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1 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh Curso Diagnóstico de Tuberculose - Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4 Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh Expediente Produzido por Núcleo de Doenças Infecciosas da Universidade Federal do Espírito Santo (NDI/UFES) - Vitória / ES Equipe responsável Moisés Palaci Solange Alves Vinhas Eunice Atsuko Totumi Cunha Luiz Guilherme Schmidt Castellani Rosalia Maia Adaptação pedagógica Lucy Maria Bez Birolo Parucker Helena Cristina Franz Darcita Buerger Rovaris Breno Biagotti Artemir Coelho de Brito Nicole Menezes de Souza Diagramação Bruna Goddini de O. Ferreira Apoio OPAS/OMS - Organização Pan-Americana da Saúde Sumário 1.Introdução 4 2.Processamento das amostras 4 3.Descontaminação por NaOH a 4% e inoculação 6 4. Leitura das culturas 8 5. Coloração Ziehl-Neelsen dos crescimentos 10 6. Resultados observados 11 7. Prosseguimento do diagnóstico laboratorial 13 8. Redescontaminação ácida 15 9. Identificação do crescimento das culturas 17 10. Avaliação de crescimento em PNB e TCH 19 11. Monitoramento das culturas 22 12. Outros métodos de identificação 26 13. Referências 27 4 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh 1.Introdução A padronização de condutas técnicas é condição para que ações implementadas produzam resultados que possam ser submetidos a ferramentas de análise e avaliação e permite averiguar se as expectativas foram alcançadas de acordo com as metas estabelecidas, podendo indicar mudanças mais assertivas na condução do processo, quando necessário. Para que se possa avaliar o impacto do exame de cultura no diagnóstico e no controle da tuberculose, é necessário que todas as etapas relacionadas a esse procedimento sigam rigorosamente os protocolos estabelecidos. Assim, buscando a padronização e a qualidade necessária ao exame de cultura de materiais clínicos em meio de Ogawa-Kudoh para o diagnóstico de tuberculose, neste módulo, serão apresentados os procedimentos para o recebimento, cadastro e processamento das amostras, redescontaminação ácida da cultura e identificação de micobactérias. 2.Processamento das amostras O exame de cultura é um método sensível e específico para o diagnóstico das doenças causadas por micobactérias, principalmente a tuberculose (TB). A maioria das amostras clínicas submetidas aos laboratórios de micobacteriologia são contaminadas por microrganismos da microbiota normal que crescem mais rapidamente que as micobactérias. Em virtude desse problema, as amostras devem ser submetidas a um processo de descontaminação que liquefaz os resíduos orgânicos e elimina os organismos indesejáveis na cultura, facilitando o crescimento das micobactérias. Os agentes de descontaminação são tóxicos para os contaminantes, mas agridem também as micobactérias, embora com menor intensidade. Por esse motivo, para assegurar a recuperação do número máximo de micobactérias, o processo de descontaminação deve ser seguido rigorosamente e depende do tempo de exposição das micobactérias ao agente descontaminante e do meio de cultura a ser utilizado. Para o método de Ogawa-Kudoh, o descontaminante utilizado é o NaOH a 4%. 5 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh Procedimentos para o recebimento de amostras: • Ao chegar ao laboratório, as amostras e as requisições devem ser conferidas por dois técnicos para evitar possíveis erros de numeração ou troca de amostras; • Obter, no programa de computador do laboratório, o último número cadastrado. A partir desta observação, iniciar a numeração das requisições dos exames; • Recomenda-se que as amostras sejam cadastradas no sistema GAL pelo município de origem. • Numerar cada exame com o respectivo número obtido no sistema de registro de amostras; • Colocar as amostras em ordem de numeração crescente, e em seguida, identificar as lâminas com o número de registro da amostra. Todas as amostras devem ser mantidas entre 2°C e 8°C, em refrigerador destinado exclusivamente para material não estéril, até o seu processamento. Recomenda-se que o resultado da baciloscopia seja liberado em 48 horas após a entrada no laboratório. Quando não for possível processar a cultura imediatamente, estas amostras podem ser armazenadas, em refrigerador de 2°C a 8°C e mantendo sua viabilidade por no máximo 7 dias após a coleta Para evitar enganos, trocas e contaminações cruzadas, recomenda-se processar no máximo 3 amostras de cada vez, respeitando um espaço entre os tubos de ensaio, evitando que os mesmos entrem em contato. Deve-se utilizar um tubo de ensaio com tampa de rosca e um swab estéril para cada amostra. 