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Beatriz Martins Magalhães-5°P Medidas de higiene do sono……………….. Passos para higiene do sono: ⛤Dormir apenas o tempo necessário para se sentir descansado. Se com 8 horas já se sente bem, evite dormir mais do que 8-9 horas, mesmo que não tenha compromisso no dia. ⛤Crie uma rotina de acordar sempre no mesmo horário, independente se for fim de semana ou não e de ter tido insônia na noite anterior. Então, se o horário estabelecido for oito horas da manhã, policie-se para sempre acordar neste horário, mesmo que tenha dormido pouco por conta de insônia na noite anterior (p.ex. 4 horas). Você pode passar o dia com sono, mas isso vai ajudá-lo a regular seu ciclo circadiano (ciclo do sono). ⛤Se você tem insônia à noite, recomenda-se evitar tirar qualquer forma de cochilo ao longo do dia. Depois que o sono estiver normal, não há problemas tirar pequenos cochilos. ⛤A prática regular de exercícios ajuda a regular o ciclo circadiano. Contudo, é importante que esses exercícios sejam feitos em horários distantes da hora de dormir. Evite fazer exercícios 4 horas ou menos antes de dormir. O melhor horário para a prática dos exercícios é pela manhã. ⛤Mesmo que você não repare diretamente, dormir em ambientes barulhentos diminuí a qualidade do sono e pode levar a insônia. Se certifique de que o lugar em que você dorme não tem muitos barulhos. Se o lugar em que dorme for barulhento, recomenda-se comprar um “tapa-ouvidos”. ⛤Fazer um lanche leve antes da hora de dormir costuma a ajudar muitas pessoas a dormir. ⛤Tomar um banho quente antes de dormir. ⛤Evitar ingerir qualquer tipo de estimulantes depois das 18 horas. Estimulantes mais comuns são: café, cocacola, guaraná, chimarrão e alguns tipos de chá. ⛤Evitar fazer atividades muito estimulantes na hora antes de dormir (p.ex. ver filmes de ação, games no computador/online) ⛤Preferencialmente usar a cama apenas como lugar para dormir (evite trabalhar ou assistir televisão na cama) ⛤Antes de dormir, faça alguma forma de relaxamento (p.ex. respiração). ⛤Caso você tenha ido para a cama e não tenha conseguido dormir em 20 minutos, é melhor sair da cama e dar uma volta antes de tentar novamente (pode ler por alguns minutos, assistir um pouco de TV, etc.). ⛤Se tiver tentado dormir por duas vezes sem sucesso, recomenda-se que vá para a cama e fique lá sem tentar dormir por 20 minutos. Se acabar dormindo, não tem problema, mas a idéia é ir para a cama sem o objetivo de dormir. Automedicação dos profissionais de saúde inferem-se que estes profissionais constituem um grupo de trabalhadores vulneráveis a automedicação, devido à interação entre habilidades técnicas (compreensão do processo saúde-doença), relações interpessoais e crescentes responsabilidades. Todavia, mesmo detendo do conhecimento envolvido na relação saúde doença essa situação deve ser cessada, pois a automedicação, tal como a prescrição errônea, pode ter como consequência efeitos indesejáveis, uma vez que todo medicamento tem risco em potência e as reações adversas multiplicam-se com o consumo aleatório Os erros mais comuns que podem desencadear reações de maior complexidade são: medicamento impróprio, dose errada, frequência inadequada, período insuficiente ou demasiado de consumo e combinação inadequada com outros fármacos provocando interação indesejável Os prejuízos mais frequentes decorrentes da automedicação são: gastos supérfluos, atraso no diagnóstico e na terapêutica adequados, reações adversas ou alérgicas, intoxicação, agressões ao sistema digestivo e em situações mais graves podendo levar o paciente à internação hospitalar ou à morte Segundo os autores anteriormente mencionados a utilização inadequada de medicamentos pode tornar difícil a detecção de doenças, pois as complicações Beatriz Martins Magalhães-5°P são verificadas em longo prazo, mascarando os efeitos indesejáveis ocasionados pela automedicação. Os valores predominantes da sociedade moderna e outros fatores também complexos influenciam nesse processo cada vez mais relevante e ascendente que é a automedicação. Destacando-se a crescente oferta de remédios alternativos, o acesso e a venda livre e os anúncios de fármacos na mídia A prática da automedicação é menos enfática nos países desenvolvidos, pois há controles rigorosos que são normatizados pelas instituições reguladoras, bem como número maior de profissionais farmacêuticos que contribuem na fiscalização do comércio e com as orientações aos clientes acerca do fármaco Vale ressaltar que o grau de escolaridade e conhecimento do usuário acerca dos fármacos aliado a acessibilidade dos clientes ao sistema de saúde estão estreitamente ligados com a automedicação Alguns