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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR – SETI UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS APUCARANA JÉSSICA LETÍCIA SOUZA DA SILVA A CADEIA PRODUTIVA DO SETOR MADEIREIRO: CONDIÇÕES DE COMPETIÇÃO E CONFIGURAÇÃO PARA O BRASIL E O PARANÁ PÓS 2000 APUCARANA – PR 2017 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR – SETI UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS APUCARANA JÉSSICA LETÍCIA SOUZA DA SILVA A CADEIA PRODUTIVA DO SETOR MADEIREIRO: CONDIÇÕES DE COMPETIÇÃO E CONFIGURAÇÃO PARA O BRASIL E O PARANÁ PÓS 2000 Monografia apresentada ao Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual do Paraná, UNESPAR, campus de Apucarana, como requisito parcial à conclusão do curso. Orientador: Paulo Cruz Correia APUCARANA- PR 2017 GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR – SETI UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR CAMPUS APUCARANA JÉSSICA LETÍCIA SOUZA DA SILVA A CADEIA PRODUTIVA DO SETOR MADEIREIRO: CONDIÇÕES DE COMPETIÇÃO E CONFIGURAÇÃO PARA O BRASIL E O PARANÁ PÓS 2000 Monografia apresentada ao Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual do Paraná, UNESPAR, campus de Apucarana, como requisito parcial à conclusão do curso. Aprovado, em dezembro de 2017. BANCA EXAMINADORA __________________________________ Profº Drº. Paulo Cruz Correia Orientador __________________________________ Profª. Mª Noelia Felipe Membro __________________________________ Profª. Mª Carina Nakatani Macedo APUCARANA 2017 DEDICATÓRIA A Deus, por ter aberto as portas e mostrado o caminho. Quem me sustentou nos momentos mais difíceis. AGRADECIMENTOS Agradeço a todos os meus professores que de alguma forma contribuíram para que eu pudesse chegar até aqui. Agradeço ao professor Paulo que me ajudou não apenas na conclusão dessa pesquisa, mas que abriu meus horizontes com o projeto de Iniciação Cientifica ao qual trabalhamos juntos. Agradeço ao professor Rafael por ter me ajudado na correção do trabalho e me mostrado pontos os quais eu poderia melhorar. Agradeço aos meus familiares, ao meu namorado e aos meus amigos que de alguma forma me deram suporte para que eu pudesse estar aqui hoje. E por fim agradeço mais uma vez a Deus. RESUMO: Este trabalho tem como objetivo, apresentar como está organizada a cadeia produtiva madeireira Brasileira e Paranaense. Apesar da atual crise, enfrenta um bom momentos positivos na economia brasileira. As Inovações do setor para matérias-primas como o pinus e o eucalipto substituem a escassez de madeiras nobres. O Brasil possui vantagens comparativas, em relação a outros países produtores, sendo o quarto maior produtor mundial. O setor ainda alcança os segmentos de móveis, celulose e papel, em móveis a indústria vem se modernizando para atuar em mercados exigentes, em celulose e papel as inovações tem alcançado a modernização. As exportações de madeiras e manufaturados no estado do Paraná, em 2016, alcançou o quinto maior produto exportado, o setor de móveis no estado paranaense é promissor figurando-se como um dos segmentos que mais emprega. Contando com os produtos madeireiro e moveleiro, essa cadeia emprega 74 mil trabalhadores, 13% de toda a indústria da transformação do Paraná. A metodologia utilizada será a da compilação de dados secundários de autores que já trataram do assunto, e por meio da colaboração de entidades do setor, bem como de órgãos governamentais e estaduais. O tema apresentado merece verificação no Paraná, em razão deste ser um dos principais responsáveis pelas exportações de móveis do país, gerando um significativo volume de empregos diretos ao estado paranaense, e ainda, criando importante volume de renda e arrecadação tributária a este Estado. Os resultados verificados apontam para uma ligeira recuperação do setor após 2015, mostrando a força desse setor para a economia paranaense e um aperfeiçoamento competitivo da cadeia madeireira nacional e da reafirmação de sua importância para a economia brasileira neste setor. PALAVRAS-CHAVE: Cadeia Produtiva da madeira, Brasil, Paraná, celulose e inovação. ABSTRACT: This paper aims to present how the Brazilian and Paranaense timber production chain is organized. Despite the current crisis, it faces a good positive moment in the Brazilian economy. Industry innovations for raw materials such as pine and eucalyptus replace scarce hardwoods. Brazil has comparative advantages compared to other producing countries, being the fourth largest producer in the world. The sector still reaches the segments of furniture, pulp and paper, furniture industry has been modernizing to operate in demanding markets, in pulp and paper innovations have achieved modernization. Exports of timber and manufactured goods in the state of Paraná, in 2016, reached the fifth largest exported product, the furniture sector in the state of Paraná is promising to be one of the most employed segments. Counting on wood and furniture products, this chain employs 74 thousand workers, 13% of the entire processing industry in Paraná. The methodology used will be the compilation of secondary data from authors who have already dealt with the subject, and through the collaboration of entities from the sector, as well as governmental and state bodies. The subject presented deserves verification in Paraná, because it is one of the main responsible for the furniture exports of the country, generating a significant volume of direct jobs to the state of Paraná, and also, creating an important volume of income and tax collection to this State. The results show a slight recovery in the sector after 2015, showing the strength of this sector for the economy of Paraná and a competitive improvement of the national timber chain and the reaffirmation of its importance for the Brazilian economy in this sector. KEYWORDS: Productive chain of wood, Brazil, Paraná, pulp and innovation. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1 CAPÍTULO 1- REFERENCIAL TEÓRICO SOBRE CADEIRAS PRODUTIVAS, TRÍPLICE HÉLICE E INOVAÇÃO ................................................................................. 4 1.1 A TEORIA DA CADEIA PRODUTIVA DA MADEIRA E INOVAÇÃO ........................ 6 1.2 TEORIA DA TRÍPLICE HÉLICE ............................................................................... 9 1.2.1 Surgimento e Aproveitamento do Modelo Tríplice Hélice Inovação ........ 9 1.2.2 Os agentes que compõem o modelo tríplice hélice de inovação ......... 10 1.3 TEORIA DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO .......................................... 12 1.3.1 O Capitalismo como um sistema dinâmico ................................................... 12 1.3.2 Estado, firmas, mercados e desenvolvimento .......................................... 13 CAPÍTULO 2 – A CADEIA PRODUTIVA DO SETOR MADEIREIRO PARA O BRASIL ......................................................................................................................... 15 2.1 A ORGANIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DE MADEIRA NO BRASIL .......... 17 2.2 INDÚSTRIA MADEIREIRA DE CELULOSE, PAPEL E MOVELEIRA MUNDIAL E O MERCADO INTERNACIONAL ................................................................................. 19 2.2.1 Os Padrões da Oferta e Demanda da Indústria de Celulose e Papel Mundial ........................................................................................................................ 22 2.3 A INDÚSTRIAMADEIREIRA DE CELULOSE E PAPEL BRASILEIRA ................ 25 2.4 A INDÚSTRIA MADEIREIRA DE CELULOSE, PAPEL E O MERCADO NACIONAL.................................................................................................................... 35 2.4.1 - O processo produtivo da Celulose e do Papel ........................................... 37 2.4.2 O transporte da matéria-prima ........................................................................ 39 CAPITILU 3 - A ORGANIZAÇÃO DA INDÚSTRIA MADEIREIRA NO PARANÁ .... 41 3.1 AS RELAÇÕES DA INDÚSTRIA MOVELEIRA, DE CELULOSE, PAPEL E DE PRODUTOS MADEIREIROS DO PARANÁ COM O EXTERIOR ............................... 42 3.1.2 PLANTIO DA MADEIRA NO PARANÁ ............................................................ 47 3.1.3 A Balança comercial do Paraná pós 2000 para produtos florestais .......... 49 3.2 INOVAÇÃO NO SETOR DE CELULOSE .............................................................. 52 3.2.1 MATRIZ ENERGÉTICA DA CELULOSE NO BRASIL ...................................... 52 CONCIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 55 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 58 ÍNDICE DE GRÁFICOS E TABELAS: 1. GRÁFICOS: Gráfico 1- Análise dos indicadores paranaenses sobre indústria extrativista de transformação, em R$ mil reais. .................................................................................. 43 Gráfico 2- Maiores exportadores de madeira no Brasil em US$ FOB, 2016. ............ 45 Gráfico 3- Maiores exportadores de celulose no Brasil em US$FOB, 2016. ............. 45 Gráfico 4- Maiores exportadores de papel no Brasil, em US$FOB, em 2016: .......... 46 Gráfico 5-Maiores exportadores de móveis no Brasil, em US$FOB, 2016: ............... 47 Gráfico 6-Exportações paranaenses por grupo de produtos, em US$ bilhões, 2009- 2015: ............................................................................................................................. 50 Gráfico 7-Balança de pagamentos paranaense nos anos de 2009-2015, em US$ bilhões: .......................................................................................................................... 