6 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh 3.Descontaminação por NaOH a 4% e inoculação Materiais e equipamentos necessários: • Jaleco de manga longa; • Máscara N95 ou PFF2; • Luvas descartáveis; • Cabine de Segurança Biológica Classe II A2 ou B2 ou Bico de Bunsen; • Estufa a 37ºC • Solução de hipoclorito de sódio a 1%; • Gaze; • Solução de álcool a 70%; • Solução de NaOH 4%; • Tubos de ensaio, com tampa de rosca, e estante; • Pipeta sorológica estéril; • Swab estéril; • Cronômetro; • Caneta de retroprojetor; • Tubos com meio Ogawa-Kudoh. O processamento da amostra deve ocorrer dentro da Cabine de Segurança Biológica ou no bico de Bunsen. No caso de utilização de Cabines, as seguintes etapas devem ser seguidas: 1. Identifique os três tubos de ensaio e adicione, com o auxílio de uma pipeta sorológica estéril, 3 mL de NaOH a 4% em cada tubo. Durante este procedimento, abra somente um frasco por vez; 2. Coloque o swab na porção mais purulenta da amostra, girando para que o swab absorva uma parte da amostra. Mergulhe o swab no NaOH a 4% contido no tubo de ensaio; 3. Aguarde 2 minutos para descontaminação da amostra. Utilizar o relógio para marcar este tempo; Não ultrapassar os 2 minutos; 4. Após os 2 minutos, retire o excesso de solução descontaminante do swab apertando-o contra a parede do tubo de ensaio e semeie no meio de Ogawa-Kudoh, fazendo movimentos de zigue-zague, 7 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh cobrindo toda a superfície do meio. Feche os tubos e retire da Cabine de Segurança Biológica; 5. Incube todos os tubos inoculados a 37°C em estufa bacteriológica por um período de 48 horas. Após este período de incubação, confira se houve contaminação em todos os frascos. Conserve os meios incubados a 37°C em estufa bacteriológica com as tampas ¼ de volta abertas. Sempre que retirar os frascos da estufa feche bem as tampas; 6. Utilizando dois palitos de madeira estéril, retirar da parte mais purulenta da amostra uma porção suficiente para ser espalhada por 2/3 da lâmina; 7. Ao término da preparação do esfregaço, despreze os palitos de madeira utilizados no procedimento em recipiente para descontaminação em autoclave; 8. Coloque as lâminas em placa aquecedora a 80°C por pelo menos 1 hora. Se não tiver placa aquecedora, passe a lâmina com esfregaço já seco rapidamente, por três vezes, sobre a chama do bico de Bunsen, para fixação do material; 9. Não se deve aquecer a lâmina enquanto o esfregaço estiver sendo preparado, ou seja esfregaço úmido; 10. Feche bem o frasco das amostras já utilizadas, e, coloque-as em um espaço próprio reservado na bancada para as amostras já trabalhadas; 11. Guardar os frascos das amostras processadas em geladeira. As amostras devem ficar guardadas até a liberação do resultado da baciloscopia, caso seja necessário repetir o exame. Após a liberação desse resultado, descarteas amostras em recipiente para resíduo infectante de amostra biológica; e leve para descontaminação em autoclave; 12. Ligue a lâmpada ultravioleta (UV) da Cabine de Segurança Biológica, mantendo-a por 15 minutos. Passado esse tempo, desligue a lâmpada UV, acondicione corretamente o recipiente de resíduo biológico e leve para descontaminação em autoclave em ciclo de 30 minutos; Alguns municípios não têm em seus laboratórios a Cabine de Segurança Biológica (CSB), entretanto, a metodologia de Ogawa-Kudoh gera poucos 8 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh aerossóis, podendo ser realizada fora da cabine e na presença de um bico de Bunsen. Se for este o caso, mantenha atenção redobrada quanto à biossegurança na manipulação das amostras biológicas e no uso de fogo. 4. Leitura das culturas A próxima etapa de averiguação das amostras é a realização da leitura dos resultados da cultura. A velocidade de crescimento de colônias nos meios utilizados no laboratório é um dado importante, uma vez que junto com outros resultados laboratoriais ajudará na identificação correta do microrganismo em crescimento. Além disso, pode-se observar se as colônias em crescimento nos meios estão livres de outros microrganismos. Durante a leitura das culturas, observa-se a morfologia e a coloração das colônias crescendo no meio sólido. PRECAUÇÕES! De forma geral, a leitura das culturas em meios sólidos não oferece risco de contaminação ao operador, devendo-se apenas observar se os frascos de cultura estão bem fechados e que a leitura dos mesmos seja sempre feita sobre uma bancada, com o devido cuidado para que os frascos não se quebrem. Materiais utilizados durante a leitura das culturas: • Frascos de meio Ogawa-Kudoh utilizados para a semeadura das amostras tratadas; • Livro branco do Ministério da Saúde para registro das amostras; • Sistema de Informação Gerenciador de Ambiente Laboratorial – GAL; • Lupa com lâmpada fluorescente; • Lâminas de microscópio; • Caneta de retroprojetor; • Recipiente próprio para descarte das culturas finalizadas. 