fatores merecem destaque no desencadeamento da automedicação entre os trabalhadores da área da saúde como, o tempo de trabalho na área de dispensação de remédios, anos trabalhados no estabelecimento, formação profissional, idade dos profissionais, função realizada na instituição, além do próprio ambiente, das condições de trabalho e o acesso aos medicamentos A rotina dos trabalhadores de enfermagem envolve a manipulação de diversos fármacos, assim esse acesso facilitado pode contribuir para a prática da automedicação e autoprescrição. Apesar do embasamento científico acerca do uso de substâncias farmacológicas e seus efeitos no organismo, os enfermeiros fazem uso dos remédios de forma paliativa para enfrentar a jornada de serviço. Além disso, o contexto do profissional de enfermagem está relacionado a inúmeras jornadas de trabalho, a complexa função que ele desempenha na instituição que podem desencadear situações de crise e/ou dificuldades, transformando a automedicação na solução dos problemas da sua vida Os mais utilizados entre esses profissionais foram os benzodiazepínicos, mas não sabem se foi automedicação ou prescritos. Fisiologia do sono……………………………… O sono é um processo fisiológico caracterizado por um conjunto de alterações comportamentais fisiológicas que ocorrem de forma conjunta, desde o fechamento dos olhos, redução da atividade motora, postura tipicamente relaxada e em decúbito, atividades elétricas características e elevado limiar para resposta a estímulos externos As principais funções do sono são relacionadas ao descanso e a regeneração orgânica que são essenciais para o funcionamento do corpo e mente, conservação da energia diária, consolidação do aprendizado e memória, além da função imunológica, auxiliando processos de defesa do organismo frente a estímulos externos ou do próprio corpo Em consonância, noites mal dormidas tem efeitos adversos bem conhecidos como fadiga, cansaço, indisposição, alteração de sintomas cognitivos como atenção e memória, além da função imunológica, auxiliando processos de defesa do organismo frente a estímulos externos ou do próprio corpo. Em consonância, noites mal dormidas tem efeitos adversos bem conhecidos como fadiga, cansaço, indisposição, alteração de sintomas cognitivos como atenção e memória, baixo rendimento escolar e em atividades de trabalho sendo um fator de risco importante para acidentes como os automobilísticos. Ainda tem relação independente com complicações cardiovasculares sendo fator de risco para obesidade, diabetes, hipertensão arterial e doenças psiquiátricas. O sono e o estado de vigília ocorrem em alternância circadiana, sendo regulado nas 24 horas pela interferência da luz. Esse ciclo não é semelhante em todos os indivíduos porque diversos processos estão associados como idade, sexo, características individuais como estados de humor e questões culturais relacionadas aos horários de descanso e trabalho. É também influenciado por substâncias como álcool e drogas, além de citocinas e hormônios justificando a variedade natural pela idade e também em indivíduos que utilizam substâncias exógenas. O sono dura em média de 7:30 horas ou 8 horas e a vontade é o principal controlador desse horário de sono. Dentre estes existem as variações consideradas dormidores curtos que tem noites de sono menores que Beatriz Martins Magalhães-5°P 6 horas e dormidoreslongos com sono ultrapassando 10 horas por noite. A distribuição habitual do horário de dormir também não é um elemento fixo, mas em geral essa distribuição se dá entre o período das 22h ou 23h da noite e o despertar ocorre entre as 6/7 horas da manhã. Relação sono memória………………… A transição da vigília para o sono tende a produzir um comprometimento transitório de memória e durante o sono ocorre inativação da transferência de memória entre o armazenamento de curto prazo e longo prazo. Vamos entender de forma prática essas relações, quantas vezes acordamos sem lembrar do início do sono?! E o esquecimento de situações como telefonemas que recebemos durante a noite e tão pouco lembrar do toque do despertador?! Essas são situações bastante cotidianas. No entanto, sobre a memória de longo prazo o sono tem papel essencial, visto que é no período do sono que ocorre a consolidação da memó- ria e aprendizado que obtivemos durante o dia a partir da ativação do hipocampo. Sono REM X sono não REM;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;; Termo REM significa movimento rápido dos olhos, este que ocorre durante a fase mais profunda do sono. O sono Não REM é característico pela fase inicial de sonolência, com diminuição progressiva do tônus, cérebro em estado tranquilo e com baixa atividade psicológica. O