51 Gráfico 8-– Lideres Mundiais no Comércio internacional da celulose (em volume). . 53 Gráfico 9- Custos de produção de celulose no Brasil. ................................................ 53 2. QUADROS: Quadro 1- Principais Estados Exportadores de produtos madeiráveis, em US$ FOB, em 2016: ............................................................................................................. 44 3. TABELAS: Tabela 1 – Principais mercados e a evolução das importações da indústria madeireira dos estados brasileiros: ............................................................................. 18 Tabela 2- Os maiores produtores mundiais de celulose e papel (em milhões (t)– 2014/2015 ..................................................................................................................... 24 Tabela 3- Indicadores paranaenses sobre indústria extrativista de transformação, em R$ mil reais, 2013: ........................................................................................................ 43 4. FIGURAS: Figura 1- Fluxograma da cadeia produtiva da madeira: .............................................. 7 Figura 2- Aumento do Custo de Produção da Madeira versus Inflação Brasileira (IPCA) : ......................................................................................................................... 22 Figura 3- Segmentos da Cadeia Produtiva de Celulose e Papel: .............................. 26 Figura 4 - Composição da celulose. ............................................................................ 27 Figura 5- Composição do Papel. ................................................................................. 28 Figura 6 – A atividade de produção limpa do setor de celulose e papel – 2007:....... 32 Figura 7- Estágios do processo de produção do setor de celulose e papel – 2008: . 34 Figura 8- Fluxograma das etapas de melhoramento genético e produção da madeira – 2008: .......................................................................................................................... 36 Figura 9- Estrutura das etapas de obtenção da matéria-prima – Área florestal – 2007: ...................................................................................................................................... 37 1 INTRODUÇÃO Essa pesquisa visa apresentar a situação econômica vivida pelo setor de beneficiamento da madeira no Estado do Paraná e no Brasil, que vem obtendo novos modos de desenvolver-se. Muitas fontes foram pesquisadas, dentre elas, entidades de grande representatividade - sindicatos regionais e associações comerciais, além de material divulgado em Universidades e dados fornecidos pelo Sistema FIEP (Aliança das Indústrias do Estado do Paraná), SNIF (sistema nacional de informações florestais), Ibá (Indústria Brasileira de arvores), Secretaria da agricultura e do abastecimento, a fim de que se pudesse alcançar o conceito mais apurado possível do setor. O estudo para a cadeia produtiva da madeira tem alguns dos produtos mais exportados do Brasil, sendo o quarto maior produtor do mundo e tem algumas vantagens em comparação ao clima que favorece o crescimento do plantio. Já no âmbito estadual a madeira e manufaturas de madeira é o quinto produto mais exportado do estado em 2016 contribuindo com 6% do total de exportações do período (IPARDES, 2016). A atividade madeireira gera, em redor de si, uma economia própria. A ascendência de um quadro acessível em redor do exercício essencial é conhecida como cadeia produtiva. Aqui tomaremos como exercício econômico essencial, a cadeia produtiva da madeira, faz-se também, a título complementar um breve enfoque relativo à cadeia produtiva madeireira no Brasil, em benefício da desvinculação dos dados e do forte entrelaçamento entre as duas esferas. Economicamente falando o setor de árvores plantado teve um grande crescimento no Brasil frente a cenários desfavoráveis, tanto internos, consequência da crise político-econômica, quanto externo, por conta da desaceleração da economia chinesa. O PIB no setor alcançou R$ 69,1 bilhões no ano de 2015, um aumento de 3,0% em relação ao ano anterior, mostrando destaque em relação a outros setores econômicos no mesmo período onde a Indústria teve uma queda de - 6,2% e serviços de -2,7% (IBÁ, 2016). 2 O presente trabalho se pressupõe a analisar o seguinte problema: Como a cadeia produtiva de madeira afeta o setor econômico atualmente no Brasil e no estado do Paraná? O Objetivo Geral deste estudo é: apresentar o cenário atual vivido pela Cadeia Produtiva do setor de beneficiamento da madeira no Brasil e no Paraná. Os objetivos específicos são: Apresentar os principais conceitos teóricos referentes à cadeia produtiva, Inovação e o modelo da tríplice Hélice; Apresentar como está organizada a cadeia produtiva do setor de base florestal no Brasil, em produção, emprego, renda e comercialização; Apresentar como está organizado o setor de base florestal para o Paraná, em produção, emprego, renda e comercialização; Verificar as inovações presentes na Indústria e; Apresentar sugestões de melhorias para os pontos negativos encontrados, em relação a produção, comercialização e melhoria organizacional setorial para avanços de competição. A hipótese testada no presente estudo é de que se supõe que o impacto que a cadeia produtiva de madeira tenha um grande impacto no setor econômico Brasileiro visto que o Brasil é um dos grandes produtores mundiais e a celulose, por exemplo, é umdos produtos mais exportados pelo Brasil. O tema apresentado merece maior verificação no Paraná, em razão deste ser um dos principais responsáveis pelas exportações de móveis do país, gerando um significativo volume de empregos diretos, e ainda, criando importante volume de renda e arrecadação tributária. Os resultados verificados apontam para uma ligeira recuperação do setor após 2015, mostrando que o setor se recuperou rapidamente, devido as vendas externas crescerem nesse período. A justificativa para a pesquisa em questão é que a cadeia produtiva de madeira merece maior visibilidade, pois o Brasil em relação a produtos comercializados a madeira é o produto que mais se destaca no desempenho geral da balança comercial brasileira e ainda este é um dos produtos mais abundantes no país. Além disso, o setor de árvores plantadas tem o diferencial de apresentar potencial para construção de uma economia verde. Já no âmbito estadual, o estado do Paraná se destaca grandemente na cadeia produtiva da madeira, sendo este o 3 maior exportador de madeira do país no ano de 2016, o segundo maior exportador de papel e o terceiro maior exportador de moveis. O que impulsionou a realização deste trabalho foi entender que o processo da cadeia produtiva de madeira apresentando conceitos, definições e ferramentas necessárias para a análise de seus produtos no mercado nacional e internacional, assim percebemos que a cadeia produtiva da madeira tem alguns dos produtos mais exportados do Brasil, na celulose o Brasil (IPARDES, 2016), a pesquisa é para quem pretende entender melhor como a cadeia produtiva de madeira funciona ou como ela está inserida economicamente no mercado com base nos autores de livros e artigos que falam sobre o assunto e ainda de instituições governamentais que apresentam dados sobre tal. 4 METODOLOGIA Para realizarmos a análise de cadeias produtivas existe uma abordagem metodológica, no método que é o mais frequente utiliza-se o processo de pesquisa, que se refere à observação de demandas sustentada nas ligações de interação entre os atores chaves da cadeia. Os dados usados para tal são inclusos por informações secundárias e quando necessárias informações primárias, que serão coletados no SIMA, no FIEP, no IPARDES no IBÁ entre outros órgãos governamentais. Essas informações são realizadas seguindo três tipos de etapas, a primeira é a partir da definição do problema e a assimilação do sistema; a segunda etapa acontece através do exame das oportunidades e limitações; e, a terceira etapa acontece através de articulações de politicas de intervenção e planificação (VAN DERHEIJDEN, 1997). Essas análises comprovam o desempenho dos sistemas produtivos. Através disso aceitamos que esse conjunto de informações interage entre si e que objetiva a produção de algumas matérias primas (CASTRO et al., 1998). Segundo Gil (2002), uma pesquisa é definida como uma forma racional e organizada, que tem o propósito de possibilitar respostas a um problema proposto, esta é utilizada quando uma informação está desordenada, ou quando não se tem a informação solicitada por completo. Por todas estas razões a metodologia utilizada será a de compilação de dados secundários de autores que já trataram do assunto, e por meio da colaboração de entidades do setor como o SIMA, IBÁ, entre outros, bem como de órgãos governamentais estaduais, como o IPARDES e o FIEP. 5 A pesquisa será qualitativa, pois ela "trabalha com o universo de significados, motivos, o que corresponde a um significativo espaço das relações, dos processos” (DESLANDES et. al. 1994, p.21); e, exploratório que para Gil (2002), tem o objetivo de propiciar maior familiaridade com o problema, tornando-o mais explícito, com o objetivo principal de melhorar ideias, ou a descoberta e catalogação de coisas novas, por meio da experiência e intuição. Este trabalho, toma como principio pesquisas relacionadas às áreas estudadas atualmente, tanto em pesquisas governamentais quanto privadas e para dar conta dos objetivos formulados, este trabalho será estruturado em três capítulos. O primeiro capítulo, de cunho teórico, abrange o problema a ser apresentado, uma hipótese e um resumo simplificado dos assuntos abordados. No segundo capítulo serão indicados os elementos da inovação, o cenário das indústrias referentes a esta cadeia produtiva. Na última parte serão apresentadas as conclusões, mostrando uma análise das dimensões do complexo de celulose, papel e da madeira. 