Prévia do material em texto
Colagen�e� - Reumatologi� - ECC 2 Doenças do colágeno; Grupo de doenças auto-imunes e inflamatórias que prejudicam o tecido conjuntivo; ◦ Tecido conjuntivo → formado por fibras, principalmente o colágeno; preenche os espaços entre órgãos, dá sustentação, além de ajudar na defesa do organismo; ◦ As colagenoses podem atingir vários órgãos e sistemas do corpo, como pele, pulmões, vasos sanguíneos e tecidos linfáticos. Podem produzir sinais e sintomas principalmente dermatológicos e reumatológicos, que incluem dores nas articulações, lesões na pele, alterações na circulação sanguínea ou boca e olhos secos. - Principais colagenoses: Lúpu� Eritemat�� Sistêmic� Poliarterit� Nod�� Esclerodermi� Sistêmic� Dermatomi�it� → Lúpu� eritemat�� sistêmic�: ◦ Doença inflamatória crônica de origem autoimune, associada à produção de autoanticorpos e formação de complexos imunes que desencadeiam dano tecidual; ◦ Os sintomas podem surgir em diversos órgãos de forma lenta e progressiva, com fases de atividade e de remissão; ◦ Há possibilidade de múltiplos autoanticorpos diferentes serem produzidos, podendo ocasionar lesão em diversos órgãos e sistemas; ◦ A etiologia do LES permanece pouco conhecida, porém sabemos que há participação de fatores genéticos, hormonais e ambientais. - Epidemiologia (LES): ◦ Prevalência variável de 25-150 casos para 100.000 pessoas em diferentes locais do mundo; ◦ Incidência de 1-10 casos para cada 100.000 pessoas/ano; ◦ Mais prevalente na mulher, 10, 12 mulheres : 1 homem. ◦ A maioria dos estudos mostra que a média de idade por ocasião do diagnóstico de LES seja em torno de 31 anos, curiosamente, em alguns estudos realizados na Europa, a média de idade por ocasião do diagnóstico foi mais alta, variando de 47 a 50 anos; ◦ O LES acomete indivíduos de todas as raças, mas, em estudos norte-americanos, sua prevalência é de 3 a 4 vezes maior em mulheres negras do que em brancas; ◦ O predomínio no sexo feminino ocorre em todas as faixas etárias, mas é menos marcante nas crianças e nos idosos. - Etiologia e Etiopatogenia: ◦ Multifatorial, envolvendo predisposição genética e fatores ambientais: OBS: Procainamida → antiarrítmico; isoniazida → presente no coquetel de tratamento da tuberculose; ◦ Estrogênio → diminuição da apoptose do linfócito B → sem a morte de linfócitos B, eles passam a produzir continuamente os auto anticorpos; ◦ Aumento do risco para as mulheres que fazem o uso de anticoncepcionais orais; ◦ O ponto principal no LES é a produção anormal de autoanticorpos pelos linfócitos B e falha nos mecanismos supressores e de regulação imunológica; ◦ A lesão tecidual no LES decorre principalmente da formação e da deposição de imunocomplexos (IC), da ativação do sistema de complemento e do consequente processo inflamatório; ◦ O paciente com LES apresenta distúrbios imunológicos caracterizados pela produção de vários auto-anticorpos (auto-Ac) patogênicos e IC, assim como pela falha na depuração desses auto-Ac e de IC. ◦ O déficit na depuração de material de células apoptóticas, propiciando a apresentação de antígenos próprios ao sistema imunológico, tem sido reconhecido como um dos mecanismos que parece favorecer a perda de tolerância imunológica e o desenvolvimento de auto-AC nessa doença. ◦ Os auto-Ac causariam lesão tecidual, que, por sua vez, forneceria mais auto-antígenos, propiciando a perpetuação da resposta auto-imune. - Manifestações clínicas: ◦ Períodos de atividade e períodos variados em que os pacientes ficam assintomáticos ou oligossintomáticos; ◦ O comprometimento de diversos órgãos ou sistemas pode ocorrer de forma simultânea ou seqüencial; ◦ Adinamia, mal-estar, fadiga, perda