Prévia do material em texto
P1- Patologia Médica 1 Raissa Fidelis - XLVI PÓLIPOS Tudo o que eleva a mucosa é definido como pólipo, independente da origem. O fato de a gente visualizar uma mucosa e ela ter elevação, isso significa a presença de pólipo. Depois de biopsiada é que se identifica o porque que aquela mucosa está elevada. Pode-se ter diversas causas para os pólipos, mas é necessário entender que tudo o que eleva a mucosa, é chamado de pólipo. Pólipo: é uma massa que causa protrusão em direção a luz intestinal; a massa pode sofrer tração e criar um pedículo, do contrario o pólipo pode ser séssil. Pedículo é como se fosse um “cabinho” – pensa em uma couve- flor, o pedículo é o cabinho dela e o pólipo são as flores. Pólipo que tem o pedículo, chama-se: pólipo pediculado. Pólipo que não tem o cabinho e é aderido à mucosa é chamado de pólipo séssil. Tipos: 1. Não neoplásicos: origem em anormalidades na maturação mucosa, inflamação ou arquitetura. Sem potencial para malignidade. 2. Neoplásicos: origem em proliferação epitelial e apresentar displasia. Chamados pólipos adenomatosos ou adenomas. São precursores do carcinoma – tem a capacidade de se transformar em maligno. Manifestação Clínica: Geralmente assintomáticos – a grande maioria é assintomático. Sintomáticos: “hematoquezia - hemorragia por via retal de cor avermelhada ou de cor marrom.” • Pólipo grande: cólicas; dor abdominal; obstrução intestinal. • Pólipo com um pedículo longo: pode exteriorizar-se através do ânus. • Adenomas vilosos: podem excretar água e sais, causando uma diarreia aquosa intensa. → viloso porque ele não forma tubos, ele forma vilos – forma alongada Baixíssima incidência nos mais jovens. Tempo de evolução demorado, com 50 anos de idade já pesquisa. PERGUNTA: Quais são os principais sintomas dos tumores intestinais? R.: Geralmente são assintomáticos, quando sintomáticos: hematoquezia, desconforto abdominal, obstrução intestinal... • Pólipos não neoplásicos: pólipo inflamatório; pólipo hiperplásico; pólipos hamartomatosos – pólipo juvenil; pólipo de peutz-jeghers; S. de cowden e S. de Bannayan- Ruvalcaba-Riley; S. Cronkhite-Canada. 1. Pólipos inflamatórios: pólipos que se formam como parte da síndrome da ulcera retal solitária, exemplo de lesão puramente inflamatória. Clínica: sangramento retal; corrimento mucoso; lesão inflamatória de parede retal anterior; tardiamente pode levar ao prolapso da mucosa retal. Pólipo se forma após ciclos de injúria e cura. Só faz o diagnóstico se olhar microscopicamente. 2. Pólipo hiperplásico: aumento do número de células no epitélio de revestimento, fazendo elevação da mucosa. Qualquer idade, ↑ na 6ª e 7ª décadas, isolados ou múltiplos. Macro: menos de 5mm, sésseis, pedunculados quando maiores. Micro: glândulas alongadas e pregueadas, mitoses na base, espessamento de membrana basal (porque as novas células surgem aqui para formar os pólipos – células sem atipias). Síndrome dos pólipos hiperplásicos múltiplos (ca) – tem que investigar, porque ele pode ter relação com o adenocarcinoma intestinal. Não que esses pólipos vão se transformar num adenocarcinoma, mas eles têm a mesma cadeia genética para o surgimento do adenocarcinoma. Não é que tem a síndrome do pólipo hiperplásico, vai ter aquele pólipo transformado num adenocarcinoma, mas ele tem um risco mais elevado de ter um adenocarcinoma. P1- Patologia Médica 2 Raissa Fidelis - XLVI 3. Pólipos hamartomatosos: (hamartoma: má formação no tecido – não é um tumor). Tem vários tipos de tecidos. É diferente do cisto, porque no ovário a gente tem teratoma, o qual é um tumor que produz vários tipos de tecidos. 3.2 Polipose juvenil: em crianças e adultos, isolados (retenção) ou polipose juvenil múltipla. Esporádicos ou sindrômicos. Macro: hamartomas arredondados, císticos, pedunculados. Micro: glândulas císticas dilatadas em cório abundante e edematoso. Localização maior no reto, 3 a 100 pólipos. Gene mutado SMAD4, BMPR1A – associação dele com um risco elevado de adenoma ou carcinoma intestinal. Risco de adenomas e carcinomas. !!! O pólipo juvenil sempre vai ter o pedículo, porque ele é mais volumoso, sendo o pedículo o que o sustenta. 3.3 Polipose de Peutz-Jeghers: Hamartomas. 