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Objetiv o Conhecer os mecanismos relacionados as neoplasias de uma forma geral, diferenciando-as em neoplasias benignas e malignas e apontando as principais características do ponto de vista clinico e estrutural. Introduç ão Em organismos multicelulares, a taxa de proliferação de cada tipo de célula é controlada com precisão por um sistema altamente integrado que permite replicação celular apenas dentro dos estreitos limites que mantêm a população normal em níveis homeostáticos. - Como na grande maioria dos tecidos e órgãos há divisão celular contínua para restaurar as perdas decorrentes do processo de envelhecimento das células, a replicação celular é atividade essencial para o organismo; - No entanto, ela deve seguir o controle rígido imposto ao sistema, pois, se for feita para mais ou para menos, o equilíbrio se quebra. Displasi a É uma condição adquirida caracterizada por alterações da proliferação e da diferenciação celulares acompanhadas de redução ou perda de diferenciação das células afetadas. CRESCIMENTO DESORDENADO LESÕES PRÉ-MALIGNAS - A célula neoplásica sofre alteração nos seus mecanismos regulatórios de multiplicação, adquire autonomia de crescimento e torna-se independente de estímulos fisiológicos; - As atividades celulares que se manifestam continuamente, sem regulação, são chamadas constitutivas; para a célula tumoral, proliferação é atividade constitutiva. HANAHAN E WEINBERGT 2000 HANAHAN E WEINBERGT 2011 Mas afinal, o que é uma Neoplasia?- Neoplasia pode ser entendida como a lesão constituída por proliferação celular anormal; - Descontrolada e autônoma; - - Em geral com perda ou redução de diferenciação, em consequência de alterações em genes e proteínas que regulam a multiplicação e a diferenciação das células. Nesse contexto, o que diferencia uma neoplasia de uma displasia e hiperplasia é exatamente a autonomia de proliferação. Quando ocorre em um órgão sólido, o maior número de células de uma neoplasia forma um tumor. Dos pontos de vista clínico, evolutivo e de comportamento, as neoplasias são divididas em duas grandes categorias: BENIGNAS MALIGNAS As benignas geralmente não são letais nem causam sérios transtornos para o hospedeiro; por isso mesmo, podem evoluir durante muito tempo e não colocam em risco a vida de seu portador. As malignas, ao contrário, em geral têm crescimento rápido, e muitas provocam perturbações homeostáticas graves que acabam levando o indivíduo à morte. Nomenclatura e Classificação das Neoplasias - As neoplasias são chamadas de tumores*; - O termo "tumor" é mais abrangente, pois significa qualquer lesão expansiva ou intumescimento localizado, podendo ser causado por outras lesões (inflamações, hematomas etc.). O termo tumor é empregado como sinônimo de neoplasia, ou seja, a lesão expansiva formada por aumento do número de células. - O termo câncer é a tradução latina da palavra grega carcinoma (de karkinos = crustáceo, caranguejo); - Foi usado pela primeira vez por Galeno (aproximadamente 138 a 201 d.C.) para indicar um tumor maligno da mama no qual as veias superficiais do órgão eram túrgidas e ramificadas, lembrando as patas de um caranguejo. - O termo generalizou-se e hoje é usado para indicar qualquer neoplasia maligna; - Cancerologia ou Oncologia é a parte da Medicina que estuda os tumores; - Cancerígeno ou oncogênico é o estímulo ou agente causador de câncer. Os tumores podem ser classificados de acordo com vários critérios: 1. Pelo comportamento clínico (benignos ou malignos); 2. Pelo aspecto microscópico (critério histomorfológico); 3. Pela origem da neoplasia (critério histogenético). Nesse sentido, algumas regras são importantes: - O Sufixo -OMA é empregado na denominação de qualquer neoplasia, benigna ou maligna; - A palavra CARCINOMA indica tumor maligno que reproduz epitélio de revestimento; se for usada como sufixo, sempre indica malignidade (p. ex., adenocarcinoma); - O termo SARCOMA refere-se a uma neoplasia maligna mesenquimal; usado como sufixo, indica tumor maligno de determinado tecido (p. ex., fibrossarcoma, lipossarcoma etc.); - A palavra BLASTOMA pode ser usada como sinônimo de neoplasia e, quando empregada como sufixo, indica que o tumor reproduz estruturas com características embrionárias (nefroblastoma, neuroblastoma etc.). 