9 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh Observação dos frascos inoculados 1. Todas as culturas em meios sólidos devem ser lidas pelo menos uma vez por semana, por 8 semanas, e de preferência às segundas- feiras, para se ter tempo durante a semana para dar andamento aos procedimentos cabíveis no caso de uma cultura positiva; 2. Cada frasco de meio de Ogawa-Kudoh deve ser observado cuidadosamente utilizando-se lupa, para se observar crescimento de qualquer tipo de microrganismo. Se não houver a lupa, observe cada tubo em ambiente bem iluminado; 3. Não sendo observado qualquer crescimento no meio de cultura, verificar a data de término desta cultura (8 semanas ou mais) e finalizá-la como negativa. Após este procedimento, emitir o resultado negativo no Livro Branco, na seção “RESULTADO POR TIPO DE EXAMES” - “CULTURA” e no Sistema de Informação Gerenciador de Ambiente Laboratorial – GAL; 4. Os frascos de cultura finalizados deverão ser então colocados no recipiente de descarte e encaminhados para a autoclavação antes de ser descartado; 5. Caso seja detectado o crescimento de qualquer colônia, registra- se no Livro Branco, na seção “RESULTADO POR TIPO DE EXAMES” - “CULTURA” e também no GAL, todas as informações referentes a cada tubo de cultura, de cada amostra, como: data da leitura, número de colônias visualizadas de acordo com a escala semi-quantitativa, características morfológicas das colônias em relação à presença de pigmento, aspecto (lisa ou rugosa), e crescimento parcial ou total de cada tubo; 6. Os critérios para leitura das culturas em meio sólido são apresentados em escala semi-quantitativa. Escala Semi-Quantitativa Menos de 20 colônias = “cultura positiva” (registrar o número de colônias observadas) De 20 a 100 colônias = “cultura positiva” (+) Mais de 100 colônias separadas = “cultura positiva” (++) Colônias confluentes (tapete) = “cultura positiva” (+++) 10 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh Para os laboratórios que realizam o método de Ogawa-Kudoh e não possuem a Cabine de Segurança Biológica, não realizar baciloscopia dos crescimentos observados. Os tubos de cultura onde são visualizadas as colônias devem ser encaminhados para um laboratório de referência, uma vez que a baciloscopia realizada a partir de colônias aumenta muito o Risco Biológico dentro do laboratório, e, portanto, o risco maior de contaminação aos profissionais. 5. Coloração Ziehl-Neelsen dos crescimentos A cultura é então encaminhada para que seja feito um esfregaço do crescimento observado: 1. Com um palito estéril e de ponta fina, colete uma pequena porção da colônia em crescimento, transferindo-a para o círculo delimitado na lâmina, tentando fazer uma fina camada desta cultura; 2. Caso sejam detectadas colônias diferentes, prepare esfregaços separados de cada uma delas; 3. Fixe o esfregaço por 2 horas em chapa a 80°C; 4. Core os esfregaços utilizando a coloração de Ziehl-Neelsen; 5. Cada esfregaço é observado cuidadosamente ao microscópio para verificar se o crescimento observado nos meios sólidos é de Bacilo Álcool-Ácido Resistente (BAAR) ou não; 6. Se o esfregaço for BAAR +, observe se há algum tipo de contaminação, isto é, se há algum outro organismo corado (observar se há estruturas diferentes da estrutura das micobactérias); 7. O resultado da leitura dos esfregaços é registrado na planilha Ziehl-Neelsen registrando as seguintes observações: • BAAR POSITIVO ou NEGATIVO; • Presença de Bactérias/Fungos POSITIVO ou NEGATIVO. 11 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh 6. Resultados observados Após a leitura, registrar os resultados dos crescimentos e das baciloscopias no programa de registro do laboratório. Os diferentes encaminhamentos serão tomados a partir dos resultados observados. Cultura BAAR positiva sem contaminação: • Observar o histórico da pessoa para a verificação da presença de outras amostras positivas; • Se houver crescimento de 1 a 20 colônias, fazer o subcultivo dessas colônias; • Se houver aparecimento de muitas colônias, porém com crescimento pobre, ou seja, colônias pequenas, esta cultura deve voltar para incubação a 37°C na estante nomeada de “CULTURAS POSITIVAS”, até que haja um crescimento suficiente para dar sequência ao diagnóstico laboratorial; • Caso haja desenvolvimento de grande número de colônias, com crescimento exuberante, e sendo esta a primeira cultura positiva dessa pessoa, encaminhar a amostra para identificação de espécie e armazenamento; • Caso haja, no histórico da pessoa, relato de outras culturas e BAAR em processo de identificação ou já identificadas como Mycobacterium tuberculosis num período menor do que 2 meses, esta última cultura positiva é registrada como positiva secundária e apenas armazenada; • Caso o resultado do teste de identificação não seja compatível com o Complexo Mycobacterium tuberculosis, isto é, PNB POSITIVO e TCH POSITIVO, faça um esfregaço de cada um dos frascos, incluindo o frasco controle, para confirmar a presença de BAAR sem contaminação. Também, verificar o histórico da pessoa e encaminhar a amostra para posterior identificação da espécie. 