10 a 15 anos. Pigmentação melanótica cutâneo-mucosa. Macro: grandes, pedunculados, lobulados. Micro: glândulas desorganizadas, vários tipos celulares, muscular lisa. Gene mutado LBK1/STK11 – associação ao surgimento de tumores – risco mais elevado, porque a mutação está ligada a outros tipos de tumores e não só do trato gastrointestinal. Associação com Ca (pâncreas, mama, pulmão, ovário, útero e TGI). Mucosa invagina. OBS: Na polipose juvenil não tem o eixo conjuntivo de musculatura lisa passando. Sendo assim, uma característica que ajuda na identificação dessa polipose é o eixo conjuntivo acompanhando o crescimento do pólipo. E a outra característica é o edema todo (célula edemasiada – área sem celularidade) que tem na polipose juvenil e aqui não tem. PÓLIPOS NEOPLÁSICOS Epitélio normal: Como é o nosso epitélio de revestimento intestinal? Na mucosa o epitélio normal é o epitélio cilíndrico simples com célula caliciforme. Cripta normal: Lá embaixo tem-se células imaturas, porque as células que estão surgindo no epitélio de revestimento, surgem na zona proliferativa 1 da cripta. Divide-se em: zona proliferativa 1; zona proliferativa 2 (parte média, a que faz a subida da cripta); superfície epitelial. → Então, as células começam imaturas na 1, vão sofrendo o processo de maturação e a medida em que elas vão amadurecendo, outras células vão surgindo e subindo na superfície do epitélio até chegar na zona superficial. • A zona proliferativa 2 é a zona de maior vida da célula, porque ela é uma célula jovem, madura e que exerce a sua função de forma eficaz. A medida em que ela vai “envelhecendo”, ela vai perdendo a sua capacidade funcional, por ela já ter exercido bastante a sua função, vai se aproximando da zona superficial e lá ela mesmo se auto-programa por apoptose para a morte. • Uma das formas de causar apoptose na célula é a perda de função! A gente tem um epitélio normal, aonde as células imaturas estão na zona proliferativa 1 (sendo indiferenciadas), dai elas começam a fazer o processo de diferenciação celular e entra na zona proliferativa 2 (já entra como uma célula indiferenciada). 1. Zona proliferativa 1: células indiferenciadas. sem produção de muco. alta atividade mitótica, porque é aqui embaixo que surgem as novas células. não tem apoptose, porque a célula ainda está surgindo. 2. Zona proliferativa 2: células deixaram de ser imaturas e tornam-se diferenciadas. tem produção de muco. relativa presença de atividade mitótica, porque ainda pode ter surgimento nessa camada. não tem apoptose. Apoptose só acontece na célula que exerceu função. 3. Superfície epitelial: células diferenciadas. pouca produção de muco, porque são células com atividade funcional baixa (as quais exerceram todas as funções que poderiam na zona 2). sem atividade mitótica. P1- Patologia Médica 3 Raissa Fidelis - XLVI presença de apoptose, porque elas já têm perda de função celular. RESUMINDO: células surgem imaturas → amadurecem (produzem muco) → apoptose por perda de função. O pólipo é mais fácil de acontecer na zona 2 – células continuam indiferenciadas. Pólipo adenomatoso: Distúrbio proliferativo – Crescimento da zona proliferativa; Substituição das células normais por células pouco diferenciadas; Redução acentuada de produção de mucina; Aumento do número de mitoses; Redução do número de apoptoses. → O que acontece para ter a formação do pólipo: sai da zona1 e vai para a zona 2 sem maturação, ela chega lá na superfície sem exercer a sua função – acontece um acúmulo celular. O nome se dá diferente pelo formato arquitetural. 1. Adenomas tubulares: (glândulas tubulares). É o adenoma mais comum. 2. Adenomas vilosos: (projeções vilosas). É o adenoma menos comum. Por ele ter vilosidade, a capacidade dele de invasão e progressão para o adenocarcinoma é mais rápida do que o do adenoma tubular. Clínica pior! 3. Adenomas túbulo-vilosos: (projeções e túbulos) 4. Adenoma serrilhado: características arquitetônicas de proliferação anormal. Diminuição da apoptose – base para o crescimento anormal. Ramificação de criptas e dilatação da base das criptas. Padrão de crescimento peculiar – criptas parecem crescer paralelamente à mucosa muscular, muitas vezes criando um T invertido ou L. Baixíssima incidência! A incidência aumenta com a idade. A prevalência de adenomas colônicos é de 20 a 30% antes dos 40 anos. Homens e mulheres são igualmente afetados. Existe predisposição familiar definida: risco aumentado em 4x em parentes de primeiro grau (ex: indivíduo cujo pai porta adenoma esporádico). Adenomas tubulares são os mais comuns, seguido de túbulo- viloso (5 a 10%) e vilosos (1%). Adenomas intestinais surgem por alterações displásicas no tecido epitelial em resposta a fatores lesivos. A dieta é um fator de risco para pólipos, sendo então, o fator mais estudado. Há relação com ingestão de gorduras saturadas. P1- Patologia Médica 4 Raissa Fidelis - XLVI Mais prevalente em países cujas sociedades consomem altas quantidades de gordura saturada. OUTROS FATORES Obesidade. Ingestão inadequada de Cálcio e Vitamina D. ↑ na produção de prostaglandina. Sedentarismo. Aporte excessivo de calorias.