de peso e febre → fase ativa da doença; ◦ A febre pode ser baixa e contínua, ou alta, em picos, e deve ser diferenciada de infecção intercorrente. ◦ A fadiga é uma queixa muito frequente e inespecífica. ◦ A possibilidade de coexistência de fibromialgia deve ser lembrada em pacientes com fadiga e dor difusa, sem outros indicativos de doença ativa. ◦ A perda de peso geralmente é leve; contudo, em alguns casos, pode ser bastante acentuada, levando à caquexia lúpica. Constitucionais = sintomas inespecífico; Pleuris = inflamação da pleura; Fenômeno de Raynaud = vasoconstrição nas extremidades - pés e mãos - geralmente em resposta ao frio. Cor da pele ou fica pálida, ou vermelha ou arroxeada → ocorre em pessoas saudáveis também, mas sempre deve-se lembrar de perguntar durante a investigação de um paciente com suspeita de LES. Azotemia = lesão da função renal com aumento da ureia ou da creatinina; - Envolvimento cutâneo: ◦ Ocorre em cerca de 80% dos casos, ao longo da evolução da doença. ◦ Lesão em asa de borboleta ou vespertílio (50 a 61%), é caracterizada por ter início agudo, ser eritematosa, com localização em regiões malares e no dorso do nariz; ◦ Outras lesões agudas são as eritematomaculares, papulares ou maculopapulares, além das lesões bolhosas, de localização preferencial em áreas expostas ao sol; ◦ As lesões do lúpus cutâneo subagudo são pápulas eritematosas ou pequenas placas, de aspecto anular ou policíclico, lembrando eritema anular centrífugo. ◦ As lesões crônicas (discóides) costumam se iniciar como pápulas ou placas eritematosas, que evoluem tornando-se espessadas e aderidas, com hipopigmentação central. ◦ Com a progressão da lesão, ocorre formação de rolha folicular, com cicatriz e atrofia central, acompanhadas de alterações discrômicas, e se localizam preferencialmente em áreas expostas ao sol como a face, a região do decote, o dorso e os membros superiores. - Manifestações clínicas: ◦ A linfadenopatia é comum na doença ativa. Linfonodos de pequeno tamanho e a linfadenopatia é generalizada. - Envolvimento Cardiopulmonar: - Comprometimento de Serosas: ◦ Pleuris e/ou pericardite são encontrados em cerca de 50% dos pacientes durante a evolução da doença → pode produzir dor pleural, palpitações ou precordialgia decorrente de pericardite, são observadas em freqüência bem menor; - Comprometimento Pulmonar: ◦ Febre, dispnéia e tosse, com ou sem cianose, ou escarro hemoptóico são manifestações que podem ocorrer na pneumonite aguda lúpica. ◦ A hemorragia pulmonar é uma manifestação rara, de alta mortalidade, podendo ser acompanhada de hemoptise maciça. - Comprometimento Cardíaco/Vascular: ◦ O envolvimento do endocárdio (endocardite de Libman-Sacks) pode ocasionar aparecimento de sopros valvares, na maioria das vezes assintomáticos. ◦ O fenômeno de Raynaud é referido em 20 a 40% dos casos e geralmente ocorre na fase ativa da doença. ◦ A vasculite afeta sobretudo a mucosa oral ou nasal e polpas digitais de mãos e pés. - Comprometimento Digestivo: ◦ Hepatomegalia em 10 a 30% dos pacientes ◦ A esplenomegalia, em 20%. ◦ Uma inflamação aguda do peritônio pode causar dor abdominal e ascite asséptica, podendo muito raramente evoluir com peritonite crônica. - Comprometimento Ocular: ◦ São descritos conjuntivite (10%), uveíte (2%) e vasculite retiniana (9%). ◦ Comprometimento de vasos retinianos também pode ser decorrente de trombose em virtude dos anticorpos antifosfolípides. - Alterações Endócrinas: ◦ Alterações do ciclo menstrual podem ocorrer na fase ativa da doença, podendo ser atribuídas à presença de anticorpos contra antígenos ovarianos ou ao uso de medicamentos como a ciclofosfamida e