12 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh Cultura BAAR positiva com contaminação: • Esta cultura deve ser encaminhada para redescontaminação ácida e deverá ser observada semanalmente, como as demais culturas de rotina; • Quando for detectado crescimento e verificado ser uma cultura pura, deve-seencaminhar como cultura BAAR POSITIVA sem contaminação. Cultura BAAR negativa com contaminação: • Se a contaminação for total, isto é, tomar toda superfície do meio sólido, descarte esta cultura no recipiente próprio e registre no laboratório como uma cultura contaminada; • Se a contaminação for parcial, isto é, se ainda restar a maior parte da superfície do meio sólido para crescimento de microrganismos, e, se ainda não alcançou a data prevista para a finalização desta cultura, registre a contaminação no programa como contaminação parcial, e, retorne o frasco da cultura para a estufa. Também, esta amostra continuará sendo lida semanalmente até completar 8 semanas, quando será finalizada como cultura negativa. 13 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh 7. Prosseguimento do diagnóstico laboratorial Subcultivo (Repique) das culturas Trata-se de uma etapa que consiste na preparação de uma suspensão bacteriana, a partir de uma cultura com raras colônias que serão inoculadas no meio de Ogawa-Kudoh ou outros meios, com o objetivo de aumentar a carga bacteriana para a realização das provas de identificação das espécies de micobactérias, e dos testes de sensibilidade aos antimicrobianos. Este procedimento necessita de um crescimento bacteriano abundante de micobactérias. Para realização dessa etapa, utiliza-se os seguintes materiais: Materiais e equipamentos necessários: • Jaleco de manga longa; • Máscara N95 ou PFF2; • Luvas descartáveis; • Cabine de Segurança Biológica Classe II A2 ou B2; • Solução desinfetante (ex.: solução de hipoclorito de sódio a 1%); • Micropipetas e ponteiras estéreis de 1 ml e 0,2 ml; • Água destilada estéril; • Estante para tubos 20 x 150mm; • Etiqueta para identificação dos tubos; • Agitador mecânico (vórtex); • Gaze estéril em pedaços; • Alças descartáveis estéreis; • Tubos de ensaio 10 x 100 mm, com tampa de rosca, contendo 10 pérolas de vidro estéreis; • Tubos de meio Ogawa-Kudoh; • Água Destilada Estéril; • Solução de álcool a 70%; • Estufa 37°C. 14 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh Procedimentos: 1. Inicialmente, identifique os tubos com pérolas de vidro e os tubos contendo meio de Ogawa-Kudoh com o respectivo número da cultura a ser subcultivada. A seguir, coloque os tubos de ensaio com pérolas e os de meio de cultura em uma mesma estante; 2. Transfira para um tubo de ensaio com tampa de rosca, 10 x 100 mm (de paredes reforçadas), contendo 10 pérolas de vidro e 0,2 (até 0,5 mL) de água destilada, estéreis; 3. Homogeneíze em agitador mecânico (vórtex) por 20 a 30 segundos; 4. Mantenha em repouso por 10 minutos; 5. Inocule com micropipeta e ponteira estéril 0,1 mL da suspensão em 2 tubos com meio de Ogawa-Kudoh, tentando banhar toda a superfície do meio; 6. No caso de existir água de condensação nos tubos de meio de Ogawa-Kudoh, despreze a mesma sobre gaze ou papel de filtro estéreis antes de inocular; 7. Feche os tubos sem rosquear a tampa até o fim, deixando levemente frouxa, ¼ de rosca, e coloque-os na estante; 8. Acondicione os tubos de meios de cultura, inclinados em uma bandeja de polipropileno, de maneira que o lado da tampa fique ligeiramente mais elevado e com a superfície do meio voltada para cima. Cuidado especial para não sobrepor os tubos, evitando acidentes ao transportar a bandeja. Identificar na bandeja a data de inoculação; 9. Incube os tubos inoculados em estufa de 37°C; 10. Estes tubos devem ser lidos semanalmente por 3 semanas, quando as culturas estarão prontas para serem utilizadas. OBS.: Apenas um tudo de cultura deverá ser aberta por vez. 15 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh 8. Redescontaminação ácida Trata-se de um método utilizado para descontaminar culturas de micobactérias contaminadas por outros microrganismos. Como a rotina utiliza no procedimento uma