6 CAPÍTULO 1- REFERENCIAL TEÓRICO SOBRE CADEIRAS PRODUTIVAS, TRÍPLICE HÉLICE E INOVAÇÃO 1.1 A TEORIA DA CADEIA PRODUTIVA DA MADEIRA E INOVAÇÃO A cadeia produtiva da madeira passa por inovações, que estão na teoria de Joseph Alois Schumpeter onde a inovação é destacada como o elemento essencial da dinâmica capitalista, analisando que as inovações tecnológicas impactam no ambiente de negócios das firmas, da sociedade, promovendo o crescimento e o desenvolvimento por força das inovações. E as contribuições a respeito da Hélice Tríplice criada por Henry Etzkovitz, mostrando as importâncias da universidade- estado-indústria e como eles contribuem para a inovação. Os materiais destacados nos capítulos são as seguintes obras: SCHUMPETER (1984, 1997, 1988); ALMEIDA,M. (2005); ETZKOWITZ, (2001 e 1994); LIST (1981 e 1909); DOSI, (1988); entre outros. Segundo a Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável (FBDS, 2012) o setor Florestal Brasileiro é marcado por uma amplitude de indústrias e de produtos, sendo composto, basicamente, por três cadeias produtivas: da madeira industrial do processamento mecânico é a que incluem as serrarias, as produtoras de lâminas para a indústria de compensados, as de lâminas decorativas e as produtoras de PMVA (Produtos de Maior Valor Agregado), da madeira reconstituída, é composto por uma gama variada de produtos, sendo os mais conhecidos o MDF o aglomerado, o OSB e as chapas de fibras, destinados às fabricas de móveis, à construção civil, fabricação de outros produtos e à exportação e da madeira para energia, que geralmente são os carvões vegetais e a lenha. O que iremos dar mais enfoque serão os segmentos da celulose e do papel, pois este é o mais produtivo do SFB (Setor Florestal Brasileiro) contribuindo de forma acentuada para o desenvolvimento do Brasil. 7 Figura 1- Fluxograma da cadeia produtiva da madeira: Fonte: Adaptado de Polzl et. Al., 2003. A cadeia produtiva da celulose e do papel compreende etapas de produção de madeira, energia, celulose e papel, conversão em artefatos de papel e papelão, reciclagem de papel, produção gráfica e editorial, além de atividades de comércio, distribuição e transporte (FBDS, 2012). A atividade florestal no Brasil possui fortes características que a diferenciam das demais atividades econômicas. Uma delas está relacionada ao clima brasileiro, que favorece o plantio do eucalipto de 7 a 10 anos, ao passo que em outros países favorece a plantação do pinus que necessitam de 15 a 20 anos para seu crescimento e colheita. Outro ponto forte da indústria nacional é a sua produção de energia onde mais de 65% de toda a energia consumida pelo setor é gerada no 8 processo de produção de celulose, por meio da queima do licor negro, produzindo vapor (Depec-BRADESCO, 2017). Por esse motivo iremos estudar a cadeia produtiva da madeira, pois como vimos o que foi apresentado até o momento vê-se que é um assunto o qual merece melhor verificação, e seus pontos principais. 9 1.2 TEORIA DA TRÍPLICE HÉLICE A Teoria da tríplice hélice ajuda no funcionamento da nossa sociedade, dando suporte as três bases, a universidade, a indústria e o governo e como cada uma delas se encaixa e participam nesse processo. Aqui este subitem tem como objetivo mostrara Teoria da Tríplice Hélice funciona e como ela será abordada no decorrer da pesquisa. O termo Tríplice Hélice foi criado por Henry Etzkovitz nos anos 90 e tinha o objetivo de descrever o modelo de inovação com base na relação Governo- Universidade-Empresa (ETZKOWITZ, 1994). A Tríplice Hélice evidencia uma eficiência maior das relações entre o Governo-Universidade-Empresa, produto do estabelecimento do novo contrato social entre a universidade e seu entorno que leva as universidades a incorporar os lugares de desenvolvimento econômico as suas outras atividades de ensino e pesquisa e a redefinir suas estruturas e funções (ETZKOWITZ, 2003). Esse modelo é diferente, dos demais modelos e teorias de inovação, por causa das relações reciprocas em diferentes estágios do método de geração e dispersão do conhecimento, onde cada hélice trabalha em conjunto entre elas com fluxos de informações, assim é considerado como uma esfera institucional independente que promove a inovação (PAULA, FERREIRA, SILVA, FARIA, 2012). 1.2.1 Surgimento e Aproveitamento do Modelo Tríplice Hélice Inovação Segundo Dosi (1988) que argumenta no essencial, que a inovação é como uma busca descoberta, um teste do desenvolvimento, uma representação e aceitação de novos produtos, novos processos de produção ou novas formas organizacionais. 10 O modelo hélice tríplice, tem origem a partir dos trabalhos de Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff (2001), que se fundamenta na compreensão de que o entendimento vem se desenvolvendo dinamicamente, vindo do cerne das organizações, através das fronteiras institucionais, como a indústria a universidade e o governo. Nesse modelo o alicerce de conhecimento e sua função na inovação podem ser explicados em termos de mudanças nas relações da tríplice hélice. Esse modelo vai indicar então a relação da universidade, indústria e governo, e também a conversão interna de cada uma das esferas. A universidade é utilizada como instituição que combina o ensino com a pesquisa. Existe um conflito entre as atividades, mas mesmo assim elas podem conviver de uma forma mais ou menos compatível, pois ela é considerada a mais satisfatória e, então, com melhores lucros. Isso faz com que exista uma maior perspectiva de ações inovadoras, que venham a ter inserção do corpo docente e discente das universidades no ambiente produtivo, pois é posta neles, atitudes proativas e atreladas ao mercado de trabalho. Assim esse modelo favoreceria o desenvolvimento regional, por serem ligadas às características geográficas locais, numa ação capaz de conceber bem estar à sociedade (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 2001). No Brasil a Tríplice Hélice converteu-se em um “movimento” para geração de incubadoras no contexto universitário (ALMEIDA, 2005). Ela originou-se de um incentivo que procura os desequilíbrios nas dimensões institucionais nos arranjos e nas funções sociais desempenhadas por estes arranjos. Os atritos entre as duas camadas, e entre os três domínios fornecem muitas oportunidades para resolver quebra-cabeças e inovação (LEYDESDORFF, 2012). 1.2.2 Os agentes que compõem o modelo tríplice hélice de inovação Na visão de Moreira e Queiroz: A inovação de produtos, importante das modalidades de inovação que podem ter lugar na organização, porque sua ligação com o mercado e com 11 a competitividade é imediata. De forma menos evidente, mas também muito importante, a inovação nos processos, fazer algo melhor que os concorrentes ou mesmo fazer é uma grande fonte de vantagem competitiva. Os anos de ouro do domínio japonês em produtos manufaturados (que ainda continuam para um grande conjunto de produtos) foram, em grande medida, derivados de constantes inovações no processo produtivo (MOREIRA; QUEIROZ, 2007, p. 32). Os agentes que compõe a tríplice hélice são o pilar da sua teoria, são as universidades, o governo e a indústria e cada um tem suas funções, que fazem com que ocorra uma troca de informações e beneficiamento mutuo entre eles. Algumas mudanças na produção fazem com que ocorra esse ciclo entre as três esferas, algumas das principais mudanças na produção nas quais o modelo tríplice hélice é visto são, a transformação de cada uma das hélices, como o desenvolvimento de laços laterais entre as companhias, que possuem alianças estratégicas ou uma hipótese da missão do desenvolvimento econômico por universidades. Em seguida há influência da esfera institucional, buscando aperfeiçoamento e modificações no papel do estado ou governo. O método seguinte é onde se formam a criação de laços entre as três esferas compondo redes e organizações, convindo para a institucionalização e a reprodução de relações, com o objetivo de aumentar a criatividade organizacional. Por fim, o ultimo método utilizado, é o resultado repetitivo destas redes interinstitucionais que representam a universidade, a indústria e o governo em suas esferas originais e a sociedade. Tal implicação se vê na próprias ciências em decorrência das mudanças internas na universidade, que vem a ser difundida pelas politicas públicas. Essa mudança normativa não ocorreu apenas em decorrência da emergência de um empreendedorismo dinâmico dentro das universidades, mas também por causa das influências externas nestas (CLARIM, SOUZA, JANUZZI, 2010). 12 1.3 TEORIA DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO O modelo de desenvolvimento econômico arquitetado por Schumpeter é, em sua essência um modelo de industrialização. O conceito de inovação é variado, pendendo, de sua aplicação. De forma abreviada, a inovação é considerada a exploração com sucesso de novas ideias e consequentemente sucesso para as empresas. O progresso tecnológico não é um tema novo, já foi abordado por Smith, Ricardo e Marx, embora não como foco principal de análise econômica, pois o tema passou para segundo plano com a revolução marginalista na teoria econômica vinda a ser discutido novamente apenas no início do século XX. Foi apenas com Schumpeter (1934) que o tema tecnologia passou a ser considerado fator impulsionador da economia. 