corticosteróides em doses altas. ◦ A menopausa precoce é descrita em pacientes com LES, mesmo na ausência de uso de ciclofosfamida. - Envolvimento Músculo Esquelético: ◦ Artrite de pequenas articulações das mãos, dos punhos e dos joelhos frequentemente é simétrica e costuma ter caráter intermitente. ◦Não cursa com erosões ósseas. ◦O comprometimento de tecidos periarticulares é frequente - pois há um processo inflamatório desses tecidos. ◦ Há possibilidade de associação do lúpus com a artrite reumatóide; ◦Queixas articulares, principalmente nos ombros, no quadril e nos joelhos, também podem ser causadas por necrose óssea avascular, que é encontrada em cerca de 10% dos casos e geralmente ocorreem múltiplos sítios. - Envolvimento Hematológico: ◦ Anemia no LES é do tipo normocrômico e normocíticas, sendo atribuída à doença crônica e à atividade inflamatória da doença; ◦ Em menos de 15%, a anemia pode ser do tipo hemolítica auto-imune, que pode ocorrer abruptamente e ser mais grave ◦A leucopenia e a linfopenia são comuns na fase ativa da doença. ◦A plaquetopenia grave, com menos de 30 mil plaquetas/mm3 (o que oferece risco de sangramentos), ocorre em menos de 10% dos casos. ◦As plaquetopenias crônicas (não chegam ao ponto de ter < 30 mil) podem ser decorrentes da presença de anticorpos antifosfolípides e, geralmente, não costumam causar sangramento. ◦Muito raramente, pode ocorrer pancitopenia por aplasia medular. - Envolvimento Renal: ◦O envolvimento renal é caracterizado pela presença de: -Proteinúria > 0,5 g/24 horas -Cilindrúria anormal -Aumento dos níveis séricos de creatinina, sem outra causa *Alteração do sedimento urinário e/ou proteinúria ocorre em cerca de 50% dos pacientes ao longo da evolução da doença. ◦ Nefrite Lúpica é caracterizada por: -Proteinúria -Hipertensão -Elevação da creatinina sérica * 10% dos pacientes com nefrite lúpica evoluem para insuficiência renal terminal após 5 anos. CLASSIFICAÇÃO DA NEFRITE LÚPICA: ◦• classe I: nefrite lúpica mesangial mínima; ◦• classe II: nefrite lúpica mesangial proliferativa; ◦• classe III: nefrite lúpica focal (< 50% dos glomérulos estão envolvidos); ◦• classe IV: nefrite lúpica difusa (> 50% dos glomérulos estão envolvidos); ◦• classe V: nefrite lúpica membranosa; ◦• classe VI: nefrite lúpica esclerosante avançada. ◦Embora não haja consenso com relação a alguns dos fatores (cor negra, idade < 20 anos) por ocasião do início da nefrite, outros fatores, como síndrome nefrótica, alto índice de cronicidade, hipocomplementemia classe IV, anemia e hipertensão arterial, estão associados a pior prognóstico renal em diversos estudos. ◦Trombose glomerular devido a anticorpos antifosfolípides também pode ser causa de perda da função renal e hipertensão arterial. - Comprometimento Neurológico: SNC: -Estado confusional agudo -Disfunção cognitiva -Psicose -Distúrbios do humor -Distúrbios da ansiedade -Cefaléia -Doença cerebrovascular -Mielopatia -Distúrbios do movimento -Síndromes desmielinizantes -Convulsão e meningite asséptica SNP: Neuropatia cranial Polineuropatia Mononeuropatia simples ou múltipla Polirradiculopatia aguda inflamatória desmielinizante Distúrbio autonômico Miastenia grave - Diagnóstico: ◦ Critérios do American College of Rheumatology para a classificação do LES, a presença de quatro ou mais desses critérios tem sensibilidade e especificidade de 96%. ◦ 1. Lesão discóide. ◦ 2. Eritema malar. ◦ 3. Artrite não-erosiva em duas ou mais articulações. ◦ 4. Fotossensibilidade. ◦ 5. Úlcera de mucosa oral ou nasal. ◦ 6. Serosite (pericardite ou pleuris). ◦ 7. Comprometimento neurológico: psicose ou convulsão. ◦ 8. Comprometimento renal: proteinúria > 0,5 g/24 h ou