Eletroencefalograma (EEG) é sin- crônico, com ondas características de complexos K, fusos de sono e ondas lentas de alta voltagem. Ele é subdivido em três fases N1, N2 e N3 ou SWS (S3 + S4). A figura a seguir representa os estágios desde a vigília ou estágio 0L que registra ondas rápidas, de baixa amplitude (curtas e pequenas), que indicam alto grau de atividade dos neurônios corticais. Também faz parte desse estágio o movimento aleatório dos olhos e um acentuado tônus muscular. De 5 a 15min na cama, o indivíduo já atinge o primeiro estágio do sono. • Estágio 1: É o estágio entre a vigília e o sono, quando a melatonina (o hormônio do sono) é liberada, induzindo-o. Há uma redução do tônus muscular. • Estágio 2: Ocorre a redução da atividade dos neurônios corticais, com isso diminuem o ritmo cardíaco e respiratório e começa o sono leve. Relaxam-se os músculos e a temperatura corporal cai. Os estágios 1 e 2 podem se alternar com a vigília antes que entre em sono profundo. • Estágios 3 e 4: São os estágios de sono profundo, quando começam as ondas delta e o tônus muscular diminui ainda mais. Praticamente não há movimentação dos olhos. No sono REM ocorre total atonia com movimento periódico rápido dos olhos, atividade intensa cere- bral e EEG ativado, dessincronizado. Os sonhos noturnos são originados nessa fase do sono. Logo, há um cérebro ativo em corpo completamente paralisado. É comum que ocorram despertares noturnos, principalmente ao fim da noite e estes são pouco lembrados pela manhã. Por fim, entenda que o ciclo do sono não ocorre de forma simétrica e regular, mas com predominância do sono REM ou não REM em determinados momentos da noite e sempre mesclados com períodos de despertar que também são variáveis. Existe a correlação direta com neurotransmissores no processo de sono, durante a vigília predominam cinco neurotransmissores que fazem parte do sistema reticular ativador ascendente, Beatriz Martins Magalhães-5°P sendo eles: histamina, dopamina, noradrenalina, serotonina e acetilcolina. Outros neurotransmissores ativadores são orexina e hipocretina. Dentre os neurotransmissores inativadores destacam-se o Gaba e a melatonina. As principais regiões envolvidas na transmissão de mecanismos ativadores e inativadores estão na região do hipotálamo, veja no fluxograma a seguir. A histamina é um neurotransmissor que estimula o estado de vigília, sendo assim, anti-histaminérgicos ou antialérgicos são medicamentos que promovem sono, enquanto isso, o neurônio GABAérgico é o principal estimulador do sono. As regiões do hipotálamo lateral e núcleo supraquiasmático produzem substâncias como orexina e melatonina e regulam o estado de sono-vigília, sendo a orexina estimulando a vigília e a melatonina o sono. Propedêutica do sono…………………… A propedêutica do sono envolve uma abordagem complexa, multifatorial, com anamnese ampliada objetivando conhecer o paciente e seus hábitos, pois vários fatores, como já citados, podem interferir no ciclo sono-vigília. Pontos essenciais na investigação são: Hábitos noturnos como horários de deitar e levantar, latência do sono, noctúria e despertares noturnos; • Hábitos diurnos como sonolência, fadiga, horários de exercícios físi- cos e refeições; • Condições ambientais; • Sintomas ansiosos, quadros psiquiátricos e transtornos diversos; • Uso de medicação, drogas psicoativas e outras doenças; • Histórico familiar de distúrbios do sono Ao exame físico deve-se atentar para peso e altura, sobretudo calculando o IMC, pois a obesidade pode interferir como causa de transtornos como apneia do sono, ângulo da mandíbula e circunferência do pescoço e sempre associe essas informações com relatos de algum companheiro, se for presente. As principais queixas de sono incluem: • Insônia • Sonolência excessiva (SED) • Incapacidade de dormir ou acordar na hora desejada • Eventos e comportamentos anormais Sono patológico……………………………….. Diversas drogas como depressores ou estimulantes interagem com o ciclo de sono, seja por alterações comportamentais, estresse, situação emocional e outros. Dentre os depressores do SNC destacam-se o álcool e opióides e dentre os estimulantes a cocaína e o ecstasy. Causas clínicas de perturbação do sono As doenças primárias do sono são diagnóstico de exclusão, logo, deve-se pensar e investigar inicialmente condições diversas como doenças crônicas ou agudas, transtornos mentais, uso de substâncias psicoativas ou depressivas e relações familiares. As principais causas clínicas que interferem no padrão de sono tanto por questões hormo- nais, quando pela causa de dor, es- tresse e/ou desconforto. Insônia: trata-se de transtorno de insônia crônica, transtorno de insônia de curto prazo e outros transtornos de