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CAPÍ T ULO 9 Projeções Extraorais e Anatomia Sotirios Tetradis e Mel L. Kantor RESUMO Critérios de seleção Técnica Avaliação da imagem Projeção lateral do crânio (projeção cefalométrica lateral) Projeção posteroanterior do crânio (projeção cefalométrica posteroanterior) Projeção (base) submentoniana Projeção de Waters Projeção de towne reversa (boca aberta) Conclusões Nos exames radiográficos extraorais, tanto a fonte de raios X como o receptor radiográfico (filme ou sensor eletrônico) estão posicionados no lado de fora da boca do paciente. Este capítulo descreve os exames radiográficos extraorais mais comuns, nos quais a fonte e o sensor permanecem estáticos. Eles incluem a projeção cefalométrica lateral do plano sagital ou mediano; a projeção submentovértice (SMV) do plano transversal ou horizontal; e as projeções de Waters, cefalométrica posteroanterior (PA) e de Towne reversa, do plano frontal ou do coronal. A radiografia panorâmica está descrita no Capítulo 10, e outras modalidades de imagens mais complexas estão descritas nos Capítulos 11 a 14. Critérios de seleção As radiografias extraorais são usadas para examinar áreas não cobertas completamente pelos filmes intraorais, ou para avaliar o crânio, a face (incluindo maxila e mandíbula), ou espinha cervical para diagnosticar doenças, traumatismos ou anormalidades. As radiografias extraorais (cefalométricas) padronizadas também ajudam a avaliar a relação entre as várias estruturas orofaciais e odontológicas, crescimento e desenvolvimento da face, ou a progressão do tratamento. Antes da obtenção de uma radiografia extraoral é essencial avaliar detalhadamente as queixas e sinais clínicos do paciente. O clínico deve decidir primeiro qual estrutura anatômica precisa ser avaliada e, depois, selecionar a projeção ou projeções adequadas. Selecionar o exame radiográfico extraoral adequado para a tarefa de diagnóstico em mãos é o primeiro passo na obtenção e interpretação da radiografia. Para a localização espacial de uma patologia, geralmente são obtidas pelo menos duas radiografias, tiradas em ângulos retos uma em relação à outra. Técnica Radiografias extraorais são produzidas por aparelhos odontológicos de raios X convencionais, certos modelos de aparelhos panorâmicos, ou unidades médicas de raios X de maior capacidade. Vistas cranianas e cefalométricas exigem um filme radiográfico de pelo menos 20 cm × 25 cm (8 pol × 10 pol). É fundamental marcar os lados direito e esquerdo da imagem corretamente e com clareza. Normalmente, isso é feito por meio da colocação de um marcador metálico (um D ou um E) do lado de fora do cassete, num canto em que o marcador não obstrua a informação de diagnóstico. Os parâmetros de exposição apropriados dependem do tamanho do paciente, anatomia, orientação da cabeça; velocidade do filme radiográfico; distância da fonte de raios X até o receptor, e se são usadas grades ou não. Em caso de doença conhecida ou suspeita, combinações tela-filme terras raras, de alta ou média velocidade, proporcionam o equilíbrio ideal entre as informações de diagnóstico e exposição do paciente. Para propósitos ortodônticos, combinações de alta velocidade reduzem a exposição do paciente sem comprometer a identificação dos pontos anatômicos necessários para a análise cefalométrica. Embora as grades reduzam a dispersão da radiação e melhorem o contraste e a resolução, elas resultam em maior exposição do paciente. A cefalometria não requer o uso de grades. Entretanto, as grades melhoram a aparência radiográfica das estruturas finas, como a arquitetura trabecular, e ajudam no diagnóstico de doenças. O posicionamento correto da fonte de raios X, do paciente e do filme radiográfico requer paciência, atenção aos detalhes e experiência. O principal ponto anatômico utilizado no posicionamento do paciente durante