descontaminação alcalina, pode ser que o microrganismo contaminante tenha uma resistência relativa ao pH alcalino, e, ao utilizar uma redescontaminação ácida, as chances de eliminar os outros microrganismos serão maiores, por isso a indicação dessa redescontaminação ácida. Neste sentido, se recomenda a utilização dos seguintes materiais para essa etapa: Materiais e equipamentos necessários: • Jaleco de manga longa; • Máscara N95 ou PFF2; • Luvas descartáveis; • Cabine de Segurança Biológica Classe II A2 ou B2; • Solução desinfetante (ex: Solução de hipoclorito de sódio a 1%); • Tubos de centrífuga de polipropileno, de 50 mL, de fundo cônico com tampa de rosca; • Alça bacteriológica descartável estéril (meio sólido) ou pipeta pasteur descartável estéril (meio líquido); • Solução de Ácido Sulfúrico 4%; • Solução de NaOH a 4%; • Tampão Fosfato 0,067M, pH 6,8; • Solução de Vermelho de Fenol 0,4%; • Agitador mecânico (vórtex); • Estantes para tubo de centrífuga de 50 ml; • Centrífuga com rotor selado, com adaptadores para tubos de 50 mL; • Cronômetro; • Pipetas Sorológicas de 5 mL; • Caneta de retroprojetor; • Gaze; • Solução de álcool a 70%. 16 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh Procedimentos: 1. Dando prosseguimento à realização da cultura, com o auxílio de uma alça bacteriológica, retire parte da cultura contaminada, e transfira para um tubo de centrífuga de 50ml contendo 5mL de tampão fosfato (0,067M, pH 6,8); 2. Acrescente igual volume de solução de ácido sulfúrico 4%; 3. Feche o tubo fortemente, agite em vórtex por 20 segundos; 4. Deixe por 15 minutos para descontaminação; 5. Adicione a cada tubo de tampão fosfato até completar o volume até 50mL, para diluir a ação descontaminante; 6. Centrifugue os tubos a 3000xg, por 15 minutos a 4°C; 7. Descarte o sobrenadante, em recipiente a prova de respingo, adicione 1 gota de vermelho de fenol e neutralize com NaOH 4% até que a solução mude para uma coloração rosa pálido. Ao adicionar o vermelho de fenol à amostra, tome cuidado para não ultrapassar a quantidade indicada, porque dessa forma ter-se-á que adicionar uma maior quantidade de NaOH 4%, o que diluiria a quantidade de bacilos existentes; 8. Inocule em meio Ogawa-Kudoh com 200μl dessa suspensão e incube a 37°C; 9. Deixe as tampas dos frascos semi-abertas; 10. Faça leitura das culturas semanalmente até aparecer o crescimento; 11. Caso haja crescimento, fazer um esfregaço e corar pelo método de Ziehl-Neelsen para verificar se a cultura está livre de contaminantes, e seguir com a identificação dos microrganismos em crescimento. 17 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh 9. Identificação do crescimento das culturas O Mycobacterium tuberculosis é a espécie cultivável de maior importância médica por ser o principal agente etiológico da TB que, juntamente com Mycobacterium bovis e outras oito espécies que formam o Complexo Mycobacterium tuberculosis (CMTB). Embora outras espécies patogênicas e potencialmente patogênicas sejam isoladas em uma frequência baixa em nosso meio, é importante que os laboratórios de referência possam identificá- las completamente para otimizar o diagnóstico e o tratamento da TB. Neste sentido, para diferenciar o CMTB das demais espécies de micobactérias, deve-se determinar as seguintes características fenotípicas: • Velocidade de crescimento da micobactéria no meio de cultura; • Aspecto macroscópico das colônias; • Aspecto microscópico das colônias, e; • Avaliação de crescimento em PNB e TCH. Velocidade de crescimento no meio de cultura >7 dias = micobactérias de crescimento lento (MCL), e; <7 dias = micobactérias de crescimento rápido (MCR). Aspecto macroscópicodas colônias Essa avaliação está indicada na cultura original em meio sólido. Nesses meios, as colônias de micobactérias cultivadas apresentam diferentes morfologias e pigmentação. A morfologia das colônias pode ser lisa ou rugosa, seca ou cremosa, opaca ou transparente. A pigmentação é também, uma característica importante utilizada na classificação macroscópica das colônias e pode variar de laranja a amarelo intenso. Aspectos fenotípicos Alguns aspectos fenotípicos devem serem observados e anotados, de preferência com uma lupa manual em um ambiente iluminado, tais como: • Aspecto da colônia: lisa ou rugosa, seca ou cremosa, opaca ou transparente; • Pigmentação da colônia: sem pigmentação ou acromógena (cor bege), pigmentada (laranja, amarela, salmão). 