1. Neoplasias Benignas Apesar de muitas vezes não representarem grande problema para seus portadores, os tumores benignos têm grande interesse prático por sua frequência e pelas consequências que podem trazer. - Seja por seu volume; - Seja por sua localização ou outras propriedades; - Tumores benignos podem causar vários transtornos para o paciente (obstrução de órgãos ou estruturas ocas, compressão de órgãos, produção de substâncias em maior quantidade etc.), inclusive sua morte. - Nesse sentido, o termo "benigno" deve ser entendido com reservas. 1.1 CARACTERÍSTICAS DAS CÉLULAS NEOPLÁSICAS BENIGNAS - São bem diferenciadas e podem até ser indistinguíveis das células normais correspondentes; - As atipias celulares e arquiteturais são discretas, ou seja, o tumor reproduz bem o tecido que lhe deu origem; - Taxa de divisão celular é pequena (baixo índice mitótico); - Em geral o tumor tem crescimento lento; - Em tumores benignos, as células crescem unidas entre si, não se infiltram nos tecidos vizinhos e formam uma massa geralmente esférica. - Crescimento é do tipo expansivo e provoca compressão de estruturas adjacentes, que podem sofrer hipotrofia; - Forma-se uma cápsula fibrosa em torno do tumor, resultante de compressão do estroma adjacente; - A neoplasia fica mais ou menos bem delimitada e pode ser completamente removida por cirurgia. - Tumores benignos não recidivam após ressecção cirúrgica; - O crescimento lento do tumor permite o desenvolvimento adequado de vasos sanguíneos, assegurando boa nutrição das células; - Degenerações, necroses e hemorragias são pouco comuns; - Por essa razão e pelo fato de não se infiltrar nem destruir tecidos vizinhos, o tumor benigno não leva a ulceração. Lipoma s Adenoma Pleomórfico 2. Neoplasias Malignas De acordo com estatísticas disponíveis, o câncer afeta parcela expressiva da população mundial e é uma das principais causas de morte. 3. Aspectos Morfológicos - Os tumores podem ser císticos ou sólidos; - Os tumores benignos são geralmente bem delimitados dos tecidos adjacentes e frequentemente apresentam uma cápsula de tecido conjuntivo; - Os tumores malignos, em geral, são pouco delimitados e comumente invadem os tecidos e estruturas vizinhos. Os tumores sólidos apresentam-se macroscopicamente sob quatro tipos, cujo conhecimento é útil para os diagnósticos anatômico, por imagens (radiologia, ultrassonografia, tomografia etc.) e clínico. - NODULAR; - VEGETANTE; - INFILTRATIVO; - ULCERADO. 1. NODULAR: O tumor forma uma massa expansiva que tende a ser esférica. Esse tipo é visto caracteristicamente em tumores benignos e em malignos originados em órgãos compactos (fígado, pulmões e rins 2. O VEGETANTE: É encontrado em tumores benignos ou malignos que crescem em superfície (pele ou mucosas). As neoplasias vegetantes tendem a ulcerar-se precocemente. 3. O INFILTRATIVO: É praticamente exclusivo de tumores malignos. Embora em todos os cânceres haja infiltração de tecidos vizinhos (o tumor não respeita limites), o tipo infiltrativo é assim chamado para ressaltar o aspecto macroscópico predominante da lesão. 4. O ULCERADO: é aquele que sofre ulceração precoce; é quase exclusivo de neoplasias malignas. A lesão cresce infiltrando-se nos tecidos adjacentes e ulcera-se no centro, formando uma cratera que geralmente tem bordas endurecidas, elevadas e irregulares. TODO TUMOR É FORMADO POR DOIS COMPONENTES: - CÉLULAS NEOPLÁSICAS PROPRIAMENTE DITAS (PARÊNQUIMA TUMORAL); - E ESTROMA CONJUNTIVOVASCULAR. 4. Características e propriedades das células malignas As neoplasias malignas são formadaspor células que apresentam certas propriedades particulares cujo conhecimento é essencial para compreensão da doença. 