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O que se pode perguntar é o que é e a quem pertence a tal felicidade, já que é isso que determina toda a escala de valores. Em se assumindo que o d...

O que se pode perguntar é o que é e a quem pertence a tal felicidade, já que é isso que determina toda a escala de valores. Em se assumindo que o dinheiro traz felicidade, fica então justificada a ação da construção da barragem. Ao analisarmos esses casos, verificamos as perdas para o ambiente, tais como os serviços ecossistêmicos prestados pela floresta (que envolvem manutenção da saúde por controle de parasitos, captura de gases do efeito estufa etc.), as perdas para as populações locais, o ganho irrisório para os operários e o fato de normalmente se tratar de empresas multinacionais, cujo lucro será destinado a seus acionistas estrangeiros. Para refletir: Ao pensarmos na situação de usinas como a de Belo Monte, cujo estudo dos impactos negativos pelos especialistas resultou em mais de 200 páginas de descrição de prejuízos ambientais, podemos pensar em que princípios morais se baseia essa ética? Como fazer a justificativa para as decisões? [...] a justificativa ética da obra ficaria mais complicada, já que, para tanto, o sistema de valores assumido deveria considerar lícito sacrificar um bem público, o meio ambiente, em nome de um bem privado, o lucro de algumas megacorporações multinacionais. Isso só seria factível se assumíssemos que o correto é que quem pode mais, ou quem possui mais poder, use todos os meios que considere cabíveis, possíveis, impossíveis, imagináveis e inimagináveis para perseguir seus interesses, doa a quem doer. Para refletir: Ou, ainda, imagine o seguinte dilema: é ético roubar um medicamento que é caro demais para ser comprado no intuito de salvar uma vida? Ou seja, qual valor deve prevalecer, o valor vida ou o valor propriedade privada? Para guiar nossos julgamentos éticos, temos que adquirir o código de valores que regem a nossa sociedade. Por exemplo, no Brasil, temos que conhecer a Constituição, pois lá estão explicitados os valores morais nacionais. Vejamos o artigo 1º. Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. (BRASIL, 1988) Tendo a dignidade da pessoa humana como valor moral, fica claro que todo ser humano, sem distinção, merece tratamento digno. Então como agir perante os outros? Como agir eticamente? Agir sempre de modo a respeitar, a não humilhar, a não discriminar, seja em relação à sexualidade ou à etnia. Com esses valores morais estabelecidos, surgem os comportamentos inaceitáveis. A discriminação por etnia será o racismo, a discriminação por gênero será o machismo. Esses conceitos (racismo, machismo) não existiam em sociedades antigas que não tinham a dignidade da pessoa humana como valor moral. Da mesma forma, a escravidão e a tortura tornam-se práticas indefensáveis. O valor moral pluralismo político, apresentado na Constituição, informa-nos que na nossa cultura as pessoas devem ter liberdade de defender suas ideias políticas, de expressá-las e defendê-las, sem sofrer censura ou sanções por causa disso. Essa liberdade de expressão política encontra seu limite nas posições que se baseiam, por exemplo, em racismo ou machismo, pois elas ferem o valor moral da dignidade da pessoa humana. Logo, discurso de ódio não é opinião política. Agora que estabelecemos o papel dos valores morais para a tomada de decisão, precisamos de modelos que orientem essas ações toda vez que os valores morais entrarem em conflito entre si ou com as circunstâncias da nossa vida. O próximo tópico abordará os modelos éticos. Perspectivas Éticas Quais os modelos produzidos pelo estudo da ética que orientarão a nossa tomada de decisões? Dália Conrado (2017) realizou uma ampla revisão sobre as perspectivas éticas. Segundo a autora, podemos distinguir duas perspectivas sobre a noção de valor, com base na literatura em filosofia moral. Uma perspectiva avalia o valor da ação humana, enquanto a outra avalia o valor dos sujeitos e objetos no mundo. A perspectiva ética do valor das ações humanas Essa primeira perspectiva é centrada no agir, sendo a ação o foco da análise, ou seja, a conduta humana; assim, nesse campo, a discussão será sobre os critérios utilizados para atribuir valor moral à ação. Será que uma ação realizada é certa? Fizemos algo bom ou ruim, recomendável ou não recomendável? Com isso, guiamo-nos no sentido de entender se esse tipo de ação deve ou não ser realizada. tarismo; e 3) a deontologia. Vamos submeter a esses três modelos o estudo de um caso proposto por Becket (2012). Uma jovem necessita de transplante de rim. Seu pai, ao mesmo tempo que quer doar, tem muito medo de fazer a cirurgia e morrer. Apesar de ser compatível com a filha, sua saúde não é muito boa. Com vergonha de ser recriminado pela sociedade, por seu medo de doar, o pai confessa ao médico que é compatível com a filha, mas pede a ele que minta quanto à compatibilidade dele com a filha. • Deverá o pai doar o rim? • Deverá o médico mentir? Conheceremos os modelos e, em seguida, analisaremos como agir eticamente em cada um. A ética das virtudes Diferentemente das demais éticas ocidentais, a ética das virtudes não foca a conduta das pessoas, mas sim o caráter. O fato de essa ética ser tão diferente é explicada pela cultura da época em que foi produzida. Para os gregos, o mundo era estável e estático; as coisas no universo, inclusive nós, ocupariam sempre os mesmos lugares e fariam sempre as mesmas coisas. Como dito em um tópico anterior, a escravidão era justificada, pois havia pessoas cujo lugar natural era dominar e outras cujo lugar natural seria servir. Em um mundo desse tipo, a ética produzida tentava captar algo que fosse intrínseco às pessoas, nesse caso as virtudes. Anscombe (1958) explica que, na visão de Aristóteles, a virtude é um traço de caráter que só pode ser percebido na forma habitual de agir de uma pessoa. A ideia de “habitual” é central para o entendimento da ética aristotélica. Só o que é costumeiro, comum, ação do dia a dia, que

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Ética e Responsabilidade Social
96 pág.

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