18 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh Leitura e interpretação • Colônia de Mycobacterium tuberculosis: acromógena, geralmente de cor creme, colônia rugosa com aspecto de couve-flor, seca e opaca. • Colônia de micobactéria não causadora de tuberculose: pigmentada ou acromógena, lisa ou rugosa, seca ou cremosa, opaca ou transparente. Aspecto microscópico das colônias Análise microscópica das colônias Uma vez realizada a análise macroscópica, faz-se uma leitura do esfregaço corado por Ziehl-Neelsen com vistas a observar as características das bactérias. Leitura e interpretação • Bacilo Álcool-Ácido Resistente positivo: bacilos corados em cor rosa fúcsia. • Formação de corda positiva: bacilos em paliçada com um aspecto de corda ou grumos compactos assemelhando-se a um borrão de corantes. • Formação de corda negativa: bacilos dispersos no esfregaço, geralmente, com tamanho diferente do observado para membros do Complexo Mycobacterium tuberculosis. 19 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh 10. Avaliação de crescimento em PNB e TCH O objetivo do uso deste método é diferenciar as espécies do complexo Mycobacterium tuberculosis das demais espécies do gênero, avaliando seu crescimento em presença de ácido p-nitrobenzóico e hidrazida do ácido tiofeno-2-carboxílico. A seguir, será mostrado o material a ser empregado no procedimento: Materiais e equipamentos necessários: • Cabine de Segurança Biológica Classe II A2 ou B2; • Solução desinfetante (ex.: Solução de hipoclorito de sódio a 1%); • Tubo com tampa de rosca (5mL) contendo 3mL do meio Ogawa- Kudoh; • Tubo com tampa de rosca (5mL) contendo 3mL do meio Ogawa- Kudoh contendo 500 μg/mL de PNB; • Tubo com tampa de rosca (5mL) contendo 3mL do meio Ogawa- Kudoh contendo 5 μg/mL de TCH; • Estante para tubos de 5mL; • Etiqueta para identificação dos tubos; • Swabs; • Tubos de Hemólises e estante para tubos de Hemólise; • Água Destilada Estéril; • Estufa 37°C. Procedimentos: • Antes de realizar o teste de identificação, deve-se fazer um esfregaço da cultura e, corar por Ziehl-Neelsen para se certificar que as mesmas são realmente micobactérias e que nesta cultura não haja contaminantes; • Cada teste é realizado utilizando-se 1 tubo controle (Ogawa- Kudoh sem droga); 1 tubo PNB (Ogawa-Kudoh com 500 μg/ mL de PNB) e 1 tubo TCH (Ogawa-Kudoh com 5 μ/mL de TCH). Numere cada um destes tubos com o número da amostra a ser testada (Figura 1); • Adicione 3 mL de água destilada estéril em um tubo de hemólise; • Introduza o swab neste tubo, evitando encharcá-lo muito (Figura 1); 20 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh • Toque a cultura a ser testada com esse swab, e em seguida, passar no tubo Controle fazendo uma linha reta (Figura 1); • Toque novamente a cultura a ser testada com o mesmo SWAB úmido, e passe-o no tubo de PNB. A seguir, descarte apropriadamente este SWAB (Figura 1); • Introduza outro swab em um tubo de hemólise contendo água, sem encharcá-lo; toque a cultura com este segundo swab e passe-o no tubo de TCH, fazendo uma linha reta (Figura 1); • Feche os frascos deixando a tampa semi-aberta; • Incube em estufa a 37ºC por duas semanas até a leitura; • Após duas semanas, compare o crescimento das micobactérias apresentada nos tubos com as drogas, com o crescimento no tubo de controle; • Interprete os resultados de acordo com o quadro abaixo: Figura 1. Procedimentos com culturas positivas e crescimento de 21 a 28 dias. 21 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh ATENÇÃO! Este teste deve ser realizado com culturas positivas com crescimento de 21 a 28 dias. Deve-se realizar, paralelamente, um teste com uma cultura de M. tuberculosis (cepa de referência) como controle de qualidade do teste. Outra maneira de se controlar este teste, é conferindo o resultado do controle de qualidade daquele lote de meio de cultura produzido contendo as drogas. Quadro 1. Interpretação dos resultados das culturas Conclusão do Teste PNB TCH CTRL MOTTa + (+) + Complexo Mycobacterium tuberculosis - V + Mycobacterium tuberculosis - + + Mycobacterium bovis e M. africanumb - - + Repetir o teste + V - Repetir o teste - + - Legenda: + = presença de crescimento abundante. - = ausência de crescimento. v = variáveis algumas espécies apresentam resultado positivo e outras negativo. a = MOTT: micobactérias outras que não a do Complexo M. tuberculosis. b = quando se observar resultado compatível com estas espécies, proceder a testes complementares (niacina, nitrato e sensibilidade a pirazinamida). 