cilindrúria anormal. ◦ 9. Comprometimento hematológico: anemia hemolítica, leucopenia (< 4.000 células/ mm3), linfopenia (< 1.500 células/mm3) e/ou plaquetopenia (< 100.000 células/mm3). ◦ 10. Anticorpo antinuclear positivo. ◦ 11. Alteração imunológica (anticorpo antifosfolípide, anti-Sm e/ou anti-DNA nativo). - Diagnóstico Laboratorial: ◦ Havendo suspeita de lúpus, devem ser realizados o teste de FAN, hemograma completo e urinálise. Se os resultados destes exames foram todos normais, a possibilidade de LES é excluída. - Tratamento - Orientações Gerais: ◦ Proteção solar: evitar a exposição solar; usar protetor solar com, no mínimo, FPS > 15; ◦ Atividade física: pode ser necessária a sua restrição em pacientes na fase muito ativa da doença. Após o controle da fase inflamatória, é preciso estimular atividade física regular e progressiva, para melhorar o condicionamento cardiovascular, manter o trofismo muscular e prevenir a diminuição da massa óssea e doenças cardiovasculares. ◦ Evitar ou eliminar o tabagismo; ◦ Tratamento adequado de hipertensão arterial: os inibidores da enzima conversora da angiotensina são os anti-hipertensivos de eleição, desde que não haja contra-indicação para seu uso; ◦ Tratamento da dislipidemia: além da dieta, o uso de estatinas deve ser prescrito para todos os pacientes que não conseguem manter controlados os níveis de colesterol. - Tratamento - Medicamentoso - Comprometimento Cutâneo: ◦ Lesões cutâneas localizadas podem ser tratadas com corticosteróides tópicos, associados aos antimaláricos (difosfato de cloroquina); ◦Infiltrações com corticosteróides podem ser feitas quando as lesões não forem disseminadas ou extensas. ◦ Nas lesões muito exuberantes, ou quando não houver resposta aos antimaláricos, utiliza-se prednisona. ◦Nos pacientes com lesões cutâneas refratárias a essa terapêutica, podem ser utilizados o metotrexato, a azatioprina ou a talidomida ( permitida somente em pacientes sem qualquer risco de gravidez). A dapsona tem apresentado bons resultados em pacientes com lesões bolhosas do lúpus. - Comprometimento Articular: ◦ A artrite pode ser tratada com antiinflamatórios não-hormonais (AINH) ou inibidores específicos de COX-2, desde que não haja contra-indicação para seu uso. ◦ Deve-se evitar o uso desses medicamentos em pacientes com nefrite e hipertensão arterial ou com comprometimento da função renal. ◦ Nos casos não-responsivos, pode-se utilizar prednisona em doses baixas (7,5 a 15 mg/dia). ◦ Em pacientes com artrite crônica ou artrite recidivante, devem-se utilizar antimaláricos ou metotrexato, para poupar corticosteróide. ◦ Nas monoartrites ou oligoartrites crônicas, a infiltração intra-articular com hexacetonido de triancinolona tem mostrado bons resultados. - Comprometimento de Serosas: ◦ A serosite leve pode ser tratada com AINH em doses habituais e, quando mais grave com prednisona em dose < 0,5 mg/kg/dia. ◦ Nos casos não-responsivos, é importante afastar outras causas de serosites, como a tuberculose. ◦ Nas serosites crônicas lúpicas, não-responsivas a corticosteróide, pode ser necessário o uso de imunossupressores. - Comprometimento Hematológico: ◦ Corticosteróide é indicado para o tratamento das citopenias. ◦ Nos casos mais graves (plaquetopenia ou anemia hemolítica grave), pode-se optar por pulsoterapia com metilprednisolona (1 g/dia, EV, por 3 dias consecutivos) e, na falta de resposta, utilizam-se imunossupressores. ◦ Nos episódios agudos de plaquetopenias com risco de sangramento grave, pode ser indicada a imunoglobulina endovenosa por 5 dias consecutivos, associada a pulso de metilprednisolona. ◦ Danazol pode ser uma opção para plaquetopenias