insônia. É importante salientar que sintomas isolados e variantes da normalidade são avaliados isoladamente como, por exemplo, estar em tempo excessivo na cama ou tempo de dormir curto. • Transtornos de hipersonia: narcolepsia tipo 1, narcolepsia tipo 2, hipersonia idiopática, síndrome de Kleine-Levin; hipersonia devido ao uso de drogas e substâncias, hipersonia associada a transtornos mentais e síndrome do sono insuficiente. A variante da normalidade é o dormidor longo, aquele que dorme mais de 10 horas ao dia. • Transtornos respiratórios: a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) é a principal síndrome, além do transtorno de hipoventilação relacionado ao sono e hipoxemia relacionada ao sono. Também há variação com relação a roncos eventuais e Beatriz Martins Magalhães-5°P catatrenia, estas que podem ser normais ou patológicas. • Transtorno do Ritmo circadiano de Sono-Vigília: envolve alterações de ciclo circadiano como ruptura do ciclo tanto por questões endógenas quando por associação endógena e exógena. Em média há uma distribuição normal de início de sono em torno das 22h e despertar em torno das 6h da manhã. Quando há um hábito de dormir muito cedo existe a denominação de avanço de fase e quando ocorre mais tarde é um atraso de fase. Este fato pode ser uma variação da normalidade, contudo, neste caso, estamos falando de cronotipos extremos que podem gerar alterações no ciclo de vida. Outras alterações são tipo de sono-vigília irregular que engloba os pacientes que não tem horários fixos para dormir ou acordar, tipo de sono-vigília de livre curso engloba pacientes que não tem contato com a luz, especialmente pacientes cegos, transtornos dos trabalhadores em turnos que são aqueles que têm plantões noturnos semanais e o Jet-Lag que é a alteração quando há mudança de fuso por viagens. Os tratamentos para essas condições são relacionados a higiene do sono, fototerapia e uso de melatonina. • Parassonias: envolvem sono REM, sono não REM e outros: Os sintomas variantesda normalidade são o sonilóquio (pacientes que falam durante o sono). A parassonia engloba fenômenos verbais ou motores que envolvem o sono como sonhos, fenômenos sensoriais e outros que podem gerar a fragmentação do sono. ◊ Parassonias de sono Não REM: Despertar confusional, sonambulismo e terror noturno como transtornos do despertar, transtorno alimentar relacionado ao sono e parassonias do sono REM que envolve transtorno comportamental, paralisia do sono isolada recorrente e transtornos de pesadelos. ◊ Parassonias do sono REM – transtornos do despertar envolvem despertar incompleto do sono, normalmente ocor- re no SW3, este que é mais abundante na primeira metade do sono, não respondem a estímulos externos, são autolimitados e sem associação com sonhos ou imagens mentais, há amnésia do fato ocorrido, mais comum em crianças e adolescentes e tem curso clínico benigno, com duração de poucos minutos e cessação espontânea. Eles são: 1. Despertar confusional; 2. Sonambulismo e 3. Terror noturno. ◊ Os transtornos comportamentais do sono REM são relacionados e perda de atonia típica do sono REM, vocalizações e comportamentos motores complexos com memória parcial dos mesmos, ocorrem mais comumente na segunda metade da noite, mais comum em idosos e adultos e pode ter relação com doenças como as neurodegenerativas. O tratamento das parassonias varia de acordo com o padrão de sono REM ou não REM, no primeiro caso após diagnóstico confirmado com a polissonografia pode instituir terapia com benzodiazepínicos e melatonina, enquanto no sono não REM o tratamento primordial é a retirada de fatores desencadeantes, realização de higiene do sono, progra- marcar o horário de despertar e, se necessário, Clonazepam e melatonina. • Transtornos do movimento re- lacionado ao sono: as principais síndromes associadas são síndrome de pernas inquietas, síndrome dos movimentos periódicos dos membros, câimbras nas pernas relacionadas ao sono, bruxismo relacionado ao sono, transtorno do movimento rítmico relacionado ao sono e mioclonia benigna do sino na infância. OBS: Síndrome das pernas inquie- tas: vamos nos atentar a esta patologia pela sua incidência consideravelmente elevada, em torno de 5% a 10% dos casos de distúrbios do sono. Há quei- xa de sensação estranha em membros inferiores que, em geral, tem alívio após movimentação e surge mais comumen- te ao fim do dia. Não confunda com a inquietação em quadros de ansiedade, neste caso é uma síndrome específica relacionada ao sono. Uma característica marcante é que como melhora ao movimento dificulta o padrão habitual de sono do paciente. A fisiopatologia dessa patologia é ainda desconhecida, mas há correlação com mecanismos