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Fichamento 1 - FLH0643 - História da América Colonial - Rodrigo Neto - 9318629

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
FLH0643 - HISTÓRIA DA AMÉRICA COLONIAL
Horacio Gutiérrez
Primeiro Semestre 2021
Noturno
Atividade: Fichamento 1
Tópicos abordados: Aulas 1, 2 e 3
Textos abordados: 
(1) LEÓN-PORTILLA, Miguel. A Mesoamérica antes de 1519. Em: BETHELL, Leslie. História da América Latina: A América Latina colonial. São Paulo: Edusp, 1997. v. I, cap. 1, p. 25-61;
(2) MURRA, John. As Sociedades Andinas anteriores a 1532. Em: BETHELL, Leslie. História da América Latina: A América Latina colonial. São Paulo: Edusp, 1997. v. I, cap.2, p. 63-100.
Aluno: Rodrigo Spinola Costa Neto
Nº USP: 9318629
A presente produção acadêmica tem por objetivo promover um fichamento acerca dos temas debatidos e estudados nas Aulas 1, 2 e 3 do curso HISTÓRIA DA AMÉRICA COLONIAL (FLH 0643) e dos textos destacados no cabeçalho enunciante deste. Com o intuito de fazer uma abordagem relevante acerca dos primeiros tópicos, dividir-se-á estruturalmente essa atividade em três (3) partes totais: Introdução ao Curso (1), que buscará transmitir em caráter abrangente o objetivo e principais pontos da disciplina; subsequente, se encontra a seção dos Impérios Pré-Colombianos (2), que visará estabelecer as características gerais das sociedades nativas que habitavam a América pré-Colonial; e, por fim, a terceira parte, enfocar-se-á nos estudos relativos a dois dos centrais Impérios: Incas e Astecas (3), destacando aqui suas especificidades e diferenças.
Levando os pontos aqui destacados em consideração, a produção deste visa mais que realizar um fichamento de temas, mas também apresentar um compilado de visões historiográficas que foram abordadas ao longo do ensino na disciplina em questão. Serão expostas, em caráter comparativo, diferentes aspectos de transição, permanência e estruturantes dessas sociedades. Cabe ressaltar então que, mais que um fichamento, esse excerto apresenta-se como uma compilação sintética de tópicos. Inicia-se.
Introdução ao Curso
Para a dissertação desta seção, se faz necessário levar em conta a apresentação e discussão transcorrida na Aula 1 da respectiva disciplina.
O curso de História da América Colonial é fundamental na formação de um historiador contemporâneo. O entendimento dos fenômenos do passado da localidade que vivemos hoje são de fulcral utilidade para se entender quais os padrões e estruturas da sociedade em que vivemos hoje. Devido a isso, esse curso proporcionará a seu aluno um contato com múltiplos temas, fatores de causa e consequência, que levaram a construção de um sistema colonial na América. O enfoque central desta matéria se traduz, então, pela necessidade de se compreender quais princípios, valores, demandas e agentes levaram à formação das Américas Coloniais.
Esse curso terá como objeto de estudo, então, as transformações estruturais e estruturantes promovidas ao longo do tempo desde a chegada do primeiro colono europeu e as heranças decorridas deste processo até os dias de hoje. Focar-se-á, aqui, nos padrões demandantes de mercado, valores europeus e perfis culturais que engendraram formas e organizações colonizadoras.
A disciplina terá cinco (5) principais tópicos de análise: como se desenvolveram, estabeleceram e se organizaram as civilizações nativas americanas (a serem discutidas ainda nesta produção); como se deu e transcorreu o encontro entre os dois mundos contrastantes (Europa vs. Novo Mundo); como se estruturam as sociedades coloniais e o impacto destas para o Novo Mundo; como se desenvolveu a colonização por outras potências europeias (Coroa Britânica e França); e por fim, a crise que se desencadeou e que impactou os alicerces do sistema colonial americano.