refratárias, crônicas. Plaquetopenias crônicas assintomáticas não necessitam de tratamento específico. ◦ A esplenectomia está indicada apenas nos casos selecionados de plaquetopenia importante, não-responsivos ao tratamento clínico. ◦ Mais recentemente, o anticorpo monoclonal anti-CD20 (rituximabe) tem mostrado ser eficaz para o tratamento de plaquetopenia, mas seu alto custo deve ser considerado. ◦ A leucopenia isolada na maioria dos casos não necessita de tratamento específico e, nos casos mais graves, costuma responder ao uso de corticosteróides. - Comprometimento Renal: ◦ As nefrites proliferativas (classe III e IV) devem ser tratadas com associação de corticosteróides e imunossupressores, para se evitar a perda da função renal. ◦ Apesar dos reconhecidos efeitos colaterais, a ciclofosfamida (CF) ainda é considerada a primeira opção terapêutica para nefrite lúpica proliferativa, principalmente se houver comprometimento de função renal. - Comprometimento Neurológico: ◦ As manifestações neurológicas decorrentes de tromboses vasculares causadas por anticorpos antifosfolípides devem ser tratadas com heparina endovenosa ou subcutânea (heparina de baixo peso molecular) na fase aguda, quando houver indicação. ◦ O uso de anticoagulantes orais ou aspirina por tempo prolongado, nos casos de tromboses arteriais cerebrais, dependerá da gravidade de cadacaso. ◦ Corticosteróides em altas doses são as drogas de escolha para o tratamento de vasculites cerebrais. Nos casos graves, podem-se associar imunossupressores; - Lúpus Eritematoso Sistêmico (Resumo): ◦Doença autoimune multissistêmica ◦Predomínio no sexo feminino, na idade fértil ◦Manifestações clínicas mais frequentes são cutâneas, articulares e renais ◦Caracterizada pela presença de autoanticorpos e consumo de complemento - Caso Clínico: ◦ ID: MRM, sexo feminino, 30 anos, branca, solteira, procedente de SBC e natural de S José do Rio Preto, do lar, católica, nível superior incompleto; ◦ QD: dores no corpo há 6 meses ◦ HPMA: Paciente procura o ambulatório de reumatologia por dores em todo corpo com início há 6 meses. Notou presença de edema em punhos e quirodáctilos esporadicamente. Relata também ter notado lesões avermelhadas de pequeno tamanho e planas na região do dorso, sem prurido, que aparecem e desaparecem espontaneamente, sem deixar cicatrizes. ◦ HPMA (cont): Notou sensação de febre não medida esporadicamente, com calafrios, que acabam melhorando espontaneamente. Há um ano perdeu cerca de 6 kg, notou dificuldade em realizar atividade física e muita fadiga, tendo que sair da academia que frequentava. Também notou episódios gripais frequentes, dor de garganta e furunculose nesse último 1 ano. ◦ Exame Físico: ◦ Pa= Normal e FC= normal ◦ Peso= 65 kg (perdeu 6 kg) IMC= sobrepeso. Não se observou artrite ou lesões cutâneas na avaliação reumatológica -Exames Complementares Hb= 11,0, Ht= 33 (anemia normocítica e normocrômica) leuco= 5500 (4000-11000) plaq= 295.000 ( 150.000-400.000) VHS= normal FR= normal FAN= 1/160 (positivo) cr= 0,8 U= 40,00 Urina I= normal C4= 18 ( 20-40) anti DNA = 1/10 (positivo) Sorologias para hepatite B, C e HIV= negativas. ◦ Paciente em questão tem: ◦ 1. Anemia ◦ 2. Febre ◦ 3.Artralgias ◦ 4.anti DNA e FAN positivos ◦ 5.C4 baixo -HD: LES -Conduta: prednisona 20 mg dia por 30 dias e depois 10 mg ◦ Evolução: Retorna após 2 meses com exames: -Melhora do hemograma -Urina I= Proteinúria 1+/4+ e leucocitúria -Proteinúria de 24 hs: 180 mg/24 hs Foi mantido a prednisona e observação da função renal. ◦ Retorno após 2 meses: - Assintomático, com melhora da artralgia - Proteinúria= 2.145g/24 hs -Urina I= hematúria e proteinúria -PA: 140/90 mmHg -Cr= 1,5 U= 60 