1.3.1 O Capitalismo como um sistema dinâmico Segundo Schumpeter (1997), as bases em que o mecanismo econômico atuam são: a propriedade privada , a divisão do trabalho e a livre concorrência, para ele não havia explicação para o crescimento pela variação populacional, da renda e riqueza, uma vez que tais fatores não resultavam necessariamente em um fenômeno qualitativamente novo, considerados por ele como mudanças de dados naturais (MOTA, 2016). O desenvolvimento, em sua visão, é um fenômeno distinto, inteiramente novo ao habitual fluxo circular, a caminho para o equilíbrio ou da nossa rotina onde há uma alteração espontânea e descontínua nos canais do fluxo, anulação do equilíbrio, que se modifica e desloca para sempre o estado de equilíbrio antecipadamente estabelecido, se tornando um "novo normal" na vida industrial e comercial (MOTA, 2016). O esboço central de sua teoria é o empresário inovador é o meio de inovação responsável por todos os novos produtos, por meio de combinações mais 13 eficientes dos fatores de produção, é o agente da inovação e da destruição criativa (MOTA, 2016). O fenômeno fundamental para o desenvolvimento de acordo com Schumpeter eram os agentes econômicos que traz novos produtos para o mercado por meio de combinações mais eficientes dos fatores de produção, ou pela aplicação prática de alguma invenção ou inovação tecnológica. Como ele citou é o produtor quem inicia a mudança econômica, enquanto os consumidores são, por assim dizer, "ensinados a querer coisas novas, ou coisas que diferem em um aspecto ou outro daquelas que tinham o hábito de usar" (SCHUMPETER,1997, p.76). Fica evidente, diante deste quadro que dentro do capitalismo a inovação é um fator diferencial, pois ela começa uma mudança econômica comodisse Schumpeter, sendo o empresário o meio responsável pela inovação. 1.3.2 Estado, firmas, mercados e desenvolvimento A instância das trocas é apenas uma das instâncias dos sistemas econômicos e, assim, cada mercado terá certas peculiaridades que o diferenciarão dos demais e que reverberam pelas atividades de produção que lhes são associadas. Os mercados estão imersos num conjunto maior de instituições, predominantemente econômicas ou não, tanto as influenciando quanto sendo por elas influenciados (POLANYI, 1944). O Estado atua como um agente regulador, que acaba influenciando as instituições, sendo este mesmo assim uma instituição, mas com papel no desenvolvimento econômico. Alguns estudos comparativos da história de economias mostram que o Estado teve e tem papel crucial no desenvolvimento de países considerados liberais ou em que se sobressaia o espírito da empresa privada (LIST, 1909; CHANG, 2002; PANIÆ, 2007). Segundo Friedrich List, a Inglaterra foi o primeiro país a deliberadamente aplicar uma política de promoção industrial (LIST, 1909, IX, p. 13): ...tendo alcançado um determinado nível de desenvolvimento por meio do livre comércio, as grandes monarquias perceberam que níveis mais elevados de civilização, de poder e de riqueza só poderiam ser alcançados por meio da combinação da indústria e comércio com a agricultura [...] eles 14 buscaram, por meio de um sistema de restrições, privilégios e estímulos, transplantar para sua terra nativa a riqueza, os talentos e o espírito de empresa dos estrangeiros. Assim o Estado acabou por se tornar um dos agentes inovadores mais importantes para o desenvolvimento econômico. Com seu poder de preparar a estratégia, de agregar institucionalmente as habilidades necessárias para a conquista da tarefa e seu poder de financiamento, e investimento de direitos de propriedade são ferramentas importantes para integrar o potencial isolado de firmas e mercados (KITTSTEINER e OCKENFELS, 2006). Para Schumpeter: ... o sucesso depende da intuição, da capacidade de ver as coisas de uma maneira que posteriormente se constata ser verdadeira, mesmo que no momento isso não possa ser comprovado, e de se perceber o fato essencial, deixando de lado o perfunctório, mesmo que não se possa demonstrar os princípios que nortearam a ação (SCHUMPETER,1997, p. 85). Este capítulo apresentou a teoria que dará base ao trabalho que discutirá a cadeia produtiva de madeira. A teoria auxiliará na análise dos capítulos 2 e 3 que vem na sequencia do trabalho. Espera-se desta forma mostrar que a cadeia produtiva está inserida nestas duas teorias, sendo que nela se mostraram novas formas de inovação do mercado e também a forma como o mercado interage com as empresas e o governo. 15 CAPÍTULO 2 – A CADEIA PRODUTIVA DO SETOR MADEIREIRO PARA O BRASIL Neste capitulo será mostrado como a cadeia produtiva de madeira está inserida no Brasil, quais são seus níveis de organização, quais são seus principais produtos ofertados no mercado, como funciona o mercado nacional e internacional desta e o meio de transporte utilizado para ela. A cadeia produtiva é um processo que envolve todos os tipos de etapas da produção de um determinado bem, onde no decorrer desse processo os diversos insumos passam por algum tipo de mudança, até a constituição de um produto final. Nesse contexto podemos observar que um processo se refere a uma atividade ou atividades simultâneas que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico. Nesses processos utilizam-se os meios que servem para organização e para oferecer resultados específicos aos seus clientes (HARRINGTON, 1991). Para Hammer e Champy (1994), um processo é como uma associação de atividades que são realizadas numa determinada sequência lógica e que tem o objetivo de produzir um bem ou um serviço que tem valor para um grupo específico de clientes. Diante desse quadro se vê a importância da cadeia produtiva de madeira se dá através de todo o processo produtivo dela, além de que nela estão inseridos alguns produtos que tem grande relevância tanto no mercado interno tanto como no externo. Conforme apresentado por Harrington, Hammer e Champy uma cadeia produtiva e o modo como ela funciona, envolve diversas etapas com o objetivo de produzir, como é no caso da cadeia produtiva de madeira, que tem suas diversas formas de produção em decorrência do tipo do material a ser produzido, como a madeira para móveis que tem um modo diferente daquele utilizado para celulose extraída da tora. Fica evidente, então, que neste capitulo será apresentada a inserção da cadeia produtiva de madeira no Brasil. Também observando a importância dos 16 processos de organização das cadeias produtivas e que na cadeia produtiva de madeira estão produtos de grande relevância no mercado. 17 2.1 A ORGANIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DE MADEIRA NO BRASIL No Brasil existem dois tipos de modelos de organização industrial no setor florestal. O primeiro consta em especial nos setores de celulose, papel, lâmina de madeira, chapa de fibra e madeira aglomerada, sendo dominado por poucas empresas de grande porte, integradas verticalmente da floresta até produtos acabados, que atuam da produção até o comércio. O segundo está centrado na produção de madeira serrada, compensados e móveis. Aqui há um grande número de empresas de pequeno e médio porte, de menor capacidade empresarial. No caso da indústria de móveis, além da variedade no uso de materiais, o setor apresenta forte pulverização das preferências dos consumidores, levando a uma redução da escala da demanda e a uma enorme fragmentação do mercado (FLORESTAL 2017). Em relação ao Brasil, a pesquisa, vem explorando dados, que serão complementados na construção do trabalho em andamento. Dentre os principais países de destino da exportação de celulose no Brasil, está, a China contendo no ano de 2016, 37% de todas as importações, seguida da Holanda com 15 % das exportações e Itália com 12%. Já no ano de 2017 a China continua como a maior importadora de celulose representando 49% das importações e seguida a distância EUA com 13% e Itália com 12% (MIDC, 2016). Vê- se, pois, que o nível organizacional da cadeia produtiva de madeira depende, em sua instância do tipo de produto que será gerado da madeira. Além disso vemos também os principais importadores de celulose no Brasil, que nos últimos anos foi a China, que se apresenta um dos grandes compradores do pais. Já na indústria madeireira, temos uma queda em relação à produção de determinados produtos, mesmo o Brasil sendo um dos maiores produtores de florestas plantadas e de celulose, por conta do Brasil não produzir em grande escala a celulose de fibra longa, que cresce mais em países com o clima frio. 18 Tabela 1 – Principais mercados e a evolução das importações da indústria madeireira dos estados brasileiros: PRODUTOS UN QUANTIDADE KG LÍQUIDO VALOR US$ PRODUTOS SECUNDÁRIOS DE PAPEL TONELADA 1 714 15.887 PRODUTOS SECUNDÁRIOS DE MADEIRA TONELADA 19 19.07 62.134 PAPEL E PAPELÃO TONELADA 954 954.274 1.180.497 MADEIRA SERRADA METRO CÚBICO 0 42 449 TOTAL GERAL 974 974.047 1.258.967 Fonte: Mdic (2015). A tabela 1 mostra os principais produtos florestais brasileiros importados pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Os produtos mais importados para o ano de 2015 foram Papel e Papelão, tanto em quantidade (954 t) quanto em valor (US$1.180.497). A maior parte da importação desse produto ocorre no mês de março. A celulose é um dos produtos que tem um grande espaço no mercado internacional, senda ela um dos principais produtos exportados pelo Brasil. Em 2016 ela foi o sétimo maior produto exportado, refletindo em ganho na participação do gênero (MDIC,2016). Um diferencial relativamente atual no mercado Brasileiro em relação à produção de árvores plantadas é que este se adequou as exigências do mercado internacional, com relação a certificações, e inovações no plantio para que este seja mais rápido de acordo com o setor. Espera-se, dessa forma mostrar como funciona a organização da cadeia produtiva de madeira no Brasil para um possível investidor que queira investir no setor ou mesmo para os profissionais atuantes na área, pois através de um estudo organizacional podemos notar em quais níveis se podem ter mais produtividade e qualidade. Nota-se também que o Brasil é um dos principais exportadores de celulose, porém que está se dá mais através da celulose de fibra curta, por conta dela se adaptar melhor ao clima tropical. 