tal situação. 
III - DA FUNDAMENTAÇÃO DO DIREITO
A) DA REVISÃO DE ALIMENTOS:
As provas carreadas aos autos já são suficientes para um juízo inequívoco de convencimento na esfera cível, tendo em vista que o valor da prestação alimentar não transita em julgado, podendo ser alterado a qualquer tempo, caso ocorra alteração na condição financeira do alimentado ou alimentando, conforme dispõe o artigo 1.699, do Código Civil e o artigo 15, caput, da Lei nº 5.748/68, ora invocados, respectivamente: 
“Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.”
“Art. 15. A decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado e pode a qualquer tempo ser revista, em face da modificação da situação financeira dos interessados.”
Outrossim, depreende-se do caso em tela que atualmente houve significativa queda na renda mensal familiar do requerente, uma vez que sua genitora fora demitida de seu emprego em razão da pandemia mundial ocasionada pela Covid-19, vindo a prover seu sustento e de seu filho unica e exclusivamente com o auxílio emergencial concedido à mães chefes de família, pelo Governo Federal. 
Neste segmento, é válido ressaltar que o benefício supramencionado possue caráter temporário, tendo já sido reduzido pela metade e estando na iminência de ser encerrado, agravando ainda mais o cenário de vulnerabilidade do requerente. 
Não obstante, como supracitado, verifica-se que o genitor do infante, ora requerido, encontra-se em situação econômica confortável quando comparado à maioria dos trabalhadores de seu ramo profissional, ao passo que recentemente fora promovido a supervisor de instalações elétricas em construções civis, sendo lotado no município de Maracaju-MS e possuindo renda mensal de aproximadamente R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais). 
Diante disso, elucida-se a plena capacidade do requerido de prover uma condição digna a seu filho, cumprindo, assim, aquilo que o constituinte originário esculpiu à Carta Magna de 1988, em seu artigo 227, ora invocado:
“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
Ademais, destaca-se que, à época, o valor fixado judicialmente na ação civil que homologou o acordo entre as partes, foi de R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), referentes à metade de um salário mínimo vigente (janeiro de 2014). 
Neste diapasão, é cediço que durante o lapso temporal de janeiro de 2014 até o presente momento (maio de 2021), a situação econômica nacional sofreu abruptas variações, de sorte que a inflação sobre o capital econômico variou 6,29% há cada ano, de acordo com dados estatísticos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Sendo assim, com base nos fatos aludidos, a revisão ora pleiteada mostra-se a medida de direito a ser tomada, objetivando nova fixação com base no valor de R$ 1.100,00 (mil e cem reais), referente a um salário mínimo vigente, isto é, o aumento de R$ 740,00 (setecentos e quarenta reais) em relação ao valor originalmente deferido. 
B) DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA:
Elucida-se, ainda, que, a presente demanda requer a antecipação de tutela, haja vista a existência dos requisitos que a justifique, como: fumus boni iuris (fumaça do bom direito) e periculum in mora (perigo na demora). Como bem sabido, tais requisitos são essenciais para o provimento de tutela provisória, uma vez que recai sobre o autor da ação o ônus de demonstrar a existência de um direito, bem como o prejuízo para tal na demora inerente ao curso ordinário do processo de cognição, justificando, portanto, a necessidade da antecipação do que outrora apenas se materializaria com a senteça. 
Destarte, neste sentido, dispõe o artigo 300, caput, §1º, 2º e 3º, do Código de Processo Penal, ora invocado:
“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.”
Deste modo, destaca-se, que, o fumus boni iuris restou comprovado a partir do fato de que o requerente é menor impúbere, isto é, absolutamente incapaz de prover seu autossutento, dependendo, portanto, de amparo de seus familiares, em especial, de seus genitores. In casu, nota-se a avultada condição de vulnerabilidade do alimentado e, concomitantemente, a plena capacidade do alimentante em lhe garantir uma digna qualidade de vida, de modo que lhe ofereça condições suficentes de desenvolver-se de forma saudável.
O periculum in mora, por sua vez, resta arrazoado em virtude de que neste período do curso ordinário do processo, o infante terá cerceado um de seus mais elementares direitos (alimentação), bem como tais fatos surtirão efeitos imutáveis, culminando na frustração de direitos fundamentias, como a vida e/ou integridade física. 
IV – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer à Vossa Excelência:
A) O deferrimento dos benefícios da gratuidade da justiça, nos termos do artigo 98 e seguintes, do Código de Processo Civil;
B) O deferimento da tutela de urgência, com supedâneo no artigo 300 e seguintes, do Código de Processo Civil; e
C) Seja o réu condenado ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.
Pretende-se provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em especial pelos documentos acostados à inicial, testemunhas a serem arroladas em momento oportuno, bem como novos documentos que se mostrarem necessários no decorrer da demanda.
Dá-se à causa o valor de R$ 8.880,00 (oito mil, oitocentos e oitenta reais).
Pede o deferimento.
Dourados-MS, 04 de maio de 2021.
Guilherme Barbosa Lima
OAB/MS nº 67.072