HD: Nefrite Lúpica - Encaminhada ao nefrologista e aumentou-se a dose da Prednisona para 60 mg/dia e Losartana. -Nefro indicou biópsia renal e pulso com Metilprednisolona 1g EV 1x mês por 6 meses. -Biópsia: Glomerulonefrite membranosa (Classe V) -Na evolução houve redução da proteinúria para 1.262 g/24 hs, com retorno da função renal e melhora da PA. → Poliarterit� nod�� (PAN): ◦ A poliarterite nodosa (PAN) é uma forma rara de vasculite sistêmica que afeta apenas os vasos de tamanho médio (ou seja, artérias de pequeno e médio porte). ◦ A PAN está relacionada ao vírus da hepatite B, tornando-se muito rara desde a introdução de programas eficazes de imunização contra o vírus. ◦ PAN é uma doença rara que afeta todos os grupos raciais, atingindo mais os homens do que as mulheres, e manifestando-se sobretudo em pacientes na faixa dos 40-60 anos. ◦ As crianças também podem ser afetadas pela doença. ◦ A angiografia tipicamente demonstra microaneurismas e estreitamento focal em vasos sanguíneos de tamanho médio. - Etiopatogenia: ◦ Infecção pelo vírus B → a presença de imunocomplexos. ◦ O consumo de complemento é incomum na PAN. ◦Aparentemente, antígenos virais dão início à cascata do complemento, levando a um infiltrado inflamatório rico linfocítico e neutrofílico em artérias, o que leva a fibrose, trombose ou degeneração aneurismática. - Manifestações Clínicas: ◦ Febre, mialgias e perda de peso, são encontrados em até 90% dos pacientes com a doença. Outro sintoma sistêmico bastante comum é a artralgia. ◦ O sistema nervoso periférico (SNP) pode ser afetado com mononeuropatia múltipla ou polineuropatia periférica em até 75% dos pacientes. ◦ Alterações cutâneas incluem púrpura, lesões livedoides, nódulos subcutâneos e úlceras necróticas, sendo comum também edema de membros inferiores. ◦ Isquemia de órgãos → uma das mais graves manifestações da doença. ◦ Os rins são os órgãos mais comumente afetados, com infarto do tecido e hematomas. Infartos renais podem ser clinicamente silenciosos ou produzir hematúria e proteinúria. ◦ Alterações gastrointestinais (isquemia mesentérica, podendo levar ao abdome agudo perfurativo. ◦ Normalmente, não afeta os pulmões. - Diagnóstico de PAN: ◦ Aumento das provas inflamatórias (VHS maior que 100mm/h), anemia normocítica e normocrômica, leucocitose neutrofílica, trombocitose, elevação da creatinina. ◦ Exames mais específicos para confirmação diagnóstica são a análise histopatológica (revelando a arterite necrotizante característica, sendo pele, músculo e nervo os locais preferenciais para realização da biópsia) e a angiografia, para demonstrar microaneurismas. ◦ Os critérios diagnósticos para poliarterite nodosa deverão preencher três dos dez seguintes parâmetros: ◦ 1) perda ponderal de mais de 4 kg; ◦ 2) livedo reticular; ◦ 3) Dor ou edema testicular; ◦ 4) mialgia; ◦ 5) neuropatia periférica; ◦ 6) pressão arterial diastólica superior a 90mmHg; ◦ 7) elevação de ureia e creatinina; ◦ 8) positividade para hepatite B (HBsAg positivo); ◦ 9) anormalidades arteriográficas (aneurismas ou oclusões); ◦ 10) alterações histopatológicas (granulócitos ou granulócitos e mononucleares na parede arterial) - Tratamento: ◦ O tratamento dependerá se a PAN é idiopática ou se está ligada ao vírus da hepatite B. ◦ Na idiopática → glicocorticóides e os agentes citotóxicos. ◦ Em casos graves de PAN idiopática, é recomendável o uso de pulsos endovenosos de glicocorticóides; ◦ Nos pacientes com doença refratária ao uso dos corticoides ou que apresentem acometimento grave de órgãos importantes, a ciclofosfamida será a droga mais indicada ◦ Na associada ao vírus da hepatite B a abordagem inicial é realizada com