19 2.2 INDÚSTRIA MADEIREIRA DE CELULOSE, PAPEL E MOVELEIRA MUNDIAL E O MERCADO INTERNACIONAL As indústrias, de modo geral, vêm passando por importantes transformações nas últimas décadas, em nível mundial, principalmente no tocante às mudanças tecnológicas e à crescente globalização e formação de blocos regionais de comércio, as quais se constituem nos elementos centrais no processo de mudança. Por um lado, as mudanças tecnológicas representam expressivos incrementos de produtividade, o que, por sua vez, é um requisito necessário para redução dos custos e consequentemente maior poder de competitividade. Por outro lado, esta competitividade tem sido crescentemente intensificada com o aumento do comércio intrablocos, onde os países procuram utilizar-se das vantagens comparativas de custo (BNDES, 2007). Tanto as mudanças tecnológicas quanto o aumento do comércio intrablocos são utilizados pela indústria de celulose e papel, a qual procura reunir os avanços técnicos com a oferta de mão-de-obra barata de alguns países periféricos, principalmente no segmento de papéis e artefatos. Segundo Gorini (2000), o poder competitivo de países periféricos (países da Ásia) forçou os norte-americanos e europeus a introduzirem um novo padrão de concorrência, baseado não apenas em preços, mas principalmente em qualidade, flexibilidade, diferenciação de produto, bem como organização do comércio intrablocos econômicos, utilizando-se inclusive da subcontratação em nível mundial. Ao país, portanto, resta operar por meio de vantagens comparativas, com formas de evidenciar seu produto por meio de diferenciação e o tipo de qualidade, focando-se assim em um publico mais especifico, para poder competir de forma igual com seus concorrentes. O que está surgindo claramente como forma econômica predominante no complexo de celulose e papel dos Estados Unidos e do Canadá são redes de empresas que interligam diferentes tipos de firmas em agrupamentos ou nós industriais e atravessam as fronteiras do país e do setor. Em vez do desempenho de 20 empresas individuais, essas redes da América do Norte é que serão a chave para a futura competitividade do Canadá e dos Estados Unidos no setor de celulose e papel como um todo (FONSECA e ZEIDAN, 2002; BRACELPA, 2007). Novas formas da organização industrial estão presentes no dinamismo do complexo de celulose e papel, especialmente referente à formação de redes de firmas e alianças, entre outras. Segundo GORINI (2000), as redes transnacionais centradas nos fabricantes são um dos mecanismos de transformação da indústria de celulose e papel. "Estas empresas possuem grande poder sobre as empresas a jusante da cadeia e, no mercado de celulose, papéis e artefatos, são elas quem criam as dinâmicas de inovação" (PROCHNIK, 2002, p. 45). Ora, essas novas redes que agrupam varias empresas, são o que as tornam fortes para uma maior competitividade e ainda dá a elas poder maior em relação a empresas menores, mudando o desenvolvimento no mercado de celulose e papel. As novas formas de arranjo industrial vêm se materializando nos países em desenvolvimento, ou ao menos indicando uma nova tendência de competição da indústria de celulose e papel no mercado mundial. Estas novas formas de organização empresarial são baseadas na intensificação das relações entre fornecedores e consumidores e outros agentes envolvidos nas atividades que possuam vínculos com a indústria. Elas são caracterizadas como produção integrada e podem se aproximar de um conceito de cadeia produtiva mundial. No entanto, a existência de arranjos produtivos a nível mundial torna-se improvável, uma vez que este tipo de configuração produtiva se caracteriza pelo aspecto espacial, no qual são geradas as economias externas bem como a eficiência coletiva (KAPLINSKI, 2005). É preciso ressaltar que, infelizmente o sistema de criação de redes a nível internacional é difícil de acontecer, pelo fato das empresas trabalharem com um menor publico alvo, ou mais especifico, dificultando o agrupamento de empresas internacionais. Apesar de que essas redes acabam se agrupando dentro do um determinado espaço (país ou blocos econômicos). Esse capítulo tem então o objetivo de mostrar como a cadeia produtiva está inserida no mercado internacional, pelo fato dela ter produtos que tem alto nível de exportação pelo Brasil. 21 Outros elementos que também não são possíveis de se verificar globalmente dizem respeito ao aprendizado interativo, confiança, identidade sociocultural, entre outros aspectos. Entretanto, pode ser perfeitamente possível falar em cadeias produtivas internacionais, as quais podem abrigar arranjos produtivos locais fazendo parte delas. Ademais, o que se tem visto são formações de redes de firmas, cadeias produtivas, produção integrada, utilizando-se principalmente da subcontratação no segmento da produção de papel e artefatos, unindo melhorias tecnológicas com mão-de-obra barata, em busca de ganhos de competitividade em nível mundial. Assim, essa organização industrial tem colocado uma nova dinâmica à indústria de celulose e papel e contribuído para o aumento da produção mundial, principalmente pelos países em desenvolvimento (KAPLINSKI, 2005; SANTOS, 2005). O Brasil tem um grande comércio mundial em relação a cadeia produtiva de madeira, sendo que na celulose o pais é o líder mundial de exportação, segundo um estudo realizado na empresa Consufor (2016) e dados da FAO. Fica evidente diante desse quadro que a celulose é um produto de grande importância dentro da cadeia produtiva de madeira, visto que ela tem um grande volume de comercialização. Mesmo apresentando altos níveis de exportação o Brasil sofre problemas em relação a outros produtos, os quais deveriam apresentar maiores índices de exportação e venda, levando em conta que o país possui a liderança tecnológica em árvores plantadas, verificamos que o custo de produção é 40% inferior ao custos dos Estados Unidos, porém, mesmo com essa vantagem, no período de 2014 a vantagem real do Brasil não era nem de 10% pelo fato da inflação real do setor ser maior (IBÁ, 2015). Todo isso somado a valorização de 20% do real em relação ao dólar e o aumento real dos salários (12% a.a.) e com a estagnação da produtividade da mão de obra, foi um golpe. Só em 2014, a inflação do setor de árvores plantadas, foi de 7,9%, enquanto a inflação atingiu 6,4%, como podemos ver na figura 2 (IBÁ, 2015). 22 Figura 2- Aumento do Custo de Produção da Madeira versus Inflação Brasileira (IPCA) : Fonte: Ibá (2015) ,dados de Pöyry (2014). Também há o fato da estagnação da produtividade dos plantios, por conta da diminuição de investimentos governamentais e por conta das mudanças climáticas (SILVA, BUENO e NEVES, 2016). Assim habituaram-se a esse conjunto, as empresas estão aprimorando novas técnicas para o uso da terra, da água, de energia e de seus recursos, harmonizando a produção sustentável (SILVA, BUENO e NEVES, 2016). 2.2.1 Os Padrões da Oferta e Demanda da Indústria deCelulose e Papel Mundial Os maiores produtores de celulose de fibra branqueada, ao lado do Brasil que atualmente é o 4º maior produtor mundial de celulose com uma produção de 17,4 milhões de toneladas, ocupando a liderança na produção de celulose de fibra curta, destinada a produção de papel de imprimir, escrever e papéis sanitários, das quais 66%, 11,48 milhões de toneladas, destinadas à exportação. O Brasil ficou entre os quatro maiores produtores mundiais de celulose seguido da Suécia, Finlândia e Japão. Um dos fatores a contribuir para este resultado foi o preço da celulose, que continuou em alta no período e ultrapassou a barreira dos US$ 640 por tonelada. Outro importante fator é que a indústria brasileira consegue investir importando somente cerca de 30% dos equipamentos, já que o país reúne importantes fabricantes de máquinas para o setor (IBÁ, 2016). 23 Além disso, o mercado internacional cresceu como um todo, especificamente pós ano 2000, enquanto as empresas nacionais do setor de celulose e papel racionalizaram seus custos a fim de reduzirem perdas. Assim, diversos grupos nacionais e internacionais estão estudando ajustes de logística para fortalecer as bases e fundamentos da articulação produtiva e de suprimentos para virem a competir, futuramente no mercado externo, tanto em celulose, como em papel e artefatos. Contrariamente a expansão na atividade de celulose, em papel e artefatos o Brasil ocupa em nível mundial a 9° posição, com uma produção de 10,4 milhões de toneladas, em 2015, o setor teve uma queda de 0,4 % em relação ao ano de 2014. Como principal razão do fraco desempenho foi à retração das vendas domésticas que ficaram 4,7% abaixo do volume registrado em 2014 (IBÁ, 2016).Ao passo que as produções de papeis de embalagem e de papeis especiais aumentaram, respectivamente, 1,8% e 2,5%, os volumes de produção de tissue, papel cartão, papel imprensa e de imprimir e escrever apresentaram retrações de 0,7%, 1,6%, 6,7% e 4,7%. O desempenho positivo das produções de papeis de embalagem e de papeis especiais e consequência, em grande parte, das exportações. Esses papéis, e principalmente as embalagens de fibras virgens, são competitivas no mercado externo. Já a retração nas produções de tissue e papel cartão são explicados pela queda no consumo doméstico, influenciada pela desaceleração da economia nacional (IBÁ, 2016). A tabela 2 apresenta o panorama mundial de celulose e papéis de todos os tipos. 