genéticos e da dopamina. A investigação envolve exames laboratoriais para afastar altera- ções de coagulação, deficiência de ferro e outras que podem gerar esse reflexo de sensação inespecífica nos mem- Beatriz Martins Magalhães-5°P bros. O tratamento envolve higiene do sono, compressas mornas nos mem- bros, agentes dopaminérgicos como Pramipexol, Cabergolina e Levodopa, Gabapentina e Pregabalina, sempre em doses individualizadas. Principais síndromes relacionadas ao sono Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) SAOS é uma doença respiratória do sono caracterizada por obstrução to- tal ou parcial da via aérea superior durante o sono, sendo marcada por episódios de apneia e hipopneia. No primeiro caso há obstrução de 90% ou mais das vias aéreas superiores por 10 segundos ou mais, associada a dessaturação e/ou despertar. Já na hipopneia ocorre obstrução de 30% ou mais, por 10 segundos, associa- da a dessaturação (3% ou mais) e/ou despertar. Esses episódios causam diminuição da oxigenação orgânica e conse- quente fragmentação do sono, cursa- do com sintomas adversos como sonolência diurna, alterações cognitivas e comportamentais, queda do rendi- mento e fadiga diária, alterações metabólicas e possíveis acidentes como automobilísticos relacionados a sonolência e cansaço. Classificação da apneia: • A apneia pode ser central ou pe- riférica: a apneia periférica ocorre por alteração na via aérea superior, principalmente por características estruturais/anatômicas e a central por origem neurológica, uso de medicações e insuficiência cardía- ca. A diferenciação básica dessas apneias é na polissonografia, sen- do que na central é evidente a des- saturação sem esforço respiratório. Existem também apneias mistas que envolvem as características periféricas e centrais. OBS: A SAOS é basicamente por característica periférica, mas é possível associação com outros fatores. A SAOS é mais comum em indiví- duos adultos e idosos, entre 35 a 60 anos, mas pode ocorrer em outras faixas etárias, em geral, ao acometer crianças está mais relacionada a alte- rações anatômicas. Tem maior preva- lência em homens, em torno de 3 a 7% e em mulheres entre 2 e 5%. Sobre a etiologia, existem fatores modificáveis ou adquiridos ao longo da vida e fatores não modificáveis as- sociados a esta patologia. Dentre os fatores modificáveis destacam-se o estilo de vida com obesidade, consu- mo excessivo de álcool e sedentaris- mo e os não modificáveis com idade, sexo e anatomia das vias aéreas. A maior parte das apneias periféricas ocorrem na região de faringe, espe- cialmente em hipofaringe, pois são regiões de partes moles que permite colabamento de regiões. É incomum a correlação com traqueia e nariz Em relação aos fatores de pervie- dade das vias aéreas, a estrutura craniofacial com tamanho e posição da mandíbula, variações do osso hióide e tamanho do palato (quan- to maior, mais fácil a interrupção da via aérea) influenciam na pervidade. Atividade neuromuscular e tecidos ao redor, respetivamente com tônus muscular, aferências nervosas e re- flexos e obesidade que são fatores de risco já mencionado. Por fim, desta- cam-se as propriedades intrínsecas como maior propensão a formação de edemas durante a noite, perfusão vascular e propriedades intrínsecas da mucosa. A correlação dos fatores supracitados com o sono ocorre, pois, duran- te o sono, há um relaxamento natu- ral da musculatura e redistribuição de líquidos corporais e alterações em qualquer parte, seja na drenagem ou composição muscular podem favore- cer o colabamento parcial ou total das vias aéreas e causar a apneia. OBS: Ainda não há clara correlação entre obstrução nasal e SAOS, o que se sabe é que obstruções nasais podem alterar pressões e dificultar o fluxo res- piratório, mas correlacionam-se a ronco. A doença tem diagnóstico clínico que envolve os principais sintomas de sonolência diurna, roncos altos e engasgos, falta de energia e dores de cabeça matinais, noctúria, sintomas cognitivos, sintomas psiquiátricos e possivelmente impotência e sintomas sexuais. Ao exame físico deve existir atenção ao peso e altura, circunfe- rência do pescoço e pressão arterial visto que determinam os fatores de risco modificáveis e aplicar o índice de Mallampati modificado para ave- Beatriz Martins Magalhães-5°P riguar a orofaringe. Para o diagnóstico de sonolência tem-se a tabela a seguir de Epwort: Sonolência excessiva e narcolepsia: A sonolência excessiva diurna (SED) é definida como a necessidade de dormir durante o dia ou em horários inapropriados. Não necessariamente está relacionada ao sono, mas a in- capacidade de se manter alerta, por desatenção, cansaço e lentificação. Para o diagnóstico da sonolência