a radiografia extraoral é a linha cantomeatal, que une o ponto central do canal auditivo externo ao canto externo do olho. A linha cantomeatal forma um ângulo de aproximadamente 10 graus com o plano de Frankfort, a linha que conecta a borda superior do canal auditivo externo com a borda inferior do forame infraorbital. O posicionamento do receptor da imagem e do paciente, a direção do feixe central e a imagem resultante, para as projeções lateral, submentovértice, de Waters, posteroanterior e de Towne reversa, estão resumidos na Tabela 9-1 e serão descritos em detalhes no texto. A Tabela 9-1 está organizada para mostrar a rotação progressiva da cabeça em relação ao feixe de raios X nas vistas frontais e, dessa maneira, esclarecer a anatomia projetada resultante. Tabela 9-1 Aspectos Técnicos das Projeções Radiográficas Extraorais e Imagens Resultantes Avaliação da imagem As imagens extraorais devem, primeiramente, ser avaliadas pela qualidade geral. Exposição e processamento apropriados resultam numa imagem com alto contraste e bom grau de densidade. O posicionamento apropriado do paciente previne sobreposições e distorções não desejadas e facilitam a visibilidade das estruturas anatômicas. A interpretação de imagens de baixa qualidade pode levar a um diagnóstico errôneo e, consequentemente, a um tratamento inadequado. O primeiro passo de interpretação da radiografia é a identificação da anatomia. É essencial um profundo conhecimento da anatomia radiográfica normal e da aparência de variações normais para identificar a patologia. Anormalidades causam variações da anatomia normal. Detectar a anatomia alterada precede a classificação do tipo de mudança e desenvolvimento de um diagnóstico diferencial. O que não for detectado não poderá ser interpretado. As interpretações de radiografias extraorais devem ser cuidadosas e meticulosas. As imagens devem ser interpretadas num quarto com luz ambiente reduzida, e a luz periférica através do negatoscópio ou monitor deve ser mascarada. Uma rotina sistemática de interpretação deve ser usada para exploração visual da imagem diagnóstica. Um método para a exploração visual da radiografia extraoral da cabeça e do pescoço é ilustrado pelas projeções PA e lateral, mas também pode ser aplicado às projeções restantes. Esses métodos não devem ser os únicos para examinar as imagens radiográficas. Qualquer técnica que realmente assegure que toda a imagem será examinada é apropriada. Projeção lateral do crânio (projeção cefalométrica lateral) Das radiografias extraorais descritas neste capítulo, a projeção cefalométrica lateral é a mais comumente usada em odontologia. Todas as radiografias cefalométricas, incluindo a de vista lateral, são feitas com um cefalostato, que ajuda a manter uma relação constante entre o crânio, o filme e o feixe de raios X. Pontos anatômicos esqueléticos, dentários e dos tecidos moles delineiam linhas, planos, ângulos e distâncias que são usados para gerar medições e classificar a morfologia craniofacial dos pacientes. No início do tratamento, essas medições são geralmente comparadas com um padrão já estabelecido. Durante o tratamento, as medições geralmente são comparadas com medições de radiografias cefalométricas anteriores do mesmo paciente para acompanhar o desenvolvimento conforme o tratamento. Receptor de Imagem e Posicionamento do Paciente O filme radiográfico é posicionado paralelo ao plano mediossagital do paciente. O local de interesse é colocado ao lado do filme radiográfico para minimizar distorções. Na radiografia cefalométrica, o paciente é colocado com o lado esquerdo ao lado do filme (padrão americano), e o filtro adicional no cabeçote é posicionado anteriormente, com o intuito de atenuar feixes de radiações e permitir a visibilidade dos tecidos moles da face. Informações adicionais sobre a cefalometria lateral são fornecidas no final desta