24 Tabela 2- Os maiores produtores mundiais de celulose e papel (em milhões (t)– 2014/2015 CELULOSE DE TODOS OS TIPOS PAPÉIS DE TODOS OS TIPOS Países 2014 2015 Var. % Países 2014 2015 Var. % 1º EUA 57,4 48 -9,42 1º China 106,61 108,8 2,19 2º China 18,9 17,9 -0,98 2º EUA 72,88 73,1 0,22 3º Canadá 17,3 17,7 0,41 3º Japão 25,12 26,5 1,38 4º Brasil 16,5 17,4 0,94 4º Alemanha 22,1 22,5 0,4 5º Suécia 11,5 11,5 0 7º Suécia 11,49 10,4 -1,1 6º Finlândia 10,5 9º Brasil 10,4 10,4 0 Fonte: Adaptado Ibá (2016). Na produção de papel, as economias em desenvolvimento, no contexto mundial, ao que parece, ainda existe carência de adequação, tanto dos processos de extração da matéria-prima como dos processos de produção, à máquinas mais modernas e comparáveis às de classe mundial, além da consolidação de um mercado de exportação para papéis e artefatos, pois o mercado doméstico não basta para comportar grandes máquinas. Ao que parece, muitas empresas nacionais, sentem a incerteza de entrarem no mercado internacional sem um nível produtivo que lhes permita assegurar um fornecimento contínuo, sem os riscos de um apagão florestal. 25 2.3 A INDÚSTRIA MADEIREIRA DE CELULOSE E PAPEL BRASILEIRA Parte das informações sobre a indústria de celulose e papel é apresentada de forma desagregada até os níveis de suas atividades de plantações florestais, de produção de celulose e produção de papel. Contudo, a indústria de celulose e papel abrange outros importantes segmentos, e as suas relações tem influencia de modo direto o desenvolvimento dessa indústria. A maior parte dos trabalhos sobre a indústria de celulose e papel traz este conjunto de atividades na forma de cadeia produtiva. Para Kupfer e Hasenclever, (2002, p. 37) o conceito acima, pode ser definido como: "um conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vão sendo transformados e transferidos os diversos insumos". Segundo Fonseca e Zeidan (2003) que mostraram os aspectos técnicos de cada atividade, estudando a indústria brasileira de celulose e papel usando a abordagem de complexo industrial, destacando os diversos segmentos articulados. É fundamental acentuar que as relações existentes entre as distintas atividades poderiam determinar a dinâmica da indústria de celulose e papel. Isto é, os "vestígios" emitidos por elas podem percorrer o caminho, tanto para frente quanto para trás e, o que é fundamental, conduzir a indústria a um determinado caminho rumo à tecnologia. Na agroindústria da celulose e do papel, a relação para trás (a montante) ocorrem com indústrias fornecedoras de insumos, como as indústrias químicas e de máquinas e equipamentos, passando pelo meio de plantações florestais, embalagens, papéis e artefatos e chegando ao setor de serviços no que se refere à repartição aos consumidores (a jusante). O completo levantamento da cadeia mediante a todos os ciclos de entradas e saídas a partir da extração da matéria- prima passando pelo processo produtivo, bem como seus encadeamentos, podem ser observados na figura 3. 26 Figura 3- Segmentos da Cadeia Produtiva de Celulose e Papel: FONTE: Adaptado de (CARIDADE, 2006; BRACELPA, 2007). Abaixo vemos especificamente de onde vem à celulose produzida no Brasil no ano de 2015, aonde em sua maior parte vêm do eucalipto e do pinus, que são os principais tipos de arvores plantadas no Brasil, destas elas é separada pelo seu tipo de fibra , a fibra curta tem alta capacidade absorvente e é mais utilizada para produtos como papéis, a maior parte dela é exportada onde apenas 33% permanecem no mercado interno , já a fibra longa é menos resistente então é mais utilizada para embalagens e são inteiramente utilizadas no mercado interno , às pastas de alto rendimento são utilizadas na produção de jornais e às vezes é misturada com as fibras curtas e longas para dar maior resistência a eles ela é utilizada 100% no mercado interno , como mostrado na figura 3 (IBÁ ,2015). 27 Figura 4 - Composição da celulose. Fonte: IBÁ – Infográfico Bradesco, 2015. O maior produtor de celulose de fibra curta é o Brasil, pois o tipo de fibra produzida será primordialmente determinado pelas características da floresta e do clima da região assim a maior parte da fibra curta vem do eucalipto, porém o país ainda não é autossuficiente na produção do papel imprensa importando 70% do produto, em sua maior parte do Canadá, pois este produto vem da fibra longa. Na figura 5 podemos observar como é a composição do papel e para onde ele vai, observamos que o papel é usado em 53% de embalagens, 24% é usado para impressão e para cadernos de escrever ou matérias de escritório, 11% é utilizado em papeis de Tissue (sanitários), 7% é utilizado em papel cartão, 1% em papel imprensa e 5% em outros tipos. As pastas destinadas à fabricação de papel são resultantes do processamento industrial de fibras vegetais. 28 Figura 5- Composição do Papel. Fonte: IBÁ – Infográfico : Bradesco, 2015. O setor de celulose e papel possui na madeira a matéria-prima fundamental, o principio para toda a cadeia de atividades, que são capazes de ser resumidas em três categorias: i) as atividades de plantações florestais que abrange por propósito criar madeiro; ii) a fabricação de papel; e, iii) a fabricação de celulose, matéria-prima dopapel. Frequentemente, as plantas industriais de celulose são integradas com plantações de florestas (ajustamento alinhado). Existem dois tipos de processos para a industrialização das fibras: a indústria mecânica que é responsável pela produção de máquinas e equipamentos para todas as atividades da cadeia e resulta em pastas de alto rendimento, cuja produção chega a apenas 5% do total, em razão de ser intensivo em energia elétrica, enquanto a indústria química produz insumos diversos no refino da celulose e do papel responsável por 95% da produção no Brasil. Tanto a indústria mecânica quanto a química servem ao setor de celulose e papel por meio do fornecimento de insumos. 29 A celulose é encontrada nas raízes, troncos, folhas e sementes dos vegetais; por ter um diâmetro pequeno e formas alongadas, recebe a denominação de "fibra". As pastas celulósicas, utilizadas para a produção de papel, podem ser obtidas - por meio da separação das fibras de celulose dos demais constituintes do organismo vegetal como a madeira onde 96% das fibras utilizadas são de origem arbórea e os outro 4% de outras fontes, como sisal, linho, algodão, bambu e bagaço de cana (IBÁ, 2015). O processamento de disposição da pasta celulósica possui qualidade que dependerá em grande nível, do processamento empregado para sua disposição, podendo ser de diversos modos: i) o mecânico, no qual as toras de madeira são prensadas o úmido contra um rolo circular; esse processamento não permite o completo afastamento das fibras dos demais constituintes, obtendo-se uma pasta com aplicação limitada; ii) o termomecânico, no qual os cavacos são aquecidos com vapor a 140° C, abraçando a processamento de desfibramento em refinador a disco, esta circunstância resulta em celulose para a fabricação de papéis de melhor qualidade; iii) semiquímico, no qual são acrescentados itens químicos em baixas dosagens que agem sobre a desfibragem; iv) o processamento químico — Kraft, no qual os cavacos são tratados nos digestores (vasos de pressão) com soda cáustica e sulfeto de sódio; a pasta resultante é forte, usada na fabricação de papéis que requerem resistência ; v) processo químico - sulfito, no qual os cavacos são tratados nos digestores com compostos químicos de enxofre, acabando em uma pasta de coloração clara, de fácil branqueamento; e, vi) processo químico — sulfato, um processamento bastante similar com o Kraft, no entanto com maior consumo de sulfeto e soda e maior tempo de cozimento; produz uma pasta branqueável, com boas características físico-mecânicas, esse é o processamento mais empregado no Brasil (PIOTTO, 2003). Atualmente o processo de extração da madeira é totalmente mecanizado; o equipamento corta, descasca e empilha a madeira .A cor original da celulose é marrom e para chegar à produção de papel para imprimir a celulose passa por um processo químico de branqueamento que utilizada enxofre, soda cáustica e cloro (BRADESCO, DEPEC e IBÁ , 2015). 