glicocorticóides, para suprimir a inflamação. Logo após, o paciente fará ciclos de plasmaférese (três trocas por semana) por 6 semanas. As doses dos glicocorticóides serão reduzidas ao longo de 2 semanas e, em seguida, o paciente começa a receber tratamento antiviral. → Esclerodermi� o� escler�� sistêmic�: ◦ A esclerose sistêmica (ES) é uma doença inflamatória crônica idiopática, com características autoimune, que se caracteriza por endarterite proliferativa e fibrose da pele e dos órgãos internos, particularmente pulmões, trato gastrintestinal, coração e rins. ◦ Incidência: 4 a 19 indivíduos por milhão de habitantes; ◦ Afeta principalmente mulheres, na faixa etária dos 30 aos 50 anos. → Etiopatogenia: ◦ A etiologia e a fisiopatologia permanecem indefinidas; ◦ Fibrose tecidual e lesão vascular são as alterações histológicas características. ◦ A fibrose tecidual → deposição excessiva de colágeno, glicosaminoglicanos e outros componentes da matriz extracelular no tecido conjuntivo da derme e dos órgãos internos; ◦ Proliferação miointimal com conseqüente diminuição luminar de pequenas artérias e capilares e estado de isquemia crônica são as alterações vasculares mais importantes; ◦ Pode haver também lesão endotelial, ativação plaquetária, diminuição da deformabilidade das hemácias e aumento na formação de trombos, o que contribui para a diminuição da perfusão sanguínea. - Diagnóstico: ◦ Critérios diagnósticos propostos pelo American College of Rheumatology (ACR – Colégio Americano de Reumatologia), no qual o diagnóstico é definido se a pessoa apresentar o critério maior ou pelo menos dois dos critérios menores: -Critério maior: escleroderma proximal às articulações metacarpofalângicas; -Critérios menores: esclerodactilia; úlceras, microcicatrizes ou perda de substância de polpas digitais; e fibrose intersticial pulmonar basilar bilateral. - Manifestações Clínicas: ◦ Apresentação clínica e a evolução da ES são extremamente variáveis, sendo que os pacientes com a forma cutânea difusa da ES apresentamum curso clínico bastante diferente dos pacientes com a forma cutânea limitada. ◦ Os pacientes com a forma difusa da doença costumam apresentar rápida progressão do comprometimento cutâneo e maior risco de acometimento renal, cardíaco e pulmonar nos primeiros 5 anos da doença. Após esse período, a doença costuma estabilizar-se e novas manifestações viscerais são pouco frequentes. ◦ Os pacientes com a forma limitada apresentam um curso mais indolente e benigno e costumam exibir apenas o fenômeno de Raynaud durante muitos anos. ◦ Outros sintomas comuns são: artralgia, fenômeno de Raynaud***, micronecrose das polpas digitais***, xerostomia, xeroftalmia, fibrose pulmonar, disfagia, dispneia e obstipação. - Fenômeno de Raynaud: ◦ Costuma ser o sintoma inicial mais frequente na ES, ocorrendo, ao longo da doença, em mais de 90% dos pacientes. ◦ Episódios reversíveis de vasoespasmo de extremidades, associados a palidez e/ou cianose, às vezes seguidos por rubor de mãos e/ou pés, normalmente após contato com o frio ou estresse emocional ◦ Pode acometer de 4 a 20% da população geral e, na maioria dos casos, é um evento funcional benigno, sem qualquer doença subjacente. - Exames Complementares: ◦ O diagnóstico da ES é eminentemente clínico, não sendo necessária, na maioria dos casos, a solicitação de muitos exames complementares. ◦ Entretanto, dois exames costumam ser extremamente úteis, sobretudo para a avaliação e o diagnóstico das formas iniciais da doença: a capilaroscopia periungueal e a pesquisa de anticorpos antinúcleo e antinucléolo. ◦ Anticorpos antinucléolo → podem ocorrer em diversas enfermidades auto-imunes, mas, quando