Impérios Pré-Colombianos
Para a dissertação desta seção, se faz necessário levar em conta a apresentação e discussão transcorrida na Aula 2 da respectiva disciplina, tal qual ambos textos apontados no cabeçalho desta produção.
Sumariamente, o enfoque desta seção, está em trazer à apresentação quais eram características gerais e comuns dos grandes Impérios que se encontravam na América antes da chegada e colonização Europeia. É importante mencionar, que tais impérios eram extremamente organizados e desenvolvidos, tendo seu próprio sistema burocrático-político, juŕidico, econômico, etc. Tais aspectos serão abordados na seguinte seção (3) deste projeto. Buscar-se-á, então, trazer neste momento as principais similaridades que puderam ser estudadas na historiografia contemporânea sobre o tema. Considerando tal fato, segue.
Quatro são os principais aspectos que se encontram no estudo acerca do comportamento e estruturas Impérios Pré-Colombianos, cito e os exploro: 
(1) A Propriedade Coletiva da Terra é de fato uma das principais características destes Impérios. Isso se deve ao fato que as sociedades que aqui se estabeleceram não desenvolveram, culturalmente, a noção de propriedade privada da terra e seus meios de produção. Ou seja, nenhum segmento social, sejam dirigentes, classes intermediárias e/ou camadas de base, era detentor de propriedades físicas privadas, no entendimento da definição de propriedade privada que temos hoje e também para os padrões europeus à època;
(2) A ausência da escrita é outra marca a se destacar destes povos. Não havia domínio e conhecimento de um alfabeto escrito/transcrito por parte desses povos, que em contrapartida desenvolveram outras formas de comunicação, como alfabetos figurativos e a linguagem oral/verbal.
(3) A ausência de moeda é um terceiro fator extremamente comum dos Impérios pré-Colombianos. O intercâmbio comercial não era, então, entreposto por características monetárias. Verifica-se uma forte presença de trocas e espaços comerciais (feiras) para essa atividade.
(4) Por fim, a ausência da noção de classe social é um fator extremamente importante no estudo sobre as sociedades americanas originárias. Essa característica está extremamente vinculada à falta de noção de propriedade privada. Ou seja, uma vez que a definição de classe social se interpreta a partir do entendimento de diferentes situações de posse sobre diferentes propriedades privadas, a ausência de um gera, por definição marxista, a ausência de outrem. É importante destacar e não confundir essas sociedades com utopias comunistas, por exemplo. Apesar de serem sociedades, em tese, mais igualitárias, ainda se configuram estratificações sociais, grupos polares e há espaço/margem para conflitos entre os diferentes segmentos.
Dessa forma, sintetizam-se os principais pontos e aspectos comuns aos Impérios Pré-Colombianos.
Incas e Astecas
Para a dissertação desta seção, se faz necessário levar em conta a apresentação e discussão transcorrida nas Aulas 2 e 3 da respectiva disciplina, tal qual ambos textos apontados no cabeçalho desta produção.
A terceira e última seção desta produção acadêmica tem por objetivo trazer as principais características sociais, políticas e econômicas dos dois principais Impérios: Incas e Astecas. Iniciar-se-á pelo segundo.
Para a análise das principais caracteŕiscas da sociedade Asteca, estarão sendo explorados aqui três (3) pontos: a Organização Social dos Astecas; a Organização Agrária dos Astecas; e a Dinâmica Econômica e Organização do Trabalho dos Astecas. Acerca do primeiro tópico, então, expõe-se que apesar da ausência de noção de classes sociais, existia uma estratificação/divisão social em diferentes grupos. Estes são: Pipiltins, caracterizado por ser o grupo dirigente e definido por eleição; Macehualtins, as camadas de base dessa sociedade; e grupos intermediários, como os comerciantes externos ao Império, os Pochtecas. Para além dos grupos sociais, é importante trazer ao levantamento, o conceito de Calpulli. O Calpulli era a unidade básica de organização familiar, social e produtiva da comunidade Asteca. Composto por famílias camponesas em residências comuns, com direitos comuns de acesso e produtividade das terras e que contavam com um sistema administrativo interno. O número de habitantes dessa unidadedefinia seu tamanho, e por consequência, o quanto de Terras Comuns teriam por direito. 
O chefe do Calpulli se configurava neste posto a partir do voto. Estes por sua vez votavam e definiam quem seriam as lideranças locais, que por sua vez votavam em dirigentes regionais, sucedendo-se desta forma, até chegar-se na figura do Imperador. Dessa forma, os grupos dirigentes são estabelecidos por votos, sendo assim uma categoria transitória, não estamental-hereditária
	Acerca da Organização Agrária dos Astecas é importante apresentar como se dava a distribuição das terras do Impérios aos mais diversos níveis de produção. Essa divisão era feita em quatro frentes: Distribuição da terra (comunal) aos Calpullis, temporal e rotativa, definida de acordo com o tamanho do Calpulli e com objetivo de se tornar produtiva visando Auto Sustento, Trocas e Pagamentos de tributos ao Estado; Distribuição para Pipiltins, terras dedicadas à manutenção dos grupos dirigentes (enquanto dirigentes) retirados de seus Calpullis (transferidos à Cidades); Terras públicas, tais como florestas, estradas, praças, etc., de uso comum porém não agricultáveis, destinadas a atividades de transporte, pastagens, coleta de madeira, pesca, etc.
	E por fim, acerca da Dinâmica Econômica e Organização do Trabalho dos Astecas têm-se, iniciando-se pelo segundo, categorias de trabalhadores. É importante ressaltar que tais categorias são rotativas e que se configuram a partir de trabalhos obrigatórios. Das categorias, apresentam-se: os Calpuleques, membros do Calpulli, destinados, no ano, para participar da produção das terras distribuídas ao Calpulli; os Teccaleque, designados para trabalhar fora dos Calpullis (obrigatoriamente homens adultos), seja em obras públicas, seja nas Terras de Pipiltins; e também, os Mayeques, definido por ser um trabalhador não sazonal, permanente , próximo ao que pode-se chamar hoje de “Escravos” (Presos de guerra, expulsos, desintegrados da unidade social (incorporados por outros Calpulli). Essas categorias são os tipos de trabalhadores que operam a máquina de Estado Asteca e que permitem o desenvolvimento das Dinâmicas da Economia Asteca.
Analisa-se, então, aspectos intrínsecos a esta economia: (1) presença de tributos, obrigatórios, cobrados pelo Estado para a manutenção dos Pipiltins, do próprio Estado e de Calpullis em situação de vulnerabilidade. Esses tributos poderiam ser cobrados sobre objetos como roupas, jóias, sobre matérias primas (bens-primários, como alimentos, materiais de construção (madeira), materiais de luxo (pedras)) ou sobre produtos externos ao Calpulli por trocas e/ou aquisição. (2) presença de mercados e feiras, Importantes espaços de trocas e também de tributação. O Principal meio de trocas era o escambo, o Estado não intervinha nas trocas, com exceção da cobrança de impostos no exercício da mesma, porém haviam regras importantes de organização deste Escambo, como a equivalência de interesses entre as partes e litígio sobre o valor (não-monetário) dos produtos a serem trocado (Bens por bens); (3) presença de um sistema de comércio exterior, cuja tarefa era realizada pelos Pochtecas e circulação de produtos era controlada pelo Estado. Essa atividade se demonstrou importante não só por sua função econômica, mas por sua função “embaixadora”. Devido aos contatos com diferentes regiões do Império, os pochtecas adquiriram informações privilegiadas externas e internas
Dessa maneira, destacam-se assim os principais elementos da Sociedade Asteca. Passa-se agora, então, ao estudo do Império Inca e suas principais características. Para a análise das principais caracteŕiscas da sociedade Inca, expor-se-ão aqui três (3) pontos: A organização espacial do Império, devido à geografia meso-americana; a Organização agrária social deste povo; e por fim, sua Dinâmica Econômica.
Referente à Geografia. É importante ressaltar que as condições de relevo, altitude, áreas agricultáveis e clima foram fatores decisivos e que condicionaram a organização social, econômica, política e espacial inca. O enfoque aqui recairá sobre a Cordilheira Andina, local de desenvolvimento deste Império. Por se tratar de uma alta e extensa cadeia montanhosa, os Andes se configuram por uma geografia de poucos lugares aptos à agricultura e pela escassez de água. Devido a isso, as comunidades se situaram em altitudes entre 2000 e 6000 metros acima do nível do mar, dificultando os contatos entre si. O problema hídrico gerou uma demanda por obras de canalização de água, projetos arquitetônicos indígenas avançados; e as diferentes altitudes geraram o que se chama de Economia agrícola vertical. Acerca deste último tópico, os grupos eram forçados a realizar interações entre os produtos de cada região andina, uma vez que diferentes ativos agrícolas eram produzidos a diferentes regiões (altitudes), gerando assim arquipélagos de mini-economias e interações entre essas. O clima extremamente frio gerou também uma demanda têxtil importante. O uso de roupa pela população nativa andina era uma questão de sobrevivência do grupo, tendo na lã o principal tecido de produção têxtil.
Acerca da organização agrária e social Inca, tem-se na terra o principal meio de produção. Assim como os Astecas, a terra era propriedade coletiva e bem comum a essa sociedade. A distribuição da terra se destinava a três segmentos populacionais: (1) os Ayllus, grupos de base, comunidades locais, que estabeleceram produção voltada à subsistência e seus excedentes destinados à trocas e tributos. A distribuição era anual e feita pelo número de integrantes (tamanho) do Ayllus. (2) Sol/Terras do Sol, lotes voltados para a manutenção de atividades religiosas e cultos, predominantemente ocupados por mulheres retiradas de seus Ayllus. (3) E, por fim, as Terras do Inca, destinadas para a manutenção do Estado, Grupos Dirigentes (Panacas) e do próprio Inca (Imperador e seus familiares). A terra, então, não possui os atributos da propriedade privada, segundo as definições atuais e à época, na visão européia. Não era possível comercializá-la ou herdá-la. Toda a terra pertencia ao Imperador, que distribuía para as comunidades em troca de tributos/impostos.
E, por fim, sobre a Dinâmica Econômica Inca, destacam-se aqui três pontos importantes. (1) Presença de Tributos, fundamentais para a existência do próprio Império, cobrados sobre horas/força de trabalho (diferente dos Astecas que eram incididos sobre produtos/mercadorias). A cobrança do imposto inca se dá pelo cultivo nas terras do Ayllus e também em terras do Sol e do Inca a partir de convocações. Tais convocações ditam os ritmos dos tipos de trabalho nesta sociedade: (1.a) trabalhadores do Ayllus: atividade realizada dentro do próprio Ayllu, cujo objetivo era o cultivo das terras para subsistência dos próprios Ayllus, e os excedentes para troca nos mercados/feiras; (1.b) Mitayos: homens obrigatoriamente e temporariamente deslocados de seus Ayllus para terras do Sol ou terras do Inca, para trabalho e pagamento de tributos; e, (1.c) trabalhadores da Indústria Têxtil, cuja atividades de produção era voltada para e pelo próprio Ayllus e para o Estado e Grupos Dirigentes. (2) Além dos tributos e dinâmicas de trabalho, se faz extremamente importante levar em consideração a presença das Feiras. Esses espaços permitiam que os habitantes do Ayllus e também os servidores do Estados pudessem comercializar seus produtos excedentes (trocas), gerando aqui a dinâmica da economia vertical, fundamental para a sobrevivência dos próprios Ayllus. E, por fim, (3) o Comércio Exterior, atividade de trocas com outras comunidades (de áreas amazônicas e litorâneas, por exemplo)
Dessa maneira, abordam-se os principais pontos dos grandes Impérios pré-Colombianos.

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