30 Alguns tipos de madeira, como eucalipto, álamo, carvalho, possuem fibras curtas e finas (0,8 a l,2mm) e são chamadas de folhosas ou hardwood, enquanto o pinho, araucária, abeto possuem fibras mais longas (3 a 5 mm), chamadas de coníferas ou softwood (PIOTTO, 2003). A madeira usada na produção brasileira de pastas celulósicas e papel é originária de florestas plantadas de eucalipto e pínus. A plantação de eucalipto no Brasil veio a ser utilizada no fim de 1953, a partir do êxito das pesquisas científicas que demonstraram a eficácia produtiva deste tipo de madeira (NEVES, 2004). O eucalipto é uma espécie que cresce rapidamente, podendo estar apto para o corte em sete anos, prazo até dez vezes menor do que em países de clima temperado (IBÁ, 2016), onde o plantio em outros países pode demorar de 15 a 20 anos. Segundo o Ibá 2016 a produção de papel no Brasil, no ano de 2015, completou 10,4 milhões de toneladas; 0,4% menor do que em 2014. A razão básica desse desempenho frágil foi a retração das vendas domésticas, que ficaram 4,7% inferior do volume registrado em 2014. já as produções de papéis especiais e papéis de embalagem aumentaram, respectivamente, 2,5% e 1,8%, os volumes de produção de tissue, papel cartão, papel imprensa de imprimir e escrever apresentaram retrações de 0,7%, 1,6%, 6,7% e 4,7%. A performance positiva das produções de papéis de embalagem e de papéis especiais é consequência, em ampla parte, das exportações, onde os papéis, e principalmente as embalagens de fibras virgens, são competitivos no mercado externo. A retração nas produções de tissue e papel cartão são explicados pela decadência no consumo doméstico, influenciada pela desaceleração da economia nacional. O Brasil ocupa hoje o 9º lugar no ranking dos maiores produtores, lugar muito semelhante ao dos maiores consumidores de papel, devido à carência das indústrias papeleiras de se concentrarem próximas aos seus mercados consumidores (IBÁ, 2016). O papel tem varias categorizações para o seu uso final que são : I) papéis de embalagem, utilizado para caixas de papelão usado para o transporte de produtos; II) papel-cartão, utilizado para embalagens de produtos de limpeza, produtos alimentícios, farmacêuticos, cosméticos, produtos congelados etc; III) 31 papéis de imprimir e escrever; IV) papéis para fins sanitários, são em larga escala os papéis higiênicos, papéis toalha, guardanapos e lenços de papel; V) papéis de imprensa, esses são usados para a impressão de jornais e periódicos; e, VI) papéis especiais, compõe-se de produtos de maior valor agregado e nichos específicos, como papéis para fax e cigarros (VALENÇA e MATTOS, 2001). A reconhecida importância do setor florestal para a economia brasileira, o qual contribui com aproximadamente 6% (IBÁ, 2015) na formação do PIB (Produto Interno Bruto Brasileiro), encontra-se em adiantado estágio de execução, a Política Nacional de Florestas, que conta com os programas de Florestas Sustentáveis; Expansão de Base Florestal; e Prevenção e Combate a Desmatamentos, Queimadas e Incêndios Florestais. A premissa básica destes programas é o desenvolvimento sustentável mediante parcerias público/privadas (MMA, 2007). O transporte e a distribuição é muito considerável para o setor segundo Santos (2005), as estratégias e os ponto de venda são características e as relações entre produtores com as lojas, distribuidoras e de departamentos são fundamentais para a distribuição eficiente. Determinados produtos de consumo popular são vendidos na fabrica e por meio de representantes comerciais. O setor tem uma peculiaridade, que permeia o quesito consumo, que é a adoção da reciclagem, por conta da questão de preservação ambiental. A figura 6 apresenta a questão do consumo e seus caminhos de reaproveitamento do produto das empresas de celulose e papel com o reaproveitamento da matéria-prima (DEON, 2001; BRACELPA, 2007). 32 Figura 6 – A atividade de produção limpa do setor de celulose e papel – 2007: Fonte: Adaptado de (FERREIRA, 2003; BRACELPA, 2007). A reciclagem de resíduos da produção já faz parte do processo incorporado ao sistema econômico das empresas do setor. A temática é um vertente presente nas empresas do setor de celulose e papel que buscam a produção limpa considerando as questões ambientais, de forma sistemática, associadas ao sistema de produção, a partir da matéria-prima ao uso e reuso do produto acabado e reciclagens. Essa operacionalização vem incluindo um despertar a nível gerencial com envolvimento da força de trabalho, designado para uma reorientação que envolve novidade e criatividade no uso da água, energia e materiais, a partir de um campo fértil para novas ideias de benefício de processos, como a separação de resíduos descartados, monitoramento mais efetivo das emissões dos processos, reciclageme despejo de resíduos e exigências mais rigorosas com fornecedores (KINLAW, 2007). Além disso, o reuso de água, a elaboração de inventários de emissão de gases de efeito estufa com foco na pegada de carbono da celulose e práticas conservacionistas na construção de estradas e resiliência na edificação de pontes entre as medidas adotadas pela empresa (VASCONCELLOS, 2015) 33 A racionalização do uso de energia, matérias-primas e tempo estão sendo reforçadas na maioria das empresas do setor por meio do controle da qualidade total. São ações importantes mantidas pelas empresas do setor a fim de minimizar impactos negativos, preveni-los, ou para manter níveis de poluição conforme estabelecidos em legislação pertinente. A equivalência destas ações está nos benefícios internos e externos. A conclusão é de que as questões ambientais mais importantes estão no próprio uso do produto e não em relação as matérias-primas ou ao processo produtivo. De acordo com Kinlaw (2007), a produção mais limpa vem sendo obtida por meio de adaptações sem a necessidade de grandes investimentos, por meio das próprias instalações já existentes. Os estágios básicos da produção de celulose e papel são defendidos nas seguintes ações: obtenção de matéria-prima, o transporte de matérias-primas, a atividade industrial de celulose e papel, o produto acabado, o transporte de produtos acabados, o consumo dos produtos e o processo de reciclagem. Na figura 7 vemos os passos básicos fundamentais da produção do setor de celulose e papel. As etapas fundamentais envolvidas na cadeia de produção de papel e celulose, entendendo-se a lógica de inter-relações entre as etapas básicas da cadeia, bem como destas com o meio ambiente, constituindo-se no ponto de partida para a exploração dos processos competitivos do setor e suas interligações argumentando desde a extração de matérias-primas, na abertura da cadeia produtiva, passando pelo processo produtivo, alcançando o produto final, transportes e reaproveitamento de produtos (BRACELPA, 2007). 34 Figura 7- Estágios do processo de produção do setor de celulose e papel – 2008: FONTE: Adaptado de (CARIDADE 2006; BRACELPA, 2007). 35 2.4 A INDÚSTRIA MADEIREIRA DE CELULOSE, PAPEL E O MERCADO NACIONAL A matéria prima, ou a madeira a ser utilizada no processo industrial é concretizada através de algumas atividades, que começam com o desenvolvimento de pesquisas, que visam o melhoramento genético das espécies cultivadas e combate as pragas, plantio e manutenção das florestas, até o corte da madeira e seu transporte para as plantas industriais de celulose e papel. Na obtenção de madeira a pesquisa, encontra-se demarcada a uma das etapas da cadeia produtiva de celulose e papel, a de obtenção de madeira, que satisfaz ao primeiro ponto da cadeia. Esta delimitação acontece pelo fato de que, entre outras coisas, o manejo florestal de espécies mais produtivas, normalmente uma ou poucas espécies, em substituição as espécies nativas, é uma das principais críticas sofridas pelo setor como um todo, pelos impactos que pode gerar ao meio ambiente, tais como as perdas de diversidade vegetal e animal. Isto demanda das organizações um posicionamento rigoroso e ativo em relação à mitigação dos impactos que estas atividades geram (DEON, 2001; NÉRI, FURTADO e POLESE, 2005). Assim se sobressai o reconhecimento desta etapa, por conta do detalhamento das atividades desenvolvidas para a obtenção da madeira. O esquema da figura 8 apresenta de maneira simplificada, o fluxograma de uma área de melhoramentos e plantações florestais, que vai desde o desenvolvimento de pesquisas florestais para melhoramento genético das sementes, passando pela produção de mudas em raiz nua e embalada e seu plantio, até a obtenção da madeira em pinus e eucalipto. A década de 70 foi marcada pela política de incentivos fiscais para o reflorestamento, que começaram já na década de 60. Com esses incentivos foi possível ampliar consideravelmente o estoque de madeira nesses plantios (BRACELPA, 2009). Por isso vem se investindo em pesquisa sobre a silvicultura dessas espécies, concretizando seu uso em plantios. O Brasil detém hoje as 36 melhores tecnologias na silvicultura do eucalipto, atingindo cerca de 39m³/ha de produtividade de eucalipto fibra curta em um ciclo de seis anos. O segundo colocado do mundo é o Chile, que produz cerca de vinte metros cúbicos por hectare, mas em um ciclo no qual a árvore leva vinte anos para crescer, de acordo com o relatório “Papel e Celulose”, do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Banco Bradesco no ano de 2015. Na Suécia e Finlândia a plantação leva de 35 a 40 anos para se desenvolver e a produtividade por hectare cai para sete metros cúbicos (VASCONCELLOS, 2015). Existem plantios comerciais de outras espécies, como Acácia Seringueira, Teca, Paricá, Araucária e Álamo (OLIVEIRA E FLORESTAL,2016). Figura 8- Fluxograma das etapas de melhoramento genético e produção da madeira – 2008: FONTE: Adaptado de Néri, Furtado e Polese, (2005). A estrutura administrativa, da etapa de obtenção da madeira - não coberta pela figura anterior - presente num grande número de empresas do setor de celulose e papel apresentam os seguintes departamentos, partindo-se da companhia florestal: departamento de P&D (pesquisa e desenvolvimento florestal), departamento de silvicultura, departamento de oficina de manutenção florestal e departamento de colheita da madeira. Outras relevantes atividades ainda encontram-se integradas às etapas de obtenção da matéria-prima, desenvolvidas por outros departamentos em níveis 37 gerenciais no interior das empresas do setor de celulose e papel. Essas atividades em larga medida são gerenciadas de acordo com as normas de certificação da ISO 14000 que disciplina os procedimentos dos aspectos e impactos ambientais nas empresas do setor de celulose e papel. Figura 9- Estrutura das etapas de obtenção da matéria-prima – Área florestal – 2007: FONTE: Adaptado de Deon (2001); Bracelpa, (2007). 