seção. Posição do Feixe Central de Raios X O feixe central é perpendicular ao plano mediossagital do paciente e ao plano do filme radiográfico e é centralizado acima do conduto auditivo externo. Imagem Resultante (Fig. 9-1) A sobreposição exata dos lados direito e esquerdo é impossível porque as estruturas do ladopróximo do receptor de imagem são menos ampliadas do que as estruturas mais afastadas do receptor de imagem. Estruturas bilaterais próximas ao plano mediossagital demonstram menos discrepância em tamanho em comparação com as estruturas bilaterais mais afastadas do plano mediossagital. Estruturas próximas ao plano mediossagital (p. ex., o processo clinoide e as conchas inferiores) podem ficar quase sobrepostas. FIGURA 9-1 Pontos anatômicos identificados na projeção cefalométrica lateral. Interpretação Apesar de a radiografia cefalométrica ser obtida para avaliar a relação das estruturas oral e facial, essa radiografia é também um filme lateral do crânio que oferece informações diagnósticas significativas para a anatomia da cabeça e do pescoço. Como tais, radiografias cefalométricas laterais devem primeiramente ser analisadas em busca de possíveis patologias e variações anatômicas que possam simular doenças antes da análise cefalométrica. Limitar a interpretação à análise cefalométrica não é suficiente. Para garantir que todas as estruturas anatômicas sejam avaliadas, deve-se seguir uma exploração visual sistemática de radiografias laterais cefalométricas. Essa abordagem é apresentada em seguida (Fig. 9-2): FIGURA 9-2 Explorando a projeção cefalométrica lateral. A radiografia na parte superior esquerda mostra a imagem inteira. Radiografias subsequentes correspondem aos passos de exploração. Passo 1. Avaliar a base do crânio e calota craniana. Identificar as células aéreas da mastoide, clivos, processo clinoide, sela túrcica, seio esfenoidal e teto da órbita. Na calota craniana, avaliar os sulcos dos leitos vasculares, suturas e espaço diploico. Procurar por calcificações intracranianas. Passo 2. Avaliar as faces média e superior. Identificar as órbitas, seios (frontal, etmoidal e maxilar), fissura pterigomaxilar, processo pterigóideo, processo zigomático da maxila, espinha nasal anterior e palato duro (assoalho do nariz). Avaliar o tecido mole das partes superior e média da face, cavidade nasal (conchas), palato mole e dorso da língua. Passo 3. Avaliar a face inferior. Seguir a linha externa da mandíbula: a partir dos processos condilar e coronoide; ao ramo, ângulo e corpo; e, finalmente, para a região anterior da mandíbula. Avaliar o tecido mole da parte inferior da face. Passo 4. Avaliar a coluna cervical, espaços aéreos e área do pescoço. Identificar cada vértebra individualmente, confirmar que as articulações do crânio C1 e C1-C2 estão normais e avaliar o alinhamento vertebral. Avaliar os tecidos moles do pescoço, osso hioide e espaços aéreos. Passo 5. Avaliar o osso alveolar e os dentes. A Figura 9-3 apresenta resultados incidentais identificados em radiografias cefalométricas laterais de pacientes ortodônticos assintomáticos. A calcificação do ligamento intraclinóideo e a formação de uma sela em ponte são uma variante normal comum que não demanda qualquer avaliação futura (Fig. 9-3, A). Alternativamente, expansão, contornos irregulares e destruição do assoalho selar (Fig. 9-3, B) aumentam a suspeita de uma lesão invasiva, tal como um tumor hipofisário, e exigem uma investigação mais aprofundada com processamento de imagens avançado e encaminhamento para um médico especialista. Múltiplas opacidades na calvária do paciente são o resultado de tranças capilares sobrepostas (Fig. 9-3, C). Opacidades bem definidas no aspecto superior da calvária representam calcificações das granulações aracnoides e são uma variante normal (Fig. 9-3, D). O alargamento das adenoides faríngeas e amígdalas palatinas (Fig. 9-3, E) são achados comuns em pacientes jovens, mas podem causar estreitamento das vias aéreas e dificuldades de respiração. Finalmente, a agenesia parcial do anel de atlas (Fig. 9-3, F) é um desenvolvimento anormal que causa instabilidade da articulação atlanto-occipital e atlanto-odontoide e requer uma avaliação mais aprofundada. A fusão do corpo e do processo transversal odontoide com a terceira vértebra cervical (Fig. 9-3, F), que é uma variante normal rara, também deve ser observada. FIGURA 9-3 Achados incidentais em radiografias cefalométricas laterais de pacientes ortodônticos assintomáticos são indicados por setas. A, Calcificação do ligamento intraclinoide aparecendo como uma sela em ponte. B, Expansão irregular e erosiva das paredes anterior e posterior do assoalho da sela túrcica. C, Sombras de trança capilar são sobrepostas à calvária do paciente. D, Calcificação das granulações aracnoides é uma variante normal. E, Adenoides faríngeas e amígdalas palatinas alargadas podem ser um resultado comum dependendo da idade do paciente, porém podem comprometer a respiração nasal. F, Anomalias da coluna cervical, como a agenesia do anel da atlas posterior (C1) (seta), podem causar instabilidade espinal, enquanto a fusão do processo odontoide (C2) e C3 (ponta de seta) é uma variante normal. Após a avaliação da radiografia lateral do crânio inteira, procurando por possíveis patologias, a avaliação cefalométrica do paciente continua. Existem várias análises cefalométricas baseadas numa variedade de pontos anatômicos. As análises de Steiner e Ricketts são as mais comuns que empregam os pontos de interesse esquelético, dentário e tecido mole, listados no Quadro 9-1. Uma identificação precisa dos vários pontos de interesse na radiografia cefalométrica lateral é necessária para gerar medidas cefalométricas precisas. Os pontos no Quadro 9-1 são exibidos na Figura 9-4, A, em uma vista lateral de um crânio, e na Figura 9-4, B, em uma secção da linha média de 5 mm de largura de um paciente ortodôntico, fotografada pela imagem de tomografia computadorizada de feixe cônico. Finalmente, a Figura 9-4, C, retrata a posição de referência projetada no cefalograma lateral de um paciente ortodôntico. Quadro 9-1 Definição dos Pontos Anatômicos Cefalométricos Pontos anatômicos esqueléticos 1. Pório (P): Ponto mais superior do canal auditivo externo 2. Sela (S): Centro da fossa hipofisária 3. Násio (N): Sutura frontonasal 4. Orbitário (O): Ponto mais inferior da borda infraorbitária 5. Ponto PT: Ponto mais posterior da fissura pterigomaxilar 6. Básio (Ba): Ponto mais anterior do forame magno 7. ENP: Ponta da espinha nasal posterior 8. ENA: Ponta da espinha nasal anterior 9. Ponto A (A): Ponto mais profundo da margem anterior da concavidade da linha maxilar alveolar 10. Ponto B (B): Ponto mais profundo na concavidade da margem anterior da mandíbula 11. Pogônio (Pg): Ponto mais anterior da sínfise 12. Gnátio: Ponto médio do contorno da sínfise entre o pogônio e o mento 13. Mento (M): Ponto mais inferior da sínfise 14. Gônio: Ponto mais convexo ao longo da margem inferior do ramo mandibular 15. Ponto do ramo: Ponto mais posterior da margem posteroinferior do ramo mandibular 16. R1: Ponto mais inferior do entalhe sigmoide 17. R2: Ponto arbitrário na borda inferior da mandíbula abaixo do R1 18. R3: Ponto mais côncavo da margem anterior do ramo mandibular 19. R4: Ponto mais convexo da margem posterior do ramo mandibular 20. Articulare (Ar): Ponto de intercessão entre o basisfenoide e a margem posterior da cabeça do côndilo 21. Côndilo superior: Ponto mais superior do côndilo 22. Ponto DC: Centro da cabeça do côndilo Pontos anatômicos dentários 23. Cúspide mesial U6: Ponta da cúspide vestibular mesial do primeiro molar maxilar 24. Mesial U6: Ponto de contato da superfície do primeiro molar maxilar 25. Distal U6: Ponto de contato da