22 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh 11. Monitoramento das culturas Observe os resultados da baciloscopia e da cultura para avaliar o procedimento de descontaminação. Princípio • Resultados de baciloscopia positiva e cultura positiva e resultados de baciloscopia negativa e cultura negativa ou positiva: o lote do reagente está adequado e próprio para o uso. • Resultado de baciloscopia negativa e cultura positiva confirmam a efetividade do reagente e do procedimento de descontaminação, porque a cultura é um método mais sensível que a baciloscopia. • Resultados de baciloscopia positiva e cultura negativa indicam que o reagente utilizado está com nível de concentração mais alto do que o especificado e, portanto, impróprio para uso. Nesse caso, o lote do reagente está inadequado e não pode ser utilizado. • Amostras com baciloscopia positiva e com cultura negativa Interpretação dos resultados: • Se a amostra foi coletada com o objetivo de controle de tratamento, o resultado pode refletir simplesmente que o paciente está eliminando bacilos inviáveis e que o tratamento está efetivo; • Se a amostra foi coletada com o objetivo de diagnóstico, verificar se esse tipo de resultado se repete e investigar o controle microbiológico do lote de meios de cultura em uso, a concentração e o tempo de contato do reagente descontaminante ou a temperatura da Estufa bacteriológica a 37°C. Observar se a temperatura não excedeu o limite aceitável. Culturas contaminadas: • Se houve muito tempo entre a coleta e o processamento da amostra, corrigir o fluxo de rotina de trabalho do laboratório ou reorganizar o sistema de transporte de amostras. • Se as contaminações se repetem em culturas do mesmo paciente, utilizar técnicas mais robustas de descontaminação. 23 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh Contaminações sistemáticas: Se várias contaminações ocorreram num mesmo dia, com todas as amostras descontaminadas ou com todas as amostras provenientes de um mesmo lugar: • Descartar os reagentes; • Verificar os procedimentos técnicos de descontaminação; • Observar se houve desvios dasnormas técnicas e se as correções técnicas foram feitas na ocasião em que essas foram detectadas; • Organizar o transporte e a rotina de trabalho do laboratório no caso em que a demora no processamento, seja a consequência da demora desde a coleta; • Treinar o profissional que tenha sido identificado como o responsável pelo processamento das amostras que contaminaram. Contaminação cruzada A ocorrência de uma concentração de culturas positivas em sequência num curto período de tempo é um sinal de alerta para a investigação de uma possível situação de contaminação cruzada entre as culturas realizadas. Um resultado falso-positivo pode ocorrer e ser registrado como tal, quando uma amostra foi contaminada antes ou durante o processamento do exame por outros organismos álcool-ácido resistentes, não originários do paciente ou quando os registros do paciente ou os resultados de seus exames foram registrados de forma incorreta. Uma cultura falso-positiva significa que o resultado de uma amostra proveniente de um paciente é declarado positivo para uma espécie de micobactéria, quando, na realidade, o paciente não tem doença por essa determinada micobactéria. É preciso examinar com atenção alguns sinais típicos de que falso- positivos estão ocorrendo, por exemplo: • Um aumento repentino no número de isolamentos de um determinado microrganismo; • Não correlação entre os isolamentos e sinais clínicos da doença; • Uma discrepância entre os resultados da baciloscopia e os resultados da cultura; 24 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh • O surgimento de um grupo de culturas positivas: quando uma cultura se torna positiva e alguns dias depois uma sequência de culturas, também se tornam positivas; • Quando uma ou várias amostras envolvidas no episódio resultaram em culturas com crescimento de raras colônias (menos de 10 colônias), e, se essas amostras foram processadas imediatamente depois de uma amostra com baciloscopia positiva. Quando estes sinais forem identificados, verificar a seguir: • Se os pacientes envolvidos nesse grupo de culturas positivas têm dados clínicos compatíveis com tuberculose; • Se outras amostras do mesmo paciente também tiveram resultado positivo; • Não havendo confirmação desses dados é preciso procurar estratégias para eliminar ou modificar esses casos de falso- positivos. A contaminação cruzada pode ter acontecido, a partir de uma amostra com alta carga bacilar ou através dos reagentes contaminados com bacilos. Para tanto, verificar se: • Os reagentes utilizados no processamento das amostras estão sendo aliquotados para uso diário; • Está sendo obedecida a ordem sistemática de processar em primeiro lugar amostras de sítios estéreis e, por último as amostras com alta carga bacilar; • O tempo de repouso que os tubos devem ser deixados ao sair da centrífuga está sendo respeitado; • O descarte do líquido sobrenadante está sendo feito com cuidado e suavidade em recipiente apropriado. Enfim, diante da suspeita de contaminação cruzada, se possível, encaminhar as culturas envolvidas nesse episódio a um laboratório de referência para genotipagem. 