2.4.1 - O processo produtivo da Celulose e do Papel No ponto da cadeia que corresponde ao processo produtivo (atividade industrial), a madeira bruta é recebida em toras, com comprimentos variando entre 2,20 e 2,40 metros, sendo descascadas e limpas antes de serem utilizadas. As toras descascadas são transformadas em cavacos, os quais são selecionados por meio de peneiramento em três tamanhos: graúdos, que retornam aos picadores; os que alcançam a faixa de aceitação são estocados em pilhas cobertas ou a céu aberto para posterior cozimento; e os cavacos finos são reaproveitados como combustível na caldeira de força, juntamente com as cascas da madeira provenientes do descascamento das toras. As cascas utilizadas para este fim são somente as 38 consideradas limpas, as demais cascas são enviadas para aterro. Ainda no processo produtivo, tem-se a “digestão” dos cavacos, com adição de componentes químicos e vapor, em condições apropriadas de temperatura e pressão, até as da qual há uma desintegração física dos cavacos, liberando as fibras da madeira para a formação de uma pasta de celulose (DEON, 2001; REZENE, MATOS e SILVA, 2006). O processo produtivo da celulose e do papel, de acordo com a Fibria1 (2012) começa com as pesquisas de melhoramento genético do eucalipto e controle de pragas, em segundo lugar é feita a plantação de mudas em viveiros com 103 milhões de mudas de eucalipto e 15 milhões de mudas nativas, seguido pelo seu plantio e monitoramento. A Fibria conta com 975 mil hectares, sendo 352 mil são de áreas de conservação. A cada 6 a 7 anos é realizada a colheita do eucalipto, feita por máquinas florestais, que colhem e descascam as árvores plantadas e as cortam em toras. Na fábrica, as toras de eucalipto são picadas e viram cavacos.Os cavacos são transportados por esteiras até o digestor, onde se inicia o seu cozimento, que vai transformar os pedaços de madeira em uma polpa. A polpa é filtrada e lavada até ficar livre de impurezas. Em seguida, começa o processo de branqueamento, em que a celulose líquida recebe um tratamento para que fique alva. A próxima etapa é a secagem, em que a celulose é prensada para retirar a água e transformá-la em uma folha achatada, que entra em uma secadora e finalmente sai seca no outro lado. Por fim, as folhas secas são cortadas e prensadas em fardo. O processamento da pasta de celulose é feito nos chamados refinadores e depuradores, os quais desintegram os feixes ou aglomerados de fibras, para que seja possível obter uma pasta de celulose bastante homogênea. A celulose proveniente da reciclagem de papéis entra no processo produtivo, a partir do refinamento. Esta celulose é obtida por meio de aparas de papel, de proveniência externa e de refugos de papel obtidos nas próprias fábricas, antes da expedição, denotando a reciclagem inerente ao processo produtivo, o que representam um total médio aproximado de 9% do total da matéria utilizada no processo produtivo das empresas de celulose e papel (SENAI/IPT, 2005). 1 Maior produtora mundial de celulose no ano de 2017, de acordo com o Correio Braziliense. 39 A celulose obtida é então estocada para ser utilizada oportunamente na produção de papel, que envolve o refino das fibras, a depuração da massa (para remoção de materiais estranhos) e a adição de produtos químicos. Esta massa é espalhada mecanicamente sobre uma tela em movimento, formando uma folha de espessura uniforme ao longo da largura da tela. Esta folha passa por um processo de secagem, sendo então prensada nos rolos, onde é enrolado o papel. Após esse processo, é feito o rebobinamento do papel e o seu corte longitudinal, para em seguida passar ao setor de expedição (FONSECA, 2002; SENAI/IPT, 2005) 2.4.2 O transporte da matéria-prima . O transporte da madeira como matéria-prima principal das atividades de celulose e papel são naturais das florestas de pinus e eucalipto, a condução até as fábricas são realizadas por meio rodoviário. De acordo com a Fibria (2012) são transportados por via rodoviária, ferroviária ou marítima. As comunidades são informadas sobre o período e a rota do transporte Onde os veículos usados no transporte são caminhões com capacidades de 15, 30 a 45 toneladas. O processo normalmente é de responsabilidade do departamento de colheita de madeira, da área florestal das empresas (REVISTA MADEIRA, 2007). 2.4.2.1 - O transporte e o consumo dos produtos acabados O transporte dos produtos acabados a partir das unidades de plantas industriais das empresas do setor de celulose e papel pode se dar por via rodoviária, ferroviária ou marítima, ou seja, conforme se dê para o mercado interno ou externo. O consumo ou reutilização dos produtos como insumos se fazem nas fábricas de embalagens ou nos demais setores compradores deste setor como: máquinas e equipamentos, equipamentos eletrônicos, químico, produtos alimentares, serviços, 40 edição, impressão e serviços gráficos, saúde e educação, farmacêuticos, couro e calçados e artefatos de papel entre outros, devido a ampla gama de utilizações a que se destina (REVISTA CELULOSE E PAPEL, 2007). 41 CAPITILU 3 - A ORGANIZAÇÃO DA INDÚSTRIA MADEIREIRA NO PARANÁ Aqui ver-se-á como a cadeia produtiva de madeira está inserida no estado do Paraná, quais são seus pontos fortes e fracos em relação a seus produtos ofertados, será verificado qual é a relação do estado em relação a exportações, e como a produção de arvores plantadas surgiu historicamente no estado. O setor de móveis é o quarto setor que mais gera emprego no estado contando este com 3.088 estabelecimentos, o setor madeireiro é o sexto maior gerador de empregos, contando com 2.300 estabelecimentos e o setor de celulose e papel fica na decima primeira posição em geração de empregos (FIEP,2014). O Paraná tem sua separação regional, a que terá maior ênfase é a região do norte central do Paraná. Essa região é uma das que mais geram empregos a nível industrial do estado, sendo a segunda maior geradora de empregos do estado (FIEP, 2016). 42 3.1 AS RELAÇÕES DA INDÚSTRIA MOVELEIRA, DE CELULOSE, PAPEL E DE PRODUTOS MADEIREIROS DO PARANÁ COM O EXTERIOR Em 2013 a madeira foi a nona colocada em níveis de produção do estado paranaense, com a produção de R$5,6 bilhões, a celulose superou esta ficando em sétimo lugar, no ranking de maiores produções do estado, com a produção de R$7,8 bilhões (FIEP, SINPACEL 2016). O Paraná, segundo a FIEP 2015 é o quarto estado que mais importa no país e o quinto que mais exporta, sendo a madeira compensada o nono produto mais exportado deste estado, contando com US$ 0,3 bilhões no ano de 2015. A indústria da madeira e a indústria moveleira são uns dos principais segmentos industriais do estado. Em 2015 o estado do paraná exportou US$ 14,9 bilhões, o quinto maior volume entre os estados, próximo de 7,8% do montante comercializado externamente pelo Brasil. Dentro destas exportações, cerca de 41% são destinados à China, Argentina Estados Unidos, Arábia Saudita e Holanda (FIEP, 2016). A mesorregião do norte central é a segunda maior exportadora do estado, participando com 25,6% das exportações em 2015, onde entre os principais produtos exportados do estado, está a madeira compensada e produtos madeiráveis deste segmento, contribuindo com US$ 0,3 bilhões (FIEP, SINPACEL 2016). A indústria extrativista gera muita renda no estado do Paraná, visto que uma das principais atividades econômicas esta intricadamente ligada a agricultura, até pelo fato dela ter uma história de politicas que visavam de fato aumentar e possibilitar o plantio de arvores plantadas no estado. Na tabela 3, verifica-se algumas atividades industriais ligadas a cadeia produtiva de madeira, e seus níveis de remunerações e vendas, onde ver-se á quais os produtos tem mais valor econômico, pelo fato até de ter maior valor de transformação industrial. 43 Tabela 3- Indicadores paranaenses sobre indústria extrativista de transformação, em R$ mil reais, 2013: Atividade Industrial Remuneraçõe s 2013 Vendas 2013 Valor bruto da produção industrial 2013 Valor da transformação industrial 2013 Madeira 60.053.743,40 5.630.822,00 5.635.672,00 2.647.345,00 Celulose & Papel 49.520.521,10 7.776.083,00 7.849.575,00 3.372.569,00 Móveis 67.447.640,00 4.930.219,00 4.928.293,00 2.180.315,00 Fonte: Adaptado, IBGE. Pesquisa Industrial Anual , 2013; BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais, 2007/2014. Gráfico 1- Análise dos indicadores paranaenses sobre indústria extrativista de transformação, em R$ mil reais. Fonte: Elaboração própria, IBGE. Pesquisa Industrial Anual, 2013; BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais, 2007/2014. O gráfico acima apresenta as vendas com madeira representando cerca de 30% no ano de 2013; as vendas de celulose representam cerca de 40% e as vendas com móveis cerca de 26%. Assim, o produto mais vendido e mais significativo em relação às vendas é a celulose e o papel. O valor bruto da produção industrial em 2013 foi composta cerca de 30% da madeira, 42% da celulose e 26% da indústria moveleira. O valor de transformação industrial de 2013 foi composto 32,2% da madeira, 41,1% de celulose e papel e, 26,5% da indústria moveleira. 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 Vendas 2013 Valor bruto da produção industrial 2013 Valor da transformação industrial 2013 30,7 30,6 32,3 42,4 42,6 41,1 26,9 26,8 26,6 Móveis Celulose & Papel Madeira 44 Logo, pelas informações dos dados apresentados, dão conta de que, a celulose