superfície distal do primeiro molar maxilar 26. Cúspide mesial L6: Ponta da cúspide vestibular mesial do primeiro molar mandibular 27. Mesial L6: Ponto de contato da superfície mesial do primeiro molar mandibular 28. Distal L6: Ponto de contato da superfície distal do primeiro molar mandibular 29. Incisal SE: Borda incisal do incisivo central superior 30. Facial SE: Ponto mais convexo da superfície vestibular do incisivo maxilar central 31. Raiz SE: Ponta da raiz do incisivo central superior 32. Incisal LI: Borda incisional do incisivo central mandibular 33. FacialLI: Ponto mais convexo da superfície vestibular do incisivo mandibular central 34. Raiz LI: Ponta da raiz do incisivo central mandibular Pontos anatômicos dos tecidos moles 35. Tecido mole da glabela: Ponto mais anterior do tecido mole que cobre o osso frontal 36. Tecido mole do násio: Ponto mais côncavo do contorno dos tecidos moles na ponte do nariz 37. Ponta do nariz: Ponto mais anterior do nariz 38. Subnasal: Ponto de tecido mole, onde a curvatura do lábio superior se liga ao assoalho do nariz 39. Tecido mole do ponto A: Ponto mais côncavo do lábio superior entre o subnasal e o ponto do lábio superior 40. Lábio superior: Ponto mais anterior do lábio superior 41. Stomion superius: Ponto mais inferior do lábio superior 42. Stomion inferius: Ponto mais superior do lábio inferior 43. Lábio inferior: Ponto mais anterior do lábio inferior 44. Tecido mole do ponto B: Ponto mais côncavo do lábio inferior entre o queixo e o ponto do lábio inferior 45. Tecido mole do pogônio: Ponto mais anterior do tecido mole do queixo 46. Tecido mole do gnátio: Ponto médio do contorno do tecido mole do queixo entre o tecido mole do pogônio e o tecido mole do mento 47. Tecido mole do mento: Ponto mais inferior do tecido mole do queixo Consulte a Figura 9-4. FIGURA 9-4 A, Pontos cefalométricos anatômicos mostrados em uma vista lateral do crânio. B, Pontos cefalométricos anatômicos medianos descritos em uma secção de tomografia computadorizada de feixe cônico de 5 mm de largura de um paciente ortodôntico. C, Pontos cefalométricos usados nas análises cefalométricas de Steiner e Ricketts (Quadro 9-1). Projeção posteroanterior do crânio (projeção cefalométrica posteroanterior) A segunda radiografia do crânio mais comum usada em odontologia é a projeção cefalométrica posteroanterior (PA). O cefalograma PA é usado principalmente para a avaliação das assimetrias faciais e para avaliação dos resultados da cirurgia ortognática envolvendo a linha média do paciente ou relação mandibulomaxilar. Receptor de Imagem e Posicionamento do Paciente O filme radiográfico é colocado em frente ao paciente, perpendicular ao plano sagital mediano e paralelo ao plano coronal. Para a radiografia cefalométrica PA, o paciente é colocado com a linha cantomeatal formando um ângulo de 9 graus com o plano horizontal e com o plano de Frankfurt perpendicular ao filme. Para a projeção padrão posteroanterior do crânio, a linha cantomeatal é perpendicular ao filme radiográfico. Posição do Feixe Central de Raios X O feixe central é perpendicular ao filme radiográfico, direcionado de posterior para anterior (também chamado de posteroanterior ou PA), paralelo ao plano mediossagital do paciente, e é centralizado ao nível do ápice nasal. Imagem Resultante (Fig. 9-5) O plano mediossagital (representado por uma linha imaginária que se estende do espaço interproximal dos incisivos centrais através do septo nasal até o meio da ponta do nariz) pode dividir a imagem do crânio em duas metades simétricas. A borda superior da parte petrosa pode estar no terço inferior da órbita. FIGURA 9-5 Pontos anatômicos identificados na projeção cefalométrica posteroanterior. Interpretação Similar à projeção cefalométrica lateral, o cefalograma PA deve ser visto primeiramente como um filme do crânio, antes da análise cefalométrica. Um