25 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh O propósito dos vídeos foi auxiliar profissionais da saúde na preparação do meio de cultura de Ogawa-Kudoh. Lembre-se de sempre revisar os procedimentos e ficar atento às normas de biossegurança, dada as limitações de acesso dos países em desenvolvimento aos exames diagnósticos tradicionais e às novas tecnologias podem ocasionar muitos problemas como: • Diagnóstico sem confirmação bacteriológica levando ao tratamento desnecessário da doença; • Sub-diagnóstico da tuberculose levando a morbidade e mortalidade individual, bem como sua transmissão na comunidade; • Diagnóstico tardio de resistência aos fármacos, levando à aquisição de resistência primária, bem como, a elevada morbidade e a continuidade da transmissão, e os; • Gastos públicos substanciais que poderiam ser evitados. O exame de cultura de Ogawa-Kudoh como mostrado nos vídeos pode contribuir para evitar que estas situações não ocorram, uma vez que se trata de uma técnica robusta para o diagnóstico da tuberculose, que permite: • Detectar o M. tuberculosis com elevada acurácia e baixo custo; • Isolar e identificar não apenas M. tuberculosis, mas, também outras espécies do género causadoras da infecção não tuberculosa; • Detectar e avaliar o nível de resistência bacteriana a todos os fármacos disponíveis, e; • Monitorar o tratamento pela detecção de bactérias viáveis. Também, espera-se que esses vídeos tutoriais ajudem a difundir o exame de cultura pelo método de Ogawa-Kudoh no país, a fim de torná-lo “Universal” nos serviços de saúde, com acesso a todas as pessoas com TB e MNT das unidades de saúde. 26 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh 12. Outros métodos de identificação As micobactérias podem ser identificadas por outras técnicas metodológicas além das já descritas anteriormente, tais como o MPT64 e o PRA-hsp65 MPT64 As micobactérias podem ser identificadas por outras técnicas metodológicas como o teste de detecção do antígeno MPT64, que é um imunoensaio cromatográfico rápido para identificação qualitativa do CMTB, com uso do anticorpo monoclonal anti-MPT64, em combinação com sistemas de cultura sólida (colônia e fluido de condensação) e líquida, de fácil execução. O teste somente é utilizado para o diagnóstico in vitro. PRA (análise de restrição enzimática do gene hsp65) (PRA-hsp65) O PRA é um teste utilizado para identificação de cepas de MNT isoladas em cultura de espécimes clínicas. O diagnóstico definitivo de infecções por micobactérias depende do isolamento e identificação dos agentes causadores e requer uma série de testes fisiológicos e bioquímicos específicos, em função de as espécies de micobactérias apresentarem diferentes sensibilidades a drogas, e, portanto, é importante a sua identificação para a adoção do tratamento medicamentoso adequado. Diante da impossibilidade de identificação a nível de espécie, encaminhar para sequenciamento genético. 27 Curso: Diagnóstico de Tuberculose – Método de Ogawa-Kudoh Módulo 4: Recepção e Processamento das Amostras em Meio de Ogawa-Kudoh 13. Referências SENNA, Simone Gonçalves et al . Identificação de micobactérias não tuberculosas isoladas de sítios estéreis em pacientes em um hospital universitário na cidade do Rio de Janeiro. J. bras. pneumol., São Paulo , v. 37, n. 4, p. 521-526, Aug. 2011 . Available from <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132011000400015&lng=e n&nrm=iso>. access on 23 Sept. 2020. https://doi.org/10.1590/S1806- 37132011000400015. MADHUKAR PAI e JENNIFER FURIN. Tuberculosis innovations mean little if they cannot save lives.eLife 2017;6:e25956. DOI: 10.7554/eLife.25956. WHO, World Health Organization. Laboratory services in tuberculosis control. Part III. Culture. Genebra: WHO, 1998. KUDOH, S.; KUDOH, T. A simple technique for culturing tubercle bacilli. Bulletin of the Genebra: WHO, 51:71-82., 1974. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Centro de Referência Professor Hélio Fraga. Manual de Bacteriologia da Tuberculose. 3ª edição comemorativa, Rio de Janeiro, Brasil, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual nacional de vigilância laboratorial da tuberculose e outras micobactérias. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 1.Introdução 2.Processamento das amostras 3.Descontaminação por NaOH a 4% e inoculação 4. Leitura das culturas 5. Coloração Ziehl-Neelsen dos crescimentos 6. Resultados observados 7. Prosseguimento do diagnósticolaboratorial 8. Redescontaminação ácida 9. Identificação do crescimento das culturas 10. Avaliação de crescimento em PNB e TCH 11. Monitoramento das culturas 12. Outros métodos de identificação 13. Referências