re- lembre os aspectos de anamnese, exame físico e escala de Epworth já citados nesse material. Dentre os tes- tes diagnósticos o mais indicado é o teste das latências múltiplas do sono que permite a identificação de causas para a sonolência. • Dormidor longo: este é um va- riante da normalidade incluindo indivíduos que necessitam de um tempo maior de sono, entre 10 ou mais horas por noite, mas não há correlação com anormalidades du- rante o sono; • Síndrome do sono insuficiente: a privação de sono é a principal cau- sa de sonolência excessiva diurna, caracterizada após o período de 3 meses de privação para constituir umproblema crônico. Essa privação de sono é fator de risco para diversas condições como aciden- tes, cansaço excessivo, desatenção e outros. O melhor tratamento é o sono! Sim, é essencial garantir a quantidade necessária de sono noturna para garantir os processos fisiológicos corporais. • Hipersonia associada a transtor- nos mentais: este é um dos diag- nósticos diferenciais essenciais na abordagem a sonolência, sendo responsáveis por cerca de 5 a 7% dos casos de hipersonia. É mais comum em mulheres e pode ocor- rer em quadros de somatização e conversão, mas o mais comum é nos quadros de humor como de- pressão e mania. • Doenças causadoras de hipersonia: inúmeras doenças entram como possibilidade de sonolência excessiva diurna tanto por aspectos intrínsecos quanto interações medicamentosas. Dentre elas destacam-se: Doença de Parkinson Doenças endócrinas: hipotireoi- dismo, hipersonia pós-traumática, doenças metabólicas, como en- cefalopatia hepática, doença re- nal crônica e insuficiência adrenal, doenças genéticas associadas ao controle central do sono e hiperso- nia residual em pacientes tratados para SAOS. As causas primárias são menos co- muns, mas necessitam de reconhe- cimento clínico para tratamento e se- guimento adequado. Veja abaixo as quatro principais. • Hipersonia idiopática: em geral cursa com muitas horas de sono por dia, normalmente entre 12 e 14 horas, excedendo o normal para um dormidor longo. Não há achados habituais em pacientes com narcolepsia como cataplexia, paralisias do sono ou alucinações hipnagógicas e é essencial excluir outras causas como sono insufi- ciente. A polissonografia pode ser solicitada para avaliar e excluir ou- tras causas, sendo que, em geral, não serão encontrados dados específicos de anormalidade. O tra- tamento é essencialmente com Beatriz Martins Magalhães-5°P higiene do sono e tentativa de regular o período do ciclo circadiano. • Síndrome de Kleine-Levin: ocor- rem ataques prolongados e inexplicáveis de sono, entre 2 dias a 5 semanas, sendo esta uma condição rara e sem etiologia conhecida. Há associação de sintomas como agressividade, desinibição, hiperfagia e sintomas cognitivos. Esses pacientes normalmente são assintomáticos entre os ataques de sono prolongado. Narcolepsia: esta é uma doença primária do sono caracterizada por: sonolência excessiva diurna, episódios de cataplexia, alucinações hipnagógicascas, paralisia do sono e fragmentação do sono. Essa é uma condição rara, atingindo em torno de 0,02% da população e tem interações entre fatores ambientais, genéticos e imunológicos. A cataplexia é caracterizada por episódios de atonia muscular sem perda de consciência, ou seja, ele se mantém vígil e orientado. Alucinações hipnagógicas são alucinações normais em início do sono, contudo, em paciente com narcolepsia é algo muito frequente e o conteúdo da alucinação pode ser diverso, relacionado a alimentação, audição e outros. A paralisia do sono é o momento de despertar sem perda de atonia do sono REM. Existem 2 tipos de narcolepsia, tipo 1 e tipo 2. A do tipo 1 é marcada por cataplexia, teste das latências múltiplas de sono alterado e dosagem diminuída de hipocretina no liquor. Enquanto a tipo 2 não tem outros co- memorativos, além de teste das latências múltiplas de sono alterado. O diagnóstico é realizado pela histó- ria clínica + teste de múltiplas latências durante o dia. É possível solicitar a dosagem de hipocretina que, quan- do diminuída, sugere narcolepsia tipo 1. ➔O teste de latências múltiplas do sono alterado é aquele cuja média de sono é abaixo de 8 minutos e há 2 ou mais episódios de sono REM nesses cochilos. ➔O tratamento é basicamente dire- cionado com especialista pela rari- dade do quadro clínico e baseia-se na higiene do sono e regularização dos horários de sono, exercícios físi- cos regulares, cochilos programados em horários de sonolência e algumas medicações como psicoestimulan- tes (Modafinil) e (Metilfinidato). Para a cataplexia pode haver indicação de antidepressivos. Farmacologia…………………………………. Benzodiazepínicos: Os benzodiazepínicos são