exame sistemático da radiografia, garantindo a avaliação de todas as estruturas, deve ser seguido. Essa abordagem é apresentada em seguida (Fig. 9-6): FIGURA 9-6 Exploração da projeção cefalométrica posteroanterior. A radiografia na parte superior esquerda mostra a imagem inteira. Radiografias subsequentes correspondem aos passos de exploração. Passo 1. Avaliar a calota craniana, suturas e espaço diploico começando na área do conduto auditivo externo (CAE) esquerdo, sobre o topo da calota craniana até o CAE direito. Procurar por calcificações intracranianas. Identificar as células aéreas da mastoide e a parte petrosa dos ossos temporais esquerdo e direito. Neste e nos próximos passos, comparar os lados direito e esquerdo e procurar por simetrias. Passo 2. Avaliar as faces média e superior. Identificar órbita, os seios (frontal, etmoidal e maxilar) e o processo zigomático da maxila. Avaliar a cavidade nasal, conchas média e inferior, septo nasal e palato duro. Passo 3. Avaliar a face inferior. Seguir as linhas externas da mandíbula, começando a partir do côndilo direito e processo coronoide, ramo, ângulo e corpo através da parte anterior da mandíbula para a esquerda do corpo, ângulo, ramo, processo coronoide e côndilo. Passo 4. Avaliar a coluna cervical. Identificar o processo ou apófise odontoide, a borda superior da C2 e a borda inferior da C1. Passo 5. Avaliar o osso alveolar e os dentes. Projeção (base) submentoniana Receptor de Imagem e Posicionamento do Paciente O filme radiográfico é posicionado paralelo ao plano axial do paciente e perpendicular aos planos mediossagital e coronal. Para conseguir essa posição, o pescoço do paciente é hiperestendido tão posteriormente quanto possível, com a linha cantomeatal formando um ângulo de 10 graus em relação ao filme radiográfico. Posição do Feixe Central de Raios X O feixe central é perpendicular ao filme radiográfico, direcionado a partir da região submentoniana, passando através do vértice da cabeça (daí o nome submentovértice) e centralizado a 2 cm anteriormente à linha que liga os côndilos direito e esquerdo. Imagem Resultante (Fig. 9-7) O plano mediossagital (representado por uma linha imaginária que se estende do espaço interproximal dos incisivos centrais superiores, através do septo nasal, até o meio do arco anterior do atlas e o processo odontoide) pode dividir a imagem do crânio em duas metades simétricas. As tábuas corticais vestibular e lingual da mandíbula podem ser projetadas como linhas uniformes opacas. Uma subexposição é necessária para avaliar os arcos zigomáticos, visto que eles ficam superexpostos ou “queimados” (burned out) em radiografias feitas com fatores normais de exposição. FIGURA 9-7 A, Pontos anatômicos identificados na projeção submentovértice (SMV). B, Vista de SMV subexposta revela os arcos zigomáticos. Interpretação Conforme descrito para as projeções cefalométricas laterais e PA, uma abordagem sistemática que garante exploração da imagem completa e avaliação de todas as estruturas anatômicas é fundamental na interpretação da projeção SMV. Projeção de waters Receptor de Imagem e Posicionamento do Paciente O filme radiográfico é colocado na frente do paciente e perpendicular ao plano mediossagital. A cabeça do paciente é inclinada para cima, formando então um ângulo de 37 graus entre a linha cantomeatal e o filme radiográfico. Se o paciente estiver de boca aberta, o seio esfenoide será visto sobreposto ao palato. Posição do Feixe Central de Raios X O feixe central de raios X é perpendicular ao filme radiográfico e centralizado na área dos seios maxilares. Imagem Resultante (Fig. 9-8) O plano mediossagital (representado por uma linha imaginária que se estende do espaço interproximal dos incisivos centrais maxilares através do septo nasal até o meio da ponta do nariz) pode dividir a imagem do crânio em duas metades simétricas. A parte petrosa do osso temporal pode ser projetada abaixo do assoalho do seio maxilar. FIGURA 9-8 Pontos anatômicos identificados na projeção de Waters. Interpretação Conforme descrito para as projeções cefalométricas laterais e PA, uma abordagem sistemática que garante exploração da imagem completa e avaliação de todas as estruturas anatômicas é fundamental na interpretação da projeção de Waters. Projeção de towne reversa (boca aberta) Receptor de Imagem e Posicionamento do Paciente O filme radiográfico é colocado em frente ao paciente, perpendicular ao plano mediossagital e paralelo ao plano coronal. A cabeça do paciente é inclinada para baixo, formando então um ângulo de 25 a 30 graus entre a linha cantomeatal e o filme radiográfico. Para melhorar a visibilidade dos côndilos, a boca do pacientedeve estar aberta, de modo que as cabeças dos côndilos fiquem localizadas inferiormente à eminência articular. Quando esta imagem for requisitada para avaliar os côndilos, é necessário especificar “Towne reversa com boca aberta”; de outra maneira, uma Towne comum será feita. Posição do Feixe Central de Raios X O feixe central é perpendicular ao filme radiográfico, paralelo ao plano mediossagital do paciente e centralizado ao nível dos côndilos. Imagem Resultante (Fig. 9-9) O plano mediossagital (representado por uma linha imaginária a partir do meio do forame magno e do arco posterior do atlas através do meio do ápice nasal e do septo nasal) pode dividir a imagem do crânio em duas metades simétricas. A parte petrosa do osso temporal pode ser sobreposta à parte inferior do osso occipital, e as cabeças dos côndilos podem ser projetadas inferiormente à eminência articular. FIGURA 9-9 Pontos anatômicos identificados na projeção de Towne reversa, boca aberta. Interpretação Conforme descrito para as projeções cefalométricas laterais e PA, uma abordagem sistemática que garanta a exploração da imagem completa e a avaliação de todas as estruturas anatômicas é fundamental na interpretação da projeção de Towne reversa. Conclusões A radiografia extraoral pode fornecer informações válidas para a avaliação dos complexos dental e craniofacial. Após a avaliação dos sinais e sintomas do paciente, o profissional deverá escolher a projeção adequada que ofereça as informações diagnósticas apropriadas para a avaliação das estruturas anatômicas em questão. A Figura 9-10 resume o uso de radiografias extraorais para avaliação das diversas estruturas anatômicas. Embora a radiografia panorâmica seja o assunto do Capítulo 10, ela é incluída na Figura 9-10 para comparação. FIGURA 9-10 Utilidade relativa de projeções radiográficas extraorais para mostrar várias estruturas anatômicas. Embora a maioria das radiografias extraorais em odontologia seja de projeções cefalométricas obtidas para avaliação ortodôntica e ortognática de pacientes assintomáticos, variantes anatômicas que podem simular doenças ou afetar o tratamento ou mesmo patologia oculta podem ser identificadas. Como tais, radiografias cefalométricas devem ser vistas em primeiro lugar como radiografias do crânio e interpretadas seguindo uma abordagem sistemática, completa e experiente. Bibliografia Kantor, M. L., Norton, L. A. Normal radiographic anatomy and common anomalies seen in cephalometric films. Am J Orthod Dentofac Orthop. 1987; 91:414–426. Keats, T. E., Anderson, M. W. Atlas of normal roentgen variants that may simulate disease, ed 9. St Louis: Mosby; 2012. Long, B.W., Ballinger, P.W., Smith, B.J., et al. ed 11 Merrill’s atlas of radiographic positions and radiologic procedures, vol; 2. Mosby, St Louis, 2007. Miyashita, K. Contemporary cephalometric radiography. Tokyo: Quintessence Publishing Co; 1996. Shapiro, R. Radiology of the normal skull. Chicago: Year Book Medical Publishers; 1981. Swischuk, L. E. Imaging of the cervical spine in children. New York: Springer-Verlag; 2001.