4.1 CARACTERISTICAS BIOQUÍMICAS - O estudo bioquímico das diferentes vias metabólicas evidencia alterações na expressão gênica durante a cancerigênese; - Células malignas captam aminoácidos em maior velocidade do que as normais e realizam a glicólise com mais eficiência (suportam melhor a hipóxia); - As células malignas têm grande aptidão para captar aminoácidos e sintetizar proteínas, (elas continuam multiplicando-se mesmo quando a disponibilidade de aminoácidos é pequena) 4.2 CRESCIMENTO AUTÔNOMO Diferentemente das células normais, as células cancerosas multiplicam-se fora do controle normal do organismo. 4.3 MULTIPLICAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO CELULARES - Como regra geral, tumores bem diferenciados são menos agressivos e crescem mais lentamente do que neoplasias pouco diferenciadas; - Como tumores malignos em geral são menos diferenciados, seu ritmo de crescimento é mais rápido do que o de tumores benignos. A velocidade de crescimento de cânceres, no entanto, varia bastante; em alguns casos, o tumor evolui lentamente por certo tempo e, em dado momento, passa a crescer de maneira muito rápida e leva o paciente à morte. 4.4 MOTILIDADE - A importância principal desse fato é que as células cancerosas podem deslocar-se com facilidade e infiltrar-se em tecidos adjacentes; - Esse é o primeiro passo para sua disseminação a distância. 4.5 ANGIOGÊNESE Para garantir o suprimento sanguíneo necessário ao seu crescimento, as células malignas induzem a formação de novos vasos sanguíneos. 4.6 CAPACIDADE DE INVASÃO E DE ORIGINAR METÁSTASES As células cancerosas invadem os tecidos adjacentes, penetram em vias de disseminação e são transportadas para outros locais, onde são capazes de originar novas colônias tumorais. Propagação e disseminação das neoplasias Metástases Metástase (do grego metástatis = mudança de lugar, transferência) é a formação de uma nova lesão tumoral a partir da primeira, mas sem continuidade entre as duas. - Metástases são, com certeza, o selo definitivo de malignidade (por definição, neoplasias benignas não originam metástases) e um sinal de mau prognóstico; - Em muitos pacientes, as metástases são a primeira manifestação clínica de um câncer. A formação de metástases é um processo complexo que depende de inúmeras interações entre células malignas e componentes dos tecidos normais, especialmente do estroma. A formação de metástases envolve: 1. Destacamento das células da massa tumoral original; 2. Deslocamento dessas células através da matriz extracelular (MEC); 3. Invasão de vasos linfáticos ou sanguíneos; 4. Sobrevivência das células na circulação; 5. Adesão ao endotélio vascular no órgão em que irão se instalar; 6. Saída dos vasos nesse órgão (diapedese); 7. Proliferação no órgão invadido; 8. Indução de vasos para o suprimento sanguíneo da nova colônia. Vias de disseminação das neoplasias Qualquer tipo de câncer pode disseminar-se por diferentes vias, como por exemplo: - Via Linfática; - Via Sanguínea; - Outras vias. VIA LINFÁTICA - É a principal via de disseminação inicial de carcinomas. Como regra, o primeiro sítio das metástases é o primeiro linfonodo na via de drenagem linfática do tumor, chamado linfonodo sentinela; - Os linfonodos com metástases em geral encontram-se aumentados de volume e às vezes se tornam confluentes, formando massas volumosas; linfonodos ou massas podem ser palpados se estiverem localizados em cadeias superficiais ou ser detectados por exames de imagens (radiografia, ultrassonografia, tomografia etc.) VIA SANGUÍNEA Células cancerosas que penetram na corrente sanguínea podem ser levadas a qualquer parte do corpo. OUTRAS VIAS O transporte de células neoplásicas pode ser feito também por canais, duetos ou cavidades naturais; os movimentos das vísceras ou dos líquidos dessas cavidades deslocam as células para diferentes sítios, onde podem implantar-se. Em geral, as metástases apresentam-se macroscopicamente como nódulos numerosos, bem delimitados, de tamanhos diversos, na superfície ou na intimidade de órgãos. Fígado com Metástase wanderson_talles@hotma il.com