em títulos maiores que 1/640, são altamente sugestivos de ES. - Tratamento: ◦ Medidas Gerais: - Proteção ao frio para diminuir a intensidade do fenômeno de Raynaud, bem como eventos vasoespáticos sistêmicos. Evitar o fumo e descontinuar o uso de drogas betabloqueadoras. -Fisioterapia e terapia ocupacional → prevenção de deformidades e incapacidade funcional causadas por contratura articular e tendínea. ◦ Tratamento Medicamentoso: ◦ Ensaios clínicos com ciclofosfamida, metotrexato, análogos da prostaglandina, bosentan e transplante de células-tronco hematopoiéticas mostraram benefício sobre determinadas manifestações da ES. ◦ A ciclofosfamida é uma droga imunossupressora - pneumonite intersticial. ◦ Corticosteróides, geralmente, não são úteis para o tratamento da ES. Seu uso deve ser restrito às manifestações inflamatórias, como serosite e artrite, e à fase edematosa do comprometimento cutâneo. → Dermatomi�it�: ◦ A dermatomiosite é uma doença do tecido conjuntivo que associa miopatia a manifestações cutâneas características. ◦ Idiopática. ◦ Etiologia → antígenos de histocompatibilidade, vírus, drogas e auto-imunidade. ◦ Pacientes apresentam manifestações cutâneas e sistêmicas, sendo mais comuns lesões em áreas fotoexpostas, fraqueza muscular proximal, alterações da musculatura respiratória e disfagia. - Epidemiologia: ◦Dois picos de incidência: cinco a 14 anos e 45 a 65 anos; ◦ Mais comum em mulheres. - Etiologia: ◦ Auto-imunidade, sendo presentes alguns antígenos de histocompatibilidade (HLA) ◦ Infecções virais são precipitantes da doença, tais como influenza A, hepatite B, Coxsackie e Picornavírus. ◦ A miosite ocorre também após infecção por Echovírus, HIV e HTLV. ◦ Há ainda associação com protozoários, como o Toxoplasma gondii. ◦ As lesões cutâneas e musculares são agravadas pelo sol. ◦ Algumas drogas são precipitantes da doença. Há suspeita de associação com implante de silicone. ◦ Pode haver associação a outras doenças auto-imunes. - Manifestações clínicas: ◦ Poliartrite simétrica de pequenas articulações, especialmente em fases precoces da doença. ◦ A musculatura faríngea pode ser acometida, causando disfagia superior, manifestada como dificuldade de início da deglutição, regurgitação nasal ou disfonia - pode acarretar em pneumonia aspirativa. ◦ O envolvimento pulmonar ocorre em até 50% dos pacientes. - Diagnóstico de dermatomiosite: ◦ Sugerido pela constatação de achados cutâneos como: fraqueza muscular e evidências laboratoriais de miosite. ◦ A avaliação laboratorial deve incluir enzimas musculares como CPK e aldolase, além de hemograma, PCR, VHS, testes de função hepática, TSH. A CPK é mais sensível que a aldolase e é útil no acompanhamento terapêutico. ◦ Os níveis de CPK estão elevados cerca de 10 vezes o valor de normalidade. ◦ Também devem ser pesquisados anticorpos antinucleares (FAN) e anticorpos específicos para miosites, o anti-Jo1 (anti-sintetase). ◦ Os achados histopatológicos geralmente incluem evidência de lesão de capilares e fibras perifasciculares. - Tratamento da Dermatomiosite: ◦ Objetivo: melhorar a força muscular e evitar o desenvolvimento de complicações extra musculares, além de resolver as manifestações cutâneas. ◦ A principal medicação na terapia inicial é o glicocorticóide. ◦ Pacientes com manifestações cutâneas de DM → corticosteróides tópicos; ◦ Pacientes com miopatia inflamatória associada a fraqueza muscular significativa, recomenda-se glicocorticoides orais. Caso não haja resposta satisfatória, devem ser excluídos diagnósticos alternativos, miopatia por corticoides e malignidade oculta. Excluídas essas opções, o próximo passo é a adição de um agente imunossupressor.