Prévia do material em texto
Autor: ABRAHAM NUNES CEZAR SCHNEERSOHN Epítome: Alzheimer Com incidência e prevalência em indivíduos com idade superior a 60 anos, a doença de Alzheimer é a afecção demencial mais comum nessa faixa etária. Embora possa incidir sobre pacientes não sexagenários e possuir caráter hereditário autossômico dominante, a demência em questão possui, majoritariamente, acometimento ausente de história familiar. Não obstante, quando há fatores genéticos associados, tende a assumir manifestação precoce e ser repassada pelos progenitores, tal como ocorre nas demais enfermidades genéticas de cunho dominante. GBD 2016 Dementia Collaborators. Global, regional, and national burden of Alzheimer’s disease and other dementias, 1990–2016: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. Independentemente do fator de base, as apresentações sintomatológicas e sinais sugestivos identificáveis são similares. Com curso insidioso, progressivo e incurável, culmina com o óbito do paciente no decorrer de uma a duas décadas doravante ao diagnóstico. Isso a torna uma das doenças neurodegenerativas mais estudadas na atualidade, tendo em vista sua alta prevalência e o óbvio aumento de novos casos na população mundial mediante a maior expectativa de vida inerente as melhores condições de saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas DOENÇA DE ALZHEIMER Portaria SAS/MS no 1.298, de 21 de novembro de 2013. Devido a tendente longevidade supracitada, é comum que os primeiros sintomas sejam correlacionados a senilidade e, portanto, ignorados. Não raro, os doentes são diagnosticados em fases relativamente avançadas, seja por negligência dos familiares a respeito da saúde do idoso ou mesmo pelo fato de que o próprio paciente não possui dimensão do agravo de seu estado mental. Visto que os primeiros sintomas tendem a se manifestar através de déficits mnêmicos anterógrados, alterações no humor, juízo e posteriormente neuromotricidade, o próprio curso sindrômico corrobora com sua sub- diagnose e retardo no tratamento, o que resulta em danos irreparáveis na qualidade de vida e no sucesso terapêutico. Apesar do quadro clínico ser sugestivo, bem como existir possibilidade de diagnóstico provável por meio de exames de imagem, o diagnóstico final se dá por meio da identificação de depósitos de placas beta amiloides post mortem. Outrossim diz tocante aos emaranhados neurofibrilares formados através da fosforilação da proteína Tau, cuja função é a manutenção da união de tubulinas e conseguinte estruturação neuronal em indivíduos saudáveis. Além disso, existem mutações em genes como PPA, PS1 e PS2, que frequentemente são encontrados em pacientes com Alzheimer de origem familiar, bem como associação dessas mutações com a deposição precoce de placas Beta amiloides no cérebro. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas DOENÇA DE ALZHEIMER Portaria SAS/MS no 1.298, de 21 de novembro de 2013. Essa correlação entre a mutação no gene PPA, proteína precursora amilóide, pode ser endossada mediante a sua prevalência em indivíduos com cromossomopatias, especialmente a trissomia do cromossomo 21, que confere a Síndrome de Down. Essa população apresenta um índice de incidência para Alzheimer maior que o restante dos indivíduos. Vale ainda lembrar que não somente os pacientes com a síndrome apresenta mutações no gene PPA, visto que comumente encontra-se a mesma em pessoas sem a desordem cromossômica e que desenvolvem doença de Alzheimer precoce e com história familiar positiva, de acordo com dados do departamento de química da PUC-RJ. Em suma, apesar das várias possibilidades de fatores causais e múltiplos métodos para se chegar a um diagnóstico provável, a doença de Alzheimer ainda é uma das principais causas de demência no mundo e registram altas incidência e morbimortalidade. Requer, portanto, um acompanhamento multidisciplinar em congruência com apoio familiar, tanto para detecção precoce quanto para tratamento e melhoria na qualidade de vida, pois a despeito da incurabilidade e do desfecho desfavorável, existem fármacos que prometem retardo na progressão da desordem neurológica e propiciam ao paciente um desenlace mais humano. Além disso, as pesquisas em busca de novos métodos terapêuticos são incessantes e as expectativas para um futuro menos sombrio impulsionam novos estudos e aprimoramentos.