os ansiolíticos mais usados. Eles substituíram os barbitúricos e o meprobamato no tratamento da ansiedade e da insônia por serem fármacos considerados mais seguros e eficazes. Ainda que os benzodiazepínicos sejam comumente usados, eles não são necessariamente a melhor escolha contra ansiedade ou insônia. Certos antidepressivos com ação ansiolítica, como os inibidores seletivos da captação de serotonina (ISCSs), são preferidos em vários casos, e os hipnóticos não benzodiazepíni- cos e os anti-histamínicos podem ser preferíveis contra insônia. Mecanismo de ação: Os alvos para as ações dos benzodiazepínicos são os receptores do ácido γ-aminobutírico tipo A GABAA. (Nota: o GABA é o principal neuro- transmissor inibitório no sistema nervoso central [SNC].) Os receptores do GABAA são compostos de uma combinação, no somatório de cinco subunidades α, β e γ inseridas na membrana pós-sináptica Para cada subunidade existem vários subtipos (p. ex., há seis subtipos da subunidade α). A fixação do GABA ao seu receptor inicia a abertura do canal iônico central, permitindo a entrada de cloro através do poro. O influxo do íon cloreto causa hiperpolarização do neurônio e diminui a neurotransmissão, inibindo a formação de potenciais de ação. Os benzodiazepínicos modulam os efeitos do GABA ligando-se a um local específico de alta afinidade (distinto do local de ligação do GABA), situado na interface da subunidade α e da subunidade γ no receptor GABAA. (Nota: esses locais de ligação, algumas vezes, são denominados receptores benzodiazepínicos [BZ]. Subtipos de receptores BZ comuns no SNC são designados de BZ1 ou BZ2 dependendo do local de ligação incluir uma subunidade α1 ou α2, respectivamente.) Os benzodiazepínicos aumentam a frequência da abertura dos canais produzida pelo GABA. (Nota: a ligação do benzodiazepínico ao seu receptor aumentará a afinidade do GABA por seus locais de ligação, e vice-versa). Os efeitos clínicos dos vários benzodiazepínicos se correlacionam bem com a afinidade de ligação de cada fármaco pelo complexo receptor GABA-canal de íon cloreto. Beatriz Martins Magalhães-5°P Efeito hipnótico/sedativo: Todos os benzodiazepínicos têm propriedades sedativa e calmante, e alguns podem produzir hipnose (sono produzido “artificialmente”) em doses mais elevadas. O efeito hipnótico é mediado pelos receptores α1-GABAA. Amnésia anterógrada: A perda temporária da memória com o uso de benzodiazepínicos também é mediada pelos receptores α1-GABAA. A capacidade de aprender e formar novas memórias também é reduzida. Relaxamento muscular: Em doses elevadas, os benzodiazepíni- cos diminuem a espasticidade do músculo esquelético, provavel- mente aumentando a inibição pré-sináptica na medula espinal, onde predominam os receptores α2-GABAA. O baclofeno é um relaxante muscular que parece atuar nos receptores GABA na medula espinal. Distúrbios do sono: Poucos benzodiazepínicos são úteis como hipnóticos. Eles diminuem a latência para dormir e aumentam o estágio II do sono não REM (sem movimentos rápidos dos olhos, do inglês rapid eyes movement). O sono REM e o sono de ondas lentas são diminuídos. No tratamento da insônia, é importante o equilíbrio entre o efeito sedativo necessário na hora de deitar e a sedação residual (“ressaca”) após o despertar. Os benzodiazepínicos comumente prescritos contra os distúrbios do sono incluem os de ação intermediária (temazepam) e os de curta ação (triazolam). O de longa ação (flurazepam) é raramente usado, devido a sua longa meia-vida, que pode resultar em sedação excessiva durante o dia e acúmulo do fármaco, especialmente em idosos. Estazolam e quazepam são considerados de ação intermediária e longa, respectivamente. a.Temazepam: Esse fármaco é útil em pacientes que acordam frequentemente. Contudo, como o efeito sedativo máximo ocorre de 1 a 3 horas após a dose oral, ele deve ser administrado de 1 a 2 horas antes da hora prevista para deitar. b.Triazolam: Enquanto otemazepam é útil contra a insônia causada pela incapacidade de permanecer dormindo, o triazolam é eficaz para tratar indivíduos que têm dificuldade em começar a dormir. Em poucos dias, desenvolve-se tolerância, e a retirada do fármaco, em geral, resulta em insônia de rebote. Por isso, este fármaco não é um dos mais indicados e é mais usado de modo intermitente. Em geral, os hipnóticos devem ser usados por tempo limitado, geralmente menos de 2 a 4 semanas. Amnésia: Em geral, os fármacos de ação curta são empregados como pré-medicação para procedimentos desconfortáveis e que provocam ansiedade, como endoscopias e procedimentos odontológicos e angioplastia. Eles causam uma forma de sedação consciente, permitindo ao paciente atender certas instruções durante esses procedimentos. Midazolam é o benzodiazepínico usado para facilitar a amnésia e causar sedação antes da anestesia. Convulsões: Clonazepam é usado ocasionalmente como trata- mento adjunto contra certos tipos de convulsões, e lorazepam e diazepam são fármacos de escolha no controle do estado epilético. Devido à tolerância cruzada, clordiazepóxido, clora- zepato, diazepam, lorazepam e oxazepam são úteis no tratamento agudo da abstinência do etanol, reduzindo o risco de convulsões associadas à abstinência. Distúrbios musculares: O diazepam é útil no tratamento de es- pasmos dos músculos esqueléticos, como os que ocorrem no esti- ramento, e no tratamento da espasticidade devida a doenças de- generativas, como esclerose múltipla e paralisia cerebral. Antidepressivos: Barbitúricos: Os barbitúricos foram, no passado, a base do tratamento usado para sedar o paciente ou para induzir e manter o sono. Com o tempo, foram amplamente substituídos pelos benzodiazepínicos, principalmente porque os barbitúricos induzem a tolerância e a dependência física e estão associados a sintomas de abstinência graves. Todos os barbitúricos são substâncias controladas. Certos barbitúricos, como o de ação muito curta Beatriz Martins Magalhães-5°P tiopental, foram usados para induzir anestesia, mas são menos empregados atualmente devido aos novos fármacos com menos efeitos adversos. Mecanismo de ação: A ação hipnoticossedativa dos barbitúricos se deve à sua interação com os receptores GABAA, potencializando a transmissão gabaérgica. O local de ligação dos barbitúricos no receptor GABA é diferente daquele dos benzodiazepínicos. Os barbitúricos potenciam a ação do GABA na entrada de cloreto no neurônio, prolongando o tempo de abertura do canal de cloreto. Além disso, os barbitúricos podem bloquear os receptores excitatórios glutamato. Concentrações anestésicas de pentobarbital também bloqueiam os canais de sódio de alta frequência. Todas essas ações moleculares diminuem a atividade neuronal. Depressão do SNC: Em doses baixas, os barbitúricos produzem sedação (têm um efeito calmante e reduzem a excitação). Em doses crescentes, eles causam hipnose, seguida de anestesia (perda 40 das sensações) e, finalmente, coma e morte. Assim, qualquer grau de depressão do SNC é possível, dependendo da dosagem. Os barbitúricos não aumentam o limiar da dor e não têm propriedades analgésicas; eles podem inclusive exacerbar a dor. O seu uso crônico leva à tolerância. Depressão respiratória: Os barbitúricos suprimem as respostas à hipóxia e aos quimiorreceptores ao dióxido de carbono (CO2). A dosagem excessiva é seguida de depressão respiratória e morte. Hipnoticossedativo: Os barbitúricos são usados como sedativos leves para aliviar ansiedade, tensão nervosa e insônia. Quando usados como hipnóticos, eles suprimem o sono REM mais do que outros estágios. Contudo, o uso dos barbitúricos contra insônia de modo geral não é mais aceito, devido aos efeitos adversos e ao potencial para tolerância. Butalbital é usado comumente em produtos associados (com paracetamol e cafeína ou com ácido acetilsa- licílico e cafeína), como sedativo para ajudar no manejo de cefaleias por tensão ou enxaquecas. Ramelteona: A ramelteona é um agonista seletivo dos subtipos de receptores de melatonina MT1 e MT2. A melatonina é um hormônio secretado pela glân- dula pineal que auxilia na manutenção do ritmo circadiano subjacente o ciclo sono-vigília normal. A indução e a promoção do sono parecem devidas à estimulação dos receptores MT1 e MT2 pela ramelteona. Ela é indicada para o tratamento da insônia caracterizada pela dificuldade de “começar” a dormir (aumento da latência até dormir). Tem potencial de abuso mínimo e não foi observada evidência de dependência ou efeito de abstinência. Por isso, a ramelteona pode ser administrada por longos períodos. Os efeitos adversos incluem tonturas, fadiga e sonolência. A ramelteona pode aumentar os níveis de prolactina. Antihistaminicos: os antidepressivos, como trazodona, mirtazapina e outros antidepressivos tricíclicos antigos com forte propriedade anti-histamínica, são usados extrabula no tratamento da insônia Referências: Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trauma e Estresse (NEPTE-PUCRS) AUTOMEDICAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE: uma revisão de literatura, recife 2010 Artigo Hypnos da Revista de Sono da Sociedade Brasileira do sono 2003 Artigo Transtornos do sono: Visão geral 2013, revista brasileira de neurologia Artigo hipoventilação relacionada ao sono, scielo, 2010. Artigo Síndrome da Apneia Obstrutiva do sono e sua relação com a hipertensão arterial